VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Quinta-feira, 18 de Agosto de 2011

22,5 = 40 = 45

 

o sr. Costa, exímio negociador, exímio estratega, exímio conselheiro matrimonial e exímio frequentador de lupanares, garantia que o Falcao só sairia por 45 milhões. Garantia e repetia a garantia.

 

o dito Falcao é envolvido num negócio de 45 milhões, 40 milhões pelo colombiano e 5 milhões pela Micaela. Ou seja, Falcao saiu por 22,5 milhões

 

a comunicação social que insulta o presidente do Benfica quando permite a saída de jogadores abaixo da cláusula de rescisão é a mesma que louva o excelente negócio feito pelo sr. Costa.

 

os lorpas comem a limpeza da imagem, comem o sabão com que a comunicação social limpa a imagem ao sr. Costa e ainda fazem bolhinhas com a boca. Continuem…

__________

 

atendendo à salgalhada que vai na caixa de comentários, adenda:

 

- Há pouco mais de uma semana, o sr. Costa repetiu "Ninguém sairá abaixo da cláusula".

 

- O Atlético de Madrid pagou por Falcao e Micaela 45 milhões. Pelos dois. As contas foram distribuídas em 40 + 5. Vai dar ao mesmo que 22,5 + 22,5 ou 30 + 15 ou 35 + 10... é indiferente. Nos cofres do fcp entram, por esses dois jogadores, 45 milhões. 45 milhões era a cláusula de um deles. A do outro era de 30 milhões. Objectivamente, o Atlético levou, por 45 milhões, dois futebolistas cujas cláusulas de rescisão somavam 75 milhões.

 

- Garantidamente, se esse negócio fosse feito pelo SLB teríamos a notícia dada como um fracasso negocial, pois tinham os dois saído por valores abaixo das cláusulas, com uma diferença de 30 milhões, depois do sr. Costa ter garantido que ninguém sairia abaixo da cláusula. Sempre que isso aconteceu no Benfica, gerou-se o Carnaval de que todos nos lembramos...

 

- Repito, se fosse um negócio do Benfica, sujar-se-ia a imagem do negócio e haveria muitos a emprenharem pelos ouvidos. Como foi do fcp, limpou-se o negócio e continuam os mesmos a emprenhar pelos ouvidos.

 

- Em momento algum digo que o negócio foi bom ou mau. O que questiono no post é  a forma como o negócio é apresentado. De forma muito bondosa, demasiado bondosa. No entanto, a julgar pela quantidade de sabão engolido, vejo que também foi muito eficaz.

publicado por Pedro F. Ferreira às 22:06
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Quarta-feira, 17 de Agosto de 2011

A luta que nos espera

 

 

"Benfica vende jogos por €40 milhões e ataca Sport TV" fonte: Expresso

 

Se isto se concretizar, poderá abrir-se uma grande oportunidade de expurgar do futebol português grande parte da podridão que o tem atacado nestas últimas três décadas. Poderá isto ser a grande oportunidade de termos o Benfica a competir acima deste limbo terceiro-mundista em que nos encontramos enleados.

 

Até à efectivação deste negócio, o Benfica será atacado como nunca foi na sua história. Tentar-se-á envenenar a opinião pública contra o Clube, colocar-se-á, de forma ainda mais cobarde do que a habitual, em causa a credibilidade e o bom nome de quem estiver prestes a assinar o contrato.

 

Far-se-á tudo, mas mesmo tudo, para evitar que isto aconteça e que se acabe com uma das piores e mais poderosas faces de uma farsa com trinta anos de existência. A única forma de resistir aos ataques que sofreremos é sermos unidos, não emprenharmos pelos ouvidos, não credibilizarmos as palavras que os inimigos (é o termo) colocarão estrategicamente na comunicação social. É essencial que não façamos eco dessas palavras. É essencial que não sejamos nós, os próprios adeptos, a fazer o jogo do inimigo. O assunto é sério, muito mais sério do que parece.

