Domingo, 6 de Abril de 2008
Uma tremenda injustiça. O Benfica tudo fez esta noite, no Bessa, para conquistar os três pontos. Mas uma conjugação de falta de sorte, aselhice, inspiração do guarda-redes do Boavista, e influências externas acabaram por ditar um nulo que nos deixa uma sabor muito amargo na boca. Houve alturas deste jogo em que à memória só me vinha o malfadado jogo contra este mesmo Boavista o ano passado na Luz.
O nosso treinador Chalana afinal optou por não mudar nada em relação à equipa que no passado fim-de-semana venceu o Paços de Ferreira. Apesar de recuperado, o Luisão sentou-se no banco. E o Benfica começou o jogo a mostrar que está em franca recuperação. Jogámos um futebol alegre, claramente de ataque, com os jogadores a desmarcarem-se abrindo várias opções de passe, saindo e trocando de posição frequentemente. O Boavista só ao fim de cerca de quinze minutos pareceu começar a acertar com o nosso jogo, conseguindo então equilibrar as coisas e passando a aparecer também com algum perigo no nosso meio campo. E foi durante esse período (cerca dos vinte e cinco minutos de jogo) que dispôs mesmo de uma oportunidade soberana para marcar, beneficiando de um penálti claro cometido pelo Edcarlos. Só que o Quim defendeu o remate do Jorge Ribeiro, e isto acabou por dar o mote para que o Benfica voltasse a melhorar o seu jogo, construindo algumas oportunidades que foram desperdiçadas (estou-me a lembrar por exemplo de uma do Nuno Gomes logo na resposta ao penálti) e que de alguma forma começaram a dar o mote para aquilo que seria a segunda parte do jogo.
Na segunda parte, sem quaisquer alterações, o Benfica entrou ainda mais ao ataque. Remates do Cardozo e do Rui Costa puseram à prova o inspirado Jehle. E após quinze minutos, o Chalana recorreu à mesma substituição da semana passada, retirando o apagado Maxi para entrar o Di María. E, tal como a semana passada, o Benfica transfigurou-se. Se até aí o domínio do Benfica no jogo tinha sido claro, a partir desse momento tornou-se avassalador, com o Boavista praticamente a não conseguir sair do seu meio campo e, inclusivamente, a passar por muitos períodos em que nem sequer conseguia sair da sua área. As oportunidades de golo para o Benfica começaram a suceder-se, mas a bola teimava em não entrar, com o guarda-redes adversário a revelar estar numa noite inspirada. Durante esta meia hora final, vi o Benfica jogar e fazer coisas como há muito tempo não o via fazer, e a vitória parecia ser não só o corolário lógico mas também justo para tudo aquilo que os nossos jogadores faziam em campo. Só que mesmo quando parecia impossível não ser golo, havia sempre um pé, um poste, uma defesa de último recurso, e o nulo foi-se arrastando até final. Não merecíamos isto.
Não consigo estar a escolher os melhores ou os piores neste jogo. Fiquei tão entusiasmado e irritado com aquilo que se ia passando que deixei de conseguir ver o jogo de uma forma muito racional. Só via o nosso assalto à baliza adversária, vaga atrás de vaga, e a bola a não entrar. Acho que toda a equipa merece um aplauso, incluindo a equipa técnica, por ter-me deixado ver o Benfica jogar à Benfica.
A semana passada foi evidente que nos estão a querer tirar do segundo lugar seja por que meios for. O Chalana deixou-se de discursos politicamente correctos e disse isso mesmo. A nomeação do inevitável Lucílio Baptista para este jogo já fazia antever a continuação do 'trabalhinho', e o Lucílio não desiludiu quem decidiu nomeá-lo. Já foram muitas as situações em que ele mostrou todo o seu valor a arbitrar-nos (as mais flagrantes foram no jogo do título do sportém, que o Sabry estragou, e na final da Taça de Portugal de luta livre, contra o fóculporto do Mourinho), e talvez por isso continuem a nomeá-lo. Hoje foi mais uma para a história. Se depois do serviço do Elmano a semana passada ainda subsistiam algumas dúvidas sobre aquilo que o Chalana disse, julgo que estarão dissipadas hoje. Olhem para a posição do Lucílio em relação à jogada nos dois lances de que o Benfica se queixa. Era impossível não ver o que se passou estando na posição em que está. Se não marcou foi porque não quis. Ou porque saber que alguém não queria. Mas de certeza que não se falará muito nisto. Como de costume, é mais fácil dizer que a culpa é do Benfica, que falhou aqueles golos todos.
Isto um dia acaba mal. Muito mal.
Um quarto de século montado no ódio e alimentando um fictícia guerra norte/sul que amesquinha ainda mais a tacanhez das gentes que embarcam nas palavras de um criminoso. Um quarto de século feito de ameaças, intimidações e agressões a jornalistas. Um quarto de século alicerçado na violência de um grupo de criminosos assumidos que se escondem no anonimato cobarde de uma claque. Um quarto de século feito de pressões políticas e ameaças públicas aos poucos que se recusam a legitimar práticas criminosas. Um quarto de século a promover árbitros que se vendiam por pouco menos do que o favor sexual comprado a prostitutas reles. Um quarto de século a meter magistrados no bolso. Um quarto de século em que a conivência das forças judiciais lhe deram a convicção da impunidade. Um quarto de século feito de bajulações, encobrimentos e cobardias feitos por aqueles que tinham como dever moral, profissional, social e civilizacional denunciar práticas criminosas. Um quarto de século em que um reles mafioso se vem arrogando o direito de escarrar num país que se julga civilizado e democrático. Um quarto de século em que um verme se transformou no líder de uma horda que, à força da cegueira e da total ausência de valores, há muito deixou a coluna vertebral na loja de penhores.
