VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Segunda-feira, 30 de Abril de 2012

Quarto de hotel

(Isto é um post sobre a indústria hoteleira. Qualquer semelhança com outras realidades é pura coincidência…)

 

Um quarto num hotel de cinco estrelas é muito caro. Se o pudermos pagar, é natural que exijamos a melhor retribuição possível. Porque se não houver excelência, a relação qualidade-preço ficará inapelavelmente comprometida. Suponhamos que haveria uma lista de 11 coisas que eram imprescindíveis para tal (limpeza diária, mini-bar cheio, plasma, etc.). Na nossa primeira semana nesse quarto, tudo correu às mil maravilhas e estávamos deliciados com a nossa estadia. Mas na segunda semana, uma dessas coisas (imaginemos que era o plasma) deixou de funcionar. Foi corrigido na terceira semana depois de várias chamadas de atenção da nossa parte, mas para cúmulo do azar houve outra que passou a ser negligenciada (a limpeza da casa-de-banho, por exemplo). Nós voltámos a alertar para a situação, mas só no último dia dessa semana é que essa limpeza foi efectuada. Como se o quarto nos estivesse a desafiar: “já que tu ficaste tão satisfeito na primeira semana, vamos lá a ver se nas duas seguintes eu te consigo agradar só com 10 coisas da lista em vez das 11”…

 

Independentemente deste facto, nós sabemos que o quarto desse hotel só será nosso enquanto tivermos a capacidade para o pagar. A não ser que sejamos um Abramovich e o pudéssemos reservar para toda a vida. Sabemos que o nosso pior inimigo até poderá vir a ficar nele nos tempos mais próximos. Portanto, tomá-lo como “nosso” seria pouco inteligente. O quarto será de quem pagar mais por ele, porque é essa a sua função. E, se formos inteligentes, não criaremos laços emocionais com esse quarto precisamente por causa disso: está ao nosso serviço só temporariamente, enquanto pagarmos por ele (diferente, por exemplo, dos laços que se criam com o quarto da nossa casa em que, mesmo que não nos tenha prometido, como o do hotel, que fôssemos lá dormir duas ou três vezes melhor do que dormimos no ano anterior – coisa que até foi verdade na primeira semana –, pelo menos temos a certeza de que o nosso maior inimigo nunca lá dormirá).

 

A decisão sobre se ficaremos ou não nele na quarta semana não deve ser baseada, quanto a mim, nesse receio de que o nosso maior inimigo poderá lá ficar. Até porque sabemos que isso vai inevitavelmente acontecer, porque ele já o visitou, gostou dele, apesar de nunca lá se ter hospedado, e tem meios para o pagar. Portanto, se nos concentrarmos nesse acessório (cuja concretização na realidade é apenas uma questão de tempo), perderemos de vista o essencial: será que esse quarto nos satisfaz? Será que fomos felizes nele no conjunto das três semanas? Será justo o preço que pagámos perante o rendimento que obtivemos dele? Será que é desculpável o facto de na terceira semana o quarto ter sido melhor limpo no único dia em que estávamos de smoking, contrariando o que nós lhe dissemos que o importante era estar limpo nos outros dias todos, em que estávamos vestidos normalmente? Será que o hotel tinha potencialidades para nos oferecer mais e melhor, e só não o fez porque o quarto decidiu que dentro dele só entravam os produtos que era queria (e teimou que no seu mini-bar só haveria Charles House mesmo que o Cardhu estivesse na garrafeira)?

 

Independentemente da decisão que tomarmos, é bom termos em mente uma coisa: aquele até pode ser considerado o melhor cá no burgo, mas não é o único quarto de hotel de cinco estrelas que existe.

publicado por S.L.B. às 14:45
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Domingo, 29 de Abril de 2012

Final

Ponto final no campeonato, após um empate frente ao Rio Ave, num jogo animado e no qual os nossos jogadores tentaram fazer o possível para adiar a decisão do título.

