No dia 2 de Dezembro de 2004, um conhecido dirigente de um clube estava em terras galegas, no “Parador de Tui”. Nesse mesmo dia, pelas 7 da manhã, a Polícia Judiciária fazia uma busca à casa desse dirigente, para o deter e conduzir ao tribunal. A coincidência da ausência fez com que se abrisse uma investigação. Da investigação, formou-se, por parte dos investigadores, a convicção de que houvera uma fuga de informação, da qual resultou a fuga do referido dirigente para a Galiza. Passados uns meses, a questão das fugas foi arquivada por impossibilidade de provar quem fora o homem que provocara a fuga de informação. Mais tarde, e segundo noticiava o jornal “Expresso”, em Junho de 2007, os inspectores que realizaram a investigação consideravam que "Quanto à(s) pessoa(s) que possam ter perpetrado tal ilícito, deixam-nos tão mais decepcionados quanto o seu universo é o mesmo em que exercemos o nosso ministério, o da realização da Justiça".
No dia 23 de Fevereiro de 2014, um conhecido dirigente de um clube estava à porta da garagem de um estádio a falar para a comunicação social, no intervalo de uma aparente ameaça a um jornalista e da suposta recusa em acatar uma decisão policial (coisas que, a julgar pela falta de repercussão na comunicação social, devem ser banais e costumeiras lá por aquelas bandas). No solilóquio comunicacional a que se propusera, o dito dirigente garantia que “só os ratos é que fogem”. Desta consideração pouco abonatória para com a bicheza vil e roedora depreende-se que este dirigente estaria a ofender de forma incisiva e garantidamente injusta o outro dirigente de quem se diz ter fugido para a Galiza. Ora, em defesa do bom nome do suposto fugitivo de 2004, aguarda-se um pedido de desculpas por parte deste dirigente que agora acusa o outro de ser um rato.
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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 25 de Fevereiro, para publicação na edição de 28/02/2014 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Um Benfica bastante pragmático, como nos tem vindo a habituar esta época, jogou pacientemente com o resultado trazido da primeira mão e acabou por conquistar uma vitória robusta e carimbar a passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa. A expressão da vitória até pode deixar a ideia de algumas facilidades que, na verdade, não foram assim tantas, ainda que a nossa superioridade no jogo tenha sido por demais evidente.
Mais uma vez assistimos a sete mudanças no onze em relação ao que tem sido o habitualmente titular. Destaque para as presenças do Cardozo e do Salvio no onze inicial, algo que já não acontecia há algum tempo. A baliza foi entregue ao Artur, e a defesa foi o sector com menos mexidas, tendo apenas havido uma troca na lateral esquerda, onde jogou o Sílvio. Do meio campo para a frente, para além dos mencionados Cardozo e Salvio, Amorim, André Gomes e Djuricic juntaram-se ao Gaitán. O jogo na primeira parte pouco diferiu daquilo que vimos na primeira mão. Apesar do PAOK estar obrigado a atacar para recuperar da desvantagem, preferiu manter a mesma atitude cautelosa que tinha tido na Grécia. O Benfica limitou-se a ser bastante paciente, jogando com a convicção de que o tempo corria a seu favor e portanto sem ter necessidade de se lançar desenfreadamente ao ataque. O domínio do jogo pertenceu-nos claramente, a bola rondou sempre preferencialmente a área grega, mas o Benfica optou sempre por construir as suas jogadas de ataque de forma paciente, nunca se expondo ao contra-ataque adversário. As ocasiões mais evidentes de golo surgiram quase todas pelo Cardozo: na primeira isolou-se, evitou o guarda-redes, mas perdeu ângulo de remate e acertou na rede lateral; depois num cabeceamento em posição frontal que deveria ter tido melhor destino, após um grande cruzamento do Salvio, e finalmente num livre em que a bola me pareceu ter sofrido um ligeiro desvio, obrigando o guarda-redes a uma enorme defesa. O PAOK foi praticamente inofensivo no ataque, e só assustou numa quase oferta do Artur, que quase deixou a bola escapar para dentro da baliza depois um remate desferido de muito longe por um jogador grego. O nulo ao intervalo era apenas preocupante por nos deixar ao alcance de um qualquer lance fortuito, porque o PAOK não parecia ter capacidade para nos incomodar seriamente.
