VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2014

Os insubstituíveis

O futebolista Matic deixou o Benfica e foi para o Chelsea receber um ordenado chorudo e fora das possibilidades de qualquer clube português. O Benfica recebeu por esta venda um valor bem significativo, ainda que aquém das expectativas criadas. Objectivamente, no plano desportivo, o Benfica deixou partir um dos seus futebolistas mais importantes. Isto é um problema e, para o ultrapassar, há que arranjar uma solução. Há no Benfica quem já nos tenha dado provas de que as soluções existem e são implementadas. É, também, para encontrar soluções que muitos dos profissionais do futebol do Benfica recebem ordenados chorudos e fora das possibilidades do cidadão comum. As saídas de Witsel e Javi Garcia foram lidas como apocalípticas até que Enzo e… Matic demonstraram ser soluções com claras mais-valias desportivas relativamente aos que haviam saído. O mesmo já acontecera com David Luís e Garay e, anteriormente e com outros contornos, na substituição de Ramires por Sálvio ou, ainda que mais demorada, a de Simão por Di Maria. Em todos estes casos se gritou pelo apocalipse e se carpiram antecipadamente profecias de desgraças futuras. É natural, faz parte de uma ‘voluptas dolendi’, um comprazimento na dor, que enforma e enferma a alma lusitana. Recordo que as deserções de Pacheco e Paulo Sousa também levaram a que se antecipasse o pior, mas que foi sem eles, e também a eles, que ganhámos por 3-6, em Alvalade. Aliás, desde que vi o Dito e o Rui Águas saírem para o FCP e substituídos pelo Ricardo (o melhor central que vi no Benfica, depois do Humberto) e pelo Vata (que acabou como melhor marcador do campeonato), percebi que no futebol só a bola é insubstituível. Haja optimismo nos adeptos e competência nos profissionais para, mais uma vez, se substituir o “insubstituível”.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 27 de Janeiro, para publicação na edição de 31/01/2014 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

 

publicado por Pedro F. Ferreira às 08:49
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Sábado, 25 de Janeiro de 2014

Agradável

O jogo era só para cumprir calendário e pouco interesse competitivo tinha, mas a verdade é que me agradou vê-lo, e só fiquei com pena de que aqueles minutos finais, depois da entrada dos três miúdos da equipa B, não tivessem sido mais. 

 

 

Foi obviamente uma equipa completamente secundária aquela que entrou no relvado do Restelo. Mas isso, e o facto do jogo ser a feijões, não impediu que se apresentasse motivada. A atitude foi excelente do início ao fim, frente a um adversário que, incompreensivelmente, se limitou a defender. Num jogo que nada decidia, não sei o que é que procuravam conseguir com isto. Gostei de ver a equipa alinhar com as linhas muito subidas, em pressão constante sobre o adversário, que conseguiu a proeza de acabar o jogo com zero remates feitos. Não se se alguma vez tinha visto algo assim. Não foram muitas as oportunidades criadas durante a primeira parte (era difícil perante tantos adversários a defender), mas mesmo assim deveríamos ter chegado ao intervalo a vencer, até porque desperdiçámos um penálti (Funes Mori muito mal na marcação). O merecido golo, que acabou por garantir a vitória, acabou por chegar aos cinquenta e seis minutos, numa recarga do Sulejmani a um cabeceamento do Funes Mori, que levou a bola à barra da baliza. O jogo, que foi disputado quase exclusivamente no meio campo do Gil Vicente (devemos ter acabado com mais de 70% de posse de bola), ficou mais animado nos últimos quinze minutos, quando o Benfica fez entrar o Bernardo Silva, o Hélder Costa e o João Cancelo (estreia absoluta para os dois últimos na equipa principal do Benfica, pois o Bernardo já tinha alinhado alguns minutos na Taça de Portugal, contra o Cinfães). O adversário finalmente quis arriscar um bocadinho mais, e com isso deu mais espaços atrás, que a irreverência e vontade dos miúdos em mostrar serviço explorou e poderia ter aproveitado melhor para ampliar o resultado. Isso esteve muito perto de acontecer - qualquer um dos três teve pelo menos uma ocasião para o fazer.

