A narrativa é simples e desconcertante na actuação flibusteira das personagens da trapaça.
O Benfica, essencialmente por razões estratégicas, decidiu, em boa hora, terminar com uma espécie de oligarquia das transmissões televisivas de futebol em Portugal. Os passos foram simples, legítimos e a contento da esmagadora vontade da gigantesca massa adepta do Glorioso: cumpriu integralmente o contrato de cedência dos direitos televisivos da sua equipa sénior de futebol e, findo esse contrato, optou por não renegociar com o monopolizador dos mesmos, optando por transmitir os jogos no seu próprio canal televisivo, a Benfica TV. Conjuntamente com essa decisão, o Benfica adquiriu os direitos de transmissão, em Portugal, do jogos do campeonato inglês. Ou seja, legitimamente, sem atropelar a lei, a ética ou a moral, o Benfica terminou com uma posição de monopólio de uma outra entidade dirigida por Joaquim Oliveira, de quem o seu irmão António (e também seu ex-sócio) garante ser um dos principais manipuladores da grande teia de influências que minam o futebol português.
A resposta veio à sorrelfa e numa espécie de esquema engendrado com base na “chico-espertice” de quem confunde a geometria, confundido a tangente com a secante da circunferência. Ou seja, garantir que as duas principais plataformas de difusão televisiva (Zon e Meo) não poderão apresentar canais com conteúdos que concorram com os do canal do Sr. Oliveira é muito mais do que um mero contorno da lei. É um atropelo dos valores, da moral, da ética e da justiça que estão (ou deveriam estar) subjacentes à elaboração de qualquer lei. É, enfim, um esquema ardiloso que deveria envergonhar os cidadãos e as empresas que o patrocinaram.
Em suma, estamos perante mais uma luta que temos de travar, contra os mesmos de sempre e em nome dos valores que sempre nos nortearam.
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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 25 de Junho, e publicado na edição de 28/06/2013 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Sabemos que, nos dias que correm, é cada vez mais difícil traçar os limites da obra de arte. Aceitamos que um objecto não é uma obra de arte que se esgote em si e que a obra de arte transcende o objecto.
O nosso Pablito entrava em campo e todos éramos colocados diante da promessa do desconhecido, do nunca visto, do imprevisível, do incompreensível para quem espartilha o futebol na mediania do diminutivo, do “certinho”. Nas bancadas competia-nos decifrar e compreender a arte assinada pelo nosso Pablito. Ver Aimar a jogar foi ver a possibilidade de observar como a criação artística ultrapassa o objecto artístico. Para nós, na bancada, a assinatura da “obra de arte” dizia apenas Pablito. Aimar é o nome que fica na história, nos registos escritos. Pablito é o nome dado nas bancadas, nas conversas entre os que, durante cinco anos, tiveram o privilégio de o ver com o “manto sagrado” do Benfica. Aimar é o nome que aparece no placard dos estádios e nas fichas de jogo. Pablito é o nome com que a bancada respondia ao sorriso franco com que concluía a sua participação no jogo. Só quem viu jogar o Pablito pode perceber que, apesar de a bola ser redonda, só alguns a conseguem repetidamente fazer sair redonda dos seus pés. Pablito foi durante cinco anos o maestro com a função de harmonizar o caos. Sucedeu ao nosso Rui Costa, irmanando-se os dois nessa arte suprema que é a de serem individualmente os melhores, exactamente porque eram os que melhor serviam as individualidades que tinham o privilégio de jogar com eles.
Para nós, na bancada, aquele número 10 chamado Pablito foi um dos nossos, um dos benfiquistas. E os nossos ficam sempre connosco.
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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 10 de Junho, e publicado na edição de 14/06/2013 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Pelo que és, pelo que representas, pelo sorriso franco, pela sinceridade, pela paixão com que vives, pelo Benfiquismo, pelas amizades que semeias, por seres exemplo.
Leio na imprensa que o Fenerbahçe está cá para levar o melhor marcador estrangeiro da história do Benfica por 12 M€. Hello?! Oi?! Importam-se de repetir?! 12M€?! Pensei que a cláusula de rescisão fosse 60M€... Ele não renovou o contrato no ano passado...? E não se manteve essa mesma cláusula...? “Ah e tal, já tem 30 anos”, dizem-me. Mau, mas então os turcos querem um jogador por causa da idade ou por valer 25/30 golos por época há seis(!) anos consecutivos?! E esses números e, principalmente, essa consistência valem 12M€?! “Ah e tal, ele é molengão, não corre e não luta”, argumentam. Ok, esses batem-me em experiência e, portanto, nem sequer vou perder tempo a discutir...
