No final do ano é tempo de balanço. E neste caso o balanço é balanceado, no que ao futebol diz respeito, entre seis meses iniciais de qualidade, competência, união e vitórias que contrastam com os seis meses finais em que se perdeu muita da dinâmica de vitória por responsabilidades próprias e, convém não esquecer, por obra de algumas manobras alheias e pouco claras…
O ano termina com a sensação de que o Benfica, apesar de alguns tropeções evitáveis, deve, pode e conseguirá reerguer-se a tempo de chegar a Maio com as vitórias indispensáveis para viabilizar a continuação do caminho que se começou a criar há alguns anos.
Entre o melhor do ano (a vitória no campeonato nacional 09-10) e o pior (o começo do campeonato nacional 10-11) fica um período que nos recorda a necessidade de se vestir smoking apenas um dia por ano, no momento da vitória, e, em todos os outros, trabalhar de mangas arregaçadas, sem quartel, sem descanso, sem tréguas e tratando como adversários todos os que tentam evitar o nosso sucesso, independentemente da pele de cordeiro com que conveniente e pontualmente se vestem. Saibamos que sob essa pele tanto pode estar um candidato a presidente da Liga como um presidente de um clube rival.
Deste modo, muito me agrada ver a resposta que o nosso treinador deu a quem recentemente lhe teceu loas interesseiras, nada inocentes e pouco recomendáveis. Leio nessa resposta um sinal claro de que o balanço do ano foi convenientemente feito por quem tem a responsabilidade de o fazer.
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Artigo de opinião publicado também na edição de 31/12/2010 do jornal "O Benfica".
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Não é preciso ser a Maya para adivinhar a melhor forma de combater a crise no próximo ano. A solução é simples: depositar algum dinheiro na Bwin e depois apostar sitematicamente (ou sistemicamente, se preferirem) nas vitórias do fcp nas competições internas. Não sei como é que quem define as odds dos jogos ainda não percebeu, por exemplo, que a probabilidade de o setúbal ganhar no ladrão é nula, ainda que o fcp jogue muito mal e o setúbal muito bem. Prevejo que também dará muito dinheiro apostarem em grandes penalidades a favor do fcp e na vitória desta equipa na final da Taça da Liga e na final da Taça de Portugal. Estou, obviamente, a falar de jogo e de jogos e também de probabilidades, mas, pelo sim pelo não, não sigam o mesmo princípio para os jogos do fcp na Liga Europa, porque, como o próprio treinador do fcp afirmou quando instado a comentar o sorteio desta competição, o sorteio da Liga Europa «é um pouco imprevisível» (gosto da fina ironia deste rapaz). Ao contrário do que diz o oliveirinha num pasquim qualquer, o verdadeiro FMI é a Bwin. Depois não digam que eu não avisei.
No passado fim-de-semana, na Mata Real, lá vimos mais um. Desta vez foi o Artur Soares Dias, mas podia ter sido um dos outros, um daqueles que continuam a perpetuar um cortejo que já vai longo. Há quase trinta anos que os vemos: António Garrido, José Silvano, José Pratas, Martins dos Santos, Miranda de Sousa, Carlos Calheiros, Jacinto Paixão, José Guímaro, António Costa, Paulo Costa, Donato Ramos, Fortunato Azevedo, Augusto Duarte e tantos outros Coroados da vida. Coitados, o destino não lhes dá tréguas.
E nós, adeptos, lá vamos protestando num diálogo inútil com um poder bafiento, ultrapassado e que recentemente, ao enlamear o nome do juiz Ricardo Costa, fez o funeral ao último resquício de dignidade que por lá andou. E enquanto a dignidade não volta, apercebemo-nos de que já se vai preparando um qualquer Paulo Costa para se atirar aos destinos da arbitragem, quando esta passar a ter coutada e feudo na publicamente inútil Federação Portuguesa de Futebol. E tudo continuará como tem sido: com a fina ironia a manifestar-se nos intervalos da generosa missão de receber árbitros em casa nas antevésperas dos jogos.
E não, isto não é um lamento nem uma revolta – já lá vão esses tempos – é apenas a garantia de que só nos vencem no dia em que baixarmos os braços, no dia em que desistirmos. Até lá, é derrotado o futebol e são derrotadas as instituições que deveriam garantir a justiça; é derrotado Portugal e são derrotados os portugueses que aceitam servilmente este jugo hipócrita. Derrotados nunca serão os que não desistem, porque podemos andar de cabeça erguida e olhá-los nos olhos, enquanto vemos passar este cortejo de indecentes disfarçados de penitentes.
