(Desculpem a ausência prolongada, mas é que esta coisa do Mundial dá-me sono e fico sem acção. Acordei agora com o som da caravela a ir ao fundo.)
Bom, confirmando a teoria há muito defendida por alguns cientistas de que os suínos, à semelhança dos humanos, podem ser bipolares, o clube da fruta continua a maravilhar-nos com a sua coerência esquizofrénica: (link)
A notícia é self explanatory, mas para quem, como eu, andar com pouca paciência para ler coisas com mais de duas linhas e sem bonecos, o sumo da coisa é que na Assembleia Geral da Liga de hoje, o clube da fruta vai propor a inclusão dos ‘stewards’ no elenco de agentes desportivos, depois de ter andado, no processo do Rúlqui e do Sapunãoseiquantas, a fazer piruetas e a vender o rabo a tentar defender a ideia de que os ‘stewards’ deviam ser vistos como mero ‘público’ para safar os dois trambolhos das punições. Tese, aliás, que esteve na sustentação da decisão dos pulhas amestrados do Conselho de Justiça da FPF em contrariar a CD da Liga e reduzir as penas.
Pois muito bem, quatro meses depois, o clube do Guarda Abel vem dar razão à anterior CD e contrariar – com a dignidade de um rafeiro - não só o que andaram a defender até à exaustão, mas também a decisão do Conselho de Justiça que lhe permitiu suavizar de forma alarve as penas do imbecil com o QI de uma batata que acha que é um super-herói e do descendente do Conde Drácula.
Bonito, não é?
O que é que se me oferece dizer? Bom, que, se por um lado, isto denuncia uma bipolaridade que raia a arbitrariedade de um animal irracional, por outro é uma sem-vergonhice incrivelmente coerente com o comportamento de um clube que vive impunemente à base de trafulhice, da mentira e da corrupção. E que tem gente como o MST e o Rui Moreira nas suas fileiras, que são monumentos vivos à bipolaridade e à incoerência.
Se há coisa que eu detesto é a ingratidão. Acho que nunca, em caso algum, deveremos ter a memória curta. O reconhecimento a alguém que o merece é sempre devido, especialmente nas alturas em que esse alguém possa estar a passar por maiores dificuldades. E quem perde a memória perde uma condição essencial de ser humano. Serve este preâmbulo para dizer que, passem os anos que passarem e aconteça o que acontecer, eu estarei sempre grato ao senhor professor Queiroz por dois motivos:
1) Por ter recusado há dois anos um convite para vir treinar o Glorioso durante quatro(!) épocas;
2) E principalmente por isto:
Honestamente, até acho que a equipa da FPF se portou melhor do que eu esperava neste jogo. Pelo menos na primeira parte, embora fosse visível a grande diferença de qualidade entre as duas equipas, soube anular de forma mais ou menos eficaz o meio campo espanhol. Na segunda parte as diferenças acentuaram-se, e depois veio o momento invariavelmente fatídico em qualquer equipa do Queirósz, que é quando ele decide entrar em acção e alterar alguma coisa. Fê-lo retirando um jogador que estava a causar algum incómodo à defesa espanhola e, mais uma vez, atirando com o Ronaldo para junto dos centrais - verdade seja dita que ele também não estava a fazer grande coisa encostado ao flanco. Pode ser só azar do homem, malapata, ou então é incompetência pura: o certo é que minutos depois a Espanha marcou. E aí ficou claro que estava praticamente tudo acabado, porque não havia Plano B. A estratégia era prolongar o empate enquanto fosse possível, e a equipa da FPF não estava preparada para estar em desvantagem no marcador.
A minha opinião sobre o Queirósz é por demais conhecida. Não foi a derrota com a Espanha que a alterou, e seria muito difícil que uma eventual vitória o fizesse. Por isso o que eu vou escrever sobre ele não é propriamente bater no ceguinho quando ele está em baixo, porque já digo isto há muito tempo. Continuo a perguntar: que palmarés tem este homem para ser seleccionador nacional? O que é que ele já ganhou como treinador principal sem ser nos escalões jovens? Foi por ter passado uns anos a distribuir coletes e a colocar pinos durante os treinos do Ferguson que ele merece o cargo? Ou terá sido por saber lamber as botas certas, ou por ter os amigos mais influentes, ou então por ser chamado de 'Professor' por toda a gente em Portugal (lá por fora nunca ouvi ninguém chamar-lhe 'Professor')?