Vamos ao cerne da questão: “depois do que fez ao Jesus na final da Taça, há que dar o exemplo e ele não pode continuar no Benfica.”, reivindicam alguns. Sim, o que o Cardozo fez é condenável, não o pode fazer e tem que ser severamente castigado por isso. Mas... ficarmos desfalcados do maior goleador estrangeiro da nossa história, que já está no top 10 dos melhores marcadores de sempre, por uma atitude muito reprovável, certo, mas que reflectiu o que 90% dos benfiquistas quiseram fazer a quente no final do jogo?! Quantos de nós não perderíamos a cabeça daquela maneira ou ainda pior em situação semelhante?! Sim, o Jesus esteve muito mal não só a colocar o André Almeida a defesa-esquerdo (e a não substituí-lo em altura devida), como principalmente a “pensar que 1-0 era suficiente” como disse no final... Portanto, iremos supostamente mandar o Cardozo embora por ter revelado a quente... excesso de benfiquismo! Sim, porque foi isso que ele mostrou: não se limitou a ser um “profissional”, provou que sente a camisola e estava tão frustrado como nós, adeptos. E isso, para mim, é uma enorme atenuante! Juntamente com o facto de ele ter logo pedido desculpa, quer ao treinador quer à equipa, nos balneários.
“Ah e tal, se esta atitude passar em claro, qualquer jogador tem legimitidade para fazer o mesmo”, concluem muitos. Errado! Para começar, o Cardozo não é “qualquer jogador”, é o melhor marcador estrangeiro da história do Benfica. Isso dá-lhe o estatuto de poder fazer o que quiser? Não, mas aumenta-lhe a margem de tolerância. Segundo, não foi no final de um jogo qualquer, foi no culminar de quinze dias de enorme frustração acumulada. Terceiro, e mais importante para mim, com certeza que tem que ser castigado, portanto aplique-se uma severa multa que sirva de sinal para o futuro, mas que não prejudique a equipa: três meses de ordenado! Garanto que, sabendo que ficará com os bolsos vazios durantes três mesitos, qualquer jogador pensaria duas vezes antes de fazer algo semelhante.
Volto ao título do post: “dar o exemplo”?! Poupem-me! Já tivemos que engolir o camisola 25 da era Quique Flores a voltar a vestir o manto sagrado depois do que nos fez enquanto jogador do Varzim. Já tivemos que engolir o Miguel a voltar a vestir a camisola do Benfica no jogo da Unicef depois de ter saído da maneira que saiu. Isso, sim, era ter “dado o exemplo”! Por outro lado, será que o Jorge Jesus “dá o exemplo” na maneira como trata os jogadores? Isto é uma pergunta que não é de retórica, porque não sei mesmo a resposta, mas nos mentideros diz-se que nem sempre serão tratados com o respeito devido...
Enfim, tomemos mas é juízo e não dêmos carta branca a uma pessoa (por mais importante que seja) para fazer o que quiser. Uma valente multa no ordenado do Cardozo, um novo pedido de desculpas públicas no início da nova época numa entrevista à Benfica TV e sigamos para a frente. Certamente que o Tacuara “dará o exemplo” na nova época como melhor sabe: marcando golos como se não houvesse amanhã! É desses “exemplos” que nós queremos.
Umas semanas antes, naquele mesmo pavilhão, os nossos haviam sido insultados por uma turba ululante que distingue o momento da vitória do momento da derrota pela dose de insultos utilizados. Um dia antes, naquele mesmo pavilhão, os nossos viram o rinque invadido por um punhado de criminosos que, impunemente, perseguiram e agrediram benfiquistas que apenas queriam ver uma meia-final europeia entre o Benfica e o Barcelona. Poucas horas antes, os responsáveis do nosso Benfica viram-se obrigados a anunciar medidas drásticas para que nos garantissem coisas tão simples como segurança para os adeptos e atletas benfiquistas. Ou seja, teve de se chegar a medidas extremas para que se conseguisse aquela coisa extraordinária de se cumprir a lei naquele pavilhão. Depois, num ambiente infernalmente hostil, mas com árbitros estrangeiros, jogou-se hóquei em patins de forma honesta, e foi quanto bastou para que, naturalmente, tenha acontecido Benfica. Naquela stickada do Diogo Rafael estava uma vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus de hóquei, frente a um adversário que jogava na sua própria casa. Naquela stickada épica, do meio do rinque, estava uma vitória do Benfica, à Benfica, de forma limpa e inequívoca. Simbolicamente conquistada no mesmo pavilhão em que, no ano passado, a nossa equipa de basquetebol conquistou o campeonato nacional. Naquela stickada estava a percepção de que aquela vitória começara a nascer na vontade indómita de provar que não há que temer tigres de papel. Naquela stickada estava a certeza de que o caminho do Benfica só pode ser este: nunca dobrar nem vergar perante os que fazem do desporto um espaço de violência, ameaças e corrupção. Ou seja, naquela stickada está bem mais do que um merecido e justo título de Campeões Europeus.