 

 

Tal como no jogo contra o Leixões, para a mesma competição, o Rúben Amorim voltou a destacar-se. Sempre bem nas tarefas defensivas, mostrou depois a sua grande técnica de passe na construção de jogo. Gostei também muito do André Gomes, embora admita ser suspeito nesta apreciação porque é um jogador que eu aprecio bastante, e dos que mais me irrita não ver serem concedidas mais oportunidades na equipa principal. A saída do Matic dá-me alguma esperança que ele possa voltar a jogar mais regularmente, mas é mesmo esperar para ver. O Ivan Cavaleiro também jogou bem, e pareceu-me bastante solto e confiante. Se calhar o facto do jogo não decidir nada permitiu-lhe soltar-se e mostrar diversos pormenores que costumamos vê-lo fazer pela equipa B. Desta vez se calhar até foi excessivamente generoso, procurando sempre servir colegas em melhor posição- em particular o Funes Mori, a quem parecia especialmente apostado em oferecer um golo. Por falar no Funes Mori, confesso que é um jogador que até me custa um pouco criticar. A verdade é que de jogo para jogo reforço a ideia que tenho dele: é tecnicamente limitadíssimo (vulgo: um cepo). Mas tem uma atitude muito boa no jogo, pois nunca vira a cara à luta e trabalha durante os noventa minutos. Marcou o penálti de forma horrível, mas o cabeceamento que fez à barra após o cruzamento do André Almeida, e do qual resultou o nosso golo, foi muito bom. Conforme referi, gostei da entrada dos três miúdos da equipa B. Espero que possamos aproveitá-los - e que eles saibam também aproveitar as oportunidades que lhes forem sendo concedidas. O Bernardo Silva e o Cancelo são nomes que já nos são mais familiares, porque há algum tempo que se vai falando deles, mas o Hélder Costa entrou muito bem no jogo, e tenho gostado bastante do que tenho visto dele na equipa B - ainda nesta última quarta, contra o Penafiel, na fase em que a equipa ficou reduzida a nove acabou a ocupar a posição de lateral-esquerdo e impressionou-me a forma como conseguiu sempre fazer, mesmo no final dos noventa minutos, todo o corredor.

 

 

Mais uma vitória, mais um jogo sem sofrer golos, e fim de um mês de Janeiro perfeito. Ficamos agora à espera de adversário nas meias.

publicado por D'Arcy às 19:33
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Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2014

A encomenda

A “estrutura perfeita” perdeu no Estádio da Luz e viu os cinco pontos de vantagem que lhe garantia loas ao plantel e encómios ao líder da fina ironia transformarem-se em três de atraso para o Benfica.

A “estrutura perfeita” reagiu insurgindo-se contra o árbitro, Artur Soares Dias. O mesmo Soares Dias que herdou o apito e consolidou carreira sempre na sombra da Torre das Antas. Ao culpar o dito Soares Dias, a “estrutura perfeita” limpou a imagem do seu treinador, Paulo Fonseca. O mesmo Paulo Fonseca que herdou o cargo e consolidou a carreira na sombra da última jornada do campeonato transacto. Ao culpar o dito Soares Dias, a “estrutura perfeita” desculpabilizou-se de ter substituído James e Moutinho por Licá e Josué. Mas a “estrutura perfeita” foi mais longe e exigiu a nomeação do amigo Proença para as próximas contendas com o Glorioso. A tradição ainda é o que era e desde Garrido que há sempre um Proença a ser desejado e “nomeado” para participar e contribuir para a festança. Assim, com uma “nomeação” tão atempada como avisada, não admira que a “estrutura perfeita” tenha um treinador a garantir que festejará na última jornada do campeonato. Aliás, diga-se que esse treinador, apesar da curta carreira, já tem alguma experiência em garantir campeonatos na derradeira jornada. E é assim que a “estrutura perfeita” garantia há uns meses que só os estúpidos é que falavam de arbitragem e que agora, falando de arbitragens, não só deixaram de ser estúpidos como encomendam os foguetes para jornada final. Faltou-lhes apenas dizer que a culpa da derrota na Luz se deveu ao facto de terem jogado à tarde, quando a tradição os habituara a jogar no calor da noite. Mas, garantidamente, a “estrutura perfeita” valer-se-á, também, do retomar dessa tradição.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 21 de Janeiro, para publicação na edição de 24/01/2014 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 11:11
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Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014

