Mais uma vitória importantíssima, e mais um passo dado em direcção ao título. O jogo não foi dos mais conseguidos na vertente artística, tendo o Benfica talvez abusado um pouco na gestão do esforço, mas o que interessava mais hoje era mesmo o resultado, e por isso podemos considerar que a missão foi cumprida a contento.
Regresso dos titulares que tinham ficado de fora no último jogo, sendo a única alteração no onze habitualmente titular a presença do Sílvio na direita de defesa em vez do Maxi. Desde o apito inicial que deu para perceber que não iríamos ter vida fácil, porque o Braga entrou a pressionar de forma bastante agressiva e com a equipa a jogar muito compacta e subida no campo. Mas durante os primeiros minutos o Benfica conseguiu sair dessa pressão e através de movimentações rápidas na frente criar algumas situações de perigo. O primeiro aviso foi dado pelo Gaitán, que depois de se desmarcar e ultrapassar o guarda-redes rematou com o pior pé à rede lateral. O mesmo Gaitán voltou a ter uma boa ocasião, na qual finalizou mal, e pouco depois, aos treze minutos de jogo, o Benfica colocou-se em vantagem. Arrancada do Rodrigo pela esquerda, a percorrer todo o meio campo do Braga, e depois, já junto da linha de fundo, deixou o marcador directo para trás com uma finta e centrou rasteiro para a finalização do Lima, que se tinha desmarcado bem entre os defesas contrários. Novamente a dupla de avançados a fazer estragos. Colocarmo-nos em vantagem cedo era o melhor que poderíamos fazer para simplificar a tarefa, mas a seguir ao golo o Benfica baixou demasiado o ritmo. Nem sequer posso considerar que o que fizemos foi gestão do jogo ou do resultado, porque isso já o vi ser feito pela nossa equipa com resultados magros. Hoje não procurámos guardar a bola do adversário, mas sim tentar impedir que o adversário pudesse criar ocasiões de perigo. E não conseguimos no entanto criar ocasiões para chegar a um segundo golo que nos desse mais tranquilidade, pois revelámos dificuldades em libertarmo-nos da pressão do Braga de forma eficiente, que nos permitisse as habituais transições rápidas para o ataque - neste aspecto notou-se o jogo menos feliz do Enzo hoje. Verdade seja dita que fomos relativamente eficazes na tarefa de manter a nossa baliza longe de perigo, já que apenas na sequência de um canto o Braga ameaçou seriamente marcar - mas em mais de uma ocasião foi necessário que o nosso último defesa fizesse um corte no limite para evitar males maiores.
A segunda parte foi mais animada, tendo no início ficado com a impressão de que o Benfica iria tentar procurar o segundo golo. Durante os primeiros minutos atacámos mais e levámos perigo à baliza do Braga, mas depois o Braga respondeu com um cruzamento perigoso, ao qual o seu jogador não soube dar o melhor seguimento (falhou a primeira emenda, e depois tentou uma finalização de calcanhar) e o Benfica pareceu retrair-se. E portanto, durante um longo período da segunda parte voltámos a assistir ao mesmo cenário da primeira parte, em que o Benfica não geria coisa nenhuma e apenas se limitava a tentar defender bem e evitar que o Braga conseguisse causar perigo. Mas embora tenhamos sido eficazes nisto, já que o Oblak praticamente não teve trabalho nem foi obrigado a qualquer intervenção mais complicada, durante todo este tempo permaneceu sempre a tensão de sabermos que a vantagem era magra, e que um golo fortuito pode acontecer a qualquer altura. A meio do segundo tempo entrou o Rúben Amorim, mas tacticamente não mudámos a nossa forma de jogar, já que foi uma troca directa com o Enzo. A equipa ganhou alguma solidez com esta troca, já que como disse antes o Enzo hoje não esteve nos seus melhores dias. Mas apenas nos últimos dez minutos é que o Benfica voltou a aparecer novamente com mais insistência no ataque, talvez aproveitando alguma fadiga do adversário, que já concedia mais espaço para sairmos para o ataque - a forma como correram e tentaram pressionar durante quase todo o jogo já devia fazer-se sentir nas pernas por essa altura. Já no período de descontos assisti ao evento raríssimo de ver o Pedro Proença assinalar um penálti a favor do Benfica (juro que não me lembro da última vez que tal aconteceu, se é que alguma vez tinha acontecido). Incompreensivelmente, estando o Lima em campo, foi o Rodrigo quem tentou converter, e falhou. Não sei qual foi o motivo para a escolha - talvez recompensá-lo por ter sido dos melhores - mas o Lima ultimamente tem sido irrepreensível na marcação de penáltis, e além disso com o golo poderia aproximar-se mais do topo da tabela dos melhores marcadores, com a motivação extra que isso poderia representar. É certo que o jogo estava quase no final, mas dada a importância do mesmo não me pareceu correcto facilitar assim.
