Quinta vitória consecutiva do Benfica na Liga, num jogo em que o Paços de Ferreira deixou uma imagem positiva na Luz, mostrando-se sempre atrevido e dificultando a nossa tarefa. O Benfica, em geral, voltou a não exibir grande fulgor, mas fez o suficiente para vencer este jogo - parece que teremos que nos ir habituando esta época a ver a nossa equipa jogar assim.
A principal novidade foi a ausência do Carlos Martins - nem no banco se sentou (o que provavelmente foi uma boa opção, já que dos quatro jogadores em risco de falhar a próxima jornada, para mim o Carlos Martins seria aquele que maiores probabilidades teria de ver um amarelo). Para o seu lugar no onze avançou o regressado Coentrão, passando o Gaitán para a direita do meio campo. Tal como a semana passada, o Benfica teve uma entrada muito morna no jogo. Foi o Paços quem aproveitou para mostrar que estava na Luz para tentar discutir o resultado, e ao fim de dez minutos já tinham tentado cinco remates à nossa baliza, como Roberto a mostrar a boa fase que atravessa. Só depois disso o Benfica acordou, e teve uma boa oportunidade pelo Saviola que, isolado por um grande passe do Coentrão, viu o guarda-redes do Paços sair rápido e negar-lhe o golo. Esta oportunidade marcou o início do melhor período do Benfica no jogo, sublinhado pelo primeiro golo, obtido perto do primeiro quarto de hora. Foi um lance em que o mérito vai todinho para o Aimar, que foi buscar a bola ainda ao nosso meio campo e depois foi por ali fora, deixando para trás quem quer que lhe aparecesse pela frente, até culminar o lance com um remate muito colocado de fora da área, a não deixar hipóteses de defesa. Um grande golo.
O Benfica continuou a construir boas jogadas de ataque após o golo, tendo o Saviola e o Coentrão disposto de boas ocasiões, mas o Paços não baixou os braços e continuou a levar perigo à baliza do Roberto. Jogando com a linha do meio campo bastante recuada, e próxima da sua defesa, quando recuperavam a bola conseguiam sair rapidamente com vários jogadores para o ataque, obrigando o Roberto a atenção redobrada. Nos últimos dez minutos do primeiro tempo, pareceu-me que o Benfica abrandou demasiado, e foi mesmo o Paços quem esteve melhor.
Esta tendência manteve-se na segunda parte. Foi o Paços quem entrou melhor, e apesar de não conseguir ameaçar seriamente a nossa baliza, era quem se mostrava mais decidido na procura do golo, obrigando o Benfica a recuar para o seu meio campo. Até que, decorridos cerca de vinte minutos, numa jogada de entendimento entre o Saviola e o Coentrão, este último foi derrubado na área. Penálti convertido irrepreensivelmente pelo Kardec, e aqui sim, o Paços abanou e já não conseguiu manter o ascendente no jogo. O Benfica, ou devido à tranquilidade que o segundo golo deu, ou então resultado da troca do apagado César Peixoto pelo empenhado Salvio, melhorou um pouco, e o jogo voltou a ser disputado a um ritmo mais alegre, com ambas as equipas a jogar de forma aberta. A poucos minutos do final o Paços ficou reduzido a dez, e aproveitando isto o Benfica ainda conseguiu desenhar alguns contra-ataques que poderiam ter servido para dilatar a vantagem, mas pareceu-me que houve demasiada hesitação na altura de rematar. E sinceramente, julgo que marcarmos mais um golo já seria um castigo excessivo para o Paços e aquilo que produziram neste jogo.