Tranquila

Uma vitória tranquila do Benfica (por vezes até excessivamente tranquila) permitiu mantermo-nos isolados no topo da classificação. Num jogo disputado grande parte do tempo a um ritmo muito pausado, as coisas ficaram resolvidas na primeira parte, e só faltou que na segunda tivéssemos aproveitado as oportunidades para construir um resultado mais dilatado. Foi a oitava vitória consecutiva, e a décima segunda nos últimos treze jogos (apenas o empate com o Arouca pelo meio estragou esta série).

 

 

Jogámos com apenas uma alteração no onze que venceu o Porto, tendo o Fejsa, como era mais do que previsível, ocupado o lugar que era do Matic. A primeira coisa a saltar à vista desde o início do foi a aparente pouca intensidade metida pelo Benfica no jogo. Continuo a achar que o estado actual do relvado - parece-me demasiado pesado, devido à chuva constante - não ajuda muito a que se disputem os jogos a uma velocidade muito elevada, mas mesmo assim pareceu-me que a 'calma' do Benfica chegou a ser excessiva. Por vezes o jogo parecia ser um jogador com a bola nos pés e os dez colegas parados a olhar para ele, à espera de ver o que é que iria fazer. Houve excepções, como o Gaitán ou o Markovic, que procuravam acelerar assim que a bola lhes chegava aos pés, mas o jogo foi em geral enfadonho. Num jogo que até então praticamente não tinha tido oportunidades de golo, o Benfica inaugurou o marcador numa das primeiras ocasiões que criou, que nasceu precisamente de uma arrancada do Gaitán. O passe a solicitar o Lima foi cortado por um defesa do Marítimo, mas o corte deixou a bola à disposição do Rodrigo, que descaído sobre a esquerda rematou rasteiro, de primeira, para o golo. Depois do golo, obtido aos dezanove minutos, o jogo animou. O Benfica ameaçou o segundo, num cabeceamento do Garay e num centro do Gaitán a que o Rodrigo não chegou por muito pouco, e o Marítimo respondeu com um período de alguns minutos de pressão e cantos consecutivos, que obrigaram o Oblak a algumas defesas mais apertadas. Mas foi quando o Marítimo estava na sua fase melhor que o Benfica chegou ao segundo golo, numa altura em que faltavam dez minutos para o intervalo. Infantilidade do último defesa do Marítimo, que se agarrou à bola sobre a linha do meio campo quando estava pressionado pelo Rodrigo e pelo Markovic, e a bola acabou por sobrar para o primeiro, que correu metade do campo sozinho e finalizou sem problemas - o golo é no entanto precedido de ilegalidade, já que o Rodrigo estava adiantado quando o Markovic desarmou o defesa. O segundo golo acabou com o ímpeto do Marítimo, e o jogo arrastou-se calmamente até ao intervalo.

 

 

As coisas não mudaram muito após o intervalo. O Benfica preocupou-se sobretudo em gerir o resultado e controlar o jogo, o que conseguiu sem muitos sobressaltos. O Marítimo tentou subir no terreno na busca de um golo que relançasse o jogo, mas com isso ficou exposto aos contra-ataques do Benfica. Mesmo sem grandes correrias, o Benfica acabou por ter pelo menos quatro grandes oportunidades, de que me recorde, para ampliar a vantagem, quase todas construídas precisamente em saídas rápidas para o ataque. Uma para o Rodrigo/Markovic, que acabaram por trocar demasiado a bola entre si sem que nenhum deles se decidisse pelo remate na altura ideal. O Lima teve duas, ambas negadas por boas defesas do guarda-redes. Na primeira há mérito no remate espontâneo do Lima, mas na segunda, apesar de ser uma grande defesa, julgo que naquela situação o Lima poderia ter feito melhor, pois estava sozinho em frente ao guarda-redes e tinha tempo para fazer o que quisesse. Finalmente, houve também uma bola na barra, num raro cabeceamento do Enzo. A única resposta do Marítimo foi uma ocasião já a poucos minutos do final, a que o Oblak respondeu com uma defesa apertada que ainda fez a bola embater no poste. Não esqueço também o que me pareceu um penálti evidente sobre o Markovic, que o Hugo Miguel, com toda a sua experiência em não marcar penáltis a favor do Benfica (lembremo-nos do que ele fez em Coimbra há dois anos, em que transformou um penálti sobre o Aimar em falta ofensiva) conseguiu dar amarelo ao nosso jogador. Provavelmente o Markovic deveria era ter-se deixado cair sem que ninguém lhe tocasse, ainda fora da área. Isso parece resultar melhor com o Hugo Miguel (ou isso, ou não equipar de vermelho).