 

Escolhida a trincheira, não há lugar a deserções.

 

 

_____

a foto é de Rui Bento

publicado por Pedro F. Ferreira às 20:30
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Positivo

O Benfica regressa da Holanda com um resultado positivo, após um jogo muito movimentado e agradável de seguir. No final fico com um sentimento misto de frustração e alívio. Frustração porque me pareceu que poderíamos ter praticamente sentenciado a eliminatória neste jogo, e porque acabámos por consentir o empate num lance irregular, mas alívio também porque as coisas poderiam ter corrido de forma completamente oposta, não fosse a noite inspirada do nosso guarda-redes a evitar um possível resultado negativo.

Benfica de regresso ao 4-3-3 (ou 4-5-1, é conforme preferirem), com o Cardozo na frente, regressos do Maxi e do Luisão na defesa, e entrada do Witsel para o meio campo no lugar de um dos avançados. Logo a abrir, oportunidade soberana para marcarmos, num lance em que o Gaitán misturou talento e sorte em doses iguais e viu-se na cara do guarda-redes, mas permitiu-lhe a defesa. Quase imediatamente a seguir, ficámos em desvantagem, pois o Twente marcou num lance em que o De Jong recuou para fugir à marcação dos centrais, recebeu um passe longo, e rematou cruzado de fora da área. Estar a perder após seis minutos é um cenário bastante desfavorável, mas o Benfica manteve a organização e a calma. O Twente também não complicou muito as coisas, já que eles próprios quase que pareceram surpreendidos com esta vantagem obtida tão cedo, e procuraram fazer posse de bola à saída ou mesmo dentro do seu meio campo, sem arriscarem ou pressionarem muito. Isto resultou no período mais morno de todo o jogo, que foi subitamente interrompido aos vinte minutos, quando o incansável Aimar conseguiu roubar uma dessas bolas que o Twente procurava manter no meio campo, e colocou-a nos pés do Cardozo para o contra-ataque. O paraguaio foi por ali fora sem oposição, olhou para a baliza, e ainda de muito longe nem sequer chutou com a força que lhe é habitual: colocou simplesmente a bola de forma perfeita fora do alcance do guarda-redes, empatando o jogo.

O jogo animou claramente após este golo, e a resposta do Twente foi imediata, com o Artur a fazer a primeira das suas grandes defesas para negar o golo aos holandeses logo na jogada a seguir ao nosso golo. Com o Twente a arriscar mais no ataque, começaram a ver-se mais espaços de um e de outro lado, e consequentes jogadas a ameaçar perigo para qualquer uma das balizas. Mas jogada mesmo foi a que o Benfica fez para chegar ao segundo golo, quinze minutos após ter feito o empate. Tudo começou num lançamento lateral do Maxi, com a bola depois a passar quase sempre ao primeiro toque pelo Gaitán, Witsel, Cardozo, Gaitán e Witsel outra vez, e finalmente um passe de morte do belga para o inevitável Nolito rematar para uma baliza aberta e marcar o seu quarto golo em quatro jogos oficiais pelo Benfica. Se toda a jogada é fantástica, o pormenor do Witsel, com tudo para rematar à baliza e rodeado de defesas, ter tido a visão e a calma para fazer aquele passe para o Nolito é revelador da qualidade deste jogador. O mais difícil estava feito, mas não foi sem dificuldades que o Benfica conseguiu manter a vantagem até ao intervalo, pois o Artur foi obrigado a mais duas grandes defesas já muito perto do apito, primeiro a um livre do Ruiz, e depois a um remate de primeira do Landzaat que levava selo de golo.