Tudo na mesma para a segunda parte. O PAOK organizadinho no seu meio campo, e o Benfica a jogar tranquilamente, fazendo a bola viajar pelos pés dos seus jogadores, pacientemente à espera de uma abertura. O jogo só começou a mudar quando ao fim do primeiro quarto de hora o Jorge Jesus mexeu na equipa, isto depois de termos sofrido o segundo susto do jogo, quando após um canto o inevitável Katsouranis surgiu ao primeiro poste a ganhar de cabeça, com um colega a não conseguir a emenda no segundo poste. Retirou do campo os jogadores com menos ritmo, Salvio e Cardozo, e fez entrar o Lima e o Markovic. O Salvio deixou alguns bons pormenores no tempo que jogou, mas o Cardozo foi quem revelou mais falta de ritmo, pois esteve demasiado estático na frente de ataque, sendo presa fácil para os defesas adversários e não abrindo linhas de passe para os colegas. Com a entrada do Lima isto mudou, e o próprio Djuricic subiu de rendimento, aproveitando melhor os espaços que as movimentações do Lima abriam. Apenas nove minutos depois destas substituições aconteceu o momento decisivo do jogo. O André Gomes trabalhou muito bem no meio campo e desmarcou o Lima, que depois foi derrubado sobre a linha da área pelo Katsouranis. Vermelho directo para o Katsouranis (que saiu de campo sob merecidos aplausos), e livre directo apontado de forma exemplar pelo Gaitán. Acho que folha mais seca do que aquela era impossível, e o guarda-redes grego limitou-se a ficar estático enquanto contemplava o arco que a bola fez sobre a barreira até entrar junto à base do poste. Num minuto o PAOK ficava em desvantagem no jogo, reduzido a dez jogadores, e perdia precisamente o seu jogador mais importante, que coordenava toda a manobra defensiva da equipa. O desnorte dos gregos em campo passou a ser evidente, e nove minutos depois já o Benfica vencia por três a zero, depois de marcar dois golos de rajada no espaço de um minuto. Primeiro num penálti convertido pelo Lima, a castigar uma mão dentro da área, e depois foi o Markovic quem aproveitou um corte do Luisão para as costas da defesa grega e fez o golo. E até final até poderiam ter sido mais, porque nessa altura o Benfica já fazia o que queria em campo e o PAOK parecia estar apenas à espera que o jogo terminasse rapidamente (o árbitro fez-lhes a vontade e nem sequer deu quaisquer descontos).
Melhor do Benfica: Gaitán. O jogo acelerava sempre que a bola lhe chegava aos pés, e basta ver o seu toque de bola para se perceber que é um jogador extraordinário. A forma como marcou o livre foi sublime. Os nossos centrais, em particular o Luisão, estiveram impecáveis, e voltei a gostar do jogo do Sílvio. É um lateral agressivo, com grande qualidade técnica, que apoia bem o ataque, joga nos dois flancos e ainda por cima é formado no clube. Sei que não temos opção de compra neste empréstimo, mas gostava que em vez de andarmos para a próxima época outra vez com a rábula do lateral-esquerdo, o comprássemos e arrumássemos de vez com essa questão. O Djuricic fez uma primeira parte bastante má, mas soltou-se na segunda parte e melhorou bastante. A entrada do Lima no jogo foi importantíssima.
Mais um jogo em que seria difícil pedir melhor. Vitória robusta, gestão do plantel feita, e passagem à próxima eliminatória carimbada, onde agora iremos encontrar o Tottenham. Certamente que serão jogos que nos irão obrigar a correr bastante mais. Mas o que interessa agora é mesmo ganhar ao Belenenses.
E do outro lado o menino Eusébio continua a ter o Senhor Coluna a olhar por ele.
Vitória magra mas indiscutível num jogo controlado do princípio ao fim pelo Benfica, ainda que sem grande fulgor e com uma segunda parte jogada a um ritmo por vezes demasiado pausado.
