VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Terça-feira, 31 de Dezembro de 2013

Nacional

Não tenho muito a dizer sobre este jogo. O fundamental é que conseguimos arrancar uma vitória num terreno difícil, ainda que mais uma vez em serviços mínimos. O jogo foi bastante disputado mas geralmente feio, sem muitas ocasiões de golo ou jogadas de encher o olho, e ficou resolvido com um autogolo, à meia hora de jogo, quando o Mexer desviou para a sua baliza um cruzamento do Gaitán (na minha opinião o nosso melhor jogador esta noite). O Nacional ainda teve, a meio da segunda parte, um período de maior fulgor em que conseguiu carregar mais e tentou chegar ao empate, mas apenas numa ocasião ameaçou seriamente a nossa baliza, tendo acertado no poste. A entrada do Rúben Amorim, a quinze minutos do final, estabilizou a equipa e esfriou os ânimos do Nacional.

 

Dada a forma como a Taça da Liga se disputa, com a vitória desta noite o Benfica deu um passo de gigante para passar às meias-finais e agora só mesmo uma grande surpresa/asneira nos jogos com o Leixões ou o Gil Vicente na Luz é que poderá impedir que isso aconteça.

 

Votos de um bom ano de 2014 para todos.

publicado por D'Arcy às 03:53
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Sábado, 21 de Dezembro de 2013

Vitória

Uma vitória complicada mas sem contestação do Benfica em mais um jogo onde a qualidade do futebol da equipa esteve longe de deslumbrar, particularmente durante os primeiros quarenta e cinco minutos, que deverão ter sido dos mais pobres que já apresentámos esta época.

 

 

A novidade, esperada, foi a titularidade do Oblak na nossa baliza. Também esperado, pelo menos por mim, foi o esquema táctico apresentado pela equipa. Assim que, durante a semana, li que estava previsto o regresso do Enzo para jogar na direita, então já sabia que o resultado disso seria a manutenção da dupla de avançados e do 4-4-2, que o Jorge Jesus irá continuar a manter até ao limite do indefensável. Aparentemente, despovoar o meio campo e entregar sistematicamente o controlo do mesmo ao adversário pode não ser suficiente. Como o raio de acção do Matic quando joga na posição 6 é suficientemente amplo para conseguir por vezes, em conjunto com o Enzo, equilibrar mesmo a desvantagem numérica, agora pelos vistos há também a opção de jogarmos com um jogador mais fixo nessa posição, que fica mais encostado aos centrais e deixa o Matic ainda mais isolado no meio campo. E já que temos pouca gente nessa zona, porque não retirar-lhe ainda quase toda a criatividade, encostando o Enzo a uma ala e mantendo-o quase à margem do jogo? O resultado disto foi o que se viu na primeira parte. Ou melhor, o que não se viu, porque se eu quisesse escrever sobre aquilo que o Benfica produziu durante esse período, então este parágrafo ficaria em branco. É que não se viu mesmo nada. Nem sei se chegámos a fazer um remate, isto contra uma equipa que passou o jogo todo com onze jogadores atrás da bola, a fazer faltas constantes e a mostrar bastante vontade de armar confusão e arrastar os nossos jogadores para quezílias desnecessárias. Sendo o nosso adversário o Setúbal, e o nosso próximo jogo para a Liga contra o Porto, se calhar não foi apenas por acaso.

 

 

Na segunda parte trocámos o Fejsa pelo Sulejmani, o que felizmente permitiu o regresso do Enzo ao centro. Não evoluímos para algo brilhante, mas pelo menos com a dupla Matic/Enzo nas posições onde mais rendem deu para melhorar bastante o nosso futebol, ao ponto de conseguirmos construir jogadas de ataque, levar perigo à baliza adversária e, fundamentalmente, rematar - não sei se me recordo de algum jogo em que o Benfica tivesse demorado cinquenta minutos até fazer o primeiro remate à baliza adversária. Não foi sequer preciso esperar muito para vermos o primeiro golo, porque hoje, e ao contrário do habitual, fomos eficazes: ao segundo remate à baliza, marcámos. Estavam decorridos nove minutos da segunda parte e o Rodrigo deu o melhor seguimento a um cruzamento da direita do Gaitán, com um toque subtil de cabeça que fez a bola entrar junto ao poste. Em desvantagem, à entrada para a última meia hora o Setúbal tentou arriscar um pouco mais e desmontou a estrutura defensiva que tinha apresentado até então. Tentaram subir no terreno e durante alguns minutos até conseguiram pressionar um pouco o Benfica, ainda que nunca tivessem criado uma verdadeira ocasião de perigo. Mas esta situação acabou por durar pouco tempo, porque a vinte minutos do final o Benfica matou o jogo, através de um penálti convertido pelo Lima, a castigar uma mão na área indiscutível. A partir desse momento o Benfica controlou o jogo como quis, baixando consideravelmente o ritmo de jogo e conservando a bola em seu poder a maior parte do tempo, com o apito final a chegar sem grandes sobressaltos.

