Antes do jogo: a marcação de um jogo para aquela hora, num domingo, é uma falta de respeito para com os adeptos do nosso Clube. Eu sei que há interesses televisivos, mas estes não podem, com a complacência dos nossos dirigentes, sobrepor-se aos interesses desportivos do Benfica.
Antes do jogo: o assunto parece de somenos, e possivelmente para muitos até é. Para mim não é. É tempo de alguém comunicar aos dirigentes do Benfica que aquela música que se ouve antes do começo do jogo não é, ao contrário do que insiste em chamar-lhe o speaker, o hino do nosso Glorioso Clube. É uma música que se tornou popularmente conhecida como tal, mas não é o nosso hino. Ainda assim, a insistência com que o dito speaker interrompe aquilo a que chama o hino do Clube é de tal forma leviana que roça a falta de respeito pela instituição. Para os mais distraídos o hino do Benfica denomina-se "Avante, Avante p'lo Benfica".
Durante o jogo: chama-se Elmano Santos e é um mau árbitro. Na minha opinião, este não faz parte dos corruptos, faz parte dos incompetentes. Ontem, esbanjou incompetência pelo relvado, perdeu a vergonha e roubou descaradamente o nosso Benfica. O problema é que Elmano Santos se limitou a fazer o que muitos têm feito antes dele, uns de forma mais habilidosa do que outros: aproveitam os jogos do Benfica na Luz para agradar ao dono. Ontem, no Restelo, o Lucílio também aproveitou para agradar ao dono. O osso ser-lhes-á servido no seu devido tempo.
Depois do jogo: o jornalista Rui Santos ao considerar que a culpa do não penálti cometido por Nélson foi do próprio Nélson, e ao insistir na crítica destrutiva ao Benfica, alicerçando a sua crítica nas alarvidades que os seus colegas jornalistas desportivos especulam sobre o futuro treinador do Benfica (como se isso fosse culpa do próprio Clube) faltou, mais uma vez, ao respeito ao Benfica. Faltou ao respeito à inteligência e à honestidade intelectual. Faltou ao respeito a si mesmo.
À margem do jogo e à margem das leis do jogo: a bofetada que o Quaresma enfiou num jogador dos Belenenses foi brevemente comentada pelos jornalistas de serviço na sporttv como “um episódio em que ambos os jogadores ficam mal na fotografia”. Eu pago aquele serviço televisivo, mais uma vez faltaram-me ao respeito.
Para alguns, poucos muito poucos, há um momento na vida em que se toma a decisão de ser pessoal ou universal. O nosso Rui é nosso, é universal. É, também, pela sua universalidade benfiquista e pela universalidade do benfiquismo que existe na sua individualidade pessoal que hoje lhe enviamos os parabéns pelos seus 36 anos de vivência plena do que é ser Benfica.
37 euros. Não era cristal, era acrílico. O labrego não sabia distinguir. Naturalmente. O labrego é árbitro, naturalmente. E hoje em dia, os ditos (árbitros) dividem-se entre os incompetentes e os corruptos. Os primeiros não sabem distinguir nada, os segundos sabem distinguir de que ponto cardeal vem a ordem. Os segundos não sabem distinguir o acrílico do cristal, mas sabem distinguir as palavras certeiras no local onde testemunham. Os segundos sabem que só ilibando o dono se ilibarão a eles.
Enquanto isso, vou-me entretendo a ler na pasquinagem lusa o estrabismo dos panegiristas do costume. Também entre os panegiristas da pasquinagem, há muitos que insistem em não saber distinguir o cristal do acrílico.
Afinal o Pinto da Costa é mesmo o Papa!
Mas, como homem que não gosta de meter cunhas, nunca usou a sua proximidade com Deus para benefício próprio. Isto é, nunca até ontem, porque ontem o Pinto da Costa, desculpem, o Papa invocou o nome de Deus, num grito de desespero (será o "grito" do cisne?).
Mas ao contrário de Jesus Cristo, o Papa não quer que se faça a vontade de Deus, mas sim a sua vontade, e então brandou aos céus:
"Só pedia a Deus que mostre a sua justiça divina e que as pessoas que inventaram esta história do envelope sejam atormentadas toda a vida".
Ora bem, se Jesus Cristo, que era filho de Deus, mesmo pedindo a Deus para afastar dele "este cálice", para perdoar aqueles que lhe estavam a fazer aquilo acabou crucificado, não sei o que te espera, Pintinho, porque tu és apenas Papa, e não só pedes que Deus te salve como pedes que ele se vingue!
Não sei não!!
