VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Segunda-feira, 31 de Março de 2008

A respeito da falta de respeito.

Antes do jogo: a marcação de um jogo para aquela hora, num domingo, é uma falta de respeito para com os adeptos do nosso Clube. Eu sei que há interesses televisivos, mas estes não podem, com a complacência dos nossos dirigentes, sobrepor-se aos interesses desportivos do Benfica.

 

Antes do jogo: o assunto parece de somenos, e possivelmente para muitos até é. Para mim não é. É tempo de alguém comunicar aos dirigentes do Benfica que aquela música que se ouve antes do começo do jogo não é, ao contrário do que insiste em chamar-lhe o speaker, o hino do nosso Glorioso Clube. É uma música que se tornou popularmente conhecida como tal, mas não é o nosso hino. Ainda assim, a insistência com que o dito speaker interrompe aquilo a que chama o hino do Clube é de tal forma leviana que roça a falta de respeito pela instituição. Para os mais distraídos o hino do Benfica denomina-se "Avante, Avante p'lo Benfica".

 

Durante o jogo: chama-se Elmano Santos e é um mau árbitro. Na minha opinião, este não faz parte dos corruptos, faz parte dos incompetentes. Ontem, esbanjou incompetência pelo relvado, perdeu a vergonha e roubou descaradamente o nosso Benfica. O problema é que Elmano Santos se limitou a fazer o que muitos têm feito antes dele, uns de forma mais habilidosa do que outros: aproveitam os jogos do Benfica na Luz para agradar ao dono. Ontem, no Restelo, o Lucílio também aproveitou para agradar ao dono. O osso ser-lhes-á servido no seu devido tempo.

 

Depois do jogo: o jornalista Rui Santos ao considerar que a culpa do não penálti cometido por Nélson foi do próprio Nélson, e ao insistir na crítica destrutiva ao Benfica, alicerçando a sua crítica nas alarvidades que os seus colegas jornalistas desportivos especulam sobre o futuro treinador do Benfica (como se isso fosse culpa do próprio Clube) faltou, mais uma vez, ao respeito ao Benfica. Faltou ao respeito à inteligência e à honestidade intelectual. Faltou ao respeito a si mesmo.

 

À margem do jogo e à margem das leis do jogo: a bofetada que o Quaresma enfiou num jogador dos Belenenses foi brevemente comentada pelos jornalistas de serviço na sporttv como “um episódio em que ambos os jogadores ficam mal na fotografia”. Eu pago aquele serviço televisivo, mais uma vez faltaram-me ao respeito.

publicado por Pedro F. Ferreira às 15:45
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Regresso

Regresso após o interregno de duas semanas. Parou o campeonato, e aproveitei também para me desligar de todo o circo montado pela imprensa em redor do futuro treinador do Benfica, sobre se o Rui Costa deixa mesmo de jogar ou não, se o Léo e o Rodríguez ficam, quem será contratado, etc. Interrompi o afastamento para ir à Luz ver a nossa equipa jogar, mas infelizmente parece que muitos benfiquistas resolveram manter-se afastados, já que esta noite apenas perto de 24.000 espectadores estiveram no estádio a apoiar a equipa, naquela que foi seguramente a pior assistência esta época num jogo para o campeonato.

Não se notaram grandes diferenças para o tempo do Camacho no onze escalado esta noite pelo Chalana, pelo menos nos jogadores escolhidos. Tacticamente sim, já que o Benfica joga agora em 4-4-2, com dois avançados na frente. O Benfica iniciou o jogo com boas intenções, mas a denotar alguma dificuldade em dar objectividade ao seu jogo. Quanto ao Paços, apresentou-se de uma forma muito atípica para aquilo que habitualmente costuma ser o Paços de Ferreira: muito pouco atrevidos no ataque, e preocupados sobretudo em segurar o empate. Logo no primeiro minuto de jogo, na marcação de um pontapé de baliza, começaram a queimar tempo. O jogo do Benfica foi assentando com o passar do tempo, com os dois laterais a mostrarem-se muito ofensivos (muito por culpa também do Paços, que estranhamente parecia optar por dar liberdade quase total ao Léo e ao Nélson para subirem), e aos vinte e cinco minutos apareceu o golo, com naturalidade, após um remate fabuloso do Rodríguez a uns bons trinta metros da baliza (boa recuperação de bola do Petit no início da jogada, e bom trabalho dos dois avançados a abrirem nas alas e a proporcionarem espaço para o remate).

