Vitória natural e esperada na final da Taça da Liga, frente a um Paços de Ferreira que valorizou essa vitória porque nunca desistiu, e num jogo com duas partes muito diferentes. O mais importante foi mesmo a conquista da terceira Taça da Liga consecutiva que, espero, possa devolver à nossa equipa alguma da confiança que parece andar algo arredada dos nossos jogadores.
O Benfica apresentou um onze onde apenas a titularidade do Moreira terá sido algo inesperada. De resto, e face aos impedimentos, poderia haver alguma dúvida sobre se o Peixoto jogaria de início ou não. Como não jogou, foi o Jara quem ocupou o lado esquerdo, cabendo ao Carlos Martins jogar na direita do meio campo. Desde o apito inicial que o Benfica quis justificar o seu natural favoritismo, e tomou conta do jogo. Com o Aimar a jogar um pouco mais recuado do que o habitual, aparecendo mais próximo do Javi, e com o Saviola a recuar também, o Benfica ocupava eficazmente os espaços e submetia os jogadores do Paços a uma forte pressão quando tinham a bola, remetendo o adversário ao seu próprio meio campo. Aproveitando o pendor ofensivo dos laterais do Paços, o Benfica conseguia explorar bem as faixas laterais, sendo só de lamentar o mau aproveitamento que depois tinha das várias ocasiões em que conseguia libertar alguém nas laterais e ganhar a linha - sendo de destacar nesse aspecto o Carlos Martins, que só nos primeiros minutos deve ter tido uma meia dúzia de ocasiões para centrar a bola à vontade, e fê-lo quase invariavelmente mal. O golo acabou por surgir pois com naturalidade, e relativamente cedo - pouco após o primeiro quarto de hora - depois de uma insistência do Fábio Coentrão na esquerda, concluída com um centro para a entrada da pequena área, onde surgiu o Jara à vontade a finalizar de cabeça. Com vantagem no marcador, o Benfica continuou a dominar o jogo com alguma facilidade, e parecia que esta final decorreria conforme o esperado.
Mas um pouco antes da meia hora parecemos abrandar um pouco, e o Paços conseguiu finalmente acercar-se da nossa área. E já deveríamos estar fartos de saber que sempre que facilitamos um pouco, ficamos ao alcance de qualquer imprevisto, como por exemplo da arte do Proença, que à meia hora de jogo, e para aí na segunda vez que até aí um jogador do Paços conseguiu entrar na nossa área com a bola controlada, decidiu, com um rigor enorme, assinalar penálti do Maxi - a propósito de penáltis, não sei se muitos terão reparado, mas para aí aos dez minutos de jogo um defesa do Paços, já com a bola longe, empurrou e derrubou ostensivamente o Saviola dentro da área, o que seria um penálti claro porque a bola ainda estava em jogo, mas como é óbvio e normal nenhum membro da equipa de arbitragem viu o lance. Felizmente para nós, o Moreira defendeu o penálti, e este lance pareceu despertar novamente a nossa equipa, que voltou a dominar o jogo, e acabou por chegar ao segundo golo a três minutos do intervalo. Depois de um livre do Carlos Martins, o Luisão tocou para o centro da área, onde surgiu o Javi com tempo para tudo, incluindo para falhar o primeiro remate e depois marcar à segunda, apesar dos esforços do Cardozo para estragar o lance. E mesmo sobre o intervalo, Proença ao seu melhor estilo, esquecendo-se do rigor com que tinha assinalado o penálti contra nós minutos antes, e fechando os olhos a um penálti claro sobre o Saviola, que foi ceifado por um defesa do Paços.
Com dois golos de vantagem e uma superioridade clara demonstrada durante a primeira parte, poucos esperariam algum sobressalto na conquista da terceira Taça da Liga. Mas esta equipa do Benfica, actualmente, está longe daquela equipa que, ainda há poucos meses atrás, nos encantou e estabeleceu um novo recorde de vitórias consecutivas. E está longe sobretudo, parece-me, no aspecto mental. É que fica-se com a sensação que à menor contrariedade a equipa treme e começa a duvidar de si própria. O que, por outro lado, deve dar bastante confiança a quem nos defronta. A contrariedade neste jogo foi um autogolo do Luisão, num lance perfeitamente controlado e sem qualquer perigo para a nossa baliza. A partir daí o jogo foi outro. O Paços passou a ter muito mais posse de bola e a jogar no nosso meio campo, enquanto que nós fomos quase inofensivos no ataque. É verdade que nunca fomos propriamente sufocados, mas quem quer que visse o jogo apostaria mais facilmente no golo do empate do que no golo da tranquilidade para o Benfica. Ao fim de uma hora de jogo veio mais uma vez (já lhes perdi a conta - eu não estou a brincar sempre que escrevo isto) a rábula das dificuldades físicas do Carlos Martins, forçando a entrada do Peixoto e a passagem do Jara para a direita. Parece-me estranho que, sendo o Jara dextro, pareça complicar muito mais o seu jogo quando passa para o lado direito. E quando faltavam pouco mais de vinte minutos para o final, o Benfica pareceu admitir claramente que a prioridade era conservar a vantagem mínima, fazendo entrar o Aírton para o lugar do Saviola: a substituição deu resultado, pois se o Benfica continuava a não insistir muito no ataque - ainda esboçou alguns contra-ataques que deveriam ter tido melhor finalização - a verdade é que o Paços também não voltou a conseguir pressionar tanto como vinha fazendo até então, e foi com alguma tranquilidade que se escoaram os minutos até ao apito final.
O melhor do Benfica foi o Moreira. Não foi propriamente massacrado durante todo o jogo, mas defendeu um penálti e correspondeu sempre de forma muito segura quando foi chamado, fazendo ainda uma defesa espectacular a um remate do Manuel José. Não merecia ter sido traído pelo Luisão. Bom jogo também o Fábio Coentrão, para não fugir à regra. Confiança e força de vontade nunca lhe faltam, e luta por cada bola até ao limite. Quanto ao pior, claramente o Cardozo. Aliás, a exemplo do que tem acontecido quase sempre nos últimos jogos do Benfica. Praticamente não ganha um lance a um adversário, não consegue segurar uma bola, não consegue fazer um passe em condições, anda a finalizar mal - normalmente quando tudo o resto falhava, nisto pelo menos ele acertava - e até atrapalha os colegas. E o que é pior, anda por ali tristonho, parecendo que conformado com uma qualquer má sorte que lhe pesa nas costas, em vez de lutar. Já disse várias vezes que gosto muito do Cardozo mas sinceramente, nos últimos tempos, quando ele joga tem sido quase como jogar com um jogador a menos.
Salvio e Gaitán fazem mesmo muita falta, mas temos é que contar com quem temos. E é com estes que teremos que ser fortes e já na próxima quinta-feira começar a conquistar um lugar em Dublin. Esperemos que a conquista desta taça tenha servido para motivar e dar confiança à nossa equipa para esse jogo tão importante. E se precisarem ainda de uma pequena motivação extra, é lembrarem-se que o árbitro não será português.
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