O Benfica comemora hoje o 107º aniversário e percebemos todos, com o coração cheio, que o Benfica de hoje honra o Benfica de sempre. O presente de aniversário chegou ontem, e é um tributo a tudo o que faz do Benfica a gigantesca alma colectiva que é, encapsulando num remate personificado pelo Fábio Coentrão, mas conduzido pelas pernas das 55.000 almas nas bancadas e dos 14 milhões espalhados pelo mundo, a vontade férrea e o fôlego que nos movem. Julgo que falo por todos quantos lá estivemos quando digo que o meu lugar no estádio ontem era infinitamente pequeno para a minha querença inquieta e uma intolerável camisa de forças que me amordaçava o lancinante ímpeto de ir lá para dentro ajudar – com as minhas pernas, com a minha vontade, com a minha revolta e fúria – a empurrar quem tudo deu com a camisola cor de sangue. Na verdade, empurrámo-los a todos, com a nossa vontade, e eles empurraram-nos a nós, superando a dor física e o fado.
É - e como isto me orgulha - exactamente como já aqui escrevi:
‘O Benfica é tudo isto, é todos nós, é o um que resulta da imensidão de muitos. Quando, nas bancadas, as nossas almas se unem num grito comum, lancinante e arrebatador, que carrega o Benfica, somos um. E lá em baixo, a equipa, que bebe essa chama, esse apelo, essa invocação, mais não é do que um prolongamento – a espada que brandimos – do Benfica que somos todos nós (aquelas pernas lá em baixo são as nossas pernas, aqueles pulmões são os nossos pulmões).’
A vitória de ontem, gente que vive com a Águia na alma, tem um significado infinitamente maior do que os 3 pontos que objectivamente dali resultaram: é um grito, um grito de milhões e milhões de gargantas – rouco porque já soa há muito tempo, mas tonitruante porque vem do fundo – que não se rendem e não se renderão nunca. É um ‘não desistimos!’, é um ‘não vergamos!’, é um ‘não quebramos!’, é um ‘até que a terra me coma!’. É uma mensagem que nos define e é um grito de revolta contra as cruéis amarras do destino, contra os grilhões das leis da Natureza e das limitações físicas, que simboliza e espelha na perfeição a nossa batalha há largos anos: a luta sem quartel contra a injustiça, contra a inevitabilidade da desgraça, contra o azar, contra a crueza dos postes amaldiçoados e da sorte de quem a não merece, contra o antijogo e a batota, contra a corrupção entranhada, contra árbitros vendidos, observadores comprados, a imprensa controlada, compadrios sem vergonha. Contra tudo (o que nos enviam para prejudicar) e contra todos (os que nos tentam derrubar).
Aqueles homens lá em baixo foram, verdadeiramente – têm-no sido – uma extensão de todos nós. E o jogo – aquele momento gravado indelevelmente no tempo – condensa, naquela atitude, naquele acreditar, naquela têmpera, na superação perante a adversidade, aquilo que o Benfica é hoje, aquilo que o Benfica sempre foi, aquilo que o Benfica sempre será:
Um, feito de muitos.
Feliz Aniversário, Benfica, e obrigado por tudo.
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