VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 31 de Março de 2013

Seis

Mais uma exemplar 'gestão de esforço' da parte do Benfica, em vésperas de uma compromisso europeu: entrar forte, marcar cedo, resolver o jogo e depois, mesmo num ritmo mais pausado, deixar que a qualidade dos seus jogadores acabe por fazer o resultado avolumar-se de forma natural.

 

 

Apesar das muitas dúvidas que foram levantadas durante a semana sobre a condição física de vários jogadores do Benfica, só mesmo o Cardozo é que começou o jogo no banco. Maxi, Melgarejo, Garay e Enzo fizeram parte do onze inicial, que diante de mais de 45.000 benfiquistas se empenhou para resolver o mais cedo possível mais uma etapa no caminho do título. Boa posse de bola, bastante agressividade na recuperação da mesma, com a pressão a ser efectuada em zonas muito altas, e grande dinâmica de jogo. O Rio Ave apareceu a jogar com três centrais, talvez para tentar controlar os dois avançados do Benfica, mas como quer o Lima, quer o Rodrigo não são propriamente jogadores para se fixarem na frente, a estratégia não surtiu grande efeito. Para além disso, isto retirou um jogador da zona do meio campo, o que permitiu maior liberdade ao Matic e ao Enzo, que a exploraram de forma eficaz. O primeiro golo apareceu logo aos onze minutos, com o Melgarejo a fuzilar a baliza após assistência do Gaitán, numa jogada que tirou o melhor partido de uma recuperação de bola numa saída do Rio Ave para o ataque. Foi o primeiro rematar do Benfica à baliza, e para manter a eficácia, aos quinze, o segundo remate deu também golo, desta vez num cabeceamento cruzado do Matic após canto marcado pelo Gaitán. Entre os dois golos, o Rio Ave tinha enviado uma bola ao ferro na marcação de um livre. Ao fim de vinte minutos de jogo, e com dois golos obtidos, o Benfica pareceu abrandar um pouco o ritmo, o que permitiu ao Rio Ave respirar um pouco e levar algum perigo à nossa baliza, quase sempre através de iniciativas do Bebé, que mostrou ser um jogador com uma qualidade bastante acima da média da sua equipa. Mas mesmo a um ritmo convenientemente mais pausado o Benfica nunca deixou de ter o controlo do jogo, e a cinco minutos do intervalo chegou ao terceiro golo numa jogada muito bonita, em que a bola circulou por vários jogadores até chegar ao Enzo que, na direita do ataque, fez um centro perfeito para a finalização do Lima.

 

 

Os três golos de vantagem ao intervalo já ditavam um jogo mais do que decidido, pese embora a vontade e atitude do Rio Ave durante todo o jogo, que nunca deixou de tentar atacar. Mas mesmo sabendo-se que o Benfica logicamente não iria forçar muito o andamento na segunda parte, esta atitude do Rio Ave conjugada com a eficácia que o Benfica mostrou esta noite faziam adivinhar que poderíamos assistir a mais golos. Não foi preciso esperar muito, pois logo nos minutos iniciais do segundo tempo o Lima aproveitou um desarme ao Rodrigo sobre o limite da área para, com um pontapé colocado, fazer o quarto do Benfica e o seu segundo da noite. Mesmo o golo de honra do Rio Ave, obtido praticamente na resposta e quase por acaso (pareceu-me mais um ressalto no jogador do Rio Ave do que um remate intencional), nada alterou o panorama do jogo. O Benfica continuava a controlar o jogo ao ritmo que mais lhe interessava, e o Rio Ave procurava responder, ainda e sempre pelo Bebé. O jogo foi-se tornando ainda mais fácil para o Benfica com as expulsões, por acumulação de amarelos, primeiro do Wires, a meia hora do final, e depois do Edimar, quando ainda havia dezoito minutos para jogar - o árbitro Rui Costa foi demasiado generoso na amostragem de cartões e num jogo que não pareceu ser particularmente violento (a excepção deve ter sido um lance sobre o Salvio na primeira parte, que não teve cartão nenhum) conseguiu mostrar uma dúzia. Estranhamente, a jogar em superioridade numérica o Benfica revelou menos eficácia e falhou oportunidades de golo que poderiam ter contribuído para um resultado ainda mais folgado. Marcámos ainda mais dois golos durante o último quarto de hora, o primeiro pelo Lima, que completou o hat trick aproveitando uma assistência (involuntária, pareceu-me) do Melgarejo, e o segundo a oito minutos do final, pelo Enzo, que com muita calma recolheu uma bola rematada ao poste pelo Ola John (grande jogada individual pela direita), evitou um defesa e fez o golo. A pior mancha no jogo veio mesmo sobre o final, quando o Melgarejo viu o segundo amarelo e foi expulso, o que era perfeitamente evitável.