Onze esperado, onde nos lugares dos habituais titulares Maxi, Garay e Gaitán surgiram Sílvio, Jardel e Sulejmani. Entrada a todo o gás do Benfica no jogo, a criar a primeira oportunidade de golo logo na primeira jogada, tendo o Benfica exercido uma pressão quase sufocante durante os primeiros cinco minutos. O azar foi que nessa altura o Jardel e o Enzo chocaram um com o outro, deixando a cabeça do Jardel muito mal tratada. Os longos minutos que o jogo esteve interrompido para prestar atenção ao nosso central fizeram-nos muito mal, e quando o jogo recomeçou parecia outro. A velocidade da nossa equipa caiu muito, e o Guimarães acalmou e começou a conseguir fazer aquilo faz em quase todos os jogos contra nós, que é 'entupir' o nosso futebol, à custa de boa organização, sobrepovoamento do meio campo, mas também de faltas e faltinhas. A excepção durante a primeira parte foi mesmo o Markovic, já que houve alturas em que a nossa equipa quase parecia ele e mais dez. Sempre que a bola lhe chegava aos pés, arrancava imparável por ali fora e oferecia lances de perigo aos colegas, que depois se encarregavam de as desperdiçar, com o Rodrigo em particular destaque nesse aspecto esta noite. O Guimarães pouco fazia no ataque, mas ainda conseguiu obrigar o Oblak a mostrar atenção e qualidade numa grande defesa a um remate cruzado do Maazou. Depois de todas aquelas arrancadas do Markovic desperdiçadas pelos colegas, tinha comentado que o melhor seria mesmo ele pegar na bola e entrar com ela para dentro da baliza, e acabou por ser isso mesmo que ele fez, a cinco minutos do intervalo. O Rodrigo teve a sua melhor intervenção da noite ao fazer um passe para as costas da defesa vitoriana, e depois o talento do Markovic fez o resto: chapéu perfeito ao guarda-redes, para a seguir controlar a bola e levá-la para dentro da baliza, num golo de grande classe. Justiça no resultado, e justiça no marcador do golo, já que ninguém merecia tanto marcá-lo.
A segunda parte foi acima de tudo bastante aborrecida. O Benfica forçou muito pouco no ataque, preferindo controlar o jogo e o adversário, o que acabou por conseguir sem grandes sobressaltos - apenas por uma vez o Vitória ameaçou a nossa baliza, quando o Maazou apareceu bem posicionado para cabecear junto á pequena área, mas felizmente para nós o cabeceamento não lhe saiu bem e o Oblak defendeu facilmente. Do nosso lado, três lances dignos de realce: um remate do Sílvio de fora da área, que obrigou o guarda-redes a defesa apertada; uma oportunidade flagrante do Lima, que depois de isolado evitou o guarda-redes e rematou ao lado da baliza; e uma jogada de envolvimento de todo o ataque que foi concluída com um remate cruzado do Salvio, que merecia uma melhor conclusão. Mas no geral a segunda parte foi jogada a uma velocidade bastante reduzida, com muita disputa de bola a meio campo, muitos passes falhados e futebol de pouca qualidade. Nos minutos finais, após a entrada do Rúben Amorim, deu para notar uma melhoria do nosso futebol, que contribuiu também para que os minutos finais tivessem sido passados com relativa tranquilidade apesar da magra vantagem no marcador.
O homem do jogo é obviamente o Markovic. Apesar de ter brilhado menos na segunda parte aquilo que fez na primeira, em que parecia quase imparável, foi mais do que suficiente para merecer o destaque. E, claro, foi o autor do golo que decidiu o jogo, numa jogada em que deixou bem vincada a sua qualidade técnica. Para além do Markovic, gostei dos dois laterais (sobretudo do Sílvio) e do Fejsa. Bem o Oblak, a fazer aquilo que se espera de um guarda-redes do Benfica: pouco trabalho, mas sempre atento e a aparecer com segurança nas alturas em que foi chamado. Pela negativa, os dois avançados, que foram perdulários e pouco combativos, e o Sulejmani, que pareceu começar o jogo já cansado.
Tínhamos quatro pontos de avanço no início da jornada, temos agora cinco 'e meio', reforçando a posição invejável de sermos a única equipa dependente apenas de si própria. Para largarmos o primeiro lugar, teremos agora que perder dois jogos, o que não será fácil de acontecer se nos mantivermos concentrados e humildes. E sobretudo, que não percamos o rumo: a conquista do campeonato é (tem sempre que ser) o principal objectivo.