 

 

O Rodrigo tem que ser considerado o homem do jogo. Está definitivamente a atravessar um grande momento de inspiração no que diz respeito aos golos, e a fazer lembrar o jogador que era antes do Bruto Alves o ter ceifado. Se calhar há umas semanas atrás a perspectiva de o vender por uma quantia interessante até não me incomodaria muito. Hoje, e ainda para mais com a indisponibilidade do Cardozo e a franca desinspiração goleadora do Lima, já não me sinto tão tranquilo com essa possibilidade. Para além do Rodrigo, agradaram-me também as exibições do Gaitán, Enzo e Markovic.

 

Completámos hoje uma volta do campeonato sem conhecer a derrota. Falta-nos apenas o encontro do próximo fim-de-semana contra o Gil Vicente, para a Taça da Liga, para fecharmos um mês de Janeiro perfeito, no qual até agora contamos por vitórias todos os jogos disputados, isolámo-nos no primeiro lugar da Liga, apurámo-nos para os quartos-de-final da Taça de Portugal, para as meias-finais da Taça da Liga, e não sofremos um único golo. Nada mau para uma equipa em crise e sob críticas constantes.

publicado por D'Arcy às 01:33
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Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2014

As duas Taças gémeas

Vou repetidamente ao nosso Museu Cosme Damião, ao ninho das águias, para ver aquelas duas Taças dos Clubes Campeões Europeus tão parecidas, tão irmanadas e, no entanto, tão diferentes.

 

Para o observador incauto são as barrigudinhas gémeas, iguais e indistintas. Para o benfiquista são inconfundíveis. Olham para nós de forma idêntica, sorriem-nos ambas como marcos únicos do benfiquismo, mas não são iguais. Na segunda estão já o Eusébio e o Simões. Na primeira estão ainda o Neto e o Santana. Erguem-se ambas em cima de dois colossos europeus, mas uma com tom castelhano e outro catalão. Uma ganhou-se a um húngaro que se confundia com Barcelona e outra a um argentino que se fundiu com Madrid. Em ambas está a liderança do Coluna, a eficácia e elegância do José Águas e a categoria do Germano. Olhamo-las nos olhos e percebemos o testemunho da imagem do Águas a erguê-las aos céus como agradecimento da dádiva feita pelos deuses aos eleitos. Observamo-las atentamente e percepcionamos promessas de lutas, reveses e sucessos futuros. Sabemos que em ambas reside a garantia da renovação do benfiquismo. Carregam nelas a herança de atletas da cepa de Rogério “Pipi”, Francisco Ferreira ou Julinho, na mesma medida em que anunciam glórias como Bento, Humberto, Néné ou Chalana. Como todas as gémeas, falamos delas no plural, mas sabemo-las singulares e únicas.

 

Como tributo ao facto de elas nos terem dado o cognome de “Glorioso” até as denomino com os nomes das duas gémeas mais importantes da minha vida: à de 60-61 chamo Catarina e à de 61-62 chamo Maria.

 

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Artigo de opinião publicado na edição de 17/01/2014 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 16:11
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Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2014

O vazio

Só alguém com a inteligência de jornalista deportivo português é que consegue ver a polémica em declarações em que ela não existe. É tudo o que eu tenho a dizer sobre o vazio que é a não notícia da "revolta" dos jovens benfiquistas.

publicado por p às 19:51
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Resolvido

São jogos com esta qualidade que se calhar (também) ajudam a que a Taça da Liga seja uma competição que desperta pouco interesse. Do jogo desta noite, que não teve grande história, o melhor foram os dois bonitos golos que marcámos e a vitória por dois a zero, que nos garantiu desde já o primeiro lugar no grupo e consequente apuramento para as meias finais da competição.