Até aqui tudo bem. É, para mim, sempre interessante ver o que o roto tem para dizer ao nu. Tal como é sempre interessante ver que há pessoas com pedras no sapato e há outras pessoas que têm um sapato na pedra. Rui Santos tem um caso freudiano mal resolvido com o jornal "A Bola", de tal forma mal resolvido que não se coíbe de duas coisas: apresentar-se como o último reduto da seriedade jornalística em Portugal e apresentar os jornalistas de "A Bola" como o produto mais acabado da falta de seriedade do jornalismo desportivo em Portugal.
Até aqui tudo bem. Cada um vive do charivari que quer e sabe como criar charivari em torno da sua pessoa para que a gamela não acabe quando se acabar a herança que lhe permite comprar os botões de punho para a fatiota. Rui Santos vai insistindo em criar charivari em torno de tudo o que mexe e que não seja da sua cor. E, tal como os camaleões, a sua cor é sempre plural e nunca desinteressada.
As coisas começam a não me agradar quando Rui Santos decide utilizar o nome do Benfica para atingir os seus inimigos de estimação. Rui Santos, o tal auto-intitulado paladino da independência jornalística, recorrentemente utiliza o Benfica como arma de arremesso contra os seus pares. Isto é lamentável, porque acusando os seus pares de serem veículos oficiosos dos interesses benfiquistas, tenta enlamear o nome do Glorioso e acaba por branquear o descarado tráfico de influências que existe entre outros clubes e a imprensa desportiva lusa, nomeadamente aquele tráfico que é feito entre o dono dos andrades e os ‘patos’ de ocasião e de bolso. Ou seja, os mesmos que têm branqueado o papel do dono dos andrades nos escândalos de corrupção activa do futebol português. Desta forma, mais uma vez Rui Santos faz charivari no sítio errado para desviar as atenções do sítio certo. Mas cada um sabe o osso que persegue e sabe como agradecer a quem lho atira. Parafraseando o próprio impoluto Santos: É claro que, no fundo, não merece nem o respeito de quem lhe atira o osso.
Gostava de partilhar convosco algumas ideias que tenho sobre qual deve ser o papel do futuro Director Desportivo do Benfica.
1 – Âmbito de actuação
O DD deve ser o responsável máximo pelo futebol do Benfica, com um horizonte mínimo de 3 a 5 anos, respondendo directa e exclusivamente ao Presidente da SAD.
O seu âmbito de actuação tem uma forte componente de planeamento, organização e definição de modelos, mas também tem de ter uma forte componente prática de gestão operacional, implementando os modelos no terreno e tomando as decisões que forem necessárias – incluindo a alteração e adaptação dos modelos.
É função do DD definir e propor ao Presidente os objectivos a atingir pelo Clube dentro do horizonte de 3/5 anos da sua actuação.
2 – Definição do plantel e modelo de jogo
O DD deve avaliar as características do plantel actual e as possibilidades realistas de ajuste ao mesmo, incluindo as possibilidades vindas da próxima geração a sair da formação, e com base nisso definir qual vai ser em linhas gerais o modelo de jogo a adoptar pelo Benfica nas próximas épocas.
Não se pretende adoptar um modelo de jogo que implique uma nova revolução no plantel, nem um modelo de jogo que não se adeque aos jogadores existentes, embora se possa traçar um plano de evolução futura de ambos (plantel e modelo).
Não é tarefa do DD definir tácticas nem modelos pormenorizados, mas sim desenhar as linhas gerais que irão orientar a definição do perfil de treinador, a política de aquisições e a orientação a dar à formação.
3 – Escolha do treinador
Deve ser definido o perfil do treinador a adoptar, que será condicionado no plano técnico pelo modelo de jogo definido, e no plano organizacional e pessoal pelo modelo de gestão que se pretende implementar.
É tão importante garantir a adequação da filosofia do treinador com o modelo de jogo como com o modelo organizacional e de gestão – nomeadamente com o próprio DD, Presidente, prospecção, treinadores da formação, etc., bem como o seu commitment para com os objectivos do Clube a curto e médio prazo.
É função do DD informar cada candidato do modelo de funcionamento implementado, dos objectivos e da definição e separação de funções, garantindo que o treinador a contratar compreende e aceita o que se espera dele. Depois disso, deve o DD propor ao Presidente nomes concretos que no seu entender podem desempenhar a função de treinador.
4 – Prospecção, formação e a transição para o profissionalismo
É função do DD definir a acompanhar a orientação a dar à formação, e com mais atenção aos escalões de sub-18 e sub-19 anos.
Deve orientar o responsável pela prospecção, estando atento às necessidades imediatas e a médio prazo da equipa principal – decidir por exemplo o tipo de jogador ao qual a prospecção deve dar prioridade em cada momento; decidir se há aposta prioritária em jogadores portugueses, ou se isso é indiferente; decidir em que mercados apostar no estrangeiro.