Melhores do Benfica, os do costume: Aimar, Luisão, Coentrão e Roberto (e que gozo tremendo me dá poder incluir o nome do Roberto nos 'do costume'). Os lances de ataque do Benfica têm sempre mais qualidade quando a bola chega lá à frente conduzida nos pés do Aimar. Está num momento de forma excelente. O Luisão mostrou a segurança habitual na defesa, o Coentrão deu velocidade e criatividade ao ataque, e o Roberto esteve simplesmente impecável. Pela negativa, escolheria o Peixoto (quando as coisas lhe começam a correr mal, parece que fica nervoso e vai piorando cada vez mais ao longo do jogo), o Gaitán, que desaproveitou a oportunidade de jogar na direita, lugar pelo qual parece ter alguma preferência, e ainda o Kardec, que na minha opinião passou demasiado ao lado do jogo. É verdade que não lhe chegaram muitas bolas, mas fiquei com a sensação de que se escondeu demasiado, para além de praticamente não ter ganho uma bola de cabeça.
O jogo foi ganho, como se exigia, os jogadores em risco de suspensão safaram-se todos, como desejávamos, e agora é tempo de começarmos a pensar e a preparar o próximo jogo decisivo para as nossas aspirações na Champions. As contas são fáceis de fazer: é ganhar os próximos dois jogos em casa, ou então começar a olhar para a Euroliga.
Não era esse polvo, estúpido.
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Adenda
Veio devolvida, a mensagem. Esqueci-me que tenho tarifário de agnóstico.
Parece que ontem, na gala da Associação Nacional de Suinicultura, deram um Porco de Ouro ao Rui Moreira. É para substituir o cão.
E este nem é preciso levar à rua a passear.
Olho para as opiniões extremadas (concordantes ou discordantes) dos adeptos benfiquistas sobre as decisões da Direcção da SAD e dos Órgãos Sociais (desde o boicote aos jogos fora até à ida a Angola) e fico na dúvida se estamos condenados, pelo benfiquismo que nos une, a caminhar separados para o mesmo objectivo ou se caminhamos juntos para objectivos diferentes.
Vi a convocatória da União de Leiria [link], vi o jogo, vi as declarações do Caixinha, recebi um telefonema de uma ‘lenda’ do Benfica e uma sms de um antigo futebolista do fcp. Vejo mais uma vez o resumo do jogo e confirma-se que há clubes que não sabem viver sem o consentimento de outros.
Quando se fizer a autopsia das últimas décadas do futebol português, encontrar-se-ão muitos testemunhos dos serviçais de consciência desobrigada.
Vale-me a certeza de que só se fazem autópsias em cadáveres.
Vitória incontestável do Benfica, num jogo em que a sua superioridade foi por demais evidente ao longo dos noventa minutos. Se calhar a exibição não leva uma nota artística elevada, mas foi mais do que suficiente para vencer claramente este Portimonense, e mais uma vez podemo-nos queixar da escassez do resultado, tantas foram as oportunidades de golo desperdiçadas - a maior parte delas por mérito do guarda-redes do Portimonense, Ventura.
Sem Coentrão, foi o Peixoto a ocupar o lugar na esquerda da defesa. O resto da equipa foi o esperado, mas com o Carlos Martins a ocupar uma posição mais central, de organizador de jogo, e o Aimar mais perto dos flancos. Numa opinião pessoal, não gosto desta opção. Prefiro ter o Aimar no centro, porque me parece que o nosso jogo perde velocidade quando tem que ser o Carlos Martins a fazer o transporte da bola nas transições ofensivas. A entrada do Benfica em jogo foi morna, permitindo ao Portimonense algum empertigamento durante os primeiros minutos, tendo neste período aproveitado alguns livres laterais - quase todos conquistados pelo Candeias - para levar a bola até à nossa área, mas sem conseguir causar perigo. Findos estes primeiros dez minutos, acabaram-se as veleidades, e o Benfica passou a mandar completamente no jogo, não voltando mais a abdicar dessa posição até ao apito final do árbitro. E começámos então a ver o desfilar de oportunidades do Benfica, e as consecutivas boas intervenções do Ventura a negar-nos o golo. O Benfica poderia ter chegado ao golo pelo menos em três ocasiões, nos pés ou cabeça do David Luiz, Luisão e Saviola. O nulo ao intervalo era preocupante apenas pelas ocasiões desperdiçadas, mas era evidente que se o jogo continuasse com o mesmo pendor, o golo seria inevitável.