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Artigo de opinião publicado também na edição de 24/12/2010 do jornal "O Benfica".
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Para todos aqueles que aqui vêm por bem e para todas as pessoas de bem que ainda lutam por um futebol português livre de corrupção.
Alfred Hitchcock, cineasta anglo-americano, dirigiu em 1963 este clássico do cinema, Birds.
Porquê Hitchcock neste post? Dá um ar sério e serve de ligação. Querem ver?
Em época de paragem do campeonato e na iminência do "descanso forçado" da nossa águia Vitória, os abutres* instalam-se de poltrona na primeira fila.
Isto sim é saber escrever!
E mais não digo.
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*Pseudo-jornalistas que almejam escrever boas notícias e fantásticos headlines nos pasquins desportivos que invadem as nossas bancas de periódicos.
Faleceu uma pessoa de bem que muito bem fez ao futebol e a todos os que tiveram a felicidade de aprender com os seus comentários escritos / falados nos diferentes órgãos de comunicação social em que colaborou.
A minha homenagem a Aurélio Márcio.
Uma mão cheia de golos argentinos deu expressão à justíssima vitória do Benfica sobre o Rio Ave, num jogo bastante aberto e agradável de seguir, e que em certas alturas certamente terá trazido à memória dos adeptos flashbacks do melhor com que o Benfica nos presenteou a época passada.
A presença do Salvio na direita terá sido a única meia surpresa no onze inicial. O Rio Ave terá tentado o deselegante e já um pouco gasto truque de nos trocar as voltas na escolha de campo, mas isso de nada lhe serviu: com cinco minutos de jogo decorridos, já a bola morava no fundo da sua baliza, por obra e graça do Aimar, que aproveitou da melhor maneira um passe soberbo do David Luiz para marcar com um remate cruzado. A entrada do Benfica no jogo foi avassaladora: o Rio Ave praticamente não conseguia sair do seu meio campo, devido à pressão do Benfica, que jogava com as linhas bastante adiantadas, e os nossos ataques sucediam-se uns aos outros, quase todos levando bastante perigo à baliza adversária. No minuto seguinte ao golo, o Saviola já estava a meter a bola na baliza outra vez, mas o golo foi invalidado por fora-de-jogo. Mas dois minutos depois, o mesmo Saviola rematou de primeira para o fundo da baliza após um cruzamento largo do Gaitán na esquerda, e desta vez contou mesmo. Dois golos em menos de dez minutos, e o Benfica a não dar sinal de querer abrandar. A pressão sobre o Rio Ave era intensa, e as oportunidades continuavam a surgir em catadupa, sendo as perdidas mais escandalosas as do Javi García, de cabeça após livre do Aimar, e do Cardozo, a atirar ao lado quando um passe do Saviola o deixou só perante o guarda-redes. Neste período, e para manter a tónica desta Liga, pareceu-me ter ficado um penálti claro sobre o Coentrão por marcar. No último quarto de hora o Benfica abrandou um pouco, e o Rio Ave conseguiu aparecer finalmente no jogo, conseguindo mesmo reduzir já à beira do intervalo, num bom contra-ataque finalizado pelo João Tomás.
Se o golo do Rio Ave a fechar a primeira parte lhes poderá ter dado algumas ilusões em discutir o resultado, estas depressa se esfumaram na segunda parte, muito por culpa da entrada em cena em grande estilo do Salvio. Com sete minutos decorridos ele ganhou uma bola ainda no nosso meio campo, foi por ali fora deixando os adversários para trás, e quando se esperava um remate cruzado ele com um passe rasteiro assistiu na perfeição o Saviola no centro da área para um golo fácil. Este golo terá dissipado a maior parte das dúvidas sobre o vencedor do jogo, mas este estava longe de ter terminado. O Rio Ave nunca desistiu de lutar, e assistimos a um jogo bastante aberto, em que o Benfica, sem nunca chegar ao brilhantismo da primeira parte, ameaçava voltar a marcar, mas o Rio Ave também ia criando perigo, obrigando mesmo o Roberto a uma grande defesa quando tudo indicava que o João Tomás (pode estar velho, mas para mim mostrou que continua a ser um ponta-de-lança muito bom) ia voltar a marcar. Não marcou o Rio Ave, marcou com naturalidade o Benfica, pouco passava do primeiro quarto de hora. O Gaitán teve uma bela jogada individual pela esquerda e já sobre a linha de fundo tirou um cruzamento largo para o segundo poste, onde apareceu o Salvio a finalizar de cabeça. Eu sei que qualquer tipo de comparações deste tipo são injustas e muitas vezes não fazem muito sentido. Mas sinceramente, se eu não soubesse que tinha sido o Gaitán a fazer aquela jogada, poderia facilmente pensar que o Di María tinha vindo fazer uma perninha esta noite à Luz, porque o estilo foi praticamente o mesmo.