 

 

O homem do jogo é evidentemente o Lima, graças ao hat trick que apontou. Esteve letal esta noite, aparecendo nos sítios certos para rematar com espontaneidade. Muito boa a exibição do Gaitán, que está a revelar ser o grande 'reforço' da nossa equipa nesta fase decisiva. Gostei muito da exibição do Melgarejo, apenas manchada pela referida expulsão, e para não variar a dupla do meio campo, Enzo e Matic, também esteve muito bem, com cada um dos jogadores a coroar a exibição com um golo.

 

Foram seis golos esta noite, faltam seis finais para que consigamos o grande objectivo da época. O Benfica é neste momento a melhor equipa do campeonato, e estamos a jogar com uma confiança que nos torna ainda mais fortes. Só dependemos de nós próprios, e agora é apenas uma questão de manter a atitude e continuar a fazer o que tão bem tem sido feito até agora.

publicado por D'Arcy às 04:18
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Sexta-feira, 29 de Março de 2013

Prescrever

Prescrever é um verbo muito nosso, usado a preceito e abusado com mais rigor ainda. Prescrever está no ‘antes’ – no tempo do que é de regular, de estabelecer, de preceituar – e também no ‘depois’ – no tempo do que cessou de existir com o decorrer do tempo. Prescrever nunca é do tempo útil do agir.

 

Assim, no Portugal da bola e da Federação e da Liga e da Nau Catrineta e das verdades relativas, tudo se pré-escreve na lei e tudo, na mesma lei, se prescreveu. Só assim se compreende que os dirigentes do Boavista exijam que a mesma justiça que condenou o clube os ressacie agora, porque essa mesma justiça exerceu a atitude muito lusitana do ‘deixar prescrever’ com a mesma competência com que se exerce o ‘deixar andar’. Aliás, de uma deriva a outra e das duas deriva esta podre sensação de impunidade que transforma a justiça desportiva portuguesa numa anedota de prostíbulo rasca.

 

No mesmo âmbito, foi-nos comunicado que a Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga Portuguesa de Futebol Profissional decidiu arquivar um processo a um ex-dirigente do Sporting, por prescrição. Afinal, umas famosas imagens de alguém a depositar dinheiro na conta de um fiscal de linha não existem porque a realidade das mesmas prescreveu, deixou de existir. Da mesma forma, aquela célebre lista com informações pessoais sobre os árbitros, também não deve ter existido, ou, se existiu, deixou de o ser porque prescreveu. Ainda nesta semana, o Sr. Costa recebeu um prémio da Associação de Futebol do Porto. Algures no tempo deve ter prescrito uma realidade chamada Apito Dourado. Porque isto de prescrever acontece sempre em desencontro com o tempo da Justiça é que o Torga dizia que “a História é morosa e nunca chega a tempo. Mesmo quando condena, é sempre fora de horas, depois dos crimes prescritos, numa altura em que já nenhum dos culpados pode cumprir a penitência.”

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 25 de Março e publicado na edição de 29/03/2013 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 11:55
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Quinta-feira, 28 de Março de 2013

Entre a destituição, a dissolução e a insolvência

Há pessoas que nasceram para administrar.

 

Nome Completo: Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho

 

Registo Empresarial:

 

- GLOBAL TRUST - CONTABILIDADE E SERVIÇOS DE GESTÃO, LDA (508039827) - Dissolvida

- BRILHANTE PLATEIA, LDA (509021611) - Constituída em 09/2011 e encerrada em 12/2011.