O golo pareceu injectar confiança nos nossos jogadores, e a qualidade do nosso jogo melhorou com isso. Começaram a ver-se várias jogadas de futebol dignas desse nome, e alegria no jogo, pelo que a maldição dos jogos em casa este ano parecia estar perto de terminar. O Paços não existia ofensivamente, e pouco podia aliás incomodar porque praticamente não tinha a bola - a posse de bola do Benfica durante a primeira parte deve ter sido avassaladora. Por isso fiquei à espera do avolumar do resultado para o nosso lado. Só que perto do intervalo, num lance completamente inofensivo, o árbitro do jogo resolveu equilibrar as coisas e conseguiu ver um penálti num lance em que o jogador do Paços tropeça em si próprio. Eu estava lá em cima no terceiro piso e vi isso, tal como viu toda a gente. O árbitro estava a cinco metros e viu uma coisa completamente diferente, ou então viu o que quis muito bem ver e pronto (na jogada anterior também não quis ver um possível penálti a nosso favor, por isso não se percebe bem o excesso de zelo demonstrado na área contrária). Ainda amarelou o Rui Costa e o Nuno Gomes, e o Paços, sem saber ler nem escrever, lá se viu novamente empatado, o que foi uma benesse caída do céu para um equipa que após ter perdido a situação de empate ficou sem saber o que fazer. Nós até podemos estar a fazer uma época horrível, termos o campeonato perdido e termos que sujeitar-nos à infâmia de disputar o segundo lugar para, vá lá, salvar minimamente a época. Mas é vil tentarem pisar-nos quando já estamos em baixo. E foi isso que aquele senhor madeirense fez naquele momento, foi o que eu senti, e fiquei com a sensação que foi aquilo que os nossos jogadores sentiram também. Mais: aquela vilania teve o condão de aproximar ainda mais o público da equipa. Por isso, de alguma forma, fiquei confiante que iríamos dar a volta à situação, e até vencer folgadamente. Aliás, o Benfica ainda conseguiu estar perto de marcar no par de minutos que decorreram até ao intervalo, mas o cabeceamento do Cardozo passou ao lado do poste.

De orgulho ferido, o Benfica iniciou a segunda parte na mesma toada da primeira, pressionando o Paços, que defendia o empate com unhas e dentes. Foram vários os cantos consecutivos conquistados, mas o Paços defendia-se com onze e o problema estava em conseguir furar novamente aquela muralha defensiva (e desejar que nalgum lance fortuito o Paços não voltasse a marcar). Foi preciso esperar vinte cinco minutos para que tal acontecesse, e de uma forma fortuita, já que o remate do Cardozo acabou por tabelar num membro da tal muralha defensiva e trair o guarda-redes Peçanha. A partir daqui as coisas ficaram mais fáceis, já que o Paços teve que abrir e sair lá detrás. O guarda-redes deles passou a ser capaz de chutar a bola para a frente (até então tinha precisado sempre da ajuda de um defesa), os seus jogadores passaram a correr para sair do campo quando eram substituídos, as bolas eram repostas em jogo mais rapidamente, etc. E mais fácil ainda ficou quando o Rui Costa, aproveitando a única falta assinalada sobre o Cardozo nas imediações da área durante todo o jogo, marcou o respectivo livre de forma exemplar, levando a bola a entrar junto ao poste. Com um quarto de hora a faltar para o final, restava saber quantos mais marcaria o Benfica. Ficou-se por um, um raríssimo golo de cabeça do nosso Rui após centro do Rodríguez e um grande frango do Peçanha. Dois golos no dia seguinte ao seu 36º aniversário parece-me ser uma bela prenda para o nosso maestro. No final, um merecido aplauso para a equipa por parte do público presente, que esta noite acabou de certa forma por fazer jus ao adágio de 'poucos mas bons'.

Melhores no Benfica: Rui Costa (claro), Léo (mais um dos suspeitos do costume) e Rodríguez, com este último a realizar uma exibição ao nível das melhores que lhe vi fazer pouco tempo depois de ter chegado ao Benfica, tendo sido essas exibições que lhe permitiram conquistar imediatamente a admiração dos adeptos. Hoje nem faltou aquela garra e vontade de disputar cada bola como se fosse a última que lhe são tão características. Já agora, e porque eu normalmente nunca perco uma oportunidade para bater no rapaz, tenho que ser justo e dizer que o Edcarlos fez uma exibição bastante positiva. Não lhe vi nenhum daqueles erros de palmatória que me costumam deixar de cabelos em pé, e fez ainda vários bons cortes, jogando muitas vezes em antecipação. No plano negativo, continuo a não perceber muito bem as funções e a utilidade do Maxi em campo. O Nuno Gomes também não teve uma noite para recordar.