 

 

Não houve exibições particularmente inspiradas na nossa equipa. O Enzo e o Matic foram, naturalmente, importantes na melhoria verificada na segunda parte. Boa assistência do Gaitán para o primeiro golo, e boa finalização de cabeça do Rodrigo no mesmo (o jogo de cabeça não é propriamente um aspecto que eu lhe considere forte). O Oblak esteve seguro a titular, sem que tivesse sido obrigado a alguma intervenção mais difícil. Não gostei do Fejsa no meio tempo que jogou. Demasiado faltoso e complicativo - às vezes fico com a sensação que tenta fazer o mesmo que o Matic faz quando joga naquela posição, mas não tem capacidade para isso e como tal acaba por borrar a pintura. É melhor para ele quando joga simples. Também não gostei muito do jogo do Garay, que ultimamente tem andado menos seguro do que o habitual. O Lima marcou bem o penálti, e é o elogio que lhe posso fazer.

 

 

Uma vez mais acabamos por ter que nos satisfazer com a vitória e os três pontos. Mas exige-se que se consiga retirar muito mais de um grupo de jogadores com a qualidade do nosso. Por outro lado, posso sempre pensar que uma vez que já chegámos a Dezembro e a equipa parece ter andado pelo menos metade deste tempo a jogar a passo (já perdi a conta aos jogos em que damos uma parte de avanço aos adversários), pode ser que desta vez não chegue ao final da época de rastos.

publicado por D'Arcy às 01:17
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Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2013

António Simões

Nunca vi jogar o Simões. Tenho do Simões uma memória construída no imaginário das mil e uma histórias que dele sempre ouvi contar pela geração dos meus pais, a geração do Simões. Aquela geração dos que, do alto da autoridade dos seus 70 anos, olham para os miúdos de 40 com a incompreensão de quem nos ouve falar do Benfica sem termos visto o Eusébio, o Zé Águas, o Germano ou o Simões. Como é que eu poderei algum dia expressar o quanto devo (devemos) ao Simões, se nunca o vi jogar? Como é que poderei algum dia explicar que o primeiro e mais duradouro imaginário que construí do Benfica é mítico exactamente porque se baseia na narrativa de heróis míticos? Terá o Simões a noção de que ele surgia nas narrativas do cimentar do meu benfiquismo no mesmo patamar em que Gama ou Ulisses surgem como semente de impérios sonhados pelos épicos de outrora? O Simões será sempre o protótipo do pequeno que se fez gigante pela esquerda do campo, pela esquerda da vida, desafiando defesas e ultrapassando adversários no campo com a mesma ousadia com que, fora dele, desafiava as injustiças pela força do verbo e do exemplo. Dizem que está a comemorar 70 anos. No meu imaginário, o Simões já não tem idade, porque a lenda quando escorre para a realidade deixa de ter idade, passa para o patamar da intemporalidade. Sabemo-lo o mais jovem benfiquista a ser sagrado campeão europeu. Já nesses tempos tinha a marca dos heróis, dos que perduram para além da ditadura dos anos.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 17 de Dezembro, para publicação na edição de 20/12/2013 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 09:09
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Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2013

Disparates

Vitória complicada mas preciosa, sobretudo considerando todas as condicionantes que enfrentámos antes deste jogo. Mas a maior parte da culpa pelas dificuldades acrescidas que enfrentámos, podemos assacá-la a nós próprios e aos cada vez mais frequentes disparates cometidos a defender.