 

Saída do Saviola do onze para o regresso do Witsel, e entrada forte do Rio Ave no jogo, com muita pressão logo à saída do meio campo, que resultou em diversas perdas de bola do Benfica e muitos passes e recepções falhadas. Esta entrada do Rio Ave deu frutos logo aos oito minutos, com o golo a surgir depois de uma hesitação entre o Artur e o Luisão, com ambos a acabar por não atacar uma bola centrada da esquerda e a deixá-la passar para uma finalização fácil à boca da baliza. O Benfica reagiu ao golo, e foi lentamente tomando conta do jogo e acercando-se da baliza do Rio Ave, que no entanto não deixava de tentar criar perigo em contra-ataques rápidos, sobretudo quando explorava o adiantamento do Maxi. Depois de alguns remates disparatados, o empate acabou por surgir aos trinta e sete minutos, pelos pés do Nolito, que no interior da área aproveitou bem um corte incompleto de um defesa. Três minutos depois fiquei seriamente preocupado com a saúde mental do Olegário, que incrivelmente assinalou um penálti a nosso favor. O Cardozo fechou os olhos e chutou com toda a força para fazer a bola passar literalmente entre as mãos do guarda-redes para o fundo da baliza.

 

Ao intervalo o nosso treinador fez uma substituição algo inesperada, trocando o Matic pelo Saviola. O Benfica entrou bem, ameaçou marcar, mas após cinco minutos o Rio Ave subiu pela primeira vez e empatou de novo o jogo, num lance em que o Yazalde foi deixado muito à vontade dentro da área para cabecear um centro novamente vindo da esquerda. O Benfica acusou o golo, e passámos por alguns minutos de desnorte durante os quais o Rio Ave foi a equipa mais perigosa. Só quando faltavam vinte minutos para o final é que as coisas se alteraram, quando o Jesus de certa forma emendou a mão e fez entrar o Javi para o lugar do Aimar, avançando o Witsel no terreno, tendo pouco depois feito entrar o Gaitán para o lugar do Bruno César. O Benfica a partir daí tomou conta do jogo e obrigou o guarda-redes do Rio Ave a brilhar com grande intensidade, e o Olegário ainda mais. Mostrou que a minha preocupação da primeira parte era infundada, e que voltou em grande forma da lesão, sonegando-nos dois penáltis claros após o Cardozo e o Saviola serem abalroados pelas costas. No final, empate no marcador, e depois dali ao Porto foi só um saltinho para ir participar na festa.

 

Maxi (sobretudo a apoiar o ataque), Witsel e Nolito terão talvez sido os melhores do nosso lado, num jogo em que não houve nenhuma exibição de grande realce. O Cardozo foi hoje, na maioria das vezes, um estorvo para a equipa. E só não digo que o penálti foi mal marcado porque entrou, e todos os penáltis que dão golo são bem marcados.

 

Pareceu-me que foi um bom jogo para sentenciar esta liga. Exemplificou muitas das coisas que nela se passaram e que ditaram o seu desfecho desfavorável para nós - incluindo factores que nos são alheios, e outros pelos quais somos exclusivamente responsáveis. Temos a obrigação de corrigir estes últimos. Quanto aos primeiros, já perdi a esperança das coisas mudarem.

publicado por D'Arcy às 23:28
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Sem honra nem glória

Um campeonato perdido por nós sem honra nem glória. Um campeonato ganho por outros sem honra nem glória.
publicado por Pedro F. Ferreira às 21:06
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Sábado, 28 de Abril de 2012

Alcoólico (pouco) anónimo

Tenho a sensação de que este pedaço de história televisiva (um marco no tempo de antena dos bêbados da aldeia), dada a sua subtil genialidade, necessita de um guia, de uma espécie de coadjuvante para a plena interpretação da substância do vídeo. Nessa perspectiva, resolvi, para quem tenha dificuldade em interpretar as várias pérolas que emanaram daquele verdadeiro prodígio humano, transcrever as partes do discurso do moço ROC que, pelo seu intrínseco brilhantismo e carácter vanguardista, poderão escapar ao mais incauto espectador, para que possam disfrutar na sua plenitude do articulado intelecto deste apreciador confesso de futebolistas como o “Quemdirá”, o “Schweisen Tiger”, o “Piol” ou o “Supanurú”.

 

Vale bem a pena.