Pensar-se-ia que na meia hora que faltava até final nos limitaríamos a ver o quanto mais o Benfica conseguiria ampliar o resultado, mas conforme disse, o Rio Ave nunca deixou de tentar, e a vinte minutos do final foi recompensado com um penálti por mão do Coentrão - no estádio todos ficaram convencidos que teria havido um fora-de-jogo evidente dos jogadores do Rio Ave a preceder a mão do Coentrão, mas ainda não tive oportunidade de confirmar se tal aconteceu de facto. O penálti foi convertido pelo inevitável João Tomás, ganhou novo fôlego o Rio Ave, mas nem sequer teve tempo para se regozijar, porque três minutos depois já a bola morava outra vez no fundo das suas redes, e uma vez mais por 'culpa' do Salvio. Aproveitando uma defesa do guarda-redes com os punhos, com uma cabeçada ainda de fora da área fez a bola passar sobre os adversários e só parar dentro da baliza. E o festival Salvio poderia ter tido ainda maior expressão, mas a sua tentativa de chapéu (depois do Jara, isolado, ter falhado o sexto golo do Benfica) acabou por bater na barra. Antes do final, nota ainda para a expulsão auto-forçada do Coentrão, de forma a evitar a suspensão que cumpriria no próximo jogo da Liga, em Leiria, devido ao amarelo que viu no lance do penálti.
Poder-se-iam destacar vários jogadores esta noite, mas julgo que a distinção de melhor em campo pode ser atribuída, com inteira justiça, ao Salvio. Marcou dois golos, deu outro a marcar, e mostrou uma garra notável, nunca dando um lance por perdido. O Fábio Coentrão foi outro jogador que esteve num nível muito bom, interrompendo assim uma pequena série de jogos em que tinha estado mais discreto. O Gaitán fez duas assistências e teve vários pormenores de classe, mas apesar de mostrar melhorias na ajuda defensiva ao lateral, parece-me que ainda precisa de evoluir neste aspecto. Saviola, com dois golos, e Aimar num nível muito bom, e o Maxi, Javi e David Luiz a comprovarem estar a subir de forma (a acção do David Luiz no primeiro golo é brilhante). O mais apagado esta noite foi o Cardozo, o que aliás se pode comprovar pelo facto de não ter conseguido marcar qualquer golo (ou sequer estar envolvido em alguma das jogadas dos golos) num jogo em que o Benfica faz cinco golos.
O nosso treinador prometeu que a nossa equipa estará a entrar na sua melhor fase da época até agora, e pelo que vi, a equipa vai cumprindo. Gostei mesmo muito da primeira meia hora do jogo de hoje, e mesmo não tendo sido possível manter o nível durante os noventa minutos, a verdade é que pelo menos naquela meia hora vi um Benfica que já não via há uns meses. E durante todo o jogo vi uma alegria em jogar e uma garra de que já sentia saudades. Vi o Maxi e o Coentrão a fazer piscinas por aqueles corredores laterais, vi o Saviola não parar quieto pela frente de ataque, o David Luiz cheio de confiança, ou o Javi a dominar toda a sua zona. Depois do que vi contra o Braga, foi muito bom ver logo a seguir um jogo assim. Quero acreditar que isto seja um indicador de que a nossa equipa terá reencontrado o seu rumo.
Este post parte do princípio que os jogadores do Benfica não repetirão mais esta época a miserável exibição frente ao Schalke que nos custou um lugar como cabeças-de-série no sorteio de hoje. Assim sendo, pode dizer-se que em teoria ele até nos foi favorável, já que iremos defrontar o Estugarda, penúltimo classificado do campeonato alemão. De todas as equipas possíveis (Liverpool, Manchester City, Bayer Leverkusen, Villarreal, etc.), talvez só preferisse o Twente, embora as equipas do Leste estejam na altura dos jogos a iniciar as suas épocas, mas eu também não me esqueço que fomos eliminados pelo CSKA Moscovo nesta eliminatória na época do Trapattoni.