- POLIBUILD - CONSTRUÇÃO CIVIL, LDA (505441470) - Foi destituído da gerência em 2010/01/18

- SOLUÇÕES ATELIER - CARPINTARIA MECÂNICA E REMODELAÇÕES GLOBAIS, LDA (504821563) - Insolvência

- FULL BALANCE - CLÍNICA DE SAÚDE E BEM ESTAR, LDA (508039819) - Dissolvida administrativamente

- BRUNO CARVALHO II, REVESTIMENTOS, SOLUÇÕES DE INTERIOR E REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS, LDA (508090261) - Dissolvida (não aparece no site das publicações) Coincidência por nome de Liquidatário Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho - Lisboa

- SOCCER FANS - ACADEMIA DE FUTEBOL, UNIPESSOAL, LDA (508904897) - Dissolvida Coincidência por nome de Sócio-Gerente Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho

- SOLUÇÕES ATELIER - SOLUÇÕES DE INTERIOR E REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS, LDA (508837073) - Em funcionamento! Capital Social: 5.000,00 Euros

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no condomínio:

 

publicado por Anátema Device às 18:40
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Sexta-feira, 22 de Março de 2013

A opinião e a realidade

Minutos antes de começar o jogo entre o Bordéus e o Benfica, na SICN, uma dupla de comentadores (Rui Santos e Ribeiro Cristóvão) entretinha-se a imaginar debilidades no plantel do Benfica. Jogar com a dupla de centrais Roderick e Jardel foi o ponto de partida para garantir profecias de desgraça que, mais do que opiniões, pareciam desejos de catástrofe. Um deles, o menos afoito na crítica, ouviu o parceiro de comentários dizer que o jogo que se seguiria confirmaria a sua agoirenta tese. Tudo isto alicerçado num chorrilho de superficialidades e lugares comuns debitados com a presunção e a ousadia da ignorância.

 

No final do jogo, e perante aquele aborrecimento de ver a realidade desmentir a fábula produzida na lucubração do pré-jogo, um deles, o que tem menos tempo de carreira e mais tempo de antena, apressou-se a dizer que, apesar da vitória do Benfica em Bordéus, a sua tese vingaria, sem dúvidas, no próximo jogo contra o Guimarães. E assim, entre a birrinha por ter sido desmentido pela realidade e a certeza de que a sua razão apenas fora adiada uns dias, lá se despediu o mais encarapinhado dos dois comentadores de serviço.

 

Para azar do dito cidadão, coube-lhe ter de comentar em directo a vitória do Benfica, por quatro golos, em Guimarães. Mais uma vez, a realidade ultrapassara o douto vaticínio da criatura. Onde menos de setenta e duas horas antes vaticinara pecados quase via agora virtudes e acabou por desdizer o que dissera como se nunca o tivesse dito. Fê-lo com a mesma convicção, o mesmo sorriso, a mesma ausência de contraditório e com o mesmo respeito pelo código deontológico que, óbvia e semanalmente, exibe.

 

Alheio a estas piruetas, o plantel do nosso Benfica segue em primeiro lugar no campeonato, preparando-se para enfrentar um outro plantel equilibradíssimo e recheado de Olegários, Xistras e Proenças. Atentos, à espera e à espreita, estão os do costume, os que aproveitam o tempo extra do jogo para poderem espetar a faca que vão, semanalmente, afiando, entre sorrisos e desejos mascarados de opiniões.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 18 de Março e publicado na edição de 22/03/2013 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]



publicado por Pedro F. Ferreira às 09:30
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Terça-feira, 19 de Março de 2013

O homem que engoliu uma tia

O isento Luís Freitas Lobo é o "homem para o futebol" da lista de Bruno de Carvalho. Mais um motivo para torcer pelo homem que parece ter engolido uma tia.

publicado por Pedro F. Ferreira às 20:50
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Segunda-feira, 18 de Março de 2013

Vantagem

Está feito. O Benfica não tremeu numa jornada decisiva, goleou em Guimarães, e aproveitou da melhor maneira o deslize do rival mais directo na luta pelo título. Esta época parece que não somos nós quem mais treme nas alturas decisivas.

 

 

O regresso do Garay no onze aumentou muito a minha confiança para o jogo. Com a motivação extra do empate no jogo da Madeira, era uma oportunidade que o Benfica não poderia desperdiçar. O Benfica entrou bem no jogo, mas a primeira parte até foi algo complicada, com o Guimarães a dar boa réplica durante os primeiros minutos de jogo, conseguindo responder às iniciativas do Benfica e mantendo em aberto a expectativa quanto ao resultado. Esta toada de algum equilíbrio manteve-se durante cerca de vinte minutos, mas entretanto viu-se o Jardel falhar um golo de forma algo clamorosa, quando cabeceou ao lado da baliza uma bola cruzada pelo Salvio, e esse lance deu o mote para um período melhor do Benfica. A superioridade do Benfica começou a evidenciar-se, ganhámos a luta do meio campo e tomámos conta do jogo. A proximidade à baliza do Guimarães tornou-se mais constante, e a consequência acabou por ser mesmo o golo do Benfica. Foi na marcação de um penálti, um lance que começou com o Gaitán a marcar rapidamente um livre e a isolar o Lima, que depois sofreu falta de um defesa quando já tinha ultrapassado o guarda-redes. Na altura da marcação o Cardozo, ao contrário do ponta-de-lança do nosso rival, não tremeu, enviou a bola para um lado e o guarda-redes para o outro, e deu-nos a merecida vantagem no marcador, com trinta e sete minutos decorridos. O golo pareceu afectar o Guimarães, o que nos permitiu mantermo-nos por cima no jogo até ao intervalo.