 


- "não... não... sss… eu…eu…" (olhar ausente. Imagino que procura uma garrafa numa prateleira virtual);

 

- "e esta é a grande notícia da RTP N - "da RTP Informação", corrige o Gilberto - ...er…da RTP Informação… peço desculpa deste não meu aggiornamento" (bela frase, o Yoda ficaria orgulhoso, se também tivesse bebido dois garrafões de vinho de 5 litros como tu);

 

- "também dissecáss…também disse ca China há muita hipótese…e também disse cá cinco equip… também disse cá cinco hipóteses…" (não vai mais vinho para a mesa do canto);

 

- Gilberto: "vamos ouvir o Júlio e o Miguel sobre este assunto"; ROC: "nhe nhe nhe nhe nhe" (em falsete, enquanto se contorce numa mistura bizarra entre uma dança do ventre protagonizada por um orangotango e um surto de espasmos de alguém a quem tenham enfiado uma enguia eléctrica no intestino grosso);

 

- "o que o regulamento da assembleia geral diz é um periodantejónimodia…é um período para questões diversas e tal…que não… que atétatif"(pára de repente e olha para o tecto do estúdio, sem saber onde está);

 

- "...não…te, te, te…eu, eu…desculpe..." (mais uma vez, o sistema desliga-se e esquece-se de quem é e de como foi ali parar – é fácil de percebê-lo olhando para o vazio nos olhos, que reflecte o vazio que paira entre aquelas duas orelhas);

 

- "O Xabi Alonso foi enorme…e o Quemdirá…aqueles dois…" (grandes jogadores, ambos. Especialmente o Quemdirá, que é bem bom - Quemdiria...);

 

- "…e ele claro que é mais rápido que o Piol…também é mais soft…" (até porque é verdade que o Piol, seja ele quem for, é um bocado lento e hard);

 

- "o Schweisen Tiger é um médio excelente" (é, sim senhor, apesar de apenas existir no reino da ficção. Era um dos fiéis companheiros do Sandokan);

 

- "… com o endividamente excessivo…nas quais metade eram alemães…isto é o fim!!" (****-se, confesso que na tentativa de compreender esta tive um pequeno avc);

 

- "…e agora quando o Sindicato dos Jornalistas - "dos jogadores", diz o Gilberto - er… dos jogadores, peço desculpa, agora olhei para ti…" (e toda a gente sabe que olhar para aquele camafeu do Gilberto potencia o efeito do 17 litros de álcool já ingerido);

 

- "...é cair bem, bem, bem, bem, bem, bem, bem no que está em cima da mesa” (e caíste bem, filho, em cima da garrafa de Famous Grouse);

 

- "...era o mesmo que eu pôr o Supanurú no topo!" (Sanupurú...sunarapú...sunuparú...sanurapú...esquece);

 

- "para o ano, com o Sá Pinto, isto go, go, go! Go, go, go! Mas tu com o Vítor Pereira não dizes… go, go, go…" (enquanto o gajo dos Zero Cego olha para ele e tenta decidir se chegou finalmente a altura de chamar o piquete do Miguel Bombarda);

 

- "Aquele piripiri que o Sá Pinto põe na equipa" (ui, se calhar não era Famous Grouse, mas VAT 69, que já vamos no reino do delírio: o Sá Pinto a temperar a equipa, o João Pereira vestido de rabanete e o Van Wolksvagen de salsicha);

 

- "… mas eu não quero que os seus colegas jornalistas vejam o jogo como eu vejo, eu quero que o Sá Pinto veja o jogo como eu vejo, ou aliás, eu é que vejo o jogo como ele vê, que é exactamente ao contrário" (ou então tu é que vês o Sá Pinto como ele vê os jornalistas, ou como o jogo o vê, ou exactamente o contrário, que é o jogo a ver o Sá Pinto como tu vês os jornalistas…);

 

- "Então mas o Marinho… o Marinho foi campeão europeu como?" (não sei, e duvido que haja quem saiba como é que o ‘Marinho’ foi campeão europeu).

 

 

E agora descubram as diferenças:

 

 

 

publicado por Carlos Miguel Silva (Gwaihir) às 01:23
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Sexta-feira, 27 de Abril de 2012

Desconfiado me confesso

Desconfio da isenção da justiça portuguesa e não confio nos órgãos que tutelam a justiça desportiva. Sempre que a justiça julga, a justiça é julgada. O julgamento que a opinião pública faz da justiça desportiva é mau, é péssimo.

 

Quando há agentes desportivos (dirigentes, árbitros, futebolistas…) que fazem do atropelo à verdade uma prática corrente e louvada, a responsabilidade é de uma justiça permissiva, conivente e que se esconde em emaranhados legais para, envergonhadamente, continuar a permitir a prática do crime. Deste modo, a permissividade acaba por ser um incentivo.

