O Benfica esta noite massacrou literalmente o Twente e carimbou com distinção e brilho o apuramento para a fase de grupos da Champions League. A vitória tranquila por três a um só peca, e muito, por escassa. E para explicar isto nem sequer seriam necessárias muitas palavras, bastaria apresentar os seguintes números: durante o jogo, o Benfica fez vinte e cinco remates à baliza do Twente, enquanto que os holandeses apenas conseguiram rematar por quatro vezes.Sem surpresas, o Jorge Jesus fez o Witsel regressar ao onze, voltando o Benfica a jogar com apenas um avançado de raiz, o Cardozo. Quanto ao Twente, sinceramente, não sei se o Adriaanse já se esqueceu dos tempos em que trabalhou em Portugal, ou se é simplesmente lírico, porque a forma como o Twente se apresentou na Luz foi mesmo estar a pedir que algo assim acontecesse. Não há muitas equipas que tenham a capacidade de vir à Luz de peito feito e tentar jogar de igual para igual com o Benfica. E o jogo de hoje mostrou que o Twente, claramente, não é uma delas. Sistematicamente metiam pelo menos quatro jogadores na frente de ataque, deixando o meio campo e defesa bastante desprotegidos face a transições rápidas para o ataque. O resultado disso foi uma primeira parte massacrante do Benfica, e exasperante para os adeptos. Exasperante por vermos o tempo a passar e o Benfica a não ser capaz de aproveitar os muitos lances de ataque e ocasiões criadas, sabendo-se que bastaria ao Twente marcar um golo fortuito para se colocar em vantagem na eliminatória. Até ao intervalo o Twente conseguiu fazer apenas um remate contra quinze do Benfica, o que diz muito sobre o sentido do jogo. Faltou-nos apenas mais calma e alguma pontaria para traduzirmos esta avalanche ofensiva em golos.
Calma é o que nunca parece faltar ao Axel Witsel, e foi ele quem, logo no reinício do jogo, se encarregou de dar mais descanso aos adeptos e começar a colocar a eliminatória completamente fora do alcance do Twente. Logo na primeira jogada o Cardozo sofre uma falta sobre a direita do meio campo, o Gaitán marcou o livre para a área, o Luisão tocou de cabeça e depois surgiu o Witsel, de costas para a baliza, e rematar quase em bicicleta para o golo. Nada mudou com o golo, o Benfica continuou muito por cima no jogo, voltou a falhar (Cardozo, depois de um bom trabalho individual), mas antes de fechar o primeiro quarto de hora conseguimos mesmo dissipar quaisquer ténues dúvidas que ainda restassem sobre o desfecho da eliminatória. O Luisão, que tinha sido homenageado antes do jogo, retribuiu a homenagem surgindo ao primeiro poste para desviar de cabeça para o golo um canto da esquerda do Aimar. A partir daqui o Benfica limitou-se a deixar o jogo correr a seu favor, mantendo-se sólido a defender - apesar do Twente ter posse de bola, não conseguia sequer rematar - e depois aproveitando o muito espaço concedido pelos holandeses para criar perigo em transições rápidas de cada vez que recuperava a bola. Chegou assim ao terceiro golo, numa jogada bonita que começou numa recuperação de bola do Emerson, e continuou com diversos passes até o Cardozo isolar o Witsel, que depois correu quase meio campo sozinho para finalizar com um remate cruzado à saída do guarda-redes. A seguir a este terceiro golo o Benfica talvez tenha relaxado um pouco, e o Twente até conseguiu criar uma grande oportunidade de golo, com o Artur a fazer uma defesa impossível a um cabeceamento do Bryan Ruiz. Defendeu, literalmente, um golo. Já não conseguiu voltar a fazer o mesmo a cinco minutos do final, quando o mesmo Bryan Ruiz de cabeça - e tal como na primeira mão, após cruzamento do Ola John - fez um golo que o Twente não mereceu. Coincidência ou não, o golo aconteceu numa ocasião em que o Luisão estava ausente do centro da defesa, porque tinha ido fazer uma dobra à direita. Mas este golo não colocou em causa a justeza da nossa vitória.
O Witsel marcou dois golos e se calhar é o homem do jogo, mas quem me maravilhou foi mesmo o inigualável Pablo Aimar. É verdadeiramente um orgulho e um privilégio vê-lo jogar no nosso clube. Fez um jogo absolutamente fantástico, sendo o pivot de quase todos os nossos lances de ataque. Pareceu também estar numa forma física muito boa, tendo jogado os noventa minutos, o que nem é muito habitual. Claro que o Witsel é também um dos grandes destaques. É talvez o melhor reforço do Benfica esta época, não menosprezando os outros. Tacticamente é excelente, em qualquer função que lhe entreguem no meio campo. É bom na recuperação de bola e na construção de jogo. Mas o que mais me impressiona mesmo é a calma que revela em todos os momentos de jogo. A bola definitivamente não queima nos seus pés, e é quase impossível desarmá-lo, sendo frequente vê-lo sair a jogar ou entregar a bola jogável a um colega mesmo quando está rodeado de adversários. Grande jogo do Luisão, bem também o Cardozo numa missão de esforço, apesar de não ter estado feliz a finalizar, e talvez tenha sido o melhor jogo que vi o Emerson fazer desde que chegou ao Benfica.
Só para colocar as coisas em perspectiva: o Twente, vencedor da Supertaça da Holanda e líder do campeonato só com vitórias, foi simplesmente vulgarizado esta noite pelo Benfica. Escrevo isto porque sei que alguns, perante o que o Benfica conseguiu, vão agora tentar da forma do costume - desvalorizar o adversário - tirar valor ao que foi feito. O Twente não é uma equipa fraca. Foi o Benfica que o fez fraco.
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