 

 

Esperava algumas dificuldades neste jogo. Não tanto pela valia do adversário, que está numa situação difícil na tabela (mesmo considerando o nosso mau historial perante equipas na mesma situação), mas mais pelas várias indisponibilidades na nossa equipa. Para além do treinador continuar suspenso do banco, foram seis os potenciais titulares indisponíveis para este jogo: Cardozo, Salvio, Enzo (estes três são apenas jogadores importantíssimos na nossa equipa), Siqueira, Markovic e Rúben Amorim. Isto não pretende servir de desculpa única para más exibições ou resultados - uma equipa como o Benfica tem que ter um plantel preparado para fazer frente a contrariedades deste calibre, em particular perante adversários como Arouca ou Olhanense - mas por vezes parece-me que a crítica especializada tem a mão demasiado leve para bater no Benfica, ignorando sistematicamente pormenores destes. Se normalmente basta um pequeno pormenor para servir de motivo para regressarmos à dupla Lima/Rodrigo no ataque, então com tanta ausência nem sequer era preciso esperar pela constituição da equipa para saber que isto iria acontecer. 

 

 

A entrada no jogo até me pareceu boa, com a equipa a pressionar bastante e agressiva. O pior foi que, para não variar, da primeira vez que o Olhanense foi à frente, marcou. Com sete minutos decorridos, um passe disparatado do Sílvio entregou a bola a um adversário, e no seguimento da jogada o Artur ainda defendeu o primeiro remate, mas nada podia fazer para evitar a recarga. Não sei se terá sido efeito do mau estado do relvado, mas a verdade é que sobretudo durante a primeira fase do jogo por diversas vezes vi os nossos jogadores fazerem passes disparatados, quer a atacar, quer a defender, e que nos causaram problemas. A equipa reagiu bem ao golo e continuou no mesmo registo de jogo, tendo chegado ao empate dez minutos depois, após um bom trabalho do Gaitán na esquerda, que centrou para um cabeceamento cruzado do Lima (estava em posição irregular) que fez a bola entrar junto ao poste oposto. Continuou o Benfica bastante por cima no jogo e a pressionar em busca da vantagem no marcador - tive sempre a sensação de que a defesa do Olhanense era bastante permeável, e que a pressão continuada do Benfica inevitavelmente acabaria por dar frutos. Mas o Olhanense teve uma eficácia quase total e, quando pouco se esperaria, voltou a colocar-se em vantagem. À passagem da meia hora, num remate desferido de muito, muito longe, a bola entrou mesmo na nossa baliza. É um grande golo, o remate é bom e bem colocado, e a bola ainda bate no chão antes de entrar, mas considerando a distância a que foi desferido, pareceu-me que só acabou por entrar devido à falta de reacção do Artur, que demorou demasiado tempo a lançar-se (a lentidão em chegar aos remates rasteiros é para mim um dos pontos mais fracos dele). O Olhanense ficou motivado e nos minutos seguintes tentou pressionar mais alto e impedir que o Benfica continuasse a dominar o jogo, mas de pouco lhe valeu, já que bastaram apenas seis minutos para que voltássemos a empatar o jogo, num grande remate do Matic de fora da área, que não deu qualquer hipótese de defesa ao guarda-redes.

 

 

Ao intervalo trocámos o Ivan Cavaleiro pelo Sulejmani, que se foi encostar à esquerda e veio o Gaitán para a direita. A troca não podia ter sido mais feliz, já que um minuto após o reinício foi do pé do Sulejmani que surgiu o nosso terceiro golo. A passe do Rodrigo, entrou na área pela esquerda e depois finalizou com um remate cruzado de trivela para o poste mais distante. O Benfica entrou muito forte nesta segunda parte, com o Matic e o Fejsa a aparecerem em terrenos muito adiantados para pressionar a saída de bola do Olhanense, e nesta fase parecia que não teríamos grande dificuldade em voltar a marcar, o que nos deixaria a salvo de mais alguma asneira na defesa e resolveria definitivamente o jogo. Durante quase vinte minutos a presença do Benfica no meio campo contrário foi constante, a bola rondou várias vezes as imediações da baliza adversária, e o Olhanense praticamente não existiu em termos ofensivos, já que se limitava a despejar a bola para a frente e era incapaz de construir qualquer jogada de ataque devido à pressão dos nossos jogadores. Mas depois deu-se o lance da lesão do Artur, que provocou uma interrupção relativamente extensa do jogo, e isto parece quebrar bastante o ritmo da equipa. O Artur teve mesmo que ser substituído (nunca é agradável quando um jogador se lesiona, mas gostei de ver o Oblak estrear-se na nossa baliza em jogos para o campeonato) e depois disso o jogo não voltou a ser o mesmo. Foi quase sempre mal jogado de parte a parte, com o Olhanense nos minutos finais a conseguir subir um pouco mais, fruto da aposta num futebol directo, mas sem conseguir causar qualquer tipo de perigo junto da nossa baliza - as melhores oportunidades ainda assim foram todas nossas.