 

Desconfio e não confio nos próprios órgãos de tutela política. Chega a ser indecoroso ver o beija-mão a que o poder político se sujeita perante agentes desportivos de conduta aparentemente duvidosa e realmente criminosa. Pior do que os actos públicos de lavagem da imagem é a tentativa de, com o passar do tempo, conduzir gente espúria aos altares das capelinhas. Lavando a imagem na barra do tribunal, fazem um estranho percurso entre o lupanar e o altar. E lá vão ficando, ora um ora outro, os “santos de ocasião” com pés de barro e mãos sujas, colocados no altar por diligentes e temerosos fiéis que escarram na coisa pública que juraram defender.

 

E assim, na perpétua beatificação da atitude criminosa, vamos observando atónitos à multiplicação de actos criminosos no futebol português. Para que o descrédito seja completo, só falta o dia em que se crie um Tribunal Arbitral do Desporto em Portugal com juízes escolhidos e indicados pelos mesmos que serão julgados.

 

_____

Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 23 de Abril e publicado na edição de 27/04/2012 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 09:25
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Domingo, 22 de Abril de 2012

Agradável

Vitória tranquila e dilatada sobre o Marítimo, num jogo em que o Benfica entrou muito bem e dominou claramente, depois relaxou durante alguns minutos, e após  apanhar o tradicional susto voltou a acordar e não mais cedeu o controlo. No todo, uma exibição agradável.

 

 

Com o Capdevila e o Matic a manterem a titularidade, o Benfica surgiu ainda com o Saviola e o Nolito de regresso à titularidade. E foi um feliz regresso, já que ambos tiveram influência directa no bom início de jogo do Benfica, e nas contas finais da vitória. O nosso início de jogo foi a todo o gás, empurrando o Marítimo para a sua baliza e jogando em velocidade, com trocas constantes de posição entre os jogadores e fazendo a bola circular rapidamente e ao primeiro toque. Para isto contribuiu também o Saviola, que apareceu a jogar bastante solto e a fazer uso da sua inteligência para ocupar os espaços certos na altura certa. O Marítimo viu-se completamente desorientado e não estou a exagerar se disse que durante o primeiro quarto de hora nem sequer conseguiu passar da linha do meio campo. Foi precisamente a fechar este primeiro quarto de hora que o Benfica deu expressão à sua superioridade, com um golo do Nolito, que finalizou com um remate de primeira, de pé esquerdo e no interior da área, uma boa assistência do Aimar após mais uma incursão do Maxi pela direita. Sem abrandar o ritmo, quatro minutos depois o mesmo Nolito fazia o segundo golo, picando a bola sobre o guarda-redes após ser isolado por um grande passe do Saviola. Só por volta da meia hora de jogo é que o Benfica relaxou um pouco, permitindo finalmente ao Marítimo ter um pouco de bola, mas o sinal mais durante a primeira parte continuou sempre a ser do Benfica, que até poderia ter dilatado mais a vantagem.

 

 

O Marítimo veio diferente para a segunda parte, jogando com um ponta-de-lança mais fixo, e com melhor atitude. Aproveitando talvez algum relaxamento do Benfica, cedo criou perigo e obrigou o Artur a brilhar por duas vezes no mesmo lance, mas sete minutos após o reinício do jogo marcou mesmo, com o Sami a aproveitar um buraco no centro da defesa e a desviar a bola à saída do Artur. Durante alguns minutos após o golo o Benfica acusou o golpe, e o Marítimo terá acreditado que seria possível chegar ao empate, mas a vinte e cinco minutos do final o Jorge Jesus mexeu na equipa, tirando a dupla argentina Aimar/Saviola, que já acusava desgaste, e colocando em campo o Javi e o Rodrigo, arrumando a equipa num 4-4-2 mais clássico. As substituições foram felizes, já que no mesmo minuto, e logo na primeira vez em que tocou na bola, o Rodrigo fez o terceiro golo do Benfica. Foi uma finalização fácil à boca da baliza, a passe do Nolito da esquerda e após uma boa jogada do nosso ataque. O Marítimo ainda voltou a obrigar o Artur a brilhar, mas quatro minutos depois do terceiro golo veio o quarto, que sentenciou de vez o jogo. Mais uma vez o golo nasceu nos pés do Nolito, que com um grande passe a rasgar da esquerda para a direita, por entre os defesas do Marítimo, deixou o Bruno César na cara do guarda-redes, tendo este finalizado sem grande dificuldade. Depois deste golo, e mesmo com a entrada do Nélson Oliveira, o ritmo do jogo caiu bastante, e o Benfica praticamente limitou-se a gerir o resultado até final.