Na segunda parte o Twente resolveu arriscar tudo, colocando logo mais um avançado em campo. O Benfica fechou linhas e encostou-se mais atrás, procurando eventualmente explorar todo o espaço que os holandeses deixavam para o contra-ataque, mas com isto foi sujeito a uma pressão constante, com várias bolas despejadas para a área ou as suas imediações, e algumas delas resultarem em lances de perigo. O primeiro deles até resultou da única falha do Artur no jogo, ao atacar mal uma bola, o que resultou numa confusão dentro da área que felizmente acabou por não dar em golo. O período mais 'louco' do jogo foram os últimos vinte e cinco minutos, depois da troca do Aimar pelo Saviola (a saída do Aimar já se adivinhava, mas esperaria a entrada de outro médio, e não de um segundo avançado). O Saviola não entrou bem, e nunca conseguiu pressionar e incomodar os adversários da mesma forma que o Aimar o estava a fazer. Com os holandeses a darem o tudo por tudo, o Artur foi obrigado a pelo menos mais três defesas de grande dificuldade, mas do lado oposto os espaços eram cada vez maiores, e em mais de uma ocasião o Benfica viu-se em situações de igualdade ou mesmo vantagem numérica perante os defesas do Twente, não tendo sabido aproveitá-las. Foi pena que a dez minutos do final, numa fase em que o Twente já parecia estar a perder o fôlego, tenhamos sofrido o golo do empate. O lance começa numa asneira do Maxi, que se deixou antecipar e perdeu uma bola que devia ser sua, e terminou com um cabeceamento do Ruiz para o golo. Há falta evidente do Ruiz quando salta à bola, empurrando e apoiando-se sobre as costas do Emerson, mas mais uma vez o árbitro de baliza aproveitou para mostrar que não serve para absolutamente nada. O empate pareceu satisfazer o Twente, que quase não pressionou mais até ao apito final, tendo cabido ao Benfica a maior oportunidade para desfazer o empate, com o Nolito, isolado após tabela com o Saviola, a não conseguir bater o guarda-redes Mihaylov.

Melhor jogador do Benfica claramente o Artur. Contei-lhe pelo menos meia dúzia de grandes defesas, a evitarem golos do Twente, e não teve qualquer hipótese nos golos sofridos. Bem o Witsel, o Aimar (pode não aguentar os noventa minutos a correr daquela maneira, mas quando sai do campo já deu tudo o que aquele corpo franzino tem para dar), Nolito e Javi. Hoje não gostei muito do Maxi. Pareceu-me algo lento, e revelou sempre muitas dificuldades a partir do momento em que o número 24 (Ola John) entrou e se foi colar ao lado esquerdo. No lance do segundo golo ele não deveria ter perdido aquela bola a meio campo.

Partimos em vantagem para a segunda mão, e sinto-me confiante que, somando essa vantagem ao factor casa, conseguiremos daqui a uma semana confirmar o apuramento para a fase de grupos da Champions. O Twente mostrou alguma qualidade no ataque, mas certamente não é uma equipa fora-de-série, estando perfeitamente ao nosso alcance. Basta que mantenhamos a concentração e soltemos o talento dos jogadores que temos.

publicado por D'Arcy às 02:20
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Segunda-feira, 15 de Agosto de 2011

Análise ao Twente (por Sérgio Berenguer)

 

Sérgio Berenguer, comentador da Benfica TV, partilha com os leitores da Tertúlia Benfiquista a sua análise ao próximo adversário do Sport Lisboa e Benfica:

 

_____

 

 

 

«Não sendo o mais importante adversário do Sport Lisboa e Benfica, a verdade é que ultrapassar o F.C.Twente no “Play-off” de acesso à fase de grupos da Champions League assume grande importância (económica, sim, mas sobretudo moral e mobilizadora) para o que será o Benfica na temporada 2011/12 que agora se inicia.

 

Campeão em 2009/2010, sob a batuta do inglês Steve McClaren somando 86 pontos (mais um que o Ajax, mais 8 que o PSV e mais 23 que o Feyernoord) e Vice-Campeão em 2010/2011 (perdeu o jogo e o título para o Ajax na última jornada da competição) sob o comando técnico de Michel Preud´Homme, o F.C. Twente é um digno representante do futebol tecnicista e de ataque do país das tulipas.