A Justiça (que não desportiva) condenou os futebolistas Hulk, Sapunaru, Cristian Rodriguez, Helton e Fucile por agressão a ‘stewards’, no túnel do Estádio da Luz, no dia 8 de Dezembro de 2009. A condenação surge em Fevereiro de 2014. Pelo caminho ficou o interessante acórdão em que se equiparou os ‘stewards’ a espectadores e ficou o papel desempenhado por um conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça nesse acórdão que ditou a redução dos castigos a Hulk e Sapunaru Este tipo de elaboração diz-nos mais sobre o papel desempenhado por certos juízes no mundo do futebol do que sobre o papel dos ‘stewards’. Olhemos para o papel que desempenhou um conhecido juiz, que foi presidente do Conselho de Arbitragem da Liga, aquando das alegadas conversas com o famigerado árbitro Carlos Calheiros. Edificante foi também o papel de um outro conhecido juiz a pedir, segundo decorre das escutas do caso “Apito Dourado”, dois bilhetes para um jogo internacional do seu clube (alegadamente é Dragão de Ouro). Num outro âmbito, mas igualmente interessante e importante, foi o papel do Juiz António Mortágua no mundo da justiça desportiva portuguesa. Oiça-se, a este respeito, as escutas decorrentes do “Processo Apito Dourado”. Olhando para os protagonistas percebemos as decisões tomadas pelo mundo da Justiça Desportiva. Como manda a Lei e a Ordem, acatámos essas decisões como legítimas e expectáveis. Quatro anos depois da Justiça Desportiva ter deliberado como deliberou relativamente ao caso das agressões no túnel da Luz, a Justiça (que não desportiva) deliberou de forma bastante diferente. É o mesmo Portugal, todos são igualmente juízes e todos eles são julgados pela opinião pública quando julgam.
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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 18 de Fevereiro, para publicação na edição de 21/02/2014 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Creio que gostei de tudo o que se passou no jogo esta noite. A começar pelo resultado, claro. Mas também das escolhas do treinador, fazendo uma verdadeira rotatividade do plantel e, mais importante para mim, demonstrando pelo menos hoje por actos a afirmação de que a prioridade é a Liga. Gostei da resposta que as 'segundas escolhas' deram neste jogo. Gostei ainda de ver o regresso do Salvio. Mas acima de tudo, gostei da grande demonstração de personalidade e maturidade que a equipa deu, conseguindo ignorar completamente e, imperturbável, até silenciar o suposto ambiente difícil que os gregos iriam criar.
Apenas quatro jogadores daquele que será nesta altura o onze-tipo do Benfica foram titulares esta noite: Maxi, Luisão, Enzo e Lima. De resto, tudo novidades. Algumas esperadas, como o Jardel ou o Sulejmani, outras bem mais surpreendentes, como o Djuricic, o Artur ou o André Gomes a fechar o lado direito do meio campo. Na lateral esquerda surgiu o Sílvio, e o Rúben deu seguimento à boa exibição em Paços mantendo a titularidade ao lado do Enzo no meio campo. Cedo se percebeu que o jogo não seria dos mais emocionantes de assistir. O PAOK, apesar de jogar em casa, revelou muito respeito pelo Benfica, e optou por uma estratégia de juntar linhas dentro do seu meio campo, oferecer a iniciativa de jogo ao Benfica, e depois pressionar bastante já no último terço do campo para recuperar a bola e sair rápido para o contra-ataque. Mas o Benfica vinha com um plano de jogo pensado, e não se afastou dele, não caindo na tentação de aproveitar o domínio territorial que lhe era oferecido para se lançar desenfreadamente ao ataque. A equipa soube ser paciente e jogou com muita calma e personalidade, sabendo que o tempo jogava a nosso favor. O resultado prático disto foi mesmo um jogo extremamente disputado na zona do meio campo (quase sempre já dentro do meio campo grego), com as duas equipas a anularem-se mutuamente e onde as oportunidades de golo foram praticamente inexistentes. Os (poucos) desequilíbrios foram causados pelas subidas dos laterais de ambas equipas, em especial do Sílvio pela parte que nos tocou, mas poucas jogadas foram dignas de realce.