 

 

Matic e Fejsa foram, para mim, os jogadores de melhor rendimento no Benfica. Na ausência do Enzo o Matic pegou na batuta do meio campo e foi o principal dinamizador da equipa, tendo marcado um grande golo. O Fejsa recuperou inúmeras bolas, mesmo em terrenos mais adiantados do que aqueles que lhe são mais familiares, e até esteve mais activo na própria fase de construção de jogo. O Maxi deu seguimento à subida de forma que pareceu mostrar nos últimos jogos e esteve bem também. E o Sulejmani entrou muito bem no jogo, marcou o golo decisivo e foi dos jogadores mais em jogo durante toda a segunda parte, explorando sempre bem o lado esquerdo. Um bocado surpreendentemente o Ola John voltou a jogar, mas continuou a mostrar uma falta de empenho nas jogadas que não lhe permitem aspirar a mais minutos de jogo.

 

Mais uma vez conseguimos dificultar a nossa tarefa com erros tontos na defesa, e é preocupante que esta época continuemos a cometer estes erros com tanta frequência. Mas pelo menos conseguimos dar a volta às contrariedades e regressar do Algarve com os três pontos. Dadas as condicionantes já referidas, no fim de tudo acabo por me dar por satisfeito com o resultado final.

publicado por D'Arcy às 00:14
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Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013

Virar costas

O nosso Benfica empatou em casa com o Arouca. Perdemos ingloriamente dois pontos, virámos (por agora) as costas ao primeiro lugar e, se não aprendermos com os erros cometidos, poderemos acrescentar outros tantos “perderes” a este perder.

Nós, benfiquistas nas bancadas, começámos a perder quando percebemos (e foi logo nos minutos iniciais) que pagáramos para ver um jogo de futebol e assistiríamos a um anti-jogo de futebol. Aquilo foi um não acabar de simulações de lesões, perdas de tempo absurdas, gente a cair fora do campo e arrastar-se para dentro do campo no intuito de queimar tempo… e o árbitro a promover que aquele triste espectáculo de anti-jogo se transformasse em regra aceite e legitimada. Foi igualmente notório que a sorte nos virava costas nas ocasiões de golo que se não conseguiam concretizar. No entanto, as costas que a sorte nos voltou não são suficientemente largas para arcar com as responsabilidades todas. Também a qualidade e a competência nos viraram costas nos golos sofridos e nos golos esbanjados. Além disso, a atitude que se exige aos nossos profissionais virou-nos costas, quando percebemos que os nossos encararam aquele jogo como um jogo que se “ia resolvendo” em vez de ser um jogo “para resolver”. O treinador, na bancada, teve opções que viraram costas ao senso comum de quem, também na bancada, não percebia as opções tomadas.

Para cúmulo dos cúmulos, no final do jogo, enquanto esperávamos que os futebolistas (como exige a tradição benfiquista) se dirigissem ao centro do relvado para agradecer aos que na bancada sempre os apoiaram, observámos que a nossa equipa nos virava as costas. No final de tudo isto, fica a certeza de que nós, os amadores, não viramos costas à equipa e continuaremos lá, na bancada, a abraçar o Benfica.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 10 de Dezembro, para publicação na edição de 13/12/2013 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]


publicado por Pedro F. Ferreira às 11:36
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Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013

Insuficiente

Exibição agradável, que deu para vencer o PSG mas foi, conforme esperado, insuficiente para garantir a passagem à próxima fase da Champions, já que o resultado do jogo na Grécia não nos serviu.

 

 