Esta noite foi no fundo o regresso à normalidade. O Benfica vencer o Paços folgadamente na Luz é o que é normal, e espero que isto possa significar o fim das anormalidades que tivemos que suportar nos últimos jogos. Gostei da atitude da equipa, mesmo quando a tentaram derrubar de uma forma infame. E já que falo nisto, eu sei que como o Benfica até ganhou folgadamente de certeza que pouco ou nada se vai falar do que o madeirense fez esta noite na Luz, porque é muito mais importante, sei lá, o penálti da Amadora há quatro ou cinco meses. Mas é preciso não deixar que coisas destas caiam no esquecimento. Eu não tenho dúvidas que, assegurado que está o campeão, haja muito interesse em afastar-nos do segundo lugar. E pelo que o Chalana disse no final do jogo, parece-me que o próprio plantel terá noção disso.
publicado por D'Arcy às 00:49
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Sábado, 29 de Março de 2008

Parabéns, Rui Costa.

Para alguns, poucos muito poucos, há um momento na vida em que se toma a decisão de ser pessoal ou universal. O nosso Rui é nosso, é universal. É, também, pela sua universalidade benfiquista e pela universalidade do benfiquismo que existe na sua individualidade pessoal que hoje lhe enviamos os parabéns pelos seus 36 anos de vivência plena do que é ser Benfica.

publicado por Anátema Device às 22:08
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Sexta-feira, 28 de Março de 2008

O foguetório.

37 euros. Não era cristal, era acrílico. O labrego não sabia distinguir. Naturalmente. O labrego é árbitro, naturalmente. E hoje em dia, os ditos (árbitros) dividem-se entre os incompetentes e os corruptos. Os primeiros não sabem distinguir nada, os segundos sabem distinguir de que ponto cardeal vem a ordem. Os segundos não sabem distinguir o acrílico do cristal, mas sabem distinguir as palavras certeiras no local onde testemunham. Os segundos sabem que só ilibando o dono se ilibarão a eles.

Enquanto isso, vou-me entretendo a ler na pasquinagem lusa o estrabismo dos panegiristas do costume. Também entre os panegiristas da pasquinagem, há muitos que insistem em não saber distinguir o cristal do acrílico.

publicado por Pedro F. Ferreira às 11:36
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Quarta-feira, 26 de Março de 2008

Jogo da selecção

Podia destacar o golo do Nuno Gomes (finalmente!), os dois magníficos golos do Karagounis ou o facto de, mais uma vez, sermos incapazes de contornar uma Grécia que, sem jogar de forma vistosa, se apresenta muito bem organizada (ao invés da nossa selecção, em que "jogo de equipa" não passa de verbo de encher).
Mas prefiro destacar o momento em que um dos comentadores, a propósito da exibição do Karagounis, afirma "não se percebe porque é que o Benfica o dispensou"...
publicado por tma às 23:51
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"Habemos Papa"

Afinal o Pinto da Costa é mesmo o Papa!

 

Mas, como homem que não gosta de meter cunhas, nunca usou a sua proximidade com  Deus para benefício próprio. Isto é, nunca até ontem, porque ontem o Pinto da Costa, desculpem, o Papa invocou o nome de Deus, num grito de desespero (será o "grito" do cisne?).

 

Mas ao contrário de Jesus Cristo, o Papa não quer que se faça a vontade de Deus, mas sim a sua vontade, e então brandou aos céus:

 

"Só pedia a Deus que mostre a sua justiça divina e que as pessoas que inventaram esta história do envelope sejam atormentadas toda a vida".

 

Ora bem, se Jesus Cristo, que era filho de Deus, mesmo pedindo a Deus para afastar dele "este cálice", para perdoar aqueles que lhe estavam a fazer aquilo acabou crucificado, não sei o que te espera, Pintinho, porque tu és apenas Papa, e não só pedes que Deus te salve como pedes que ele se vingue!

 

Não sei não!!

 

 

 

 

publicado por LMB às 12:11

editado por p às 19:00
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Sábado, 22 de Março de 2008

O charivari de Rui Santos.