 

Agora comandado por Co Adriaanse (que curiosamente perdeu com o Glorioso em casa e fora no ano em que treinou em Portugal), o Twente apresentou recentemente para esta época um modesto orçamento de 45,5 milhões de euros, sendo que entre saídas (fez uma única transferência relevante por 3 milhões de euros de Theo Janssen para o Ajax) e entradas (de baixo custo como o lateral direito Cornelisse, proveniente do FC Utrecht, e o médio Willem Janssen oriundo do Roda), pouco se alterou a estrutura do plantel para esta nova época, que se iniciou com “saborosa” vitória na Supertaça sobre o Ajax (2-1) com quem discute actualmente o domínio da Liga Holandesa.

 

Se é verdade que a laranja mecânica, e tudo o que se lhe seguiu com origem nela, foram esquemas revolucionários, a verdade é que o futebol holandês não está mais na linha da frente quanto á revolução táctica, mantendo contudo no seu ADN a filosofia ofensiva como principal característica. Ainda que seja equipa (independentemente da era McClaren, Preud’Homme ou Adriaanse) que mantenha por principio a colocação rápida da bola nos flancos, dando largura ao campo, circulando jogo, partilhando do tradicional sistema táctico holandês do 4x3x3, este Twente é, ainda assim, por norma, o mais conservador dos clubes que dominam a Liga Holandesa.

 

 

 

Na baliza, apenas alguma indisponibilidade física impedirá Mihailov de ser titular, o que colocaria na baliza do Twente o veterano (40 anos) Boschker (como ocorreu na 1ª jornada da Liga Holandesa 2011/2012). O quarteto defensivo manterá, tudo indica, intacta a dupla de centrais formada pelo brasileiro Douglas (muito forte no jogo aéreo, muito sereno e com bom domínio de bola) e Peter Wisgerhof (na ausência/indisponibilidade de algum deles o provável substituto será o sueco Rasmus Bengtsson), com Cornelisse (ex- FC Utrecht) como provável lateral direito (o venezuelano Rosales pode ser outra opção, ele que pode jogar nesta posição ou mais adiantado como ala) e Tiendalli como lateral esquerdo (a alternmativa pode ser o belga Buysse).

 

No meio campo, e tal como na época transacta, o Twente parece surgir em 2011/12 a apostar muitas vezes num duplo-pivot formado por Brama, mais defensivo, ele que fora acompanhado em 2010/11 por Theo Janssen e cuja responsabilidade das transições parece ser agora, em 2011/12, assumida por Willem Janssen. Este duplo-pivot liberta para o apoio ao gigante austríaco Marc Janko, as duas principais figuras da equipa: De Jong e Brian Ruiz.

 

Sobre Luuk de Jong sabe-se (conforme descrito no trabalho “Os 20 negócios de jogadores que recomendamos em 2011” pelo FUTEBOL FINANCE) tratar-se de um “avançado centro de origem, também capaz de actuar como médio ofensivo ou segundo avançado, viveu a sua época de afirmação na Eredivisie, ao juntar 12 assistências a 12 golos em 32 jogos. Muito inteligente a desmarcar-se, muitas vezes no limite do fora-de-jogo, e extremamente oportuno em zona de finalização, sabe tirar partido do seu bom remate com os pés - o direito é o que melhor define - e do seu poderoso jogo aéreo. Muito trabalhador e com grande sentido colectivo, revela muito bons apontamentos no passe, de costas ou de frente para a baliza, e, apesar da sua elevada estatura, é rápido, móvel e capaz de produzir desequilíbrios no um para um”. Os noventa minutos jogados por De Jong na final da Supertaça frente ao Ajax (30-07-2011) serviram para confirmar todas estas características.