E a segunda parte foi mais do mesmo. O PAOK recusava-se a abandonar a estratégia mais cautelosa, e o Benfica também não tinha vontade nenhuma de arriscar lançar-se no ataque. Houve finalmente uma jogada de perigo logo no reinício, quando perdemos uma bola numa saída para o ataque e o remate dos gregos passou muito perto do poste, mas depressa tudo voltou à estaca zero. Parecia ser muito pouco provável que o jogo acabasse com outro resultado que não o nulo no marcador, mas quando estava a terminar o primeiro quarto de hora o Benfica chegou ao golo. O Enzo fez um passe picado para o interior da área, onde o Djuricic tentou receber de peito mas acabou por deixar a bola à disposição de um remate de primeira do Lima, que deixou o guarda-redes sem reacção. Diga-se que o Lima estava em posição claramente irregular no lance, e é-me difícil perceber como é que o auxiliar validou o golo. Foi um erro grosseiro. Como este golo dava cabo da estratégia do PAOK, era de prever que os gregos finalmente arriscassem sair um pouco mais do seu meio campo. Quase a seguir ao golo o nosso treinador antecipou isso mesmo e resolveu fechar os caminhos para a baliza, trocando o Enzo pelo Fejsa. Foi uma boa alteração: o Fejsa entrou bem no jogo e um dos nossos jogadores mais importantes foi poupado a meia hora de esforço. À medida que o jogo ia caminhando para o final o PAOK foi de facto mais atrevido, em especial depois da entrada do Stoch (não percebo porque razão começou no banco), mas o Benfica controlou sempre o jogo com imensa calma. Houve alturas em que conseguimos manter a posse de bola de forma a roçar o brilhante, fazendo-a circular pelo campo quase todo enquanto os gregos andavam a correr atrás dela sem a conseguir sequer cheirar. O empate nunca esteve sequer perto de acontecer, e a única oportunidade de golo que houve foi para o Benfica, num remate do Markovic. Para uma alegria extra, foi possível ver o regresso do Salvio para jogar os últimos quinze minutos.
Em mais um jogo em que o principal destaque foi a equipa num todo (isto começa a tornar-se cada vez mais comum, felizmente), digo que gostei do jogo do Sílvio e da nossa dupla de centrais. O Lima também esteve bem, tal como o Sulejmani ou o Rúben. Quem terá estado mais discreto foi o André Gomes, mas é compreensível que revelasse alguma dificuldade nas funções que teve que assumir.
Tínhamos à nossa espera um inferno, onde a equipa da casa ainda não tinha perdido uma única vez esta época. Chegámos lá, fizemos o nosso jogo de forma personalizada e imperturbável, silenciámos o suposto inferno e saímos de lá com a vitória (com um golo ilegal é certo, mas esta noite nunca perderíamos este jogo). E isto descansando meia equipa habitualmente titular. A eliminatória está ainda longe de estar resolvida, mas ficou muito bem encaminhada.
Não foi possível ter grande nota artística, mas a equipa soube vestir o fato de trabalho e vencer um jogo complicado e importante em Paços de Ferreira. Para além da vitória, o pormenor que mais me agradou no jogo de hoje foi verificar a imensa onde vermelha que encheu o estádio, e que fez com que o Benfica jogasse praticamente em casa.
Onze sem surpresas, tendo como única alteração forçada a presença do Rúben Amorim no lugar do Enzo. Não consigo escrever muita coisa sobre a nossa primeira parte. Acima de tudo, foi fraca. Tivemos sempre superioridade no jogo, mas a qualidade do nosso futebol deixou sempre algo a desejar, e as oportunidades de golo foram poucas. Apesar da bola passar a maior parte do tempo nos pés dos nossos jogadores, fomos incapazes de transformar essa posse de bola e domínio territorial em situações de perigo, pois jogámos em velocidade algo reduzida - e o próprio estado do relvado não ajudava nada a que se conseguisse jogar em velocidade ou com muita qualidade. Mas também, por outro lado o Paços de Ferreira foi praticamente inofensivo durante este período, não provocando qualquer tipo de ameaça à nossa baliza. O interesse deles era simplesmente arrastar o nulo o máximo de tempo possível, e a julgar por aquilo a que íamos assistindo, não era de todo improvável que o conseguissem fazer por noventa minutos. De qualquer forma, era escusada a ajudinha extra, já que o Boaventura deveria ter visto o segundo amarelo mesmo a fechar a primeira parte (acabou por ser o Siqueira a ver o amarelo, por tê-lo pedido para o adversário). Toda a primeira parte fez lembrar um pouco aquilo que já tínhamos feito na primeira parte em Barcelos, com as consequências finais que sabemos.