Olhando friamente os números, Portugal qualificou-se para este Campeonato do Mundo sem conseguir vencer metade dos seus jogos no grupo de qualificação, sendo incapaz de vencer um único jogo às equipas mais cotadas do grupo. Conseguiu qualificar-se para o play-off, perdendo o grupo para uma decrépita Dinamarca que neste Mundial foi eliminada na primeira fase aos pés do Japão. Nesse play-off conseguiu eliminar a toda-poderosa Bósnia, o que de alguma estranha forma foi suficiente para inflar uma data de egos e começar-se a ouvir à boca cheia que Portugal era 'candidato'. Chegado ao Mundial, venceu um jogo em quatro disputados, sendo essa vitória obtida contra a equipa pior classificada no ranking da FIFA presente no torneio (e que, sem surpresa, foi a equipa que terminou virtualmente em último lugar nesta fase final, já que fez zero pontos e teve a pior diferença entre golos marcados e sofridos de todas as trinta e duas selecções presentes). Portugal conseguiu, aliás, marcar golos apenas contra essa mesma equipa, ficando em branco nos outros três jogos e apresentando por vezes um futebol que parecia uma tentativa de emulação da pior Grécia do Otto Rehhagel, com tácticas revolucionárias que se poderiam descrever como uma espécie de 6-4-0, ou 4-1-5-0 com boa vontade.
Recordo ainda que, durante a primeira passagem do brilhante Queirósz pela FPF, conseguiu não qualificar Portugal para o Euro'92 na Suécia (a culpa foi do Artur Jorge, que orientou a equipa durante os jogos anteriores à sua chegada) e igualmente não qualificar Portugal para o Mundial'94 nos EUA (a culpa foi da 'porcaria' que havia na Federação). Em relação ao carácter do senhor, e sem querer ir muito a fundo, basta-me apenas pensar que segue à letra a máxima do 'faz o que eu digo, não faças o que eu faço' para fazer o meu julgamento (recordo o que ele disse em relação ao Scolari nas questões da convocação de jogadores naturalizados ou de jogadores que não fossem titulares nos seus clubes, e o que fez assim que se apanhou sentado no lugar anteriormente ocupado pelo brasileiro). E quanto às suas qualidades de gestão de pessoas, lembro-me que um dos motivos para ser corrido do Real Madrid foi não ter mão no balneário, e olhando para esta selecção, e apenas no período desta fase final do Mundial, tivemos a rábula da dispensa do Nani (e não conseguem convencer ninguém que foi por causa de uma lesão no ombro); as declarações do Deco após o jogo com a Costa do Marfim; hoje ouço o Queirósz dizer que tirou o Hugo Almeida porque ele estava esgotado, e depois ouvimos o jogador dizer, cinco minutos depois, que não estava nada esgotado; e temos ainda a reacção do Ronaldo no final. Tudo isto faz-me pensar que se calhar o Queirósz não deve ter este balneário propriamente na mão... Já agora, e em relação ao Ronaldo, que eu sinceramente considero um tipo que merece admiração pelo facto de conseguir reunir uma quantidade incrível de defeitos de personalidade numa só pessoa, mas cujo valor como futebolista é inegável, acho que é fantástica a forma como o actual seleccionador nacional consegue eclipsá-lo dos jogos, levando-o a atravessar talvez o maior período da sua carreira sem marcar golos por uma equipa. Não é qualquer um que consegue isto.
Posto tudo isto, qual deverá ser o futuro do Queirósz à frente da equipa da FPF? É para continuar, obviamente. É que não é fácil encontrar alguém com tantas qualidades e um curriculum vitae destes.
P.S.- E quanto à argumentação que terá sido 'azar' Portugal apanhar com a Espanha, campeã europeia em título, logo nos oitavos-de-final, recordo que jogar contra a Espanha foi também, e em grande parte, uma escolha do próprio Queirósz. Desde o sorteio que se sabia que jogar contra a Espanha era uma fortíssima possibilidade. Pois no jogo contra o Brasil não vi qualquer indício de inconformismo por parte da equipa técnica da escreção em relação a esse destino. Pelo contrário, mesmo sabendo-se que era quase impossível deixar escapar a qualificação, até mesmo pelas notícias que iam chegando do jogo da Costa do Marfim, nunca Portugal arrisocu um milímetro que fosse, empenhando-se, isso sim, em segurar um empate que carimbava o encontro com a Espanha. Tiveram, portanto, aquilo que desejaram.