 

Quanto a Brian Ruiz, o conhecido mestre do “tico-tico” da Costa-Rica  - que foi falado como potencial reforço do Sport Lisboa e Benfica e vê agora o seu nome associado ao Totenham)  –  é claramente jogador para outros voos (entenda-se: clube de maior dimensão e aspiração no futebol internacional).  

 

Em Maio de 2010, Luís Feitas Lobo descrevia este jogador não como “um ala, longe disso, nem será verdadeiramente só um avançado. É um vagabundo da ligação entre meio-campo e ataque que, movendo-se a toda a largura dos últimos 30 metros, sabe ler os espaços na hora certa para passar ou surgir a rematar”. Para melhor o descrever, dele disse: “A sua forma de jogar, elegante, toque de bola perfeito, cabeça levantada e serenidade a cada passe ou remate, contrastam com a clássica imagem guerreira do jogador da América latina (…). Quase uma ironia de classe no futebol da Costa Rica. Chegou à Europa (…) quando o Gent da Bélgica o descobriu no Aljulense, na pátria dos tico-tico, o nome que tornou célebre a selecção costa-riquense. (…) Parecendo quase deslizar pelos relvados, abalou as estruturas do futebol das tulipas” no ano em que o uruguaio Luis Suarez (hoje no Liverpool) mesmo marcando 35 golos não fez do Ajax campeão, o qual caiu aos pés do Twente de Mclaren, do duplo-pivot Brama-Janssen, do extremo esquerdo Stoch e do vagabundo… Ruiz.

 

Para as posições normalmente desempenhadas por Ruiz e De Jong – e quando estes perdem alguma capacidade física - Co Adriaanse tem chamado (com menor eficácia e intensidade) o holandês Ola John e/ou o alemão Thilo Leugers.

 

Finalmente, no flanco esquerdo do meio campo / ataque do Twente, o holandês de 20 anos Steven Berghuis foi titular no jogo da Supertaça e na 1ª jormada frente ao NAC pelo que parte como principal candidato ao lugar, o qual pode ser igualmente desempenhado quer pelo sueco Bajrami (muito rápido, sobre a esquerda, finta menos mas extremamente objectivo a procurar a área) ou o belga (de origem marroquina) Chadli, que é normalmente jogador que arranca com muita mobilidade desde a esquerda e surge por dentro, em diagonais com sentido único: a baliza adversária.

 

Como sérios avisos ao Benfica, deverão constar a vitória do Twente na fase de Grupos da Champions League no ano passado em Bremen (0-2) e os resultados suados do todo poderoso Inter Milão (1-0 em Milão e 2-2 na Holanda) que lhe garantiram o 3º lugar no grupo atras de Inter e Tottenham, de onde transitou para a Liga Europa. Nessa competição em que o Benfica atingiu as meias-finais, o Twente eliminou o Rubin Kazin (2-0 e 2-2) nos 1/16 Final, depois o Zenit (3-0 e 0-2) nos 1/8 Final, caindo aos pés do Vilarreal nos 1/4 Final com duas derrotas (1-3 em casa e 5-1 em Espanha). É uma equipa que, tal como Benfica, normalmente marca pelo que todos os cuidados defensivos serão poucos... fora e em casa, onde tudo certamente se decidirá.

 

Certo, certo é que se tratará de duelo difícil entre duas equipas cujo ADN as obriga a fazer do ataque a sua melhor defesa.»

 

texto de Sérgio Berenguer

publicado por Pedro F. Ferreira às 12:27
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Sexta-feira, 12 de Agosto de 2011

Desleixo

Só desleixo ou incompetência pode explicar que o Benfica, depois de uma grande entrada no jogo, e depois de estar a vencer por dois golos de diferença após dezoito minutos de jogo, vá permitir que uma equipa vinda da Liga Orangina consiga recuperar da desvantagem e arrancar um empate.