Regresso ao 4-3-3, sendo o Rodrigo o avançado preterido. O trio do meio campo foi formado pelo Fejsa, Matic e Enzo, com este último a jogar numa posição mais avançada, muitas vezes em apoio directo ao ponta-de-lança. Na defesa, realce para o regresso do Sílvio à esquerda. Boa entrada do Benfica no jogo, com o Enzo a dar logo o primeiro sinal de perigo num bom remate de fora da área, que obrigou o guarda-redes a uma defesa mais apertada. O PSG tentou fazer o mesmo que tinha feito no jogo em França, procurando manter a posse de bola trocando-a entre os seus jogadores no seu meio campo defensivo, sem grande progressão e tentando manter o ritmo de jogo baixo, mas acabou por ter que abandonar essas intenções devido à pressão que o Benfica procurou fazer logo em zonas mais adiantadas do campo. Só o Benfica parecia ter iniciativa no jogo, e foi por isso natural que as oportunidades acontecessem quase exclusivamente para o nosso lado. Infelizmente a falta de eficácia voltou a ser um problema o que explica que o resultado se fosse mantendo em branco. Houve duas ocasiões em particular que deveriam ter sido mais bem aproveitadas, pelo Gaitán, num remate cruzado, e pelo Matic, num cabeceamento em que ele apareceu completamente livre de marcação no interior da área. Em ambas as ocasiões a bola passou muito perto do alvo. Já é um chavão que quem não marca arrisca-se a sofrer, e mais uma vez isso se verificou. O PSG apenas por uma vez, num remate cruzado do Ménez, tinha dado um verdadeiro sinal de perigo no ataque. Da segunda vez que o fez, conquistou um canto, e na sequência do mesmo mais uma vez a nossa equipa revelou dificuldades em afastar a bola (não percebi bem como, mas pareceu-me que à saída da área o Gaitán e o Markovic desentenderam-se e nenhum deles acabou por atacar a bola) e na insistência da jogada o Cavani marcou à boca da baliza. Faltavam oito minutos para o intervalo, mas este tempo foi suficiente para que o Benfica corrigisse a injustiça no marcador, já quase a terminar a primeira parte, num penálti do Lima a castigar uma falta sobre o Sílvio.

 

 

A entrada do Benfica na segunda parte foi bastante positiva. A equipa surgiu mais adiantada e ainda mais agressiva na pressão sobre o adversário, conseguindo recuperar diversas bolas ainda no meio campo deste. durante este período praticamente só houve Benfica em campo, e o segundo golo surgiu como consequência natural disto mesmo, quando estavam decorridos treze minutos nesta segunda parte. Uma incursão do Maxi pela direita, em que combinou com o Enzo, terminou com um centro rasteiro que foi mal interceptado por um defesa, o que permitiu ao Gaitán aparecer em corrida para finalizar dentro da pequena área. Nos minutos que se seguiram o Benfica continuou a jogar da mesma forma, e parecia possível chegarmos a um terceiro golo, mas mais uma vez o pouco acerto na hora de decidir ou finalizar (com o Lima numa noite particularmente infeliz neste aspecto) foi quem levou a melhor. Depois disso o PSG dispôs de uma oportunidade flagrante para chegar ao empate, nos pés do Lavezzi, e este lance pareceu de alguma forma intimidar o Benfica, que passou a arriscar menos no ataque e optou por jogar de forma mais segura. O resultado disto foi um jogo bem menos interessante e até mesmo mal jogado de parte a parte, com jogadas desgarradas, várias perdas de bola e passes disparatados, e quase nenhumas oportunidades de golo - do PSG não houve uma única, e do Benfica talvez apenas um remate do Ivan Cavaleiro já na fase final do jogo.

 

 

No geral toda a equipa esteve uns furos acima daquilo que mostrou na passada sexta-feira (o que não era nada difícil). Matic em muito bom plano, e o Enzo com o andamento do costume. Não se, a correr aquilo que ele corre em todos os jogos, ele conseguirá aguentar este ritmo durante muitos mais tempo. Mas parece que há mais gente preocupada com a saúde física dele, e portanto ofereceram-lhe um jogo de descanso já no próximo fim-de-semana. Gostei também de ver o regresso do Sílvio, e pareceu-me que o Maxi esteve melhor do que aquilo que tem feito ultimamente. Pela negativa, o Lima, que praticamente apenas esteve bem na marcação do penálti. A confiança com que o marcou pareceu estar completamente ausente em praticamente todas as outras jogadas em que interveio, onde perdeu tempo de remate ou oportunidades de passe por se agarrar demasiado à bola ou dar sempre mais um toque.

 

Fez-se o possível, mas o nosso destino só muito dificilmente seria alterado. O mais normal seria que dez pontos fossem suficientes para nos apurarmos, mas desta vez não foi o caso, o que nos atira para a Liga Europa - e o consequente sobrecarregar do calendário. Pena foi que não tivessem jogado desta forma contra o Arouca. Trocava esta vitória pelos três pontos nesse jogo.

publicado por D'Arcy às 02:52
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Sábado, 7 de Dezembro de 2013

Miserável (II)

Desabafado aquilo que me ia na alma no final do jogo, altura para tentar escrever um pouco sobre o jogo em si - não que haja grandes considerações a tecer. O jogo classifica-se exactamente pelo adjectivo que deu título ao post anterior: miserável.