 

 

A superioridade do Benfica manteve-se na reentrada para a segunda parte, e ao fim de um quarto de hora essa superioridade ficou ainda mais definitivamente vincada, pois o Guimarães ficou reduzido a dez devido ao segundo amarelo mostrado ao Kanu, e o Benfica aumentou para dois a zero logo de seguida. Novamente o Gaitán no lance, a fazer o cruzamento da esquerda para uma finalização de classe do Garay, que fez o chapéu ao guarda-redes do Guimarães. Este golo atirou o Guimarães ao tapete, e com meia hora ainda para jogar, era previsível que o Benfica pudesse construir um resultado ainda mais dilatado, o que veio mesmo a acontecer. Apenas por uma vez o Guimarães chegou com perigo à nossa baliza, enquanto que da parte do Benfica os lances de perigo iam-se sucedendo, até que o terceiro golo aconteceu mesmo, aos oitenta e dois minutos, marcado pelo Salvio. O argentino já tinha estado perto do golo antes, e desta vez, isolado, ultrapassou o guarda-redes e marcou sem dificuldade. Para final de festa, o quarto golo na última jogada do encontro, pelo Rodrigo, que aproveitou uma defesa incompleta do guarda-redes do Guimarães após um cruzamento do Maxi.

 

 

Gostei de toda a equipa em geral. Mais uma vez pareceu mostrar uma boa condição física, não se notando consequências do jogo em Bordéus (houve quatro mudanças no onze inicial em relação a esse jogo). Tal como em França, gostei do jogo do Gaitán. Muito activo, esteve nas jogadas dos dois primeiros golos, e são muito boas notícias que ele tenha 'reaparecido' para a fase decisiva da época. O regresso do Garay à defesa foi também muito importante, e foi assinalado com um bom golo. Para mim é o melhor defesa a jogar em Portugal, e um jogador que eu espero sinceramente que consigamos manter no clube.

 

Só dependemos de nós próprios para ser campeões, e depois desta jornada já só há uma equipa que pode afirmar isso. Os quatro pontos de vantagem são uma barreira psicológica importante, porque retirou ao nosso adversário a possibilidade de se refugiar no conforto de saber que nos recebe em sua casa na penúltima jornada. Conforme escrevi no início, até agora nos momentos decisivos foram eles quem tremeu. Com esta pressão adicional, até pode ser que continuem a tremer. Nós só temos que continuar a trabalhar com a mesma concentração e humildade demonstradas até agora. A vantagem, neste momento, é toda nossa.

publicado por D'Arcy às 00:28
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Sexta-feira, 15 de Março de 2013

À nossa maneira

No início do romance “Anna Karénina”, Tolstoi escreveu as famosas palavras “Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”.

 

No nosso caso, conseguimos também ser felizes à nossa maneira. Conseguimos entrar na quarta dezena de jogos da época com apenas dois desaires e, ainda assim, num jogo em que vencemos a contar para uma competição europeia, ouvir umas valentes assobiadelas dedicadas à nossa galharda equipa. É uma particular forma de ser feliz, bastante diferente de todas as outras. Somos muitos e nessa multiplicidade está a força e a fraqueza do Clube, mas somo-lo inteiramente, de forma sentida e genuína. Por vezes, (infelizmente, tantas vezes nas últimas décadas) também somos infelizes à nossa maneira. Por exemplo, onde uns fizeram rebentar petardos debaixo do carro de treinadores, nós mostrámos lenços brancos. Nesses momentos, lembro-me que a mão abana um lenço branco que, por sua vez, já enxugou lágrimas. No caso, como o presente, em que os lenços são substituídos pelos assobios, tenho de fazer um esforço e, perante a minha estupefacção acerca do assobio fora de tempo e modo, tentar lembrar-me de que os lábios que assobiam são os mesmos que gritarão pelo Benfica na próxima ocasião. É a nossa peculiar maneira de ser feliz ou infeliz de acordo com as tais emoções que a razão não compreende. É esta forma genuína de festejar, protestar, louvar e perdoar que acaba por fazer de nós uma família única e irrepetível na linguagem dos nossos sentimentos. É muito assim, a nossa plural linguagem do benfiquismo. É uma linguagem de cântico, esperança, bastante lirismo e, quando é necessário, de luta ou revolta.

