Acabei de chegar de Braga, e devo dizer que estou contente. Porquê? Primeiro porque consegui ir àquele estádio e ainda tenho a minha carteira, e depois porque sou orgulhosamente do Benfica, e não adepto de uma prostituta reles mascarada de clube de futebol, como aquela contra quem tentámos jogar hoje.
Querem uma crónica do jogo? É fácil: minuto quarenta, e o Benfica vence por 1-0 na cidade de Braga, contra o clube local, golo do Saviola em recarga a um livre do Carlos Martins. E vai conseguindo, apesar da poupança de dois jogadores nucleares, segurar o jogo e o adversário sem grandes problemas. O Javi García faz um alívio junto à linha lateral, em frente ao banco da equipa local. Um indivíduo com pinta de dançarina exótica num qualquer bar de alterne do Reinaldo atira-se para cima dele e, acto contínuo, mergulha para o chão enquanto esperneia, agarrado ao pescoço. Como numa peça de teatro muito bem ensaiada, o banco inteiro da equipa local levanta-se aos guinchos e pulos simiescos, o árbitro assistente (que apenas 'por acaso' é o mesmo que nos roubou um golo e um penálti no jogo em Guimarães) agita a bandeira, e o Xistra, que nada viu (porque nada se passou) dá vermelho directo ao nosso jogador. Para piorar, do livre que se segue - que deveria ter sido ao contrário, porque a falta é da dançarina exótica, que carregou o Javi quando ele aliviou a bola - sai um chouriço do jogador local que, de forma completamente não intencional, leva a bola a entrar na baliza. E assim, no espaço de um minuto, o Benfica deixa escapar da mão um jogo que estava perfeitamente controlado. Na segunda parte, a jogar em inferioridade numérica, lutámos enquanto foi possível e acabámos por sofrer o segundo golo num remate de longe, sem grandes hipóteses, da autoria de um dos dois cretinos que o ano passado agrediram impunemente o Cardozo ao intervalo.
Compreendo a necessidade de se poupar algumas unidades nucleares, até por sabermos que o destino deste campeonato começou a ser traçado fora das quatro linhas desde as primeiras jornadas. Mas disse logo no início que contra estes energúmenos é que não gostava mesmo nada de poupanças. Estes tipos nem um clube são. São uma tentativa de imitação de algo. E uma imitação reles. Tentam imitar merda, mas nem merda conseguem ser. São merda de pechisbeque. São as provocaçoezinhas reles de clubeco pequenino. Não dizerem 'Benfica' uma única vez, referindo-se a nós como o 'clube visitante'. Os insultos constantes, partindo do próprio speaker do estádio, que chegou mesmo ao ponto de, com o jogo a decorrer, berrar insultos ao Benfica pelo sistema sonoro do estádio, incitando as pessoas nas bancadas que fossem suficientemente imbecis para o fazerem a imitarem-no. As bolas de golfe, isqueiros e moedas com que os nossos jogadores foram bombardeados - o Cardozo levou com uma bola de golfe no joelho, o Martins foi atingido quando se preparava para marcar um livre, o Fábio e o Maxi foram alvos constantes durante todo o jogo. As repetidas atitudes fiteiras e provocatórias dos próprios jogadores locais durante os noventa minutos. E no final, ganho o jogo, parecia que tinham sido campeões do mundo, de joelhos a agradecer ao céu, e cortejos de imbecis a buzinar pela cidade fora. Compreende-se: as putas reles ficam sempre contentes quando pensam que conseguem agradar ao seu chulo - que depois as espanca enquanto lhes jura que são as preferidas dele.
Acaba por ser emblemático que este campeonato leve aquela que deverá ser a estocada final desta forma. Da mesma forma que começou a ser cozinhado em Agosto e Setembro. Quanto aos nosso jogadores, só tenho a dizer que me sinto imensamente orgulhoso. Orgulhoso por ser do Benfica, e orgulhoso por tê-los no meu clube. Perante o ambiente doentio e intimidatório que vi hoje, portaram-se sempre de forma digna, nunca perderam a cabeça e souberam resistir a todas as provocações. Pergunto-me quantos seriam capazes do mesmo. Pergunto-me se alguma equipa, alguma vez, visitando a Luz, teve que passar por aquilo que os nossos jogadores têm que passar todos os anos quando visitam o Ladrão, e agora quando visitam este sucedâneo de clube. Nem sequer a lagartagem, que é o nosso grande rival histórico, eu alguma vez vi descer a este nível.