Rui Santos escreveu duas vezes charivari numa crónica apresentada hoje no "Correio da Manhã". Rui Santos decidiu escrever duas vezes charivari para criticar o José Manuel Delgado e mais uns quantos jornalistas que escrevem para o jornal "A Bola".

Até aqui tudo bem. É, para mim, sempre interessante ver o que o roto tem para dizer ao nu. Tal como é sempre interessante ver que há pessoas com pedras no sapato e há outras pessoas que têm um sapato na pedra. Rui Santos tem um caso freudiano mal resolvido com o jornal "A Bola", de tal forma mal resolvido que não se coíbe de duas coisas: apresentar-se como o último reduto da seriedade jornalística em Portugal e apresentar os jornalistas de "A Bola" como o produto mais acabado da falta de seriedade do jornalismo desportivo em Portugal.

Até aqui tudo bem. Cada um vive do charivari que quer e sabe como criar charivari em torno da sua pessoa para que a gamela não acabe quando se acabar a herança que lhe permite comprar os botões de punho para a fatiota. Rui Santos vai insistindo em criar charivari em torno de tudo o que mexe e que não seja da sua cor. E, tal como os camaleões, a sua cor é sempre plural e nunca desinteressada.

As coisas começam a não me agradar quando Rui Santos decide utilizar o nome do Benfica para atingir os seus inimigos de estimação. Rui Santos, o tal auto-intitulado paladino da independência jornalística, recorrentemente utiliza o Benfica como arma de arremesso contra os seus pares. Isto é lamentável, porque acusando os seus pares de serem veículos oficiosos dos interesses benfiquistas, tenta enlamear o nome do Glorioso e acaba por branquear o descarado tráfico de influências que existe entre outros clubes e a imprensa desportiva lusa, nomeadamente aquele tráfico que é feito entre o dono dos andrades e os ‘patos’ de ocasião e de bolso. Ou seja, os mesmos que têm branqueado o papel do dono dos andrades nos escândalos de corrupção activa do futebol português. Desta forma, mais uma vez Rui Santos faz charivari no sítio errado para desviar as atenções do sítio certo. Mas cada um sabe o osso que persegue e sabe como agradecer a quem lho atira. Parafraseando o próprio impoluto Santos: É claro que, no fundo, não merece nem o respeito de quem lhe atira o osso.

publicado por Anátema Device às 18:06
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Quarta-feira, 19 de Março de 2008

Dúvidas

Hoje fui surpreendido com notícias nos desportivos que dão conta de um eventual interesse do Benfica no Jorge Ribeiro. Sinceramente, não percebo como é que esta hipótese pode ser sequer considerada. Tendo em conta a forma como o Jorge Ribeiro saiu, tendo em conta a forma como ele e o seu mano lagarto se referiram ao Benfica depois disso (e basta lembrarmo-nos da forma como festejou o seu golo na Luz este ano para termos mais uma confirmação do respeito que tem ao nosso clube), o Jorge Ribeiro deveria ser considerado persona non grata no Benfica, e o seu regresso uma ideia que apenas poderia ser considerada por alguém que não tenha a mais pálida ideia dos valores que o Benfica deve representar. Por melhor jogador que seja, admitir o seu regresso seria, para mim, uma machadada na nossa própria identidade e orgulho. O que se poderia seguir a isto? Um regresso do Paulo Sousa ao clube, para ensinar ao jovens o que é a importância de vestir a camisola do Benfica e a lealdade que isso deverá implicar?

Outra coisa que continua a deixar-me perplexo é a popularidade que a ideia de um eventual ingresso do Humberto Coelho como treinador parece ter entre os benfiquistas. O Humberto Coelho é um histórico do Benfica, que me merece o maior respeito, e que eu gostaria muito de ver regressar ao clube. Mas noutras funções, não como treinador. Do Humberto Coelho como treinador não tenho uma opinião muito positiva. Lembro-me de presenças muito modestas aos comandos do Salgueiros e, salvo o erro, do Braga. E se uma das discussões mais em voga entre benfiquistas nos últimos anos é sobre se devemos jogar com um ou com dois pontas-de-lança, com o Humberto haveria a probabilidade de se adicionar um terceiro ponto a essa discussão: é que na Selecção Nacional ele foi o inventor da táctica sem ponta-de-lança algum, jogando quase sempre com o Sá Rafeiro e o JVP na frente. Depois o Rafeiro lesionou-se no Euro 2000 e saiu-nos a sorte grande, porque teve que jogar o Nuno Gomes e Portugal passou a ter finalmente um ponta-de-lança. Tentou também a sua sorte na Coreia do Sul, recém semi-finalista no Mundial, de onde saiu passados poucos jogos, sem honra nem glória, e após um empate humilhante contra as Maldivas do Prof.Neca. De onde terá aparecido, portanto, esta recente aura de salvador que envolve o Humberto treinador? E aproveito para dizer que não me agrada nada a forma como ele próprio se tem recentemente insinuado ao posto. Para entrar o Humberto Coelho mais valia manter o Chalana, ou promover o João Alves (este último, diga-se de passagem, já deu mais e melhores provas como treinador do que o Humberto Coelho).
publicado por D'Arcy às 13:04
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Segunda-feira, 17 de Março de 2008