Hoje é dia de assistirmos a mais um dia de glorificação vergonhosa de um criminoso.
Quarta-feira, 2 de Abril de 2008
Na sequência do post '1º de Abril' do S.L.B., e olhando aos comentários lá deixados, tenho a dizer que, ao contrário do que muitos ali afirmam, eu não tenho grandes dúvidas que o fóculporto será condenado e perderá os referidos seis pontos. Tal como não tenho dúvidas nenhumas que o timing para esta acção da Liga, ao fim de QUATRO ANOS de Apito Dourado, é tudo menos inocente. Não é por acaso que o fóculporto se arrisca a perder seis pontos numa altura em que comanda o campeonato com dezasseis pontos de avanço. Assim, com a tradicional chico-espertice portuguesa, lavam-se as mãos. O fóculporto, como castigo para décadas de corrupção e batotice, é condenado, perde seis pontos, e festeja o título de campeão na mesma. E acaba-se com esta chatice do Apito Dourado, e com as constantes acusações e chamadas de atenção (em particular pelo 'totó' do nosso presidente) à inacção da Liga sobre o assunto.
Os casos de 2003/04 não serão senão uma minúscula pontinha do enormíssimo icebergue da corrupção que qualquer pessoa que tenha vivido o futebol português na parte final da década de 80 e década de 90 sabe que existiu. Os seis pontinhos de que o fóculporto vai risonhamente abrir mão (aposto que nem sequer irão recorrer da condenação) são como uma palmadinha nos dedos de um serial killer como castigo por ter sido apanhado a roubar um pão na mercearia.
Gostava de tecer um comentário jocoso acerca desta notícia do Ricord sobre o Benfica, mas não conseguiria ter mais piada do que a própria notícia, que se intitula "Nada de novo no Seixal". Quando o que é notícia é a não existência de notícias está tudo dito sobre a qualidade jornalística do jornal e sobre a grandiosidade do nosso clube, pois nele tudo é notícia, mesmo o que, por definição, não é notícia. Por estranho que pareça, até louvo a atitude: na ressaca do 1 de Abril, que é afinal um dia frequente por aquelas bandas, o Ricord deu tréguas ao tipo de jornalismo por que é conhecido.
Terça-feira, 1 de Abril de 2008
Achei muita graça à piada do dia das mentiras que foi reproduzida por quase todos os órgãos de comunicação social: quatro(!) anos depois do despoletar do caso, a Comissão Disciplinar da Liga enviou a nota de culpa a um certo clube que, por ter corrompido dois árbitros, incorre numa pena de... duas derrotas! É isso mesmo, s-e-i-s pontos! Ou seja, comprar-se um árbitro e pôr em causa a verdade desportiva é tão grave quanto... inscrever um jogador que já tenha alinhado por dois clubes numa mesma época! Digam lá se a piada não é hilariante e bem esgalhada?!
Noutros países, as Juventus e os Marselhas perdem os títulos e descem de divisão, no nosso perdem-se três pontos por se ser corrupto. Enfim, o que vale é que hoje é dia 1 de Abril...
P.S. - Cada vez estou mais convencido que isto só vai ao sítio com medidas drásticas. Perdoem-me a linguagem, mas ESTE PAÍS É UMA MERDA!
Na sequência
deste post do Pedro F F, queria também reflectir sobre outra das afirmações de Luís Filipe Vieira produzidas no passado fim-de-semana: segundo Vieira, é mais importante ao Benfica adquirir prestígio internacional do que conquistar títulos (o que vem na linha da opinião que sustenta a precocidade da conquista do campeonato de 2004/2005).
Eu, e creio que a generalidade dos Benfiquistas, estamos principalmente interessados em títulos desportivos. O prestígio internacional é, sem dúvida, importante, mas nunca em detrimento de títulos. Quando muito poderia dizer que, para construir (de forma sustentável) uma equipa com qualidade para ser campeã leva o seu tempo (com o que concordaria). Mas não me parece que a gestão desportiva dos últimos anos tenha sido feita nesse sentido...
Gostava também de perceber como é que é possível ganhar prestígio sem ganhar aquilo que é, precisamente, a essência do prestígio de um clube desportivo: títulos.
Recordo-me também de LFV ter afirmado, recentemente, que transformou o Benfica num clube "apetecível". Sem pôr em causa o mérito que lhe reconheço na recuperação financeira do Benfica (factor essencial para que se possa dispor de um plantel de qualidade), a verdade é que essa recuperação financeira não tem sido acompanhada de melhorias a nível desportivo (bem sei que ser campeão no actual contexto é bem difícil, mesmo com uma super-equipa, mas mesmo assim, não podemos deixar de nos fortalecer para combater, jogo a jogo, pela vitória dentro do campo, contra 14 se necessário). Por isso, atrevo-me a perguntar: "apetecível" para quem?...