 

 

O Benfica entrou em campo com uma equipa de segundas escolhas - nenhum dos jogadores do onze que defrontou o Porto foi titular hoje. Seria uma boa oportunidade para que alguns dos jogadores menos utilizados mostrassem serviço. Houve quem aproveitasse, mas houve também quem mostrasse a razão pela qual fica de fora das primeiras escolhas. À parte a curiosidade para ver jogar alguns desses jogadores em acção, o jogo teve pouco interesse. A superioridade do Benfica foi sempre indiscutível, mas o ritmo de jogo foi relativamente lento, e provavelmente o relvado pesado terá também contribuído para isso. A fase inicial de jogo foi particularmente má, com os nossos jogadores a fazerem uma quantidade inusitada de passes disparatados, muitos deles para terra de ninguém. Perto da meia hora aconteceu um dos momentos altos do jogo, que foi o golo do Djuricic. Livre do Rúben na posição central, enviando a bola para perto da linha de fundo onde apareceu o Jardel a cabeçear para trás na direcção do Djuricic, que controlou a bola no peito e rematou para o golo sem a deixar cair. Um pormenor de grande qualidade técnica num jogo pobre nesse particular. A segunda parte, durante a qual entraram Markovic, Lima e Rodrigo, fica apenas assinalada por mais um bonito golo, já quase a fechar o jogo, da autoria do Ivan Cavaleiro. A passe do Rúben (grande pormenor na jogada), tirou um adversário do caminho e fuzilou de pé esquerdo. Finalmente, depois de já ter estado tantas vezes tão perto, o Ivan marcou pela equipa principal. Podíamos ter marcado mais golos, mas tal não aconteceu não por desperdício de ocasiões de golo, mas mais por termos falhado no chamado último passe.

 

 

Para mim o melhor jogador do Benfica foi, de longe, o Rúben Amorim, que teve intervenção directa nos dois golos e foi um dos jogadores que esteve sempre a um ritmo mais elevado. Foi digno da braçadeira de capitão que envergou. Sílvio, Fejsa e Jardel também me pareceram bem, embora o sérvio falhe ou complique demasiado sempre que tenta construir jogo. Por falar em complicação, é talvez um aspecto a corrigir no Ivan Cavaleiro. Gostei do jogo que fez, mas continuo a achar que em várias jogadas peca por se agarrar demasiado à bola e não a soltar no momento certo. Apesar do bonito golo, esperava ver mais do Djuricic neste jogo. Teve um ou outro pormenor de qualidade, mas no geral pareceu-me desmotivado e alheado do jogo - bastou ver a forma como (não) festejou o golo, e calculo que até tenha sido por isso que o Rúben foi falar com ele nesse momento. Outro jogador que parece ter um problema de empenho é o Ola John. Dá pena ver tanto talento desperdiçado por falta de vontade em correr. Pelo contrário, o Funes Mori é um jogador que trabalha bastante e não vira a cara à luta, mas reforcei a opinião de que é tecnicamente limitado. E fiquei surpreendido pela negativa com a exibição do Steven Vitória, porque o que eu vi dele o ano passado no Estoril e até este ano pela equipa B faz-me esperar mais e melhor. O regressado Artur teve uma falha que poderia ter sido comprometedora, mas recompôs-se e esteve bem durante o resto do jogo.

 

Foi bom termos ficado já com o tema do apuramento resolvido. Assim podemos encarar a recepção ao Gil Vicente na última jornada com total tranquilidade, e resta-nos ficar à espera para saber qual a desagradável visita que teremos que fazer no jogo da meia-final.

publicado por D'Arcy às 02:00
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Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2014

Arranque

Apesar do mau historial recente em jogos contra o Porto, creio que todos os benfiquistas tinham hoje uma crença quase absoluta na vitória. Simplesmente não era imaginável outro resultado que não a vitória no clássico. E os nossos jogadores corresponderam a esta expectativa. Não com um jogo rico em pormenores técnicos de qualidade, mas com muita raça, empenho e concentração, oferecendo-nos uma vitória que há demasiado tempo nos fugia, numa tarde que fica marcada pela linda homenagem ao nosso King Eusébio antes do início da partida.