A Função de Director Desportivo

Gostava de partilhar convosco algumas ideias que tenho sobre qual deve ser o papel do futuro Director Desportivo do Benfica.

 

 

1 – Âmbito de actuação

 

 

O DD deve ser o responsável máximo pelo futebol do Benfica, com um horizonte mínimo de 3 a 5 anos, respondendo directa e exclusivamente ao Presidente da SAD.

 

O seu âmbito de actuação tem uma forte componente de planeamento, organização e definição de modelos, mas também tem de ter uma forte componente prática de gestão operacional, implementando os modelos no terreno e tomando as decisões que forem necessárias – incluindo a alteração e adaptação dos modelos.

 

É função do DD definir e propor ao Presidente os objectivos a atingir pelo Clube dentro do horizonte de 3/5 anos da sua actuação.

 

2 – Definição do plantel e modelo de jogo

 

 

O DD deve avaliar as características do plantel actual e as possibilidades realistas de ajuste ao mesmo, incluindo as possibilidades vindas da próxima geração a sair da formação, e com base nisso definir qual vai ser em linhas gerais o modelo de jogo a adoptar pelo Benfica nas próximas épocas.

 

Não se pretende adoptar um modelo de jogo que implique uma nova revolução no plantel, nem um modelo de jogo que não se adeque aos jogadores existentes, embora se possa traçar um plano de evolução futura de ambos (plantel e modelo).

 

Não é tarefa do DD definir tácticas nem modelos pormenorizados, mas sim desenhar as linhas gerais que irão orientar a definição do perfil de treinador, a política de aquisições e a orientação a dar à formação.

 

 

3 – Escolha do treinador

 

 

Deve ser definido o perfil do treinador a adoptar, que será condicionado no plano técnico pelo modelo de jogo definido, e no plano organizacional e pessoal pelo modelo de gestão que se pretende implementar.

 

É tão importante garantir a adequação da filosofia do treinador com o modelo de jogo como com o modelo organizacional e de gestão – nomeadamente com o próprio DD, Presidente, prospecção, treinadores da formação, etc., bem como o seu commitment para com os objectivos do Clube a curto e médio prazo. 

 

 

É função do DD informar cada candidato do modelo de funcionamento implementado, dos objectivos e da definição e separação de funções, garantindo que o treinador a contratar compreende e aceita o que se espera dele.  Depois disso, deve o DD propor ao Presidente nomes concretos que no seu entender podem desempenhar a função de treinador.

 

 

4 – Prospecção, formação e a transição para o profissionalismo

 

 

É função do DD definir a acompanhar a orientação a dar à formação, e com mais atenção aos escalões de sub-18 e sub-19 anos.

 

Deve orientar o responsável pela prospecção, estando atento às necessidades imediatas e a médio prazo da equipa principal – decidir por exemplo o tipo de jogador ao qual a prospecção deve dar prioridade em cada momento; decidir se há aposta prioritária em jogadores portugueses, ou se isso é indiferente; decidir em que mercados apostar no estrangeiro.

 

O DD deve apoiar o treinador na escolha dos jogadores que transitam imediatamente para o plantel principal, e deve decidir o destino aos restantes – dispensa ou empréstimo.

 

É sua função definir a política de empréstimos – que tipo de jogadores emprestar; quais os critérios de selecção das equipas onde colocar os jogadores – critérios geográficos, de proximidade e boas relações com o Benfica, se se aposta em dispersão dos jogadores por várias equipas ou num modelo mais concentrado, se é preferível emprestar na Liga ou na Honra.