Não fosse o penálti falhado e talvez escolhesse o Rodrigo como o melhor jogador do Benfica esta tarde. Está muito confiante, a jogada do golo é muito boa, e de cada vez que consegue arrancar com a bola controlada ficamos à espera que saia dali perigo. A defesa no geral esteve bem, e o Gaitán foi outro dos mais activos no ataque.
Ficam agora a faltar oito pontos para garantir o título, o que significa que, com três jogos por disputar em casa, bastará vencê-los para resolver o assunto. Quanto mais cedo conseguirmos resolver isto, melhor, porque então poderíamos inverter a programação e passar a fazer a gestão de esforço no campeonato, para nos concentrarmos nos restantes objectivos que ainda podem ser conquistados. Do jogo de hoje trazemos uma vitória importantíssima e difícil, e a certeza de que estamos cada vez mais próximos do merecidíssimo título de campeão.
Quando, após aquele final de época 2012/13 em que do tudo nos restou o nada, a Direcção do Benfica renovou com Jorge Jesus, eles, os especialistas, garantiram que se acabara de perder o actual campeonato. Nós, que vivemos o benfiquismo, não acreditámos. O mesmo aconteceu quando Cardozo ficou no plantel e tantos peroravam como isso seria fatal para a época corrente. Com a derrota na primeira jornada, acentuou-se a ladainha do apocalipse. À terceira jornada e com apenas uma vitória, eles, os especialistas, já nos tinham feito a extrema-unção e encomendado a alma. Quando estivemos a cinco pontos do primeiro lugar (à época ocupado pelo FCP da estrutura perfeita) aconselharam-nos a começar a preparar a nova época. Os empates caseiros com Arouca e Belenenses fizeram com que os especialistas garantissem a infalibilidade das suas teses. A suspensão de Jorge Jesus por um mês deu aos especialistas permanentes e aos abutres de ocasião a oportunidade para fazer sangue, acertar contas antigas com o treinador e garantir a falência desportiva da época. Mais tarde, foi a lesão de Cardozo a dar-lhes o alento para agoirarem (vindo dos especialistas, até os agoiros são científicos) a época. Atendendo a que a realidade sempre se encarregou de desmentir os seus desejos disfarçados de opiniões, esperaram pela saída de Matic para garantir que isso é que faria com que deixássemos de contar para a vitória no campeonato. Sempre que eles, os especialistas, garantiram que tínhamos o campeonato perdido, nós, os que vivemos o benfiquismo, não acreditámos e continuámos, com os nossos, a lutar. Agora, porque faltam seis jornadas e temos sete pontos de avanço para o segundo classificado e doze para o terceiro (o FCP da estrutura perfeita), eles, os especialistas, querem convencer-nos de que temos o campeonato ganho. E nós, os que vivemos o benfiquismo, continuamos a não acreditar neles, pois sabemos que em Portugal só há um clube que ganha de véspera e nós, Benfica, não ganhamos nem perdemos de véspera. Lutamos sempre para construir permanentemente um destino que não nos dá tréguas.
_____
Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 24 de Março, para publicação na edição de 28/03/2014 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Jogo pouco inspirado do Benfica, particularmente durante os primeiros minutos, e que foi justamente penalizado por uma derrota pela margem mínima, devido a um golo sofrido ainda muito cedo - precisamente na pior fase do Benfica no jogo.