E felizmente, ele surgiu logo no início da segunda parte. Após um livre na direita, apontado pelo Carlos Martins, o Javi García teve uma movimentação muito parecida à do Luisão no golo que marcou ao Arouca (o próprio Luisão já tinha tentado isto na primeira parte, mas depois de se ter libertado da marcação falhou o cabeceamento) e surgiu solto no centro da área para cabecear para o golo. E se já pouco Portimonense tinha havido antes do golo, depois deste o nosso adversário deixou literalmente de existir. Mesmo jogando num ritmo pausado, o Benfica foi construindo ocasiões de golo num ritmo regular, que justificariam outro resultado que não uma magra vitória por 1-0. Pelo menos as oportunidades do Kardec (duas vezes) e do Jara (também duas vezes, a segunda das quais uma perdida escandalosa numa recarga após mais uma defesa do Ventura a um remate do Kardec) mereciam outra conclusão. Mas como, conforme dito, o Portimonense praticamente não existiu na segunda parte, o mal causado pelas oportunidades perdidas não foi grande, e ficou apenas a frustração pela escassez de golos marcados.
Não houve nenhum jogador em particular do Benfica que me tivesse impressionado grandemente. Não houve exibições de encher o olho, mas também não me pareceu que houvesse quem tivesse comprometido. O Luisão continua a exibir a regularidade do costume, e quando muito o David Luiz terá estado hoje algo acima daquilo que tinha vindo a mostrar ultimamente. O Javi García merece menção, quanto mais não seja por nos ter dado a vitória.
O mais importante, a vitória, foi conseguido, de forma competente e sem sobressaltos. Para o campeonato, foi a quarta vitória consecutiva, e também o quarto jogo consecutivo sem sofrer golos. Negativo foi o facto de termos ficado com dois jogadores à beira da suspensão: Maxi e Carlos Martins. A nossa defesa parece estar a estabilizar, sobretudo agora que o Roberto já calou muitas bocas e acalmou a chinfrineira em seu redor. O que me continua a incomodar no nosso jogo é achar que nos falta velocidade nas saídas para o ataque, que foi algo que nos deu incontáveis golos a época passada - e hoje, com a ausência do Coentrão, isso notou-se ainda mais.
Numa altura em que ainda se lambem as feridas de mais uma demonstração de que este ano Jorge Jesus (JJ) deveria ter mais cuidado na gestão das suas conferências de imprensa, penso que é chegada a hora de deixar de insistir de uma vez por todas no sistema que tanto sucesso teve na época passada. Foi de facto penoso assistir ao jogo que realizamos na passada 4ª feira na maior prova de clubes do mundo.
Mas agora é chegada novamente a hora do campeonato e aqui não nos podemos esquecer que vimos de uma série muito boa de vitórias, muitas das quais conquistadas contra adversários da metade superior da tabela. Além de termos obrigatoriamente de chegar ao jogo do dragão, daqui a 2 jornadas, no mínimo dos mínimos com a diferença pontual com que estamos actualmente (7 pontos). Só assim, a meu ver, a reconquista do campeonato ainda será possível. E numa visão mais pessoal e de certa forma secreta até agora, a minha esperança é chegar a Dezembro/Janeiro com o campeonato ainda à nossa mercê de forma a poder corrigir no mercado de inverno aquilo que não se fez, por opção ou derivado a situações que a mim enquanto mero adepto não me são dadas a conhecer, isto é, tornar o plantel homogéneo dando opções que para JJ o sejam de facto e não opções que servem apenas para fazer número.
No entanto não se trata apenas de contratar o jogador "x" ou o craque "y", a meu ver será igualmente importante fazer ver a alguns jogadores do nosso plantel que a saída para campeonatos de outra dimen$ão só é viável se tiverem um rendimento semelhante ao da época passada.
Quanto ao jogo de logo à noite, o qual irei assistir noutro local que não o café aqui ao pé de casa que já me deu a ver 2 derrotas (Gelsenkirchen e Stade de Gerland), não é fácil para um treinador de bancada desenhar o seu 11 precisamente por aquilo que escrevi antes, há jogadores que parecem não contar (pelo menos para já) para JJ. Porque se assim fosse havia alguns jogadores que actuaram na passada 4ª feira que mereciam um descanso. Eles e nós.