 

Apenas duas alterações no onze que venceu o Rio Ave: Cortez em vez do André Almeida, e Markovic em vez do castigado Matic. O jogo esperava-se (exigia-se) fácil para o Benfica. O Arouca é uma das piores equipas da nossa liga, e o Benfica entrava em campo supostamente motivado com a ultrapassagem ao Porto. Praticamente na primeira jogada de ataque que fizemos, o golo esteve muito próximo de acontecer, mas o cabeceamento do Lima, em posição privilegiada após cruzamento do Rodrigo, passou ao lado. No pontapé de baliza que se seguiu (estamos a falar de algo que aconteceu aos três minutos de jogo), ficou evidente aquilo que o Arouca vinha fazer à Luz, pois imediatamente o seu guarda-redes tratou de queimar tempo de forma absurda para marcá-lo. Para quem se recordar, este tipo de antijogo total foi exactamente o mesmo que o treinador Pedro Emanuel apresentou o ano passado quando veio à Luz com a Académica, tendo na altura o Benfica ganho com um golo de penálti já a acabar o jogo. O Benfica durante a primeira parte tentou chegar ao golo de forma paciente, jogando pelos flancos e fazendo a bola viajar muitas vezes de um lado ao outro do campo, de forma a desposicionar a muralha defensiva do Arouca, que nada mais fazia do que defender - nove em cada dez passes que tentavam fazer para a frente eram praticamente alívios que saíam directamente para fora. Rematámos algumas vezes, mas com má direcção. Os problemas maiores para o Benfica começaram aos dezoito minutos. Na primeira vez que o Arouca foi ao ataque, o Fejsa cometeu uma falta na zona lateral esquerda da nossa área (depois de, mais uma vez, o Cortez ter sido batido após ter entrado 'à queima' ao adversário). O livre foi marcado pelo David Simão para o interior da área, onde o Artur, preocupadíssimo com a possibilidade da bola acertar no poste mais próximo, conseguiu precaver com sucesso essa situação, cobrindo-o com garbo. Pena foi que para o fazer tivesse deixado o outro lado da baliza completamente aberto, que foi onde a bola entrou sem que ninguém lhe tivesse tocado. Uma espécie de déjà vu do golo do Estoril a época passada, que foi para mim o momento em que perdemos o campeonato. O Benfica acusou o golpe, e o nervosismo pareceu começar a tomar conta da nossa equipa. Ainda assim conseguiu continuar a tentar chegar ao golo de forma razoavelmente organizada. Teve oportunidades para tal, sendo um cabeceamento do Lima para grande defesa do Cássio uma das melhores, mas apenas a cinco minutos do intervalo marcou mesmo, numa finalização fácil do Rodrigo, à boca da baliza, após uma boa incursão do Maxi pela direita concluída com um cruzamento rasteiro.

 

Ao intervalo o Benfica deixou o Cortez no balneário para entrar o Sulejmani, com o Gaitán a fingir de lateral - apesar do péssimo jogo do Cortez, colocar aquele que tem sido um dos nossos maiores desequilibradores e criadores de oportunidades nessas funções se calhar já indicava algum desnorte na cabeça da nossa equipa técnica. A segunda parte deixou-me preocupado logo de início. Isto porque me pareceu que os nossos jogadores acusaram muito cedo demasiada ansiedade - decorridos poucos minutos parecia que já jogavam de forma precipitada, como se faltasse pouco tempo para terminar o jogo. O Arouca encolheu-se ainda mais dentro da sua área e passou a queimar ainda mais tempo, o tempo foi correndo, e a verdade é que apesar da posse de bola esmagadora raramente vimos o guarda-redes adversário ser posto à prova ou mesmo qualquer remate verdadeiramente perigoso da nossa equipa. Depois foi o costume: o Arouca foi à frente, teve oportunidade para despejar a bola para a área em lançamentos laterais longos que não conseguimos afastar eficazmente, e num deles o Luisão tocou a bola de cabeça para trás, permitindo a um adversário um cruzamento acrobático de um poste para o outro, onde apareceu alguém completamente sozinho para marcar. Com pouco mais de quinze minutos para jogar até final, o espectro da derrota era bastante real. Chegámos ao empate através de um penálti convertido pelo Lima, depois de falta sobre o Sulejmani, deixando ainda sete minutos por jogar. E durante este período de tempo tivemos duas grandes oportunidades para vencer o jogo: primeiro num remate do Ivan Cavaleiro ao poste, e depois num cabeceamento do Luisão que, com a baliza escancarada, fez a bola bater no chão e subir demasiado. O ridículo período de compensações dado mostrou ainda que o estratagema de simulação de lesões e abusiva queima de tempo em qualquer oportunidade acaba sempre por compensar.