 

Deverá também o DD definir se o Benfica deverá ou não ter uma “Equipa B”, e qual o modelo para mesma – por exemplo, se deve participar num campeonato oficial, como no passado, ou se se mantém a mesma sem competição, participando em jogos particulares tanto quanto possível, ou se se contacta outros clubes para a criação de uma “liga não oficial” para várias equipas B competirem.

 

 

5 – Gestão Financeira do futebol

 

 

O DD deve ser o responsável pela gestão financeira do futebol, recebendo da SAD um orçamento e gerindo o mesmo.

 

A política de aquisições deve levar em linha de conta o plano de médio prazo, mas também as necessidades imediatas que devem ser transmitidas pelo treinador ao DD.  Cabe a este tomar as decisões necessárias para garantir o sucesso, aplicando o orçamento que tem disponível nas contratações que entender mais favoráveis.

 

A política salarial será definida pelo DD.  Se há uma aposta maior em salário fixo ou em prémios por objectivos;  se há um tecto salarial aplicável a todos os jogadores, ou se há um tecto com excepções, ou ainda se se adopta um modelo tipo NBA – onde há um tecto salarial global mas não há regras na sua divisão pelos jogadores. 

 

É o DD que deve decidir se o modelo é contratar 3 super-craques e completar o plantel com 20 jogadores médios e baratos, ou tentar ter um plantel muito equilibrado em qualidade e preço, ou apostar em ter 14/15 jogadores um pouco mais caros complementados com 7/8 ex-juniores, etc.

publicado por Artur Hermenegildo às 17:51
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A Nave dos Loucos

Sebastian Brant publica Das Narrenschiff (a Nave dos Loucos ou o Navio dos Loucos) em 1494. Publica essa obra marcante durante o Carnaval. E faz todo o sentido que assim tenha sido, pois o Carnaval é o tempo do mundo-às-avessas, da sem-razão. Muitos foram os que se sentiram inspirados por essa obra e outros tantos foram os que a reinterpretaram literária ou pictoricamente. De entre estes últimos destaco Bosch e o seu famoso quadro com o mesmo nome da obra de Brant. No desenvolvimento medievo-renascentista do conceito da nave dos loucos, recordo a interpretação que Nilda Guglielmi faz da leitura do poema de Brandt. Segundo Guglielmi, Brant teria imaginado duas naves: uma que se dirigia para a terra dos loucos (Narragonia), terra de deportação e provação, e outra que se dirigia para uma terra de promissão (Pays de Cocagne). Em qualquer dos casos só os excepcionais podiam aceder a qualquer das terras. O problema é que muitas vezes não se conseguiam distinguir os sábios dos loucos, e outras tantas vezes, na mesma nave, navegavam sábios e loucos. Contrariamente à lei, nem todos os loucos se distinguiam pelos guizos, nem todos os loucos se faziam anunciar pelas campainhas.

Olho para o nosso Benfica e não posso deixar de me lembrar da imagética da nave dos loucos medieva. Olho para o nosso Clube e vejo uma representação dessa mesma nave dos loucos. E vejo que vivemos um momento decisivo, um momento que pode marcar o rumo desta nave: ou vai para Narragonia ou vai para o Pays de Cocagne. Temos de conseguir distinguir nesta nave quem é sábio e quem é louco, pois corremos o risco de, na ânsia de purgar, expulsar os sábios e deixar os dementes. E todos nós sabemos como é fácil para os mais distraídos seguirem um timoneiro que os conduza para ocidente, enquanto alegremente festejam pensando que estão a ser orientados. Tivemos um recente exemplo disso mesmo na História recente do nosso Benfica e ainda hoje não recuperámos totalmente desse Carnaval.

Deixarmo-nos enganar neste momento seria um novo erro do qual dificilmente recuperaríamos. O primeiro passo, o mais importante dos passos, é não haver precipitação nas decisões. Quer sejam as decisões do comum dos adeptos, quer sejam as decisões de quem foi mandatado para as tomar. Isto é essencial, pois nem todos os que estão na nau são loucos e nem todos os que observam a nau são sábios. Não havendo, de todas as partes, a capacidade de discernir, corremos o risco de, em vez de discutir o caminho do navio, discutirmos o seu naufrágio.

 

Tal como na época medieval, tenhamos a noção de que, depois dos desmandos do Carnaval, virá a Quaresma. Saibamos chegar lá.

publicado por Pedro F. Ferreira às 12:51
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