A coerência com o discurso de termos como principal aposta vencer o campeonato manteve-se: deixámos seis titulares de fora para este jogo. Mantiveram-se o Maxi, Luisão, Garay, Fejsa e Rodrigo, completando o onze o Artur, Sílvio, Sulejmani, Salvio, Rúben Amorim e Cardozo. Não fiquei nada surpreendido com esta opção: esperava-a e, mais do que isso, desejava-a. A entrada do Benfica no jogo foi má (toda a primeira parte foi bastante fraca, aliás) e a do Porto foi forte. Foi recompensada muito cedo, logo aos seis minutos, num golo de cabeça do Jackson após a marcação de um canto, em que se antecipou ao Garay. O Benfica foi quase inofensivo no ataque, porque raramente conseguia sair de forma rápida e organizada. O Porto teve muito mais posse de bola, mas nunca chegámos a assistir a qualquer massacre à baliza do Artur - foram muito poucos os remates feitos, e as oportunidades de golo ainda menos. Mas as poucas que aconteceram, quase todas para o Porto, foram perigosas. A maior de todas deixou o Varela cara a cara com o Artur, num lance em que não percebo como é que o Fernando não viu um vermelho directo pela entrada horrível que teve sobre o Fejsa (foi de tal forma que provavelmente por vergonha a SportTV não mostrou mais do que uma repetição sorrateira). O Artur correspondeu com uma defesa miraculosa com a ponta da bota. As respostas do Benfica foram muito tímidas, e apenas me lembro de um mau cabeceamento do Rodrigo (nem acertou com a cabeça na bola, mas sim com o ombro) quando estava em posição para fazer melhor, e uma bola solta na área que o Maxi rematou contra os defesas do Porto.
A segunda parte foi mais equilibrada. O Benfica não pareceu particularmente incomodado com a desvantagem, e preocupou-se mais em controlar o ritmo do jogo. Prova disto o facto de apenas a quinze minutos do final o Porto ter feito o primeiro remate da segunda parte, pelo Herrera (remate perigoso, diga-se). As substituições feitas (entradas de Gaitán, Lima e Markovic, já na fase final do jogo) fizeram com que o Benfica se atrevesse um pouco mais no ataque, mas o jogo continuou a ser de muito poucas oportunidades de golo, ainda que a bola aparecesse mais vezes junto de uma e outra baliza. O Benfica criou apenas uma grande ocasião para marcar, através de um pontapé de canto no qual o Rúben Amorim apareceu solto na área a rematar, mas o Fabiano correspondeu com uma grande defesa. Houve ainda mais um cruzamento perigoso, que o Fabiano afastou e depois o Markovic não conseguiu fazer o chapéu de primeira, passando a bola perto do alvo. Mas a melhor ocasião foi mesmo do Porto, num remate do Jackson ao poste, com a sorte da bola depois ressaltar para o alívio do Luisão e não de outro jogador do Porto que estava em boa posição. Para além disso, já muito perto do final, o Porto libertou dois jogadores nas costas da nossa defesa mas depois o passe final do Quintero não saiu.
Não houve destaques esta noite, num jogo cinzento da nossa equipa. Mas houve decepções. Eu gosto do Cardozo e por isso custa-me escrever isto, mas neste momento jogar com ele na equipa é jogar com dez. Não creio que consiga fazer uma contribuição positiva que seja. Chega atrasado a todos os lances, perde todas as bolas divididas, e às vezes parece totalmente alheado do jogo. Jogo muito fraco também do Sulejmani, particularmente pelo elevado número de vezes que conseguiu perder a bola devido a agarrar-se demasiado a ela. O Salvio também continua muito longe da melhor forma, e o Maxi não me dá segurança a defender.
A opção pelo campeonato foi bastante clara neste jogo, e sobre isso não tenho nada a criticar. Se vencermos em Braga no domingo, considerarei esta semana positiva. Acho no entanto que, mesmo tendo em conta a rotatividade, poderíamos ter feito um pouco melhor, sobretudo no ataque - marcar um golo teria sido muito importante. Quanto à Taça de Portugal, a desvantagem de um golo está muito longe de ser irrecuperável. A jogar na Luz, e com uma equipa mais completa, não tenho dúvidas de que o Benfica tem capacidade mais do que suficiente para dar a volta ao resultado e conquistar o direito a regressar ao Jamor. Mas isso é coisa para pensarmos na altura, e nem vou preocupar-me demasiado a digerir este resultado - e não, isto não é abdicar da Taça de Portugal, que também desejo, e muito, vencer; é racionalizar e lembrar-me que isto é uma eliminatória a duas mãos, que temos a segunda mão em nossa casa e que a desvantagem é mínima. Mas a prioridade tem mesmo que ser vencer em Braga.