 

Por vezes, tem também de ser uma linguagem de perdão e compreensão em nome da união. Seja para perdoar aos adeptos que assobiam fora de tempo, seja para perdoar aos profissionais que voltam as costas e recusam o aplauso aos milhares que os aplaudiram.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 12 de Março e publicado na edição de 15/04/2013 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]



publicado por Pedro F. Ferreira às 14:14
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Classe

Parece que o Bordéus ia em dez vitórias consecutivas em casa, em jogos europeus. É natural; ainda não tinha jogado contra o Benfica. Com concentração, personalidade, empenho e pinceladas de classe, o Benfica conquistou a vitória em Bordéus, deu uma grande alegria à maré vermelha que o apoiou em França, e passou aos quartos-de-final com relativa tranquilidade - mas apesar da passagem na eliminatória nunca ter chegado a estar em causa, o jogo em si foi muito pouco tranquilo.


 

Até nem foram muitas as supostas poupanças neste jogo. Dada a ausência da dupla de centrais titular, a escolha recaiu, sem surpresa, no Jardel e no Roderick. É verdade que o André Almeida jogou no lugar do Maxi, mas tal como já tinha escrito na eliminatória com o Leverkusen, o André Almeida tem sido, na prática, o lateral direito titular na Liga Europa. Na frente de ataque jogou o Rodrigo, apoiado mais de perto pelo Gaitán, com muita liberdade de movimentos. O Bordéus entrou forte, conforme esperado, mas após alguns sobressaltos durante o primeiro quarto de hora, resolvidos pelo Artur, o Benfica conseguiu acalmar o jogo e começar a jogar o seu futebol. Com o Gaitán muito activo, inclusivamente a auxiliar na recuperação da bola, o Benfica começava a dar sinais positivos nas saídas rápidas para o ataque, e a criar situações perigosas também. Na melhor de todas colocou o Salvio isolado, mas o remate foi defendido pelo Carrasso. Só que o guarda-redes francês já não esteve tão bem à meia hora de jogo, quando numa saída disparatada a punhos num canto acabou por permitir ao Jardel um cabeceamento para a baliza vazia, que aumentou a vantagem do Benfica na eliminatória para um nível que parecia ser inalcançável para o Bordéus. Os franceses acusaram o golpe, e foi sem grande dificuldade que o Benfica geriu o jogo até ao intervalo.

 

 

Voltou o Bordéus para a segunda parte com nova alma, correndo muito e tentando obter algum golo que pudesse lançar uma ínfima esperança na discussão da eliminatória. O Benfica nunca passou por grandes apertos, é verdade, mas o jogo não foi propriamente o ideal para fazer grande gestão de esforço. É que o Bordéus, sem nunca ter estado sequer perto de poder evitar a eliminação, e mesmo em momentos em que tudo parecia estar mais do que decidido, numa demonstração de brio nunca virou a cara à luta e os seus jogadores correram até ao último segundo, disputando cada bola. Talvez tenha sido para defender o referido registo vitorioso na Europa, ou para responder às críticas do presidente, o que é certo é que isto obrigou também os nossos jogadores a correr bastante e a esforçarem-se para ganhar este jogo - a parte positiva é que se, supostamente, a equipa do Benfica está em défice físico, então eu não notei nada disso neste jogo. Durante a segunda parte, aliás, apesar do esforço dos jogadores do Bordéus, fiquei sempre com a sensação de que seria muito provável o Benfica voltar a marcar, pois o Bordéus ia descuidando cada vez mais a defesa e sujeitava-se aos nossos contra-ataques. Quando faltavam pouco mais de vinte minutos para o final o Benfica trocou de avançados, e entrou o Cardozo, que acabou por se revelar absolutamente decisivo. O Bordéus, de forma um pouco inesperada, conseguiu chegar ao golo do empate quando ainda faltavam quinze minutos para o final, num lance em que o Diabaté aproveitou um corte defeituoso do Jardel, mas nem teve tempo para festejar, porque no lance seguinte o Gaitán fez uma óptima assistência para o Cardozo, que com toda a calma evitou o defesa e sentou o guarda-redes, para depois voltar a colocar o Benfica em vantagem. A eliminatória estava mais do que resolvida, e o que me interessava agora era mesmo vencer o jogo. Mesmo a finalizar os noventa minutos parecia que não iríamos consegui-lo, porque o Jardel desta vez marcou na baliza errada quando tentava aliviar uma bola defendida pelo Artur para a frente, mas no período de descontos o Cardozo voltou a entrar em cena e aproveitou uma bola longa para, mais uma vez com classe, sentar o defesa e colocar a bola rasteira fora do alcance do guarda-redes.