O DD deve apoiar o treinador na escolha dos jogadores que transitam imediatamente para o plantel principal, e deve decidir o destino aos restantes – dispensa ou empréstimo.
É sua função definir a política de empréstimos – que tipo de jogadores emprestar; quais os critérios de selecção das equipas onde colocar os jogadores – critérios geográficos, de proximidade e boas relações com o Benfica, se se aposta em dispersão dos jogadores por várias equipas ou num modelo mais concentrado, se é preferível emprestar na Liga ou na Honra.
Deverá também o DD definir se o Benfica deverá ou não ter uma “Equipa B”, e qual o modelo para mesma – por exemplo, se deve participar num campeonato oficial, como no passado, ou se se mantém a mesma sem competição, participando em jogos particulares tanto quanto possível, ou se se contacta outros clubes para a criação de uma “liga não oficial” para várias equipas B competirem.
5 – Gestão Financeira do futebol
O DD deve ser o responsável pela gestão financeira do futebol, recebendo da SAD um orçamento e gerindo o mesmo.
A política de aquisições deve levar em linha de conta o plano de médio prazo, mas também as necessidades imediatas que devem ser transmitidas pelo treinador ao DD. Cabe a este tomar as decisões necessárias para garantir o sucesso, aplicando o orçamento que tem disponível nas contratações que entender mais favoráveis.
A política salarial será definida pelo DD. Se há uma aposta maior em salário fixo ou em prémios por objectivos; se há um tecto salarial aplicável a todos os jogadores, ou se há um tecto com excepções, ou ainda se se adopta um modelo tipo NBA – onde há um tecto salarial global mas não há regras na sua divisão pelos jogadores.
É o DD que deve decidir se o modelo é contratar 3 super-craques e completar o plantel com 20 jogadores médios e baratos, ou tentar ter um plantel muito equilibrado em qualidade e preço, ou apostar em ter 14/15 jogadores um pouco mais caros complementados com 7/8 ex-juniores, etc.
Sebastian Brant publica Das Narrenschiff (a Nave dos Loucos ou o Navio dos Loucos) em 1494. Publica essa obra marcante durante o Carnaval. E faz todo o sentido que assim tenha sido, pois o Carnaval é o tempo do mundo-às-avessas, da sem-razão. Muitos foram os que se sentiram inspirados por essa obra e outros tantos foram os que a reinterpretaram literária ou pictoricamente. De entre estes últimos destaco Bosch e o seu famoso quadro com o mesmo nome da obra de Brant. No desenvolvimento medievo-renascentista do conceito da nave dos loucos, recordo a interpretação que Nilda Guglielmi faz da leitura do poema de Brandt. Segundo Guglielmi, Brant teria imaginado duas naves: uma que se dirigia para a terra dos loucos (Narragonia), terra de deportação e provação, e outra que se dirigia para uma terra de promissão (Pays de Cocagne). Em qualquer dos casos só os excepcionais podiam aceder a qualquer das terras. O problema é que muitas vezes não se conseguiam distinguir os sábios dos loucos, e outras tantas vezes, na mesma nave, navegavam sábios e loucos. Contrariamente à lei, nem todos os loucos se distinguiam pelos guizos, nem todos os loucos se faziam anunciar pelas campainhas.
Olho para o nosso Benfica e não posso deixar de me lembrar da imagética da nave dos loucos medieva. Olho para o nosso Clube e vejo uma representação dessa mesma nave dos loucos. E vejo que vivemos um momento decisivo, um momento que pode marcar o rumo desta nave: ou vai para Narragonia ou vai para o Pays de Cocagne. Temos de conseguir distinguir nesta nave quem é sábio e quem é louco, pois corremos o risco de, na ânsia de purgar, expulsar os sábios e deixar os dementes. E todos nós sabemos como é fácil para os mais distraídos seguirem um timoneiro que os conduza para ocidente, enquanto alegremente festejam pensando que estão a ser orientados. Tivemos um recente exemplo disso mesmo na História recente do nosso Benfica e ainda hoje não recuperámos totalmente desse Carnaval.
Deixarmo-nos enganar neste momento seria um novo erro do qual dificilmente recuperaríamos. O primeiro passo, o mais importante dos passos, é não haver precipitação nas decisões. Quer sejam as decisões do comum dos adeptos, quer sejam as decisões de quem foi mandatado para as tomar. Isto é essencial, pois nem todos os que estão na nau são loucos e nem todos os que observam a nau são sábios. Não havendo, de todas as partes, a capacidade de discernir, corremos o risco de, em vez de discutir o caminho do navio, discutirmos o seu naufrágio.
Tal como na época medieval, tenhamos a noção de que, depois dos desmandos do Carnaval, virá a Quaresma. Saibamos chegar lá.
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