Jorge Jesus, eu vou dizer isto muito devagarinho para ver se o senhor percebe de vez: N.Ã.O S.E O.F.E.R.E.C.E B.A.L.Õ.E.S D.E O.X.I.G.É.N.I.O À.S F.O.R.Ç.A.S D.O M.A.L!!! Eu já sei que isto é só a 1ª parte da eliminatória, ainda temos o jogo da 2ª mão, nada está perdido, o campeonato é que é o mais importante (e é) etc. e tal, MAS, e este MAS é muito relevante, quis o destino que tivéssemos que defrontar o CRAC para as duas taças: E NÃO SE OFERECEM VITÓRIAS AO CRAC NEM NO TORNEIO DO BERLINDE!!! Derrotá-los nestas duas taças significa deixá-los a zeros no que toca a títulos e não se pode perder uma oportunidade destas! (Escuso de lhe recordar as humilhações a quem fomos sujeitos, com o senhor a treinador, em mais do que um jogo contra eles nos últimos quatro anos, não escuso? Não acha que já está mais que na altura de pagar isso com juros?!)
"Rodar a equipa"? Tudo muito certo, mas jogar com nove durante 77' (neste momento, o Cardozo e o Salvio não contam para o Totobola) e ainda por cima tirar o nosso melhor jogador (Rodrigo) aos 67' é... como dizer... estúpido! Perante um CRAC muito fraco (mas que mesmo assim poderia ter marcado mais golos, dado que a nossa defesa fartou-se de dar abébias), é INCONCEBÍVEL que tenhamos perdido o jogo da maneira que perdemos. Colocámos em risco a qualificação para a final da Taça de Portugal (a propósito, os jogos consecutivos a marcar e tal é muito bonito, mas já não ganhamos uma dobradinha há 26 anos...!) por única e exclusiva culpa nossa. Ou melhor, sua!
Ah, e por último, já que iremos ter que ir ao antro (pelo menos) mais duas vezes até final da época, se calhar já estava mais que na altura de não entrarmos em campo com medo do adversário (aliás, se me permite a pergunta: medo, porquê?!), pode ser? É que aquela 1ª parte, perante um adversário que está a 12 pontos de nós no campeonato, foi confrangedora...
No próximo domingo, em Braga, teremos que estar ao nosso melhor nível e ser simplesmente perfeitos, já que iremos defrontar o adversário mais difícil da época. Estava guardadinho para a fase mais decisiva.
Três golos, outras tantas bolas nos ferros, jogadas de alta qualidade estética e oportunidades mais do que suficientes para construir um resultado ainda mais folgado. O Benfica fez com que este jogo de fim de tarde contra a Académica acabasse por parecer ser pouco mais do que um mero passeio.