A surpresa do Jorge Jesus para este jogo foi não ter optado pelo 4-3-3 que vinha dando boa conta de si, preferindo voltar ao 'clássico' 4-1-3-2, com o Jara a fazer companhia ao Saviola na frente. O início de jogo foi promissor, com o Benfica a jogar em velocidade e os seus jogadores a mostrar grande mobilidade em campo, o que permitia encontrar frequentemente espaços na defesa do Gil Vicente. O golo chegou, por isso, cedo, com o Nolito a surgir solto na esquerda após um bom passe do Rúben e a colocar a bola cruzada ao segundo poste, fora do alcance do guarda-redes. O Gil Vicente não se entregou, e tentava pressionar alto, mas isso deixava espaços atrás e o Benfica parecia mostrar alguma competência nas transições para o ataque, pelo que a sensação com que se ficava era a de que não seria complicado ao Benfica voltar a marcar. O que aconteceu aos dezoito minutos, numa bonita jogada em que a bola passou quase sempre ao primeiro toque por vários jogadores, com o passe final do Jara a permitir a finalização do Saviola à boca da baliza.

O jogo nesta altura parecia estar praticamente nas nossas mãos. O problema é que se calhar os jogadores pensaram a mesma coisa, e pareceram abrandar aquela 'fúria' com que entraram em campo, confiantes que mais cedo ou mais tarde novo golo apareceria. E, conforme escrevi antes, o Gil Vicente nunca se entregou. A partir da meia hora de jogo eu comecei a pensar que seria fundamental não sofrermos um golo antes do intervalo, de forma a evitarmos a repetição de uma história que já vimos antes. Tal não foi possível, porque após um corte falhado pelo Rúben Amorim o Gil Vicente chegou mesmo ao golo, num remate cruzado. Vimos então que o Witsel aquecia, e pensei que na segunda parte ele entraria e o Benfica voltaria ao 4-3-3, que provavelmente permitiria ao Benfica estabilizar o jogo - que naquela altura estava completamente aberto, com ambas as equipas a encontraram muitos espaços para atacar.

Surpeendentemente isso não aconteceu, e quem ficou no balneário ao intervalo foi o Aimar. Mas o jogo na verdade mudou bastante, com o Benfica a parecer ter o adversário e o jogo completamente controlados. O Gil Vicente raramente entrava no nosso meio campo, e quase não ameaçava a nossa baliza. Mas apesar do ascendente no jogo, o Benfica não mostrou capacidade para dar a machadada final e sentenciar o resultado. E já estamos fartos de saber que quando isto acontece, estamos sempre expostos a uma qualquer contingência, que foi o que aconteceu. Depois de ter sido mais rematador na primeira parte, foi praticamente no único remate que fez na direcção da baliza na segunda parte que o Gil Vicente chegou ao empate. Foi um grande remate, bem de fora da área, a levar a bola ao ângulo da baliza, e pelo mesmo jogador - Laionel - que já o ano passado, também num remate de longe, deu a vitória à Académica na Luz na primeira jornada. Faltava pouco mais de um quarto de hora para o final, mas o Benfica, mais com o coração do que com a cabeça, não mostrou qualquer competência para voltar a marcar, não tendo praticamente criado uma única ocasião de golo.

Gostei do Javi, do Saviola e do Witsel na segunda parte. Não gostei do Jara - empenhado mas desastrado - nem do Gaitán, que a partir do segundo golo pareceu novamente interessado em jogar de forma mais bonita do que prática, com alguns tiques de vedeta. Estava a gostar do Aimar na primeira parte, e não compreendi a sua saída, a não ser que tenha sido por motivos físicos. Em relação ao Nolito, que mais uma vez voltou a marcar e fez um bom jogo, julgo que seria útil que por vezes, tendo em conta a posição em que joga, tentasse ganhar a linha de fundo, porque se ele flecte para o centro sempre que recebe a bola, ao fim de algum tempo os adversários já sabem o que vai fazer.