A nossa equipa deu-nos dezoito vitórias consecutivas, e ao décimo-nono jogo viu a vitória ser-lhe surripiada. Se alguém pensa que isto nos faz esmorecer, engana-se, porque só nos faz mais fortes. Estou com esta equipa incondicionalmente e até ao fim. E na próxima quinta-feira, lá estarei a gritar por eles, para que dêem início a uma nova série de vitórias. De forma digna, dentro do campo e fora dele.
Aconteceu com o Boavista, com o Belenenses, com o Sporting e acontecerá com o Braga. Todos os clubes que se venderam e vendem ao jugo dos andrades acabam de rastos, junto ao chão, mas ainda mais sujos do que a calçada. O que aquela gentalha hoje fez foi mais um escarro na história do Braga. Mais do que tudo, sujaram definitivamente o nome do clube deles.
Agora, nós, Benfica, sacudamos o pó. Há 3 troféus para conquistar. Conquistemo-los em conjunto, equipa e adeptos.
O benfiquismo renovou-se, em festa, no dia 28. Mais de cem anos depois de os fundadores terem ousado sonhar o Benfica, uma obra em eterna construção, o benfiquismo demonstra-se saudável.
Serve a evocação simbólica da data fundadora para recordar que o Benfica se transformou em muito mais do que um clube, uma marca ou um produto. O Benfica transformou-se num veículo de valores morais e responsabilidades sociais que ultrapassam a miopia da espuma dos dias.
Hoje em dia, podemos olhar para a nossa história com a certeza de que nada nela nos envergonha e muito dela nos orgulha. Tivemos a dignidade de nos construirmos com vitórias e derrotas, com sonhos e frustrações, mas sempre com a honra de não alicerçarmos o nosso benfiquismo em práticas criminosas de corrupção desportiva. Também nisto nos diferenciamos de alguns, e também por isso podemos olhar para os nossos adversários com orgulho na nossa identidade e de olhos nos olhos.
No entanto, esta herança gloriosa implica responsabilidades para quem tem a honra de a viver diariamente. Obriga-nos a perceber o Benfica como uma causa e o benfiquismo como uma missão. Obriga-nos a que esta vivência seja absoluta e incondicional. Esta herança não permite que o benfiquismo seja uma vivência sujeita à volatilidade do momento, ao hipotético desânimo de circunstância ou aos caprichos das vaidades pessoais.
Tudo o que for aquém disto é ficar aquém da herança que festejámos no dia 28 de Fevereiro.
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Artigo de opinião publicado também na edição de 04/03/2011 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Vitória arrancada a ferros, complicada e valorizada por um adversário que, reconhecendo que não tem as mesmas armas que nós, fez bom uso das que tem. Manteve-se quase sempre organizado e dificultou muito a tarefa da nossa equipa, que hoje também não esteve ao seu melhor nível, acusando mais uma vez algum cansaço.
Se das quatro competições o Jesus abdicaria da Taça da Liga, não foi essa a mensagem que passou com a escolha do onze inicial: jogámos com aquela que se pode considerar a nossa equipa-tipo, apenas com a alteração do Carlos Martins no lugar do Aimar. Os primeiros minutos deixaram desde logo antever um jogo complicado. O sportém estava consciente que não poderia entrar na Luz de peito feito e tentar discutir o jogo pelo jogo com o Benfica, pelo que apostou primeiro em conter-nos e neutralizar o nosso jogo, para depois tentar saídas rápidas no contra-ataque. O Benfica, jogando a um ritmo demasiado pausado, não conseguia encontrar formas de contrariar isto, e os primeiros minutos do jogo deverão ter servido para dar confiança aos nossos adversários, já que conseguiam manter-nos mais ou menos controlados sem muita dificuldade - apenas num lance do Gaitán o Benfica criou algum perigo. Para piorar as coisas, o sportém colocou-se em vantagem praticamente na primeira vez que chegou à nossa baliza: aos vinte minutos de jogo, livre despejado de muito longe para a área, o Roberto hesitou na saída e quando o fez já chegou tarde à bola, permitindo a antecipação de cabeça do Postiga.
Só a partir da meia hora é que o Benfica começou finalmente a conseguir empurrar o sportém para a sua área. E pelo inevitável Polga (hoje não esteve em campo o brilhante Grimi, mas aquele Evaldo também parece ser um moço promissor), acabou por ter um penálti a favor, após um 'abraço' demasiado evidente ao pescoço do Javi. O Cardozo encarregou-se de a falhar, permitindo a defesa ao Patrício, mas ainda os Benfiquistas lhe rogavam pragas e a lagartagem celebrava alegremente e o mesmo Cardozo, com uma cabeçada fulminante após um canto, igualava o jogo. Foi aos trinta e quatro minutos de jogo, e o sportém pareceu acusar o golo, já que daí até ao intervalo praticamente só deu Benfica, e aí deu para perceber que se o Benfica conseguisse imprimir uma maior intensidade e velocidade ao seu jogo, o sportém já revelava maiores dificuldades para manter a organização defensiva e as suas linhas bem posicionadas.
Esperava mais do mesmo para a segunda parte, mas o intervalo fez mal ao Benfica - ou bem ao sportém. O Benfica até criou uma boa ocasião de início, com uma incursão do Coentrão pela esquerda a oferecer o remate ao Cardozo, que de pé direito atirou para a bancada - a isto respondeu o sportém com um remate do Postiga. Mas depois o jogo entrou numa espécie de impasse, com o Benfica a jogar novamente a uma velocidade reduzida, e o sportém bem organizado no seu meio campo a conseguir anular e cortar as nossas jogadas de ataque quase à nascença. Tinha esperanças que a entrada do Aimar, a vinte e cinco minutos do final, viesse trazer uma nova alma ao ataque, mas ele acabou por sair lesionado dez minutos depois. Mas os minutos finais do jogo trouxeram novamente um Benfica mais dominador, enquanto que o sportém foi recuando cada vez mais e parecendo estar apostado em levar a decisão para os penáltis. O Cardozo enviou a bola à trave, e a este lance seguiram-se outros em que os nossos jogadores surgiam em boas condições para rematar e causar perigo, quase sempre a partir da esquerda, onde mesmo o recém-entrado Abel não parecia ter pernas ou capacidade para estancar as investidas do Coentrão e do Jara (que ocupava a esquerda do ataque). Apostado em evitar os penáltis, o Benfica forçava cada vez mais, mas o sportém podia ter acabado por resolver a coisa, pois teve uma grande oportunidade a um minuto do final, mas o Roberto redimiu-se do golo sofrido com uma grande defesa a remate do Fernandez. E já com dois minutos de compensação decorridos, o Benfica acabou por chegar à desejada recompensa para o seu esforço. Mais uma investida do Jara na esquerda, com o cruzamento a cair nos pés do Cardozo e a bola a ressaltar deste para o Javi García, que bateu o Patrício. Game over.
Melhores do Benfica, para mim, Luisão e Javi García. O Luisão no registo do costume, perante um adversário irritante como o Postiga, e o Javi impecável nas dobras e na luta do meio campo, onde na maior parte das vezes estava em desvantagem para os adversários que ali surgiam. O Cardozo foi importante na fase de assédio final, pois ganhou quase todas as bolas que lhe enviavam, para depois solicitar um colega vindo de trás (tirando partido de estar a ser marcado pela nulidade do Polga). Apesar de mostrar evidente cansaço, nessa fase o Coentrão foi também importante no ataque, onde contou com a preciosa ajuda do Jara. Menção ainda para o Maxi que, como de costume, parece ser imune ao cansaço, e para o Saviola, cujas movimentações entre as linhas do sportém me parecem ter sido muitas vezes mal aproveitadas.
E a ferros lá arrancámos a décima oitava vitória consecutiva, que nos permite ir à final da Taça da Liga defender o troféu cujas duas últimas edições conquistámos. Penso que há justiça na nossa vitória, porque fomos quem mais a procurou. Há mérito do sportém por ter conseguido jogar de forma organizada e dificultado muito a nossa tarefa, mas terão pago o preço de terem apostado demasiado cedo em querer levar o jogo para a lotaria dos penáltis. Se fossem uns tipos decentes, provavelmente deveriam destacar isto, mas para não fugir à regra preferiram enveredar pelo discurso idiota da arbitragem, desta vez de uma forma generalista, ou seja, não conseguem sequer queixar-se de lances concretos; queixam-se da arbitragem porque sim, e pronto (sim, claro, o Jorge Sousa - olha quem - é um fervoroso apoiante do Benfica). O cansaço em algumas unidades-chave do Benfica parece começar a ser evidente, mas não deixa de ser irónico - e um atestado do brio e querer da nossa equipa - que tenhamos conseguido arrancar as duas últimas vitórias nos últimos minutos dos jogos, depois de termos submetido os adversários a pressão constante.
... mas mérito indiscutível.
Não estivemos ao nosso nível habitual, contra um adversário motivado que deu boa resposta.
Mas a sorte também beneficia quem a procura e, apesar do aparente cansaço, o Benfica foi sempre quem esteve mais perto de vencer.
Mais uma final atingida. Mais uma taça que espero ver nas nossas vitrinas.
E agora só quero ganhar ao Braga.
Vamos jogar contra o Sporting com a certeza de que somos melhores e sabendo que, independentemente da retórica, é dentro do campo que essa certeza se confirma. A nossa maior arma continua a ser a grande confiança que todos – adeptos e equipa – temos. No entanto, só com uma entrega enorme e com a humildade de respeitar os adversários (o árbitro é o Jorge Sousa) é que os poderemos ultrapassar.
Lembro as palavras de Padre António Vieira, quando dizia que “O muito roncar antes da ocasião é sinal de dormir nela". Hoje, ninguém pode adormecer sem dar tudo na luta pela vitória.
Hoje é dia de mais um derby. Este é o jogo que mais me toca como adepto. Já perdi a conta aos que assisti, desde que comecei a ver futebol e a sentir-me benfiquista. Mas por mais jogos destes a que eu assista, seja qual for a competição, sejam quais forem as situações de cada uma das equipas, o derby é para mim sempre um jogo especial. É por isso que eu faço questão de vê-los ao vivo, sempre que possível - e isto já incluiu ir ao estádio para assistir a derbies disputados para a Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa.
É verdade que o nosso maior adversário nos últimos anos tem sido o Porto, mas apesar de os detestar, quando penso neles sinto sobretudo desprezo. Quando penso no sportém (coisa que, diga-se, evito fazer sempre que possível), ao facto de os detestar também junta-se um sentimento mais visceral, que não tem muita explicação, e que só pode mesmo ser descrito como rivalidade. Não me interessa o quão lamentável seja o estado deles, a verdade é que tem sempre um sabor especial vencê-los, e custa sempre mais perder este jogo. Não quero ganhar-lhes para confirmar que somos melhores do que eles, porque isso já é uma convicção absoluta na minha vida. Quero ganhar-lhes porque no futebol o que mais gosto é de ver o Benfica ganhar, e a seguir a isso gosto de ver o sportém perder, e portanto uma vitória num derby permite-me juntar estas duas coisas. Compreendo que, para benfiquistas mais novos, seja o Porto quem desperte sentimentos de repulsa mais fortes, mas eu cresci numa altura em que nos perguntavam se éramos do Benfica ou do sportém - e éramos quase todos do Benfica, o que provocava alguns problemas quando se tentava organizar os Benfica x sportém no recreio da escola, porque quase ninguém queria ir para o lado do sportém (convenhamos que era muito mais cativante podermos dizer com orgulho 'Eu sou o Bento' ou o Humberto, o Nené ou o Chalana do que ter que ir para a outra equipa e ficarmos sujeitos a que alguém dissesse 'Tu és o Manuel Fernandes'). Uma altura também em que até matraquilhos ainda eram pintados com os equipamentos dos rivais de Lisboa. Para mim o sportém é rival, o Porto é adversário (neste momento até é mais inimigo do que adversário, porque para ser adversário teria que se restringir à luta leal dentro das quatro linhas).
Se há algo que eu sinto, enquanto adepto, é que no momento em que o apito inicial soa, deixa de interessar a classificação das equipas, a forma em que estão, quantos jogos é que uns ganharam de seguida e outros perderam, o que contam são aqueles noventa minutos. Já assisti a grandes surpresas, de um lado e de outro, e que foram contra quase todas as expectativas. Por isso mesmo, aprendi a respeitar o derby. Não digo respeitar o sportém (porque não lhes tenho respeito nenhum, e sabemos bem que o sentimento é mútuo), mas respeitar o derby é importante. Não me sinto confortável com discursos do género 'menos de qualquer coisa é derrota' e afins. Estou confiante na minha equipa, e sei, ainda por cima com base nos dois jogos que já disputámos esta época, que somos melhores. Mas não basta sê-lo no papel, temos que o ser em campo, e só o conseguiremos se abordarmos o jogo com o mesmo respeito e seriedade com que o fizemos a semana passada. Eles estão feridos, e irão dar tudo para conseguirem oferecer aos adeptos um motivo para sorrir no meio da patetice que tem sido esta época deles. Cabe-nos a nós mantê-los tristes (e eles quando andam cabisbaixos até costumam ser umas pessoas muito mais porreiras e fáceis de aturar do que quando andam assanhados). Apesar de ser considerada uma competição menor, é uma competição oficial, e eu gostaria muito de fazer o tri na Taça da Liga.
Força Benfica!
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