No entanto, há que ter atenção, porque o Estugarda costuma ser muito regular nas suas épocas e só este ano é que se apresenta aparentemente mais fraco. Além disso, um pouco de modéstia e prudência não nos fará mal nenhum, já que nos regozijámos com o sorteio da Champions e depois foi o que se viu. Teremos o primeiro jogo em casa e convém conseguir um resultado que não signifique que tenhamos de ir ganhar à Alemanha, já que isso nunca foi conseguido na nossa história. Se passarmos a eliminatória, defrontaremos o vencedor do BATE Borisov – Paris Saint-Germain, novamente com o primeiro jogo na Luz. Ambas as equipas trazem-nos boas recordações, já que vencemos por duas vezes os bielorrussos no ano passado e eliminámos os franceses na época do Fernando Santos. Como já disse várias vezes, temos este ano a oportunidade de prestar mais atenção à Liga Europa, já que a campanha do ano passado soube-nos a pouco por via da prioridade dada ao campeonato. Está mais que na altura de voltarmos a uma final europeia e temos aqui uma boa oportunidade para isso. Para já, acho que está perfeitamente ao nosso alcance conseguir chegar aos quartos-de-final.
Acredito, tal como Manuel Sérgio, no postulado de que “o espírito de equipa nasce do consenso entre objectivos e interesses comuns”. Como é que se conjuga a comunhão dos objectivos comuns com os interesses individuais de cada um dos que compõem a equipa?
Gerir os egos (os “eu”) dum balneário é uma tarefa particularmente difícil, na medida em que o sucesso individual de cada um depende do sucesso de todos e do todo, mas nem todos colocam o todo à frente dos seus interesses individuais.
Qual é a fórmula que permite o equilíbrio deste aparente paradoxo? Não há uma fórmula certa, pois a fórmula certa é aquela que, no final, apresenta a concretização do objectivo comum. Objectivo este que pode ser conseguido de diferentes formas, por diferentes caminhos, em diferentes culturas de clube, por diferentes treinadores, por diferentes líderes. O caminho de Menotti era diferente do de Cruyff. Tal como o caminho de Mourinho é diferente do de Jorge Jesus que, por sua vez, é diferente do de Guardiola e por aí fora. Sendo todos estes caminhos diferentes, todos são o caminho certo, quando se consegue alcançar o objectivo.
Isto faz com que estes mesmos caminhos estejam errados caso não alcancem o objectivo? Na minha opinião, não. Desde que seja visível, em todos, uma crença progressiva de que estão a ser conduzidos (e que são todos condutores) para um objectivo nítido, para uma causa maior, o caminho é certo e frutificará. Isto faz com que (e volto a Manuel Sérgio) uma grande equipa viva de uma grande crença.
Esta crença não pode depender de caprichos individuais e momentâneos, e não pode, nunca, ficar sujeita à miopia de dar respostas de ontem a desafios de amanhã. Acredito, obrigo-me a acreditar, que esta crença é a expressão maior do benfiquismo e é vivida por todos nós, por todos – sem excepção – os que vivem o Benfica.
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Artigo de opinião publicado também na edição de 17/12/2010 do jornal "O Benfica".
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À chegada ao estádio, uma vara em grunhido prolongado entretém-se à calhoada ao autocarro do Benfica e, dentro da porqueira, a mesma vara atira bolas de golfe aos nossos atletas.
Um dos da vara é apanhado pelas câmaras televisivas a atirar, e a acertar, com um isqueiro à cara do nosso treinador.
No pavilhão, escarram nos nossos atletas, mostram armas brancas aos árbitros e até com cadeiras atiram aos nossos dirigentes.
Após os jogos, distribuem ameaças a quem vê, pancada em quem denuncia e putas a quem arbitrou.
A corja que tem a responsabilidade de agir não age. Observa, assobia, olha para o lado e segue em frente. Em vão, espero castigos, suspensões… qualquer sinal de que aquela gente não vive na impunidade.
E um dia o castigo chegou: interditaram um pavilhão ao… Benfica. [link]
Decididamente, há sacanas que vivem acima ou à margem da Lei.
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