Posto isto, lá continuo no meu lobby muito pessoal de tentar ver Airton e Javi na mesma equipa, especialmente enquanto ainda (e quanto eu quero acreditar que esta palavra faz sentido!) não tivermos a mesma capacidade rolo compressora da época passada. Ou sou só eu que se tem lembrado inúmeras vezes nas últimas semanas da sábia frase do treinador que nos deu o penúltimo campeonato: "Se não puderes ganhar o jogo, pelo menos empata." ?
Não que um empate com o Portimonense seja um bom resultado como é óbvio mas neste caso a frase pode ser adaptada para qualquer coisa como: "Se não puderes golear pelo menos ganha por 1:0".
Por último, gostava de ver Jara em campo durante pelo menos 45" com este sistema táctico.
Para quem não sabe, "serpa" é o nome dado a um queijo de ovelha alentejano, de fabrico artesanal. Como qualquer queijo, o serpa, quando recebe um impulso, rebola. Ora, parece que esta qualidade "rebolante" dos serpas queijos é afinal extensível aos serpas jornalistas. Confesso que estranhei o famigerado apontamento do Vítor Serpa acerca da sugestão de não assistirmos fora de casa aos jogos do Benfica, em que, uma vez mais, lá fomos acusados de arrogância. A este propósito, fui ler o "labaredas", um arremedo de prosa inqualificável que surge do site oficial do fcp, e descobri de onde veio o impulso para este "rebolanço" serpiano: [a propósito da alegada participação de José Manuel Delgado e Fernando Guerra num almoço com outros benfiquistas, em que se discutiu este boicote] «Sabia desta, caro Vítor Serpa? Onde é que fica a isenção jornalística nesta nítida colagem de elementos de A Bola ao Benfica?». Recebido o impulso, o que é que o diligente comportamento tipicamente serpiano faz? Rebola. Em nome da isenção jornalística, e para mostrar ao sistema que A Bola também pode ser sistémica, lá veio a "descolagem" do jornal ao Benfica.
E já que tenho oportunidade de o fazer, gostava de, humildemente, pedir desculpa ao Vítor Serpa por o Benfica ter muitos adeptos e de ter a dimensão que tem. Eu também não gosto de arrogâncias, caro Vítor Serpa, mas gosto ainda menos de serviçais humildes. E, já agora, não acha que ser conivente com quem tanto mal fez e continua a fazer ao futebol português, que é aquilo que, convenhamos, lhe dá o pão para a boca, não é um bocado arrogante? Como se costuma dizer, não será cuspir no prato em que se comeu (e, neste caso, come)?
Quando o Benfica não ganha é vê-los pulular nas redacções, num afã de meia página ou de cinco minutos de microfone, para poderem racionalizar a derrota no futebol.
Reflecte-se em tom solene sobre causas, motivos, efeitos e consequências. Ditam-se sentenças e pratica-se o sempre garantido “eu bem disse”, que vai alternando com o “era previsível”. E na ciência exacta que é ser treinador de bancada com a responsabilidade de tomar decisões a posteriori lá vão (vamos!) solenizando axiomas e dogmas com prazo de validade e infalibilidade inferior a sete dias.
Tudo com o rigor da racionalização e com o método científico apropriado… enquanto, para ajudar a garantia de fiabilidade do método, se fazem figas às escondidas.
Hoje li uma noticia em que dizia que a PSP e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras fez umas rusgas a casas de alterne, onde, entre muitos foi apanhado o dirigente da Associação Recreativa das Antas, Reinaldo Teles, e ainda 9 mulheres brasileiras apanhadas numa arca congeladora.
Ora se o que estava em causa era a qualidade e o nível de conservação da fruta não deveria ter sido a ASAE a fazer a rusga? Não haverá aqui uma usurpação de competências?
Pelo menos esta noticia tem uma vantagem, da próxima vez que for encomendada fruta ao Sr. Reinaldo Teles, os clientes já sabem que a fruta não é fresca.
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