 

Não houve nenhuma exibição muito meritória no Benfica. O Rodrigo foi dos menos maus, o Enzo dos que mais lutaram, e o Sulejmani agitou um pouco as coisas no ataque. O Fejsa consegue cumprir no apoio à defesa, mas está bastante longe de ser um Matic. O Markovic continua a ser um corpo estranho na equipa encostado a uma ala. O Cortez foi péssimo na parte que jogou. Perdeu várias vezes a bola a atacar por não se libertar rapidamente dela e insistir em iniciativas individuais, e na defesa cometeu erros infantis. Quando eu jogava futebol (e era defesa lateral) uma das coisas que os treinadores mais me martelavam na cabeça era para não ir 'à queima' quando o adversário vinha para cima de mim com a bola controlada. O Cortez fez isso diversas vezes. E em todas elas, sem excepção, foi ultrapassado com facilidade. Custa-me também compreender porque razão foi lançado a titular vindo de uma lesão quando o André Almeida até tinha cumprido em Vila do Conde. Quanto ao Artur, voltou a comprometer. Já disse aqui diversas vezes que não sou fã dele - não tenho qualquer confiança nele. Não vou dizer que é mau guarda-redes, porque isso seria um exagero. É simplesmente um guarda-redes normal, sem grande capacidade para o extraordinário - a melhor defesa do Artur desde que está no Benfica foi feita com o jogo já interrompido. Em dias bons cumpre e não compromete. Em dias maus tem falhas grosseiras que nos custam caro. Resumidamente, na minha opinião é um guarda-redes incapaz de nos valer pontos, mas perfeitamente capaz de no-los custar.

 

Mais uma exibição miserável em casa contra uma equipa fraquíssima, situada no fundo da tabela quando entrou no relvado da Luz, e mais dois pontos deitados fora. Tal e qual como contra o Belenenses, em vésperas de um confronto da Champions. Deve ser apenas coincidência, certamente.

publicado por D'Arcy às 09:04
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Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2013

Miserável

Uma equipa incapaz de vencer um adversário tão miserável (o pior que vi esta época) como o Arouca em casa não pode aspirar a ganhar o que quer que seja. Caros jogadores/técnicos do Benfica: vão todos à merda.

 

 

 

Especialmente tu, Artur.

publicado por D'Arcy às 22:48
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Dos ideais de uns e das ânsias de outros

Rui Moreira – recém-eleito presidente da Câmara da cidade do Porto, portista conhecido por ter fugido de um estúdio de televisão quando confrontado com as escutas do caso de corrupção denominado “Apito Dourado” – afirmou que o FCP espelha o que é a cidade do Porto. Os portuenses não mereciam esta ofensa, na linha da de Mourinho quando designou o Porto como Palermo. São dois equívocos afinal tão próximos e tão míopes. Da miopia de quem confunde o cotão no umbigo com a Torre dos Clérigos.

 

Após mais um insucesso, um grupo de adeptos do FCP recebeu a sua própria equipa (o presidente da mesma seguia prudentemente à parte) com insultos, murros no autocarro, arremesso de tochas e ameaças várias. Esperaria o observador incauto que a ‘estrutura perfeita’ condenasse esses actos, mas, ao invés, arranjou-se um ex-treinador adjunto chamado Rui Quinta para dizer que “um número enorme de treinadores gostariam de estar naquele autocarro a levar com tochas". Sem dúvida, uma declaração edificante. Pelo caminho, puseram o actual treinador a prestar contas dos insucessos perante membros da SAD que gere o Clube e também perante membros de uma… claque. Estas práticas espelham os ideais da ‘estrutura perfeita’ e nunca demasiadamente louvada.

 

Entretanto, o Benfica passou para o primeiro lugar, garantindo às carpideiras que anunciavam a sua morte como um facto consumado que estavam ligeiramente enganadas e histericamente ansiosas.

 

Enfim, como escreveu o semi-heterónimo Bernardo Soares: “Tantos nobres ideais caídos entre o estrume, tantas ânsias verdadeiras extraviadas entre o enxurro!”

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 02 de Dezembro, para publicação na edição de 06/12/2013 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]


publicado por Pedro F. Ferreira às 09:17
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Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2013

Eficácia

Vitória importante, conseguida num jogo que ficou marcado sobretudo pela eficácia no ataque, e em que a nossa boa reacção ao golo sofrido acabou por ser decisiva.