 

 

Inevitavelmente o Cardozo é o homem do jogo. Jogou apenas vinte e cinco minutos, mas fez dois golos com finalizações de grande classe que nos garantiram a vitória. Gostei bastante do Gaitán, nosso capitão esta noite. Esteve muito activo durante todo o jogo, e ao contrário do que muitas vezes é habitual, trabalhou bastante no auxílio às tarefas defensivas. Fez ainda o passe para o nosso segundo golo - hoje a braçadeira assentou-lhe muito bem. O Matic foi enorme no meio campo, bem ajudado pelo Pérez. O Roderick cumpriu sem comprometer, e até acabou por ser o Jardel a ficar mais directamente ligado aos golos do adversário.

 

Com toda a naturalidade, estamos nos quartos-de-final da Liga Europa. Desde que o Jorge Jesus é treinador, esta fase das competições europeias tem sido o mínimo todas as épocas (quartos-de-final da Liga Europa em 2009/10, meias da mesma competição em 2010/11, quartos da Champions em 2011/12). O campeonato terá que continuar a ser a grande prioridade, mas depois de tantas presenças seguidas nestas fases, não custa muito ambicionar a chegar um pouco mais longe.

publicado por D'Arcy às 00:12
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Segunda-feira, 11 de Março de 2013

Perfeito

Marcar cedo, resolver o jogo, e depois baixar o ritmo e gerir o resultado é o tipo de gestão de esforço ideal, e o que mais me agrada. Foi o que o Benfica conseguiu fazer hoje, num jogo que fica sobretudo marcado pela eficácia da nossa equipa, e também por uma dose de alguma felicidade.

 

 

Apenas uma alteração no onze mais habitual do Benfica, onde o Jardel surgiu no lugar do Luisão. Depois de nos ter trocado as voltas na escolha de campo, o Gil Vicente até entrou bem no jogo, mas da parte do Benfica deu para ver desde o início pouca passividade e mais vontade de pressionar mais alto e jogar a um ritmo bem mais elevado do que aquele que empregámos nos últimos jogos. Foi do Gil Vicente o primeiro remate perigoso, que obrigou o Artur a uma defesa apertada, mas o Benfica chegou ao primeiro golo na resposta a este lance. Depois de um passe fantástico do Pérez a solicitar a entrada do Maxi pela direita, o cruzamento rasteiro do nosso capitão esta noite tabelou num adversário e acabou por trair o guarda-redes do Gil. Marcar cedo (o golo aconteceu aos onze minutos) era importante, mas desta vez não houve um imediato abrandamento da parte do Benfica. Pelo contrário, a seguir ao golo o Benfica continuou a marcar em intervalos de onze minutos, fez mais dois golos e praticamente arrumou de vez com a questão. Primeiro pelo Salvio, aos vinte e dois minutos, numa iniciativa individual em que furou pela direita e rematou de pé esquerdo para o poste mais distante, e depois pelo Melgarejo, aos trinta e três, numa finalização muito boa, em de um ângulo muito apertado conseguiu picar a bola sobre o guarda-redes e o carrinho feito pelo defesa. Com pouco mais de meia hora jogada, o Benfica tinha já resolvido o jogo com bastante tranquilidade e sem necessitar de grandes correrias.