Reafirmo: na minha opinião, a venda de Di Maria foi um bom negócio. Reafirmo que tenho os 30 milhões como garantidos e a estes 30 ainda temos a possibilidade de somar mais 6 milhões. Além disto, adianto que está nas previsões a possibilidade da realização de um jogo com o Real Madrid com o que isso implica de direitos televisivos. Este último aspecto representa peanuts comparado com o total do bolo, mas não deixa de ser mais um encaixe financeiro.
O contexto da venda de Di Maria também é importante. Defendi, e defendo, que o Benfica fez muito bem em não o ter vendido em Dezembro (momento em que financeiramente a sua venda seria mais proveitosa, a julgar pelas propostas recebidas). Neste momento, temos um Real Madrid disposto a contratar o futebolista, mas de forma alguma interessado em assumir publicamente os 30 milhões que, repito, garantidamente, pagará. É um momento em que tentam contratar Maicon ao Inter, e em que os valores envolvidos e discutidos estão, também, dependentes do valor relativo entre futebolistas.
Di Maria foi contratado há 3 épocas, por, salvo erro, 8 milhões de euros. Em 3 épocas ajudou a vencer 1 campeonato, 2 Taças da Liga e foi campeão olímpico pela Argentina. Destas 3 épocas fez uma (a última) em grande, enorme, plano. Ainda não provou que consegue manter a qualidade desta última época num campeonato de topo, em termos de competitividade. No final da época passada, muitos eram os benfiquistas que defendiam a sua venda pelo preço da compra. Neste momento, está a fazer um campeonato do mundo sofrível e, pasme-se, a correr o risco de se desvalorizar a cada jogo que passa. No final destes 3 anos foi vendido por 30 milhões mais a possibilidade dos tais 6 que dependem da concretização de objectivos vários. David Villa, que dispensa apresentações, foi contratado pelo Barcelona por… 40 milhões.
Além disso, e para se ter alguma noção extra do que é o mercado, é importante que o Benfica consiga fazer transacções com clubes da dimensão (e, essencialmente, com o poder e a disponibilidade de compra) do Real Madrid. Recorde-se, a propósito, a quantidade de negócios que o fcp efectuou com o Chelsea, após a contratação de Ricardo Carvalho…
Luís Filipe Vieira anunciou ao mercado que faria valer a cláusula de rescisão. Ainda bem que o fez. Foi o primeiro passo para se ter realizado este que eu considero um bom negócio.
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Esta é a minha opinião. Tal como muitos têm o direito a discordar, eu tenho o direito a pensar desta forma. O que já não é admissível é que vejam nos meus posts qualquer condicionamento, seja de que ordem for, por colaborar (e não trabalhar, note-se!) com a Benfica TV. Para peditórios em prol de paliativos para a dor de corno alheia não dou nem nunca dei.
Obviamente que não acompanhei o processo da venda de Di Maria, nem sei pormenores da negociação. No entanto, tinha a garantia de que a verba total seria mais de 25 milhões. Tinha a garantia de que Di Maria se poderia tornar na transferência mais cara do futebol português. Perante a certeza dada pelo jornal Marca e pela RR, restava-me demonstrar o que era para mim uma desagradável surpresa, pois 25 milhões parecia-me pouco, pelas razões apontadas no post.
Ainda assim, há informações fidedignas e, olhando para o que me fora dito como certeza uns tempos antes, só me restava acreditar que hoje teria a agradável surpresa de ver o Di como a transferência mais cara do futebol português. Sobre a minha opinião acerca do real valor de Di Maria, isso são contas de outro rosário. Mas, valendo o que vale, na minha opinião, 30 milhões de euros (dou como garantidos os 30, e quem anda no mundo da bola sabe que assim será) mais a possibilidade de chegar a 36 milhões é um bom negócio.
Perante alguns comentários ao último post de ontem, lá fui escrevendo que não me referia à apresentação de nenhum futebolista. Aliás, acrescento que não sei se vai ou não ser anunciada alguma aquisição.
