Leio na imprensa que o Fenerbahçe está cá para levar o melhor marcador estrangeiro da história do Benfica por 12 M€. Hello?! Oi?! Importam-se de repetir?! 12M€?! Pensei que a cláusula de rescisão fosse 60M€... Ele não renovou o contrato no ano passado...? E não se manteve essa mesma cláusula...? “Ah e tal, já tem 30 anos”, dizem-me. Mau, mas então os turcos querem um jogador por causa da idade ou por valer 25/30 golos por época há seis(!) anos consecutivos?! E esses números e, principalmente, essa consistência valem 12M€?! “Ah e tal, ele é molengão, não corre e não luta”, argumentam. Ok, esses batem-me em experiência e, portanto, nem sequer vou perder tempo a discutir...
Vamos ao cerne da questão: “depois do que fez ao Jesus na final da Taça, há que dar o exemplo e ele não pode continuar no Benfica.”, reivindicam alguns. Sim, o que o Cardozo fez é condenável, não o pode fazer e tem que ser severamente castigado por isso. Mas... ficarmos desfalcados do maior goleador estrangeiro da nossa história, que já está no top 10 dos melhores marcadores de sempre, por uma atitude muito reprovável, certo, mas que reflectiu o que 90% dos benfiquistas quiseram fazer a quente no final do jogo?! Quantos de nós não perderíamos a cabeça daquela maneira ou ainda pior em situação semelhante?! Sim, o Jesus esteve muito mal não só a colocar o André Almeida a defesa-esquerdo (e a não substituí-lo em altura devida), como principalmente a “pensar que 1-0 era suficiente” como disse no final... Portanto, iremos supostamente mandar o Cardozo embora por ter revelado a quente... excesso de benfiquismo! Sim, porque foi isso que ele mostrou: não se limitou a ser um “profissional”, provou que sente a camisola e estava tão frustrado como nós, adeptos. E isso, para mim, é uma enorme atenuante! Juntamente com o facto de ele ter logo pedido desculpa, quer ao treinador quer à equipa, nos balneários.
“Ah e tal, se esta atitude passar em claro, qualquer jogador tem legimitidade para fazer o mesmo”, concluem muitos. Errado! Para começar, o Cardozo não é “qualquer jogador”, é o melhor marcador estrangeiro da história do Benfica. Isso dá-lhe o estatuto de poder fazer o que quiser? Não, mas aumenta-lhe a margem de tolerância. Segundo, não foi no final de um jogo qualquer, foi no culminar de quinze dias de enorme frustração acumulada. Terceiro, e mais importante para mim, com certeza que tem que ser castigado, portanto aplique-se uma severa multa que sirva de sinal para o futuro, mas que não prejudique a equipa: três meses de ordenado! Garanto que, sabendo que ficará com os bolsos vazios durantes três mesitos, qualquer jogador pensaria duas vezes antes de fazer algo semelhante.
Volto ao título do post: “dar o exemplo”?! Poupem-me! Já tivemos que engolir o camisola 25 da era Quique Flores a voltar a vestir o manto sagrado depois do que nos fez enquanto jogador do Varzim. Já tivemos que engolir o Miguel a voltar a vestir a camisola do Benfica no jogo da Unicef depois de ter saído da maneira que saiu. Isso, sim, era ter “dado o exemplo”! Por outro lado, será que o Jorge Jesus “dá o exemplo” na maneira como trata os jogadores? Isto é uma pergunta que não é de retórica, porque não sei mesmo a resposta, mas nos mentideros diz-se que nem sempre serão tratados com o respeito devido...
Enfim, tomemos mas é juízo e não dêmos carta branca a uma pessoa (por mais importante que seja) para fazer o que quiser. Uma valente multa no ordenado do Cardozo, um novo pedido de desculpas públicas no início da nova época numa entrevista à Benfica TV e sigamos para a frente. Certamente que o Tacuara “dará o exemplo” na nova época como melhor sabe: marcando golos como se não houvesse amanhã! É desses “exemplos” que nós queremos.
bola nossa
-----
-----
Diário de um adepto benfiquista
Escolas Futebol “Geração Benfica"
bola dividida
-----
para além da bola
Churrascos e comentários são aqui
bola nostálgica
comunicação social
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.