E mais uma vez começamos o campeonato com o pé esquerdo. Sinceramente, às vezes parece ser escusado tentar meter na cabeça da equipa o quão importante é começar bem e não dar logo a abrir um estímulo psicológico aos rivais, porque já são demasiadas as épocas em que isto acontece. E se a época passada houve razão de queixa de factores externos, esta noite só nos podemos queixar de nós próprios e do nosso desleixo. Os jogos são para se levar a sério contra qualquer adversário, e do primeiro ao último minuto de jogo. Vendo a coisa pela positiva, só mesmo pensando que da última vez que fomos campeões também começámos com um empate.

publicado por D'Arcy às 23:25
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Futebol de autor

Houve e há futebolistas que, pela sua capacidade de imprimir a todas as movimentações e decisões individuais um sentido colectivo, deixaram a sua impressão digital no imaginário dos adeptos.

 

Futebolistas como Johan Cruijff, Enzo Francescoli, Rui Costa ou Xavi exemplificam a capacidade de perceber o futebol para além do momento em que individualmente se tem a bola no seu domínio. De entre os vários nomes que se podem juntar a este grupo, destaco Pablo Aimar. “El Mago” Aimar é superlativo a pensar o futebol como uma dinâmica colectiva. À sua rapidez de raciocínio, que o leva a ter aquele centésimo de segundo que lhe permite antecipar a movimentação do adversário e da bola, junta uma invulgar qualidade de execução técnica. Olhamos para Aimar e vemo-lo dirigir toda uma equipa, descobrir espaço entre linhas adversárias, antecipar um desequilíbrio defensivo adversário, forçar esse mesmo desequilíbrio e obrigar a que todos os que o acompanham na sua movimentação ofensiva acabem por tirar partido das suas decisões. A capacidade que Aimar tem de descodificar o propósito das movimentações globais de companheiros e adversários manifesta-se com uma espontaneidade tal que aparenta ser um simples “puro acontecer”. Nessa ilusória simplicidade está encerrada a complexidade de perceber a sua acção como uma função em que nada é aqui e agora, porque todo o ‘aqui’ e ‘agora’ só existem com efectividade se forem a preparação de um espaço e tempo futuros. Se todos temos a percepção de que não há serviço colectivo nos futebolistas que não são capazes de se encontrarem com a equipa, basta ver as orientações que Aimar dá aos seus companheiros para perceber como há futebolistas que “obrigam” a que todos se encontrem entre si, de forma dinâmica.

 

Para além disso, há ainda a consciência de que em Aimar a vida se manifesta com mestria muito para além do futebol. Aliás, é na sua conduta como homem e cidadão que começa o futebol de autor que o imortaliza.

 

_____

Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 09 de Agosto e publicado na edição de 12/08/2011 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 07:07
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Quinta-feira, 11 de Agosto de 2011

Máfia no Futebol

 

[link] [link]

 

Declan Hill investigou, correu o mundo, correu riscos (ainda corre) e, num acto essencialmente de coragem, denunciou.

 

A obra, que recentemente foi editada em Portugal, deveria ser de leitura obrigatória para todos os que seguem o futebol, particularmente o futebol português das últimas três décadas.

 

Aquilo que todos ouvimos aquando das escutas do processo “Apito Dourado” já é bastante elucidativo de como se traficam influências e favores; de como se chantageia, ameaça, agride e se mantém um conjunto de árbitros no bolso, prontos a usar em caso de necessidade.

 

Esta obra de Declan Hill vai mais longe: explica como é que um guarda-redes comete um erro básico contra a equipa que o vai contratar ou como um defesa pode ajudar a viciar um resultado. Explica o que leva alguns treinadores a retirarem de campo os melhores jogadores, com o resultado empatado, lá por volta dos 60 minutos de jogo. Explica porque é que jornalista, futebolistas e dirigentes calam, colaboram e se tornam cúmplices de um jogo sujo em que a única coisa limpa é a bola.