 

 

O homem do jogo só pode ser o Nolito. Dois golos e dias assistências deixam-no directamente ligado a todos os golos do Benfica. Foi um feliz regresso à titularidade, num jogo em quase tudo lhe saiu bem. Gostei muito da primeira parte do Saviola, ao nível do melhor a que ele nos habituou. Bom jogo também do Artur, com duas ou três intervenções de grande nível, e também do Maxi, no habitual papel de dinamizador do lado direito.

 

Pouco mais podemos fazer agora senão ir ganhando os nossos jogos até final. Hoje isso foi conseguido com eficiência, e o resultado foi pelo menos importante para aumentarmos a vantagem sobre o terceiro classificado. Foi também agradável voltar a ver futebol à luz do dia na Luz, o que terá ajudado a chegarmos aos 40.000 espectadores. Infelizmente foi necessário um horário menos habitual num jogo importante de um campeonato estrangeiro para que pudéssemos ter este pequeno prazer.

publicado por D'Arcy às 00:38
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Sexta-feira, 20 de Abril de 2012

Entusiasmómetro

Dizia Miguel Torga que a lucidez é um acto ímpar. Pedir lucidez nas emoções do futebol é, nos tempos que correm, quase um acto de desespero.

 

Nestes tempos agitados é fácil resvalar para o absurdo e para a irracionalidade. Terminada que foi mais uma final da Taça da Liga, conquistada que foi a quarta Taça da Liga consecutiva, chegou a ser absurdo observar como uma franja de adeptos escrutinava atentamente o grau de entusiasmo dos outros adeptos e dos próprios futebolistas. Diga-se que algo de semelhante já se verificara na época passada. Ou seja, há adeptos que consideram que não é legítimo mostrar satisfação pela conquista de um troféu, que não era prioritário, quando se hipotecaram as possibilidades de conquistar as competições que eram prioritárias. Obviamente que esta Taça da Liga não nos mata a sede de vitórias nem a fome de glória. Obviamente que esta Taça da Liga não é tapete debaixo do qual se possa esconder o que de errado se fez esta época. Obviamente que não é este troféu que nos faz festejar em uníssono no Marquês ou vitoriar os nossos atletas no nosso Estádio. Mas também me parece óbvio que a sua conquista é motivo de satisfação e de entusiasmo. Foi vencido com mérito, esforço e de forma limpa. É natural que adeptos e futebolistas se mostrem satisfeitos com essa vitória. O que já não é natural é confundir o entusiasmo do adepto com falta de exigência ou acomodação. O que não é natural é ver benfiquistas de uma vida inteira e longa, feita de sacrifícios e dádiva ao clube, a serem questionados e ofendidos porque, na opinião de uns quantos, há vitórias que se podem festejar com entusiasmo e outras que se devem lamentar com pesar e indignação. Não, não convivo pacificamente com a ideia de que ande alguém de ‘entusiasmómetro’ em punho a ofender benfiquistas que aplaudem com entusiasmo o clube depois de ter conquistado uma vitória numa final.

 

Não se vive no momento da vitória como se vive no momento da derrota, por isso mesmo é tão importante saber perder como saber ganhar. É uma questão de lucidez.

 

_____

Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 16 de Abril e publicado na edição de 20/04/2012 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 09:30
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Quinta-feira, 19 de Abril de 2012

Corrupção

No dicionário, a palavra "corrupção" significa "acto ou efeito de corromper ou corromper-se; estado do que se vai corrompendo; decomposição; putrefacção; acto de corromper moralmente; perversão; adulteração; estado do que é corrompido; uso de meios ilícitos para obter algo de alguém; suborno". No caso (o mais recente) que envolve o bandeirinha Cardinal, a troco de 2000€, este foi efectivamente afastado de uma partida de futebol. Ou seja, foram usados meios ilícitos para obter um determinado fim: a ausência de um bandeirinha de um jogo. Mas, aparentemente, isto não é crime em Portugal. Assim, no próximo jogo em que o Pedro Proença for designado para apitar o Benfica, espero que haja um benemérito que deposite 2000€ na conta deste árbitro, apenas e somente com o interesse de evitar que ele corrompa (adultere) o resultado final. Creio que é uma compreensível medida profilática, aliás é tão compreensível que, se se soubesse que bastavam 2000€ para afastar o bandeirinha Cardinal de um jogo, creio que se tinha feito uma vaquinha para ele, no ano passado, não estar no guimarães-Benfica.

