Depois de ter andado meses a ganir fazendo eco das pilhérias reles, tolices e “ironias finas” do homem que recebe impunemente árbitros em casa nas vésperas dos jogos. Depois de ter tentado, de forma canhestra, desvalorizar o mérito que o Benfica teve na vitória do campeonato transacto. Depois de não sei quantas entrevistas a gritar que a vitória do Benfica se devia aos túneis, à comissão de disciplina, à comissão de avaliação da importância histórica da Nau Catrineta e à viúva do soldado desconhecido. Depois de tanta falta de vergonha em cada um dos dentes com que tentava denegrir o clube que durante anos lhe deu de comer, Jesualdo Ferreira, finalmente, reconheceu o que todos os que andam de cabeça erguida no futebol português já haviam reconhecido: o Benfica foi campeão porque foi melhor.
Finalmente, Jesualdo diz “Não fomos tão competentes como nos anos anteriores e houve duas equipas, nomeadamente a que foi campeã, que foi mais competente.”
Para a história fica este reconhecimento tardio dos méritos próprios do Benfica por parte de um dos grandes derrotados da época passada.
[Noto, com satisfação, que Jesualdo Ferreira se recusa a nomear o Benfica. A satisfação advém do facto de eu não gostar de ver o nosso nome na boca de gente ingrata]
Terminado o período de transferências e concluído o plantel, tenho algumas opiniões contraditórias relativamente ao processo de elaboração do mesmo.
Começo pelo que me pareceu mal conduzido e que deve ser melhorado no futuro. Após a vitória no campeonato, notei um afã inapropriado de entrevistas, declarações e promoção da imagem por parte de Jorge Jesus que acabou por ter efeitos colaterais. Criou confusão (Quim), expectativas (Huntelar) e demonstrou em alguns momentos ter um discurso ligeiramente diferente do de Rui Costa e Luís Filipe Vieira. Por outro lado, Luís Filipe Vieira também teve momentos em que o desacerto e precipitação no discurso/mensagem foram óbvios.
No meio de tudo isto, e porque nem só de contratações se faz a preparação de uma época, Luís Filipe Vieira cometeu, na minha perspectiva, o erro estratégico de apoiar para a presidência da Liga uma personagem em quem os benfiquistas não confiam. Apesar de perceber e até concordar com alguns dos pressupostos que conduziram a este apoio, considero-o errado, desnecessário e, num curto prazo, prejudicial.
No que diz respeito à saída de futebolistas, e considerando a inevitabilidade da saída de Di Maria e Ramires, será discutível a dispensa de Quim, guarda-redes titular. Ainda assim, dou o benefício da dúvida a quem tem todos os dados para tomar a decisão.
No que respeita a entradas, há duas situações que merecem esclarecimento interno (numa próxima AG) pela especificidade e pelo contexto das mesmas: Alípio e Rodrigo. Num ano em que vendemos Di Maria ao Real Madrid, em que contexto e a que preço surgem estas duas contratações e o posterior empréstimo de Rodrigo? Exactamente porque acredito em quem os contratou, acredito que não haverá qualquer problema em explicar o processo aos sócios no local certo (dentro de casa, numa AG).
Passando ao que me pareceu positivo em todo o processo de preparação do plantel e da época, começo por realçar o esforço (e que esforço!) realizado para manter Luisão, David Luiz, Cardozo e Fábio Coentrão. Num ano em que os mais pessimistas previam um desmembramento da equipa principal, saíram apenas dois futebolistas dos chamados titulares sem ser por opção técnica.
Além disso, considero muito positivo que alguns dos futebolistas que agora fazem parte do plantel tenham sido contratados muito atempadamente (Jara e Gaitan) e prevendo a supressão de lacunas que nos poderiam fragilizar (uma alternativa a Saviola e um substituto de Di Maria). Além disso, futebolistas como Airton e Kardec podem ser encarados como reforços para esta nova época que já fizeram o necessário processo de adaptação. A substituição de Ramires por Salvio implica que tenhamos esta época uma dinâmica ligeiramente diferente da da época anterior, com uma ala esquerda menos ousada em termos ofensivos e uma ala direita menos conservadora em termos defensivos. Deposito uma grande esperança em Salvio e, porque ainda não vi cabalmente explicados os contornos do empréstimo, desejo que tenhamos a possibilidade de comprar o seu passe no final da época… seria muito bom sinal.
Propositadamente, deixei Roberto para o final. Pela delicadeza do tema, pelas verbas envolvidas, pelos contornos que assume neste momento Roberto no futebol do Benfica e, essencialmente, porque não tenho ainda uma opinião suficientemente amadurecida sobre a real valia deste futebolista, prefiro esperar e tentar ajudar a que Roberto venha a corresponder às expectativas da equipa técnica que o indicou e da direcção que o contratou.
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Tenho a convicção de que todos os futebolistas que estão no plantel do Benfica foram contratados por uma equipa (Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Jorge Jesus) e que nenhum futebolista veio para o clube sem o acordo e empenho destas três pessoas. Assim, parece-me absurdo querer atirar com os louros das “boas” contratações para uns e com o ónus das “más” contratações para outros.
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Por último, li algures que a comunicação social “encomendou” 144 nomes de futebolistas para reforçar o nosso plantel. Desses 144 nomes, interessam-me apenas os poucos que assinaram contrato pelo Benfica e recuso-me a chorar pelos que cá não estão, sejam Huntelar, Robinho ou Hleb. Como benfiquista tenho apenas o compromisso de apoiar os que têm a responsabilidade e a honra de vestirem a nossa camisola. A minha certeza é a de que os que cá estão, e apenas estes, contarão com o meu apoio.
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