Se há por vezes uma certa tendência para abusar do termo 'banho de bola', hoje foi um jogo em que esse termo se aplicou na perfeição. Foi mais do que um banho; foi um massacre, com uma grande exibição de toda a equipa e um recital do Di María (e tal como já disse num programa, é preciso ser-se muito burro ou o Eduardo Barroso para não se conseguir reconhecer que o argentino é um fora-de-série), que terminou numa vitória por quatro golos e que poderia ter sido ainda por mais.
Algumas surpresas no onze inicial, com as presenças do Airton e do Éder Luís nos lugares do castigado Javi García e do poupado Aimar. Isto resultou num Benfica algo diferente do habitual. O Saviola parecia ser o responsável por jogar na posição habitual do Aimar, mas trocava frequentemente de posição com o Éder Luís, e jogava também mais avançado do que o Aimar costuma fazer. Diferente ou não, a atitude é que interessava, e esta foi à Benfica. Os primeiros minutos deram logo a tónica daquilo que o jogo seria. O Benfica entrou a mandar no jogo, e não deixou de o fazer por um minuto que fosse até ao apito final do árbitro. A exemplo do que vimos contra o Hertha, o Benfica pressionou alto e manteve o Leixões quase sempre remetido ao seu meio campo, e com isso já estava uma boa parte do trabalho feito. O resto seria marcar golos, e logo aos quatro minutos foi dado o primeiro aviso, com o David Luiz a cabecear a bola ao poste, na sequência de um canto. O domínio continuou, e pouco depois dos vinte minutos conseguimos mesmo marcar. O Di María, a mostrar que estava inspirado, desmarcou-se após um bom passe do Cardozo, e meteu a bola na baliza. Mas o Lucílio (esse sacana) resolveu mostrar mais uma vez que é um árbitro amigo do Benfica, e ajudou-nos anulando um golo limpíssimo por um inexistente fora-de-jogo do Di María. Sabendo ele que em alguns jogos recentes o Benfica tem marcado cedo e depois desacelerado um pouco, acabando por sofrer dissabores, então resolveu anular o golo, de forma a obrigar os nossos jogadores a manterem-se concentrados e a manter a pressão sobre o adversário. O Lucílio é assim mesmo, e ajuda-nos à descarada.
Devido ao benfiquismo do Lucílio, tivemos portanto que esperar até aos vinte e sete minutos até obtermos a justíssima vantagem no marcador. Foi um remate desferido pelo Éder Luís ainda a alguma distância da baliza do Leixões, a beneficiar de um ressalto feliz num defesa adversário que fez a bola entrar junto ao poste da baliza. Mas como o golo não foi muito madrugador, a nossa equipa já não abrandou, e até ao intervalo continuou a pressionar e a exibir um domínio absoluto em campo, na procura do segundo golo. Ameaçámos por diversas vezes, e quase sobre o intervalo o Saviola esteve muito perto de o conseguir, mas o golo foi negado por uma boa defesa do Diego. Face à superioridade exibida, a vantagem mínima ao intervalo era injusta por ser tão escassa, mas a manter-se o mesmo cenário na segunda parte seria muito difícil que os números no marcador se mantivessem equilibrados.
E a verdade é que o cenário só se alterou após o intervalo para ficar ainda mais desequilibrado para o nosso lado. Logo a abrir, mais um passe fantástico do Cardozo a isolar o Di María, que teve o seu momento de maior desinspiração na noite ao não conseguir ultrapassar o guarda-redes do Leixões. O festival continuou, e o Benfica voltava a desperdiçar, desta vez com o Di María e o Cardozo a não conseguirem marcar num lance em que o David Luiz apareceu solto na área a tocar para trás. Face a intenção do Leixões em subir um pouco, O Jorge Jesus lançou o Carlos Martins no jogo, para o lugar do Éder Luís, de forma a aproveitar a sua capacidade de passe para explorar os espaços que se iam abrindo nas costas da defesa adversária, e esta alteração resultou em cheio. O segundo golo acabou por aparecer com naturalidade. Novamente o Di María, desmarcado sobre a esquerda a passe do Ramires, e desta vez ele optou por um remate por alto, com a parte exterior do pé, que só parou no fundo da baliza. a vencer por dois, foi altura de poupar o Saviola, entrando o Peixoto para lateral esquerdo, para subir o Coentrão e deslocar o Di María para segundo avançado. e mais uma vez esta alteração resultou em cheio, pois foi nessa posição que o Di María fez mais dois golos. O primeiro a um quarto de hora do final, após uma grande desmarcação a corresponder a um passe brilhante do Carlos Martins, que o deixou na cara do guarda-redes, tendo ele aproveitado para fazer o chapéu que tinha falhado logo no início da segunda parte. E o segundo num grande remate (um dos aspectos em que ele parece estar a melhorar a olhos vistos) de fora da área, que levou a bola ao ângulo da baliza e deixou o guarda-redes sem reacção. E entre estes golos, mais oportunidades falhadas, que justificam que se pense que os quatro golos marcados ainda poderiam ter sido mais.
Claro que o maior destaque vai direitinho para o Di María. Marcou três golos (ou melhor, marcou quatro, mas o benfiquismo do Lucílio tirou-lhe um), mas mesmo antes de ter marcado um só golo já eu enviava SMS a elogiá-lo. É um jogador fundamental, que desequilibra qualquer jogo, e está numa forma estupenda. Quarenta milhões já começam a parecer-nos pouco dinheiro. O Cardozo não marcou, mas merecia. E fez um grande jogo como referência no ataque. Está cada vez melhor a segurar a bola de costas para a baliza e a lançar os colegas. Elogios também para o nossos dois Senhores centrais. Finalmente, um dos factores de maior curiosidade para nós neste jogo seria ver o Airton, que fazia a estreia absoluta. E do que eu vi, só posso dizer: muito bom. Julgo que um dos maiores elogios que lhe posso fazer é que não sentimos a falta do Javi. Fez uma exibição muito personalizada, em que primou pela simplicidade. Acho que não estarei enganado se disser que não terá falhado um passe durante todo o tempo que esteve em campo. Mostrou bom sentido posicional e inteligência. Fiquei com vontade de ver mais deste jogador, acabadinho de completar apenas vinte anos.
Tal como dizia o Jesus na terça-feira, a equipa mostrou estar fresquinha como uma alface. O campo estava pesado, o tempo complicado, não jogaram dois jogadores nucleares (e que na terça-feira tinham sido dos principais responsáveis pela boa exibição contra o Hertha) e a equipa voltou a dar espectáculo, e a vender saúde física do princípio ao fim do jogo. Nem o benfiquismo do Lucílio nos atrapalhou. Entretanto, quem não gostar pode ir fazer vigílias, que nós ficamos à espera dos próximos.
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