Para os senhores que fazem os dicionários, eu proponho as seguintes alterações nas definições de três palavras, para estarmos de acordo com o dinamismo dos conceitos em Portugal:

FUTEBOL: estado do que se vai corrompendo; decomposição; putrefacção; acto de corromper moralmente; perversão; adulteração; estado do que é corrompido; ilícito para obter algo de alguém; suborno".

CORRUPÇÃO: prática de futebol profissional de acordo com as regras.

ADEPTO: o mesmo que assistente de recinto desportivo.


Nota: sou completamente contra qualquer prática que adultere a verdade, quer seja corrupção activa, passiva, tentada, abortada quer seja outra qualquer - prefiro não ganhar o campeonato.
publicado por p às 09:34
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Terça-feira, 17 de Abril de 2012

17/04/82 - 17/04/12 (30 anos de corrupção)

O fim chegará! E nesse dia, "no dia em que as águias levantarem vôo, não vai sobrar um rato para contar como é que foi".

 

publicado por Anátema Device às 21:54
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Quanto vale uma Taça limpa?

Como já venho a dizer há muito, o Benfica é tão grande que alberga, inevitavelmente, alguma porcaria (embriagada por alguma importância que a comunicação social, sedenta de facadas no Benfica, lhes dá). É o preço a pagar por ser o maior clube do Mundo (disse do Mundo? Queria dizer do Universo). Mas não me importava nada de ser ligeiramente menos grande e não passar pela vergonha de ter alguns dromedários que dizem que são do Benfica a assobiar e ofender - durante os jogos - jogadores, treinadores e gente do Benfica, e a achincalhar e menorizar - a fazer o trabalho dos inimigos - títulos ganhos de forma digna e honesta. Porque não são do Benfica, na verdade. São, acima de tudo, do clube do seu ego, uma merda profundamente egoísta que existe nas suas cabeças, e que se coloca à frente do Benfica.

 

Se calhar é melhor explicar isto, o que é bem capaz de constituir uma novidade surpreendente para quem não vê além da merda do seu nariz: eu também quero ganhar o campeonato. E - pasme-se - também acho que não o ganhar (especialmente este ano) é um fracasso (por culpas próprias e por culpas alheias). Mas e então?

Em que raio de mundo retorcido, e de que forma bizarra e canhestra, é que ofender e vilipendiar jogadores, treinadores e direcção durante um jogo, e depois de conquistar uma competição, melhora ou mitiga o que quer que seja, como é que isso beneficia o bem comum - o Benfica, em que medida é que isso se enquadra no espírito do 'de muitos, (faça-se) um'?

Não melhora, não mitiga, não beneficia e, definitivamente (definitivamente, ****-se), não se enquadra. 

 

A Taça da Liga foi ganha de forma limpa, honesta, justa, com trabalho e em futebol jogado, sem fruta, sem depósitos em contas da Madeira, sem conluios, sem aconselhamentos familiares a árbitros. E, quanto mais não fosse, só por causa disso vale mais - muito mais - do que os campeonatos ganhos pelos andrades (ou do que taças ganhas com depósitos), na mentira e na corrupção, de forma suja e hipócrita. Para mim a Taça da Liga vale mais do que esta merda deste campeonato viciado, percebem? Se não perceberem, é para o lado que durmo melhor.

 

E antes que venham para aqui com palhaçadas sobre a liberdade de expressão e o direito à indignação e a merda do sentido crítico e o raio que vos parta, digo-vos já que aquilo que alguns asnos fizeram no Sábado não é exercer o sentido crítico ou o direito à indignação, é maltratar o Benfica. E se não percebem isto, a cegueira torna as palas redundantes.

publicado por Carlos Miguel Silva (Gwaihir) às 14:52
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