 

 

A grande surpresa para mim foi a manutenção da titularidade do Oblak. Não que não fosse justificada, porque a verdade é que depois de uma série infeliz de jogos consecutivos a sofrer golos, desde que o Oblak assumiu a baliza que nem por uma vez a bola voltou a tocar as nossas redes. Não sei se tem tido muito trabalho ou não, mas o que tem tido, tem-no feito bem. Menos surpreendente foi a manutenção da aposta nos dois avançados que, confesso, não é do meu agrado em jogos contra o Porto. A primeira parte do jogo foi muito pouco interessante no que à qualidade do futebol diz respeito. As equipas acabaram por encaixar uma na outra, houve pouco espaço para jogar e muitos lances divididos, sempre disputados com grande intensidade. Os desequilíbrios e oportunidades de golo foram poucos, e a primeira vez que isso aconteceu resultou no golo do Benfica. Com uma dúzia de minutos decorridos, o Markovic aproveitou um mau passe de um adversário para recuperar a bola perto do círculo central, arrancou por ali fora com a bola controlada deixando adversários para trás, e na altura certa passou a bola para o Rodrigo que, descaído sobre a esquerda, desferiu um remate de primeira imparável para o golo. Ao contrário do que aconteceu com alguma frequência nos jogos mais recentes contra o Porto, desta vez fomos nós a adiantarmo-nos no marcador relativamente cedo, e isso fez muita diferença. O Benfica esta época parece jogar pouco para a nota artística, e em vez disso ter um espírito mais virado para o 'resultadismo'. Se calhar noutras épocas recentes, a seguir ao primeiro golo o Benfica embalaria na busca de um segundo. Desta vez optou por manter uma atitude mais resguardada e sóbria, controlando um Porto que se viu obrigado a ir em busca do golo. E, verdade se diga, fizeram-no exemplarmente. É que o Porto, que durante a primeira parte teve mais posse de bola, não conseguiu construir uma oportunidade de golo - não me recordo de, nas últimas épocas, alguma vez ter visto um Porto tão inofensivo na Luz. A única forma que o Porto tinha de levar a bola para perto da nossa baliza era através de livres, que eram aproveitados para despejar a bola para a área a partir de qualquer posição dentro do nosso meio campo, mas a nossa defesa hoje esteve sempre concentrada, e não foi por aí que criaram qualquer perigo.

 

 

A segunda parte começou praticamente com um livre muito perigoso a favor do Porto, à entrada da área, que acabou com a bola nas mãos do Oblak. O Benfica respondeu com uma ocasião do Markovic, defendida para canto. Na sequência desse canto, houve um penálti flagrante cometido pelo Mangala, por mão na bola, que incompreensivelmente não foi assinalado. A jogada seguiu para novo canto, e na marcação deste, quando ainda se reclamava o penálti não assinalado, surgiu a entrada fulgurante do Garay, que de cabeça fuzilou a baliza do Porto. O golo aconteceu logo aos oito minutos, havendo portanto ainda muito tempo para jogar, mas praticamente dissipou quaisquer dúvidas sobre o vencedor, porque este Porto nunca pareceu mostrar qualquer capacidade para poder anular uma desvantagem de dois golos. O Benfica, com muito empenho e raça de todos os jogadores, continuou a manter o adversário longe da sua baliza, e tal como na primeira parte o Porto foi incapaz de criar uma oportunidade de golo que fosse. O Benfica, pelo contrário, em transições rápidas ia ameaçando dilatar ainda mais a sua vantagem, e dispôs de mais do que uma ocasião para o fazer. A melhor de todas esteve nos pés do Rodrigo, que se isolou e em frente ao Hélton acabou por chutar com o seu pior pé (o direito) por cima da baliza. A um quarto de hora do final o Porto ficou reduzido a dez, e a nossa tarefa ficou ainda mais facilitada. Se calhar o Benfica até poderia ter forçado na procura de mais um golo, mas o jogo já estava ganho e não valia a pena correr riscos desnecessários. Nestes últimos anos já vi o Benfica jogar de forma bem mais vistosa contra o Porto e não ganhar. Prefiro ver-nos jogar de forma mais realista e conseguir o resultado que nos interessa. Após o final do jogo, fiquei infelizmente com a nítida sensação de que o Matic se despediu do público da Luz.