Entrámos melhor para a segunda parte, pelo menos a pressionar bastante o adversário e a conseguir sair com mais velocidade para o ataque. E não foi necessário esperar muito para que o golo chegasse. Marcámos um conto na direita do ataque de forma rápida (ainda nem os centrais tinham subido até à área) e depois da bola ter viajado para trás um pouco, o Rúben fugiu pela direita e arrancou um grande cruzamento para a entrada vitoriosa do Garay, que entretanto tinha subido tarde até à área e apareceu junto da pequena área livre de marcação para cabecear. Sinceramente, após marcarmos o golo, e mesmo tendo em conta o quão perigoso o resultado de 1-0 é, fiquei convencido que a vitória estava assegurada. Não só pela incapacidade para criar perigo que o Paços mostrou durante todo o jogo, mas também porque neste momento eu acho que a nossa equipa está bastante eficaz a manter os adversários longe da nossa baliza (um golo sofrido nos últimos onze jogos atesta bem esse facto). E mais garantida ficou ainda a nossa vitória quando, aos sessenta e oito minutos, o Markovic fez o segundo golo. Numa saída rápida para o ataque o sérvio arrancou com a bola controlada na velocidade que lhe é tão característica, deixou os adversários para trás, e quando se calhar se esperaria um centro para o Rodrigo optou pelo remate directo à baliza, fazendo a bola entrar junto ao poste mais próximo. Depois do segundo golo, o Benfica geriu o jogo sem qualquer problema, sendo mais previsível um terceiro golo nosso do que qualquer golo do Paços que relançasse o jogo.
Num jogo de muito trabalho e pouca arte, não me pareceu que houvessem exibições de grande brilho. O Rúben Amorim voltou a cumprir na perfeição o que lhe foi pedido, como acontece sempre que é chamado à titularidade, e foi um dos melhores. O Garay revelou a segurança habitual e marcou o importantíssimo primeiro golo, com o seu parceiro do centro da defesa a exibir-se também de forma muito segura. O Lima continua a conseguir irritar-me.
Todas as vitórias são importantes, e esta não foge à regra. Era fundamental aproveitar o momento positivo e manter a vantagem confortável no topo da tabela. E é também importante que mesmo quando não é possível resolver os jogos com a superior capacidade técnica da nossa equipa, ela consiga arregaçar as mangas e ir à luta pela vitória. A parte desagradável deste jogo foi que dois dos nossos jogadores, Maxi e Gaitán, viram o quinto amarelo e agora ficarão de fora na recepção ao Guimarães.
Este não é um post sobre o Benfica. Espera aí... estou redondamente enganado! CLARO que é um post sobre o Benfica! O Grande Toni fez história ao conquistar a Taça do Irão pelo Tractor, a primeira da história do clube. Que teve ainda mais mérito por ser conseguida em casa do adversário. Este troféu não vai para o Museu Cosme Damião, não entra no palmarés oficial do Benfica, mas não tenho a menor dúvida que entra no palmarés afectivo dos benfiquistas. Porque uma pessoa como o Toni merece tudo! E quando o Toni do Benfica ganha um troféu, todos nós também celebramos.
MUITOS PARABÉNS, MISTER!
Foi com surpresa que observei que os opinadores profissionais que pululam pelos órgãos de comunicação a perorar sobre futebol são todos, mas mesmo todos, especialistas em tudo. Já os vira exercer a especialidade de limpadores solícitos da corrupção e abrilhantadores de corruptores. Por vezes, aquando da apresentação dos relatórios e contas dos clubes, mostram-se especialistas em finanças, gestão, contabilidade e administração de sociedades desportivas e conhecimento empírico de gestão de mercearias de bairro. Durante os períodos de aquecimento das equipas, é ouvi-los como sumidades em fisiologia do treino desportivo e da pedagogia do desporto, enquanto momento de exercitação da especulação jornalística. Aquando das lesões de atletas, são sempre os mais habilitados a diagnosticar problemas, sugerir terapias e garantir a incompetência dos departamentos médicos dos clubes. Nesta semana que passou, vimo-los exercer a ‘supinidade’ excelsa de demonstrarem ao comum mortal a sua sapiência em estruturas metálicas e coberturas de bancadas de estádios. Eles demonstraram que tudo sabem sobre corrosão galvânica, corrosão uniforme, corrosão atmosférica, reacções electroquimícas (anódica e catódica) e tensões residuais. Teorizaram com autoridade académica sobre porcas, arruelas, rebites e parafusos. Eles, do alto da sua infalibilidade de especialistas em generalidades banais, chegam a passar atestados de incompetência aos aventureiros que sendo especialistas em segurança e protecção civil vêm para a televisão falar de… segurança e protecção civil. Eles só não sabem como e quando usar o verbo “evacuar”, o que fez com que evacuassem imbecilidades sempre que falaram da evacuação e segurança do Estádio da Luz.
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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 11 de Fevereiro, para publicação na edição de 14/02/2014 do jornal "O Benfica".
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