Uma única alteração no onze habitual do Benfica, apresentando o Sílvio na lateral direita em vez do Maxi Pereira. Nem sequer foi uma entrada das mais fortes do Benfica no jogo, mas a exemplo do que tem acontecido na maior parte dos jogos em casa esta época, chegámos ao golo bastante cedo - praticamente na primeira verdadeira ocasião de perigo que criámos. Foi aos onze minutos, numa jogada entre o Rodrigo e o Lima. O Rodrigo atirou ao poste, e depois o Lima conseguiu meter o pé e desviar para a baliza a tentativa de alívio do defesa da Académica. A partir deste momento tudo se tornou ainda mais fácil para o Benfica, que nunca deu sequer a impressão de ter realmente carregado a fundo no acelerador. Mesmo com a Académica a nunca abandonar o esquema cauteloso de duas linhas de defesa bem juntas, o talento e concentração dos nossos jogadores e uma ideia muito definida de jogo chegaram e sobraram. Antes de cumprida a meia hora de jogo (e com um penálti por assinalar a nosso favor pelo meio) o Benfica duplicou a vantagem, numa jogada de equipa muito bonita. Numa ocasião em que a Académica procurou pressionar alto, já bem junto à nossa área, os nossos jogadores nunca perderam a calma e libertaram-se da pressão fazendo a bola circular de pé para pé entre os seus jogadores, viajar da esquerda até à direita, onde o Sílvio avançou com ela no terreno, desmarcou o Markovic, e dos pés do sérvio saiu um cruzamento rasteiro para a zona do segundo poste, onde o Lima finalizou com facilidade. Continuou o Benfica a dominar completamente o jogo com enorme facilidade, e foi uma pena que mesmo em cima do intervalo não tivesse chegado ao terceiro golo em mais uma jogada fantástica de toda a equipa, que incluiu três passes de calcanhar, e que deixou o Siqueira em frente ao guarda-redes. Infelizmente o remate dele foi defendido - teria sido perfeito se tivesse tocado a bola para o lado, onde tinha o Gaitán completamente sozinho.
O domínio absoluto e tranquilo do Benfica no jogo continuou na segunda parte. E com a ameaça constante de voltar a marcar. O Benfica nem sequer precisava de carregar muito, simplesmente conseguia manter a bola em seu poder com relativa facilidade, e depois aproveitava as movimentações dos seus jogadores para ir explorando os espaços concedidos para se aproximar da baliza adversária. O terceiro golo chegou quando se finalizava o primeiro quarto de hora: bola recuperada pelo Enzo a meio do meio campo adversário, tabela com o Rodrigo, e finalização à saída do guarda-redes, já em desequilíbrio após ter sido empurrado pelo adversário (era lance para penálti). Logo a seguir, o Rodrigo ficou muito perto de fazer o golo que bem merecia, mas o remate, já de ângulo apertado depois de ultrapassar o guarda-redes, bateu no poste. A seguir foi o Fejsa quem ficou perto do golo. O resultado prometia não ficar por ali, mas com uma vantagem tão confortável no marcador o Benfica relaxou mesmo, e depois das saídas do Gaitán, Rodrigo e Enzo (por troca com o Salvio, Cardozo e Amorim), a velocidade ficou mais reduzida e o jogo perdeu bastante interesse. Deu até para a Académica, quando faltavam pouco mais de vinte minutos para o final, criar a primeira ocasião de perigo no jogo, num cabeceamento que passou bem perto do poste da nossa baliza. Um livre que também passou perto do poste, pouco tempo depois, completou a produção ofensiva da Académica durante todo o jogo, isto numa altura em que o Benfica já permitia à Académica ter um pouco mais a bola e até jogar no nosso meio campo. Mas mesmo assim foi o Benfica quem voltou a estar perto de aumentar a vantagem, e por duas vezes, já muito perto do apito final. Na primeira o Salvio voltou a enviar a bola aos ferros da baliza da Académica, e na segundo o Lima falhou o hat trick, permitindo a defesa ao guarda-redes - poderia ter tocado para o lado, onde tinha o Cardozo completamente sozinho.
Toda a equipa esteve num bom nível e bastante homogénea. O Lima merece o natural destaque pelos dois golos marcados, mas hoje também pareceu mais solto e confiante. O golo de bola corrida marcado ao Nacional deve ter-lhe feito bem. O Rodrigo voltou a ser preponderante na manobra ofensiva da equipa, e bem merecia ter saído do campo com um golo. Depois de um par de jogos mais discretos, o Enzo voltou a subir de nível, a dupla de centrais exibiu a categoria habitual e o Fejsa ajudou a voltar a fechar os caminhos para a nossa baliza. O Sílvio exibiu a competência do costume (sinceramente, acho que me sinto mais seguro com ele a jogar do que com o Maxi).
Jornada positiva porque mantivemos a vantagem sobre o segundo classificado, e agora falta menos um jogo para o final. Positivo também o facto de termos 'descomplicado' o jogo bastante cedo, o que nos permitiu fazer uma boa gestão de esforço antes de uma sequência de jogos importantes e potencialmente complicados que se avizinham - fiquei com a sensação de que a equipa não teve mesmo que se esforçar muito, e que chegou ao final do jogo bastante fresca. Muito se vai jogar nos jogos que se seguem. Confio que a nossa equipa consiga manter o nível que tem exibido ultimamente, e que apoiada pela nossa incomparável massa associativa (49.320 espectadores hoje) consiga aproximar-se ainda mais dos seus objectivos.