 

 

O maior destaque do jogo de hoje é para a equipa num todo. Tiveram a atitude e concentração certas para vencer um jogo sempre difícil, e que foi de luta intensa. Já há algum tempo que não via o Benfica impor-se ao Porto de forma tão natural. Em termos individuais, é com agrado que vamos assistindo à evolução do Markovic na vertente táctica do seu jogo. Depois, o talento natural dele ajuda a fazer a diferença, o que foi o caso hoje. O Rodrigo está a atravessar um momento bom de forma (ao contrário do Lima, que continua francamente desinspirado). Se calhar, agora que ele parece estar a regressar à forma 'pré-atropelamento pelo Bruto Alves', arriscamo-nos a vê-lo ser vendido. Gostei do Enzo e do Garay, o Maxi continua a subir de forma, e por fim o Matic, naquele que poderá ter sido o seu último jogo na Luz, despediu-se com mais uma boa exibição.

 

Debaixo de constantes críticas da imprensa e dos seus próprios adeptos, a ter que superar a carga psicológica negativa do terrível final da época passada, com diversos jogadores fulcrais indisponíveis por lesão, com o treinador suspenso durante um mês, o Benfica foi a melhor equipa da primeira volta do campeonato, mesmo que outros tenham sido os campeões das loas. Estamos em primeiro com todo o mérito, e apesar das inúmeras contrariedades que nos têm afligido. Espero que a vitória de hoje possa ser o arranque definitivo para a conquista desta Liga.

publicado por D'Arcy às 00:19
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Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2014

O Rei

Os grandes reis ficam na História pelo cognome. No entanto, há um que difere de todos os outros ao ponto de se lhe substituir o nome pelo cognome. Para nós, Rei é Eusébio e Eusébio é um outro nome de Benfica, cujo cognome é Glorioso. É assim que no nosso imaginário o Rei é o Glorioso. É assim que no Benfica se edifica História. Mas este Rei é único, na medida em que não é herdeiro da coroa que ostenta nem deixou herdeiros para a sua coroa. Ele é o Rei único e insubstituível numa corte de vários príncipes e milhões de súbditos. Este Rei não nasceu herói, construiu-se herói ao longo da sua vida e nessa construção ajudou determinantemente o Benfica a transformar-se num Clube de dimensão universal e intemporal. É assim com os que são enormes entre os grandes: edificam-se, edificando um edifício maior do que a dimensão do sonho. Ao vivenciarmos Eusébio deveremos perceber que, muito esporadicamente, a História dá-nos o privilégio de assistir à metamorfose do homem que transcende da sua condição ao ponto de se tornar um mito. Um dia, o homem parte e fica o mito. Quando o que restava de humano partiu no domingo passado, ficou a herança e a responsabilidade dos seus súbditos perceberem que houve uma fase em que Eusébio jogou e ganhou para o Benfica. Fê-lo durante anos, golos, vitórias, lesões e sacrifícios a fio. Agora, é chegada a hora de o Benfica jogar e ganhar pelo Eusébio. Apenas assim os súbditos do Rei continuarão a construir o Glorioso.

 

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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 07 de Janeiro, para publicação na edição de 10/01/2014 do jornal "O Benfica".

 

[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]

publicado por Pedro F. Ferreira às 10:10
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Domingo, 5 de Janeiro de 2014

Eusébio

 

Hoje morreu um pouco do nosso Benfica. Fica a saudade, a gratidão ilimitada e o dever de estar à altura do maior símbolo do nosso Benfica. Tudo o que não foi dito não cabe nas metáforas, fica em nós connosco, na família benfiquista.

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publicado por Pedro F. Ferreira às 11:32
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