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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 04 de Junho, e publicado na edição de 07/06/2013 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Agora que, com a confirmação oficial do Benfica da renovação do seu contrato, chegou ao fim a novela Jorge Jesus, aproveito apenas para dizer que fico satisfeito com esta notícia. Já o escrevi antes: com o Jorge Jesus habituei-me a esperar e exigir que o Benfica ganhe jogos, enquanto que as épocas anteriores tinham feito com que eu me limitasse praticamente ao desejo que o Benfica os ganhasse. É verdade que esta época foi perfeitamente frustrante em termos de títulos conquistados, mas também não deixa de ser verdade que, goste-se ou não dele, a qualidade do nosso futebol teve uma enorme evolução desde que o Jorge Jesus passou a ser o nosso treinador.
Muitos dos que não gostam dele argumentam que, com os meios que foram postos à sua disposição, ele teria obrigação de conquistar mais títulos. Não discordo completamente dessa visão, e eu próprio espero que ele conquiste mais títulos. Mas também foram dadas todas as condições a treinadores como Fernando Santos, Quique Flores ou Ronald Koeman (este até poodia contar com o agora por alguns elevado à condição de supra-sumo do dirigismo desportivo José Veiga), e todos eles falharam rotundamente, com resultados bem mais negativos do que simplesmente morrer na praia. Para mim simplesmente não fazia qualquer sentido recomeçar tudo do zero outra vez, que seria o cenário caso se mudasse de treinador.
Finalmente o título que nos fugia há tanto tempo. Em casa do adversário, num cenário completamente adverso, os nossos hoquistas foram enormes, souberam manter sempre a calma mesmo perante um início de jogo muito complicado, em que o adversário depressa chegou aos dois golos de vantagem, e no final foram recompensados: o Benfica é campeão europeu de hóquei em patins. Foi um grande jogo de hóquei, muito equilibrado e em que a vitória poderia ter caído para qualquer uma das equipas, mas no final o golo de ouro do João Rodrigues fez-nos sorrir com a vitória por 6-5. Parabéns a toda a secção de hóquei em patins do Benfica, que nos últimos anos tanto tem feito renascer a modalidade no clube: depois de um campeonato, uma Taça de Portugal e duas Supertaças, à Taça CERS de há dois anos e à Supertaça Europeia do ano passado juntamos agora o troféu máximo europeu a nível de clubes.
Como nota de rodapé, acrescento que não sei se terá sido apenas coincidência, mas a verdade é que com uma dupla de arbitragem estrangeira assisti ao jogo mais equilbrado disputado no Porto nos últimos anos. E já nem me recordava da última vez que tinha visto o Benfica ganhar lá.
Depois daquilo a que assistimos hoje, em que mais uma vez membros de uma espécie de organização criminosa tiveram rédea livre para intimidar e agredir quem muito bem entenderam, impedindo os nossos adeptos de adquirir bilhetes para assistir ao jogo e perseguindo os poucos que conseguiram entrar, e da organização da prova não ter sido capaz de oferecer qualquer tipo de garantias de que esta situação seria corrigida, a decisão de não deixar a nossa equipa de hóquei comparecer na final da Liga Europeia amanhã parece-me lógica. Tenho pena pelo hóquei do Benfica (seria uma oportunidade para tentarmos conquistar o título que há muito nos foge) e pela modalidade em geral (que continua a ser uma das minhas predilectas), mas tendo em conta aquilo que os nossos atletas têm suportado ao longo de vários anos de deslocações ao Porto, em qualquer modalidade, a verdade é que uma decisão deste tipo já se justificava há muito tempo. E numa final da Liga Europeia de hóquei em patins tem muito mais visibilidade.
Não creio que isto cause qualquer tipo de incómodo ao nosso adversário - um título é um título, e tenho a certeza de que não lhes faz diferença nenhuma ganhá-lo assim - mas julgo que pelo menos isto será um castigo para a própria CERH e a sua total incapacidade de organização. E pode ainda ser uma chamada de atenção para a actuação das forças de segurança do Porto, que parecem sempre ter uma enorme tolerância para este tipo de atitudes por parte dos suspeitos do costume. No pavilhão da Luz toda a gente sabe que o menor incidente resulta numa carga policial a varrer a bancada de uma ponta à outra.
P.S.- Entretanto a situação alterou-se e o Benfica vai mesmo apresentar-se a jogo. Pelos vistos foi necessária esta atitude mais drástica para que as autoridades se mexessem e fizessem alguma coisa. Esperemos agora que tudo possa decorrer com normalidade.
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