Um empate a dois golos com o Tottenham confirmou um apuramento para os quartos-de-final da Liga Europa que já tinha ficado praticamente assegurado na primeira mão. Mas a exibição do Benfica hoje, sobretudo na parte final do jogo, foi no mínimo sofrível, e causou-nos alguma ansiedade que era perfeitamente dispensável, tendo mesmo chegado a colocar a eliminatória em risco.
O Benfica entrou em campo com a defesa habitual, mas daí para a frente mudou tudo. Nada de surpreendente, tendo em conta a gestão que tem sido feita na Liga Europa e o resultado trazido da primeira mão. Amorim e André Gomes no meio campo, Salvio e Sulejmani nas alas, Djuricic e Cardozo na frente. Entrámos no jogo como esperava, num ritmo pausado e a a tentar controlar a posse de bola. O Tottenham era quem precisava de assumir a iniciativa, mas também não parecia disposto a arriscar demasiado. Mas foi ainda assim a equipa mais objectiva na procura da baliza adversária, tendo conseguido construir duas boas situações de golo, ambas desperdiçadas pelo Soldado. O Benfica jogou quase sempre a uma velocidade bastante calma, sem fazer aquelas saídas rápidas para o ataque que nos são características - a presença do Cardozo (na forma em que se encontra) na frente fez muita diferença em relação ao que temos visto ultimamente. Também me pareceu que explorámos pouco os cruzamentos para a área, tendo em conta os problemas que o Tottenham tinha no centro da defesa, vendo-se mesmo obrigado a jogar com uma adaptação (Sandro). O jogo foi portanto bastante desinteressante na maior parte do tempo, e quando o Benfica chegou ao golo, praticamente na única oportunidade digna desse nome que criou, ainda mais desinteressante ficou, porque o Tottenham pareceu acusar o golpe e perdeu a pouca iniciativa que tinha mostrado até então. O golo surgiu aos trinta e quatro minutos, numa entrada do Salvio pela direita que terminou com um cruzamento muito bem medido para a o cabeceamento fulgurante do Garay. Depois disso, nada mais de realce aconteceu até ao intervalo.
A segunda parte foi ainda mais morna. Para o Benfica, naturalmente, com a vantagem que tinha no marcador e na eliminatória, o que lhe interessava era mesmo deixar correr o relógio e aguardar pelo final do jogo. O Tottenham arriscava ainda menos do que na primeira parte, parecendo ter receio de ser surpreendido por algum contra-ataque do Benfica que ampliasse o resultado. Creio que esta toada do jogo foi de tal forma aborrecida que o Benfica praticamente adormeceu no jogo, confiando que o Tottenham estaria entregue ao seu destino e exibindo mesmo alguma sobranceria. Além disso, a partir do meio da segunda parte pareceu-me que o Salvio 'deu o berro' fisicamente, e passamos a jogar com nove - estávamos a jogar com dez desde o início do jogo, dada que o Cardozo esteve num daqueles dias em que está mais virado para assistir ao jogo do que para participar nele. Por isso a primeira substituição feita surpreendeu-me. Quando faltavam vinte minutos para o final entrou o Enzo para o lugar do Djuricic, para reforçar a presença no meio campo, mas os referidos dois jogadores mantiveram-se em campo (e o Sulejmani também já não me parecia estar nas melhores condições). Cinco minutos depois foi a vez de finalmente trocar o Cardozo pelo Lima, mas a doze minutos do final começaram os problemas. No espaço de um minuto, e quando nada o fazia prever, o Tottenham marcou dois golos de rajada e de repente ficou apenas a um de igualar a eliminatória. E com isto o Benfica tremeu, enquanto que o Tottenham acreditou e cresceu, tendo criado uma nova situação de golo quase de seguida, salva por um corte do Luisão. O jogo abriu, o Benfica ainda respondeu numa situação em que o Salvio poderia ter feito muito melhor do que rematar para as mãos do Friedel, mas foi o Oblak quem nos salvou já em tempo de compensação, com uma grande defesa a negar o golo que empataria a eliminatória. Praticamente na resposta, naquela que seria a última jogada do encontro, o Lima sofreu um penálti claro e converteu-o, evitando a derrota já que árbitro terminou de imediato o jogo.