 

 

Para a segunda parte, o Benfica veio naturalmente mais preocupado com a gestão de esforço, e baixou claramente a pressão, mantendo no entanto sempre a intenção de efectuar saídas rápidas para o ataque sempre que conseguia recuperar a bola. As coisas podiam ter ficado um pouco mais animadas logo nos primeiros minutos com um golo do Gil Vicente, mas a sorte bafejou-nos e o bonito remate colocado do Luís Martins levou a bola a embater na trave da baliza quando o Artur já nada podia fazer. Com o jogo a disputar-se num ritmo convenientemente lento, sempre que o Benfica metia um pouco mais de velocidade na saída para o ataque deixava antever que o resultado poderia avolumar-se. O Lima deixou uma primeira ameaça, num remate que passou perto, e depois marcou mesmo, numa finalização fácil após um centro do Ola John vindo da esquerda. O Gil Vicente até tinha entrado na segunda parte com empenho na procura de um golo que permitisse relançar um pouco o jogo, mas este quarto golo do Benfica pareceu matar-lhes de vez o ânimo, e ainda com vinte e cinco minutos por jogar até ao final a única dúvida que restava era saber se o Benfica ainda conseguiria marcar mais golos. Geriu-se mais algum esforço com a troca do Ola John e do Pérez pelo Aimar e o Gaitán, o Lima quase que marcou outra vez, o Cardozo falhou um golo que parecia quase certo, e foi mesmo para fechar da melhor forma que o Benfica fez o quinto. Foi numa jogada em que o Aimar rouba a bola a um adversário ainda no nosso meio campo, leva-a para a frente e solta-a no momento certo para a desmarcação do Salvio na direita, que depois centrou rasteiro para a finalização do Gaitán. Simples, bonito, e eficaz.

 

 

Matic e Garay dois dos melhores. Com o sérvio em campo o Benfica joga vários metros mais adiantada e consegue pressionar o adversário muito mais cedo. E depois tem ainda muita qualidade a distribuir jogo nas saídas para o ataque, ou até mesmo a organizar ele os ataques. O Garay esteve intransponível, como de costume. Gostei também do Pérez, para não variar. O Salvio e o Maxi estiveram bem no lado direito, e o Ola John, apesar de se ter escondido muito do jogo, saiu do campo com duas assistências feitas.

 

Foi uma vitória robusta, moralizadora, obtida de forma simples e aparentemente sem exigir demasiado esforço. O jogo perfeito, portanto.

publicado por D'Arcy às 00:29
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Sexta-feira, 8 de Março de 2013

Brandos costumes

Na semana passada, o autocarro que transportava os profissionais seniores do futebol do Benfica saiu de Braga debaixo do arremesso de calhoada perpetrado por um grupelho de cobardes. Não sei se aquele grupelho é uma cópia dos originais e inspiradores ou se são os originais que se fizeram passar pela cópia. Seja como for, a cobardia não tem rosto nem cor, porque é semelhante em todo o lado. Para reflexão futura fica a informação de que o nosso futebolista Salvio costuma ser convocado para mais de 95% dos jogos do Benfica. Por um mero acaso, não fora convocado para esse jogo com o Braga. Os pedregulhos que entraram pelo autocarro atingiram exactamente o lugar que, nessa viagem, ficara vago pela ausência de Salvio. Entre um golpe de sorte e o lamento de uma morte vai uma distância tão curta como a que vai do crime à impunidade.

 

 ‘Mutatis mutandis’, quase dois meses depois de as imagens televisivas terem mostrado o guarda-redes de hóquei em patins do FCP, Edo Bosch, a agredir um adepto benfiquista, a Federação Portuguesa de Patinagem deliberou um castigo de três (3!) joguitos de suspensão para o guarda-redes. No enquadramento dos regulamentos da dita competição prevê-se um castigo de quatro a seis jogos para as tentativas de agressão e seis a doze jogos para a agressão consumada. O castigo de três jogos deve estar enquadrado naquela parte oculta dos regulamentos que se ocupa das decisões em que subsiste a dúvida se estamos perante uma agressão ou uma tentativa de agressão da Justiça.

 

Num âmbito completamente diferente, os dirigentes do Fafe acusam dirigentes, treinador e adeptos do Boavista de terem agredido, no acesso aos balneários, os atletas do Fafe. Como reacção, o mundo do futebol optou pelo silêncio. O resultado de tudo isto acaba por ser o mesmo e esta indiferença perante o crime amesquinha qualquer possibilidade de esperança futura. Os que dirigem o desporto em Portugal maceram, propositadamente e sem remorsos, os valores que juraram servir.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 04 de Março e publicado na edição de 08/04/2013 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]


publicado por Pedro F. Ferreira às 14:14
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