 

É uma leitura essencial e indispensável. Haverá, em Portugal, quem tenha a independência e a coragem de fazer e publicar uma investigação deste género?

publicado por Pedro F. Ferreira às 01:17
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Terça-feira, 9 de Agosto de 2011

Sobre a agressão a Pedro Proença

Considero Pedro Proença um mau árbitro. Esteve ligado a alguns momentos da história recente do futebol português em que prejudicou, de forma clara, o Benfica. Alguns desses momentos foram determinantes para que ainda hoje tenhamos agentes de práticas corruptas a pavonearem-se no futebol português.

 

 

No entanto, a opinião que tenho (e como eu têm muitos benfiquistas) de Pedro Proença não legitima nem atenua, em momento algum, qualquer prática de violência exercida contra o mesmo. Isto é claro e nem me parece que seja discutível. Deste modo, concordo e revejo-me inteiramente no comunicado do Benfica. [link]

 

É a mensagem adequada no tempo e no modo. Seria importante que todos os adeptos do Benfica, independentemente da revolta que sentem quando se recordam dos erros de Pedro Proença, percebessem a verdadeira dimensão destas palavras…

publicado por Pedro F. Ferreira às 15:05
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Domingo, 7 de Agosto de 2011

Empolgante

A Eusébio Cup ficou em casa, num jogo com duas partes bem distintas em que fomos presenteados com alguns momentos de futebol que só podem deixar-nos optimistas para esta época.

Na primeira parte o Benfica experimentou um 4-4-2 sem um criativo, optando por colocar o Matic ao lado do Javi no centro do meio campo, cabendo ao Jara a tarefa de tentar fazer a ligação entre o meio campo e o ataque. A experiência não foi muito em sucedida: o Benfica revelou pouca capacidade para fazer posse de bola no meio campo adversário, foi precipitado no ataque, e na defesa mostrou-se permeável, sobretudo pelas laterais, onde os alas Pérez e Bruno César pouco auxiliaram os defesas do seu lado. O Arsenal chegou à vantagem precisamente numa subida não acompanhada do seu lateral esquerdo, ganhou a linha de fundo e centrou para uma finalização fácil do Van Persie na pequena área.

Na segunda parte voltou o esquema utilizado na quarta-feira em Istambul. Não podendo obviamente ignorar-se a saída ao intervalo de jogadores como Arshavin, Van Persie, Sagna e Djourou no Arsenal, a verdade é que com Witsel, Nolito, Gaitán, Aimar e Saviola em campo a música foi outra. Quinze minutos bastaram para dar a volta ao resultado, com golos de Aimar e Nolito, e momentos de futebol rápido e empolgante que entusiasmaram os mais de quarenta mil presentes na Luz. E até poderiam ter sido mais os golos até ao final, porque oportunidades não faltaram.

Aimar, Nolito e Witsel excelentes, acompanhados pelo Javi ao longo dos noventa minutos, Gaitán bem mais perigoso na direita do que tinha sido o Pérez. Menção para a estreia do Capdevilla, que pouco mostrou à parte de parecer ter maior propensão para atacar do que o Emerson.

Tempo agora para preparar a estreia na Liga, já na próxima sexta-feira. Por aquilo que tenho visto, sinto-me confiante. Cada vez mais confiante.

publicado por D'Arcy às 03:01
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Aimar

“Os adeptos mostraram-se muitos entusiasmados. É sempre bom jogar numa equipa como esta, que conta com este tipo de adeptos, que apoiam sempre os jogadores.” Pablo Aimar dixit.

 

Gosto de Aimar, é um excelente futebolista e mais inteligente do que aqueles adeptos que acham que "sempre" é apenas quando ganham.

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publicado por Pedro F. Ferreira às 00:30
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