 

 

Regresso aos dois avançados na dupla Lima/Rodrigo. No meio campo o Fejsa jogou à frente dos centrais, com o consequente adiantamento do Matic no terreno. E face aos três laterais esquerdos lesionados, mais uma vez o André Almeida foi pau para toda a obra e ocupou a posição. Pareceu-me que na primeira parte o Benfica tentou regressar ao mais original dos 4-4-2 do Jesus, jogando numa táctica semelhante à da sua primeira época na Luz, com o Enzo a fazer as vezes de Ramires, ou seja, a dividir a sua zona de acção entre o meio e a direita. Sobre a primeira parte, pouco há a dizer. Foi um jogo extremamente repartido e sem muitos motivos de interesse, visto que quase não houve remates a uma ou a outra baliza e as ocasiões de perigo rarearam. Acabou por ser mais feliz o Benfica, que a sete minutos do intervalo se colocou em vantagem no segundo remate que fez durante todo o primeiro tempo (o primeiro tinha sido um do Enzo que passou bem longe do alvo). O golo resultou de uma fuga do Lima pela esquerda, com o guarda-redes adversário a fazer um disparate enorme ao tentar interceptar o cruzamento - julgo que terá tentado agarrar a bola, mas acabou por largá-la, o que deixou ao Rodrigo a simples tarefa de a empurrar para a baliza deserta. Face ao pobre futebol que foi apresentado durante o primeiro tempo (por ambas as equipas), podíamos considerar-nos felizes com a vantagem ao intervalo.

 

 

Para a segunda parte veio um Benfica tacticamente diferente, já que o Rodrigo deixou de jogar como segundo avançado e encostou-se à direita, ficando a outra faixa entregue ao Gaitán e permitindo ao Enzo fixar-se no centro. Mas isto aparentemente não provocou grandes alterações no desenrolar do jogo, já que este mantinha-se teimosamente como na primeira parte, desinteressante e em ritmo lento. Tudo se alterou no entanto quando ainda antes de findo o primeiro quarto de hora o Rio Ave empatou, após um cruzamento largo da esquerda que o André Almeida não conseguiu interceptar da melhor maneira, o que deixou o Ukra solto na zona do segundo poste para controlar a bola e fazer o golo. Ao contrário do que temos visto acontecer frequentemente esta época, o Benfica reagiu bem ao golo, e demorou apenas cinco minutos para voltar a colocar-se em vantagem, num livre directo superiormente marcado pelo Lima, que colocou a bola no ângulo. Poucos minutos após este golo a tarefa ficou ainda mais facilitada, visto que o Rio Ave ficou reduzido a dez por acumulação de amarelos do Wakaso. A partir daqui o Benfica controlou o jogo com enorme facilidade, e mesmo sem muito esforço acabou por chegar ao terceiro golo a dez minutos do final e matou de vez o jogo. Novamente o ressurgido Lima a marcar, desta vez num bom remate rasteiro de primeira, de pé esquerdo, a dar seguimento a um cruzamento do Rodrigo na esquerda - tinha passado para esse lado após a entrada do Markovic para o lugar do Gaitán.

 

 

O homem do jogo é evidentemente o Lima, que em boa hora resolveu reaparecer e acabar com o jejum de golos. Ambos os golos foram muito bons: o livre foi marcado de forma perfeita, e o segundo golo é um remate muito bom e colocado de primeira. Espero que este Lima (o da época passada) tenha regressado para ficar, para que não fiquemos tão dependentes do Cardozo. Gostei também do Rodrigo hoje, pois esteve muito mais activo e até o vi a recuar e a recuperar bolas. Provavelmente o golo na Bélgica terá contribuído para melhorar a sua confiança.

 

Com este importante resultado está consumada a ultrapassagem ao Porto. Mesmo sem jogar nada, com um treinador que já ultrapassou o prazo no clube, com os adeptos pouco motivados pela equipa, com o Salvio, o Cardozo, o Amorim e três defesas esquerdos lesionados, conseguimos entrar no segundo terço do campeonato na frente da tabela, ainda que com companhia. Portanto resta-me ter esperança que com os regressos dos jogadores lesionados e uma inevitável subida da confiança quer da equipa, quer dos adeptos associada à liderança repartida, as coisas só possam melhorar daqui para a frente.

publicado por D'Arcy às 00:16
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