Não é fácil fazer grandes destaques num jogo destes, em que passámos grande parte do tempo a jogar devagar. Gostei do Salvio enquanto teve forças, o Amorim também parece não saber jogar mal, e a dupla de centrais esteve relativamente bem, não me parecendo ter culpas nos golos sofridos - no segundo o Luisão tentou colocar o adversário em fora-de-jogo, mas foi demasiado no limite. No extremo oposto esteve o Cardozo. Continua a mostrar uma enorme falta de ritmo, mas pior que isso, hoje pareceu mostrar também muita falta de vontade. E Djuricic mais uma vez não aproveitou a oportunidade.
Vencemos a eliminatória, que foi o mais importante, rodando jogadores e num jogo em que, dada a velocidade a que se jogou na maior parte do tempo, não terá havido grande desgaste físico para os titulares que alinharam. Não deixa de ser preocupante o abanão naqueles minutos finais, que poderiam ter deitado tudo a perder. Gerir o resultado sim, mas sobranceria e excessos de confiança são desnecessários e nada aconselháveis, por isso espero que o que se passou hoje tenha servido de aviso. Agora quero é ganhar à Académica. Vai ser um jogo difícil, dirigido por um árbitro em quem não confio nada.
Está mais uma vez de parabéns a nossa equipa de juniores, que foi a Inglaterra carimbar o apuramento para as meias-finais da UEFA Youth League, derrotando o Manchester City por 2-1 (golos de Gonçalo Guedes - para mim um dos jogadores mais promissores desta equipa - e Estrela). Na final four, a disputar na Suíça, iremos disputar o acesso à final com o Real Madrid.
Quem acompanha a nossa formação sabe do bom trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos últimos anos. As nossas equipas conquistam cada vez mais títulos, e as convocatórias das selecções jovens começam cada vez mais a ter uma maioria de jogadores benfiquistas (a última convocatória, a semana passada, para os sub-17 foi uma autêntica cabazada). Falta agora o passo final, que é num futuro não muito distante podermos começar a ver alguns destes jogadores a aparecer no plantel principal.
Mais uma vitória importantíssima para a conquista do título, num jogo em que entrámos mal mas onde também tivemos uma reacção muito boa e demos a volta a um resultado adverso, deixando mais uma boa demonstração da enorme confiança que existe na nossa equipa e da qualidade do nosso plantel.
Apenas a alteração esperada no onze que vem sendo habitual, o Rúben Amorim no lugar do castigado Fejsa. O Benfica teve uma má entrada no jogo - ou, vistas as coisas de outra maneira, foi o Nacional quem entrou muito bem. Bastante agressivos e a pressionar alto, os jogadores do Nacional mantinham o Benfica no seu meio campo e não davam tempo nem espaço para que saíssemos a jogar de forma organizada. E cedo tiveram a recompensa, chegando à vantagem com seis minutos decorridos, através de um penálti. O golo sofrido não motivou uma reacção imediata do Benfica, que continuou a mostrar algumas dificuldades para impor o seu futebol. Só depois dos vinte minutos de jogo é que o Benfica deu o primeiro ar da sua graça no jogo, num remate do Rodrigo que quase deixou a sensação de golo, levando a bola à malha lateral. E pouco tempo depois (aos vinte e quatro minutos) chegámos ao empate, num golo bonito que começou com um cruzamento rasteiro do Markovic na direita, para depois o Rodrigo no interior da área amortecer e deixar a bola redondinha para o remate de primeira do Lima. A partir daqui soltou-se o vendaval ofensivo do Benfica, e o Gaitán, Markovic, Lima e Rodrigo passaram a executar um carrossel ofensivo que parecia incontrolável. As oportunidades começaram a aparecer, e o Gaitán por duas vezes teve o golo nos pