Realizou-se hoje o sorteio do próximo campeonato da Liga. Para mim, isto de sorteios mais ou menos simpáticos é muito relativo, porque mais cedo ou mais tarde teremos que jogar contra todos. Mas não deixa de ser interessante que comecemos o campeonato jogando precisamente contra as duas equipas recém-promovidas à primeira liga. Depois teremos uma deslocação sempre difícil ao Nacional, para recebermos de seguida o V.Guimarães. À sexta jornada será a visita ao antro do ladrão, e julgo que essa será uma óptima oportunidade para verificarmos o quão eficaz será o proposto novo regulamento disciplinar da Liga, que prevê penas como interdições de estádios ou jogos à porta fechada no caso de haver arremesso de objectos para o relvado.
De qualquer forma, o mais importante durante estas primeiras jornadas será mesmo evitarmos 'pôr-nos a jeito' (para utilizar uma expressão tão comum quando as roubalheiras se apagam das memórias e só fica o resultado). É que o porto tem, novamente, um treinador inexperiente (não orientou ainda qualquer jogo na divisão maior do futebol português - e não deixa de me fazer sorrir sempre que reparo no à vontade com que eles apostam em treinadores sem quaisquer provas dadas; é preciso ter mesmo muita confiança na 'estrutura' montada), e já estamos cansados de saber qual é o esquema habitual nestas situações. É trabalhar depressa e bem para providenciar ao neófito uma confortável almofada (ou mesmo colchão) pontual que lhe permita trabalhar com tranquilidade e ganhar confiança. Depois as coisas entram nos carris, e lá para o final da época já ninguém se lembra do que se passou em Agosto/Setembro. Convém portanto estarmos atentos e, repito, evitarmos 'pôr-nos a jeito'. O trabalho principal neste momento será montar um plantel equilibrado a partir das mais de quatro dezenas de jogadores que temos - e ainda juntar-lhes mais dois ou três, dependendo da saída ou não do Coentrão. Eu honestamente estou convencido que qualidade é o que não nos falta.
Quanto ao assunto do dia, que é a ida do Nuno Gomes para Braga: que faça mau proveito. Já expliquei a minha opinião várias vezes, e explico-a outra vez, porque para mim a coisa é muito clara. Entre ajudar o Benfica fora do campo, ou dentro dele ajudar uma das faces mais recentes e claras do antibenfiquismo em Portugal o Nuno Gomes, dando prioridade a um desejo pessoal dele, mandou o seu benfiquismo às malvas e escolheu a segunda hipótese. Está no seu direito, e respeito o seu direito à escolha. Mas já não respeito, nem sinto que tenha qualquer obrigação de respeitar, a escolha. É como respeitar o direito de uma pessoa escolher a profissão que quer ter. Se depois essa pessoa decidir tornar-se um bandido profissional, eu já não tenho nada que respeitar a escolha. Posto isto, expresso então os meus mais profundos e sinceros desejos dos mais decepcionantes insucessos desportivos para o que resta da carreira do Nuno Gomes. Que se divirta na companhia do eternamente amuado Joaquim. Para mim não há qualquer deferência: enquanto vestir aquela camisola, é apenas mais um adversário. E dentro dos adversários, considerando que estamos a falar do Porto B, consegue mesmo ser um dos mais nojentos.
Na unidade do benfiquismo que nos (benfiquistas e companheiros de “Tertúlia”) abrange, há espaço para a diversidade. Esta diversidade na unidade é mais notória nos temas mais emocionais e menos racionais. Assim, e tendo ouvido ao longo do dia tantas e tão diversas sensibilidades relativas ao facto de Nuno Gomes ter assinado pelo SCBraga, não será de estranhar que, brevemente, assistamos também aqui no blogue a apaixonadas discussões sobre esta decisão de Nuno Gomes.
Antes da saudável discussão que se avizinha, e antecipando o momento em que verei o benfiquista Nuno Gomes a ser apresentado num clube como o SCBraga (que nos últimos tempos tem tratado de forma execrável o Benfica, quando lá vamos jogar), não pude deixar de olhar para o passado e recordar o dia em que o Nuno foi apresentado, pela segunda vez, no Benfica, em Agosto de 2002…
Olho para o futuro e sinto que, se o Nuno se mantiver com a dignidade a que nos habituou, poderá, um dia, ser apresentado, pela terceira vez, no nosso Benfica.
Nuno, haverá uma terceira vez?
_____
Pelo que simboliza e representa o José Águas na História do Benfica; pela amizade e carinho que tenho pela Leninha; pelo respeito que tenho por toda a família Águas; por tudo isto e porque fui acompanhando a criação deste livro desde os tempos em que ainda ele não passava de uma ideia… marcarei presença.
Na sequência da situação reportada no post anterior [link], a Benfica SAD reagiu da seguinte forma:
«Benfica, SAD
Comunicado
As afirmações proferidas ontem à noite, num programa de debate, na SIC Notícias pelo senhor Jorge Baptista, além de gratuitas e difamatórias, constituem ofensas à honra, dignidade e consideração da Administração da Benfica, SAD, dos seus membros e colaboradores.
A sua gravidade impõe o imediato accionamento dos meios e instrumentos judiciais adequados à sua reparação. Nesta conformidade, o autor destas afirmações será objecto das competentes participações crime que contra ele serão apresentadas.» [link]
Desejo, para o bem do Benfica, que a verdade seja apurada nas instâncias competentes.
Ontem, na SICN, o jornalista Jorge Baptista fez graves acusações sobre a idoneidade de alguém, uma espécie de “garganta funda” ou “bufo”, que de dentro do Benfica passaria informações sensíveis e confidenciais para fora do clube, para um rival, agindo dolosamente para com a sua entidade patronal.
Como benfiquista, espero que, pela gravidade das acusações, o assunto não fique por aqui. A serem, como espero e confio, falsas as palavras de Jorge Baptista, urge que o anátema de suspeição que este jornalista atirou para cima de quem trabalha perto dos órgãos de decisão do Benfica seja esclarecido.
Porque quero acreditar nos que servem profissionalmente o Benfica, penso que cabe aos responsáveis do nosso Clube desmentirem estas palavras e a Jorge Baptista fazer prova, nos locais apropriados, das graves acusações que efectuou. Aguardo algum desenvolvimento, pois este assunto é sensível e reveste-se de uma gravidade extrema. Ou seja, a ser mentira, será grave pela forma leviana com que um jornalista mente, sujando o nome de terceiros, numa acusação cega e cobarde; a ser verdade, será grave por motivos igualmente óbvios.
Manuel Sérgio foi convidado para membro da “estrutura” futebolística do Benfica. Terá a função de consultor.
Foi, nos últimos tempos, a notícia relativa ao Benfica que mais me agradou. Mostra-me um Benfica mais perto da vanguarda, mais perto dos saberes e, logo, mais perto da vitória. Mostra-me que alguém, consciente ou inconscientemente, deu o passo mais importante para se poder conseguir a melhoria. Alguém percebeu que só um Benfica capaz de reconhecer as suas fraquezas e potencialidades competitivas pode melhorar. Saber que o professor Manuel Sérgio foi a pessoa escolhida para ajudar ao desenvolvimento desportivo do Benfica é uma excelente notícia. Significa que alguém se preocupou em pensar a componente desportiva do Benfica como um todo e não como partes independentes. Alguém percebeu que o ‘princípio da complexidade’, o ‘princípio da relação’ e o ‘princípio da motivação’ deverão passar a ser os grandes subordinantes do treino e da competição.
Esta questão parece tão distante do relvado e dos momentos decisivos da bola na trave ou da bola na rede que aparenta ser despicienda. No entanto, que ninguém se iluda, pois já lá vai o tempo em que o futebol estava reduzido a princípios redutores e sujeitos ao carácter aleatório da vontade e da crença espontâneas do futebolista. Hoje, essencialmente devido a pensadores do fenómeno competitivo do desporto, sabemos que esses factores decisivos podem ser compreendidos e condicionados na sua aleatoriedade. A epistemologia da competição desportiva é essencial para compreender a própria competição. Saber que o Benfica deu esse passo é algo que me deixa orgulhoso.
Dado o passo, é importante que agora se saiba aproveitar o passo dado e que dentro da “estrutura” se perceba que o desporto, a competição e o futebol jogado dentro das quatro linhas pode e deve ser verdadeiramente pensado. Só assim, a racionalidade da ideia, do pensamento, pode agir sobre a aleatoriedade do jogo.
_____
Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 20 de Junho e publicado na edição de 24/06/2011 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
«A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, o seu Presidente, Luís Filipe Vieira e os seus Administradores interpuseram nas Varas Cíveis da comarca de Lisboa acções declarativas de condenação contra a PRESSELIVRE - IMPRENSA LIVRE, S.A., EDISPORT - SOCIEDADE DE PUBLICAÇÕES, S.A. e GLOBAL NOTÍCIAS, PUBLICAÇÕES, S.A., na qualidade de proprietárias, respectivamente, dos jornais “Correio da Manhã”, “Record” e “Jornal de Notícias”, contra os Directores destes, Octávio Ribeiro, Alexandre Pais e Manuel Tavares e contra os jornalistas Eduardo Dâmaso, Tânia Laranjo e Sérgio Pereira Cardoso, todos do “Correio da Manhã”, Eugénio Queiroz, do “Record” e Luís Antunes e Nuno Miguel Maia, do “Jornal de Notícias”.» [...]
[link]
António Carraça no Benfica. Não me esqueço das suas palavras, que chegaram a ser verdadeiramente acintosas para com o Benfica, quando o Carraça estava no sindicato dos futebolistas. Também não me esqueço das palavras elogiosas que de dentro da estrutura do Benfica me foram confidenciadas acerca do seu desempenho na estruturação das camadas formação do Benfica. A ver vamos…
Aimar e Saviola em negociações. A imprensa garante que o mercado turco anda a rondar estes dois argentinos. Não me passa pela cabeça a ideia de ficar sem algum destes dois futebolistas. São, na minha opinião, os dois melhores futebolistas do Benfica. A sua hipotética saída seria um tremendo erro.
O professor Manuel Sérgio no Benfica. Se assim for, é uma excelente notícia e sobre este assunto escreverei brevemente.
Adeptos. Confirma-se que o clubismo e o amor desinteressado ao clube está confinado ao 'adepto de bancada'. Seja em que clube for.
Dizia-me recentemente um consócio benfiquista que é essencial olhá-los (aos obstáculos) olhos nos olhos. Nesta singela expressão de benfiquismo está o grande desafio de coragem lançado a Job “Olha de frente tudo o que é grande”. Ou seja, reconhece os obstáculos, reconhece a sua grandeza, e apenas sendo grande os poderás ultrapassar. Para os ultrapassar, olha-os de frente.
Por vezes, é a própria grandeza que se transforma no obstáculo. A dimensão gigantesca do nosso Benfica é a sua maior riqueza, mas essa mesma dimensão pode ser o maior dos obstáculos. Reconhecer, com coragem, esta realidade e olhá-la olhos nos olhos é a única forma de transformar a divisão provocada pela pluralidade na união necessitada pela realidade.
Como é que se pode aglutinar o que, por natureza, é diversificado? Como é que se pode unir o que, por natureza, é diferente? A aglutinação surge espontaneamente nos festejos das vitórias, tal como surge espontaneamente nos momentos em que sentimos em perigo a própria sobrevivência do Benfica. Ou seja, a união surge nos momentos-limite. E o que fazer nos momentos, como o actual, em que as vitórias não surgem, mas o Benfica não está (como esteve num passado não muito longínquo) em perigo de sobrevivência?
Nestes momentos, o único caminho aglutinador é a união em torno das referências, daqueles que têm sido exemplo e testemunho de benfiquismo, daqueles a quem vulgarmente chamamos símbolos do Benfica e exemplos de benfiquismo. Para seguir este caminho aglutinador é preciso olhar olhos nos olhos para tudo o que é grande. É um exemplo de grandeza manter os símbolos do benfiquismo na casa do Benfica. Se queremos unir os benfiquistas, não podemos desviar o olhar desta realidade, temos de nos olhar olhos nos olhos.
_____
Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 15 de Junho e publicado na edição de 17/06/2011 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Há maneiras e maneiras de fazer as coisas. Doze anos não são doze dias nem doze meses. O processo que levou à saída do Nuno Gomes do Benfica ENVERGONHA-ME como benfiquista. Já disse mais do que uma vez (aqui e aqui) que, mesmo desportivamente, não fazia sentido nenhum que saísse. E muito menos faz em termos do que é preciso no balneário, onde as referências benfiquistas são tantas quanto Coca-Colas no deserto… Mostrem-me um jogador (UM!) que diga mal do Nuno Gomes como colega ou como profissional. Sim, podem argumentar que o Nuno Gomes já não era titular e era muito pouco utilizado. Mas é o sinal que isto dá! Não só para o balneário como para as bancadas!
1994/95 para 95/96: saída de Paneira, Isaías, Mozer e Veloso. 2010/11 para 11/12: saída de Nuno Gomes (também não há mais ninguém do género para sair…). Sou só eu a ver aqui um padrão?!
Vir-me-ão dizer que ele já estava velho e que os Felipes Menezes, os Éder Luíses, os Fernándezes é que são o futuro. Toda a gente tem direito à opinião de achar que estes têm lugar no Benfica e um Nuno Gomes não. Mas eu prefiro olhar para o rendimento de um jogador, para a mais-valia que ele pode trazer à equipa e ao plantel, em vez de olhar simplesmente para o B.I. Sim, porque só olhando para o B.I. é que se pode considerar que ele já não tem lugar no plantel. Qualquer outro argumento é rebatido com factos racionais.
Mas tudo bem, não se contava com ele para a próxima época. Custava muito ter-lhe e ter-nos dito isso ANTES de a época acabar. Para que ele pudesse ter uma despedida dos adeptos semelhante à do Rui Costa?! Foram doze anos, F***-SE!!! Ou foram os quatro minutos que jogou frente ao Leiria que fizeram quem de direito decidir que ele não tinha lugar no plantel?! Deixa-se o homem ir para férias sem lhe dizer nada e depois sabe pelos jornais que não vai ficar?! Mas o Benfica é isto?! É assim que se trata os símbolos do clube?!
Nuno Gomes: muito obrigado por tudo o que deste ao Benfica! Pelos muitos golos, pelas muitas alegrias e pelas muitas manifestações de classe dentro e fora do relvado. E especialmente por isto: porque, ao contrário de outros, tornaste-te tão benfiquista como nós e percebeste o que é o benfiquismo. E, ao contrário de outros, não me consta que alguma vez tenhas feito chantagem com o Benfica, acenando-lhe com propostas de presidentes de clubes rivais e ameaçando ir para lá, na altura de renovar o contrato. Há quem seja bom na sua profissão. E quem também o seja e tenha a mais-valia de ser igualmente benfiquista. Eu continuo a preferir estes. Como tu. Que são quem faz renovar o benfiquismo. Não tens nada que agradecer. Quem te agradece, somos nós. Os Adeptos. Com maiúsculas, tal como tiveste o cuidado de escrever no teu comunicado. Lá está, pequenos pormenores que dizem tudo…
Ninguém é do Benfica graças aos "profissionais", um clube puramente racional é um clube que não tem futuro. A emoção é parte indissociável do sentimento de pertença. Tira-se essa parte e não fica quase nada. Trata-se mal um símbolo do clube, trata-se mal o benfiquismo e, no limite, o próprio Benfica. Mas também não se pode esperar muito mais vindo de quem pura e simplesmente não percebe o que é o Benfica… E os jogos com o CRAC em casa na época passada ajudaram igualmente a demonstrar isso.
A SAD também não esteve bem neste processo todo. Não se pode dar rédea solta a quem toma as decisões técnicas, senão arriscamo-nos (e estou à vontade para dizer isto, porque até gostava do Camacho) a ter "jorges ribeiros" a voltar a vestir a nossa camisola. Salve-se o facto de este comunicado ter a dignidade que faltou em toda a história. Especialmente se a última frase se verificar no futuro.
P.S. – Excepcionalmente a caixa de comentários fica fechada. Estou demasiado chateado para, pela amostra do último post, ter que ler pérolas do género “o Maria Amélia já vai é tarde”… Peço desculpa a todos os restantes que conseguem articular argumentos mais racionais. Para esses, há sempre o email da Tertúlia.
bola nossa
-----
-----
Diário de um adepto benfiquista
Escolas Futebol “Geração Benfica"
bola dividida
-----
para além da bola
Churrascos e comentários são aqui
bola nostálgica
comunicação social
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.