O passe de Di Maria foi vendido ao Real Madrid por 25 milhões de euros [link] [link]. Há um ano, se me dissessem que o Di sairia do Benfica por 15 milhões, eu seria um dos que lhe faria um laçarote nas orelhitas e entregá-lo-ia no destino com uma palmada nas costas, um obrigado e os votos de que não tropeçasse no degrau.
Um ano depois, vendo a valorização do Di, considero que 25 milhões é pouco perante as expectativas entretanto criadas. Ainda assim, há uma regra de mercado que não se pode esquecer: as coisas (neste caso o passe de um futebolista) valem apenas e só o que estiverem disponíveis a pagar por elas. Neste caso, apesar da cláusula e da vontade de quem vende, parece que o mercado não terá ultrapassado a referida cifra. Espero pelas reacções / confirmações oficiais dos dirigentes do Benfica, para tentar perceber melhor os contornos do negócio. Seja como for, esta não deixa de ser uma desagradável surpresa.
Enquanto espero por uma posição oficial, e no meio de algumas dúvidas, tenho uma certeza: amanhã sei que, como benfiquista, terei motivos para sorrir, pois algo me diz que teremos uma agradável surpresa…
A Benfica TV mostra o regresso ao trabalho, acompanhando Javi Garcia. É interessante ver como o Javi salienta que, sem o apoio dos benfiquistas, tudo será mais difícil. Por aqui, o apoio será igual ao da época passada: incondicional.
Durante anos, o relambório foi o mesmo: falta um guarda-redes de nível internacional; falta um guarda-redes que faça a diferença; falta um guarda-redes que garanta muitos pontos… e por ai fora.
Agora, vem um guarda-redes que, para a esmagadora maioria dos adeptos portugueses, é desconhecido. Vem por quase 9 milhões de euros. Aqui d’el-rei, que o homem é caro! Aqui d’el-rei, que por este preço vinham dois ou três muito bons… até há um moço, que joga lá no clube da minha terra, que por tuta e meia vinha para aqui e mostrava o que valia. E por ai fora.
Os futebolistas são caros ou baratos consoante o seu rendimento. Há um ano, o então desconhecido Javi Garcia foi contratado por quase 8 milhões de euros. Muitos gritaram contra a estupidez de contratar um médio defensivo desconhecido por esse preço. Hoje, olhando para o seu rendimento, ninguém de boa fé questiona a sua contratação.
Roberto Jimenez vai ter de viver e superar a pressão de jogar no Benfica, de ser herdeiro de uma baliza onde esteve o Costa Pereira, o José Henriques, o Manuel Bento e o Michel Preud'homme. Vai ter de ultrapassar a desconfiança dos adeptos benfiquistas e ter de conseguir lidar com a má-fé daqueles que, independentemente do seu valor, nunca reconhecerão perante os colegas de bancada a desejável justiça da sua contratação. Vai ter de aguentar e superar a pressão de se ter transformado num dos guarda-redes mais caros da história.
Defendo que há duas posições que, pela sua especificidade, merecem toda a atenção e respectivo esforço financeiro: guarda-redes e ponta-de-lança. Culturalmente, habituámo-nos a aceitar que se abram os cordões à bolsa para contratar pontas-de-lança, mas temos dificuldade em aceitar o mesmo para contratar um guarda-redes. No entanto, aceitamos que é tão importante garantir quem marque golos como garantir quem os evite.
Apesar do interesse de um ou outro assunto do momento, a disponibilidade para a escrita não tem sido muita.
Sobre alguns assuntos que estão na ordem do dia (a vitória da selecção portuguesa contra a selecção norte coreana, a incontinência verbal de alguns futebolistas e empresários, a vitória na Taça de Portugal de hóquei em patins, o novo número da revista “Mística”…) aproveito as declarações deste moço no programa “Análise e Opinião”, de hoje, da Benfica TV. Deste modo, poupo o trabalho de as escrever
Ah, ganda Queirósz, ainda vamos ser campeões mundiais! Nunca me enganaste! Agora não te esqueças é de voltar a enfiar Decos e Paulos Ferreiras na equipa (tirando de lá o Tiago) à primeira oportunidade, OK? É que se não mantiveres os teus hábitos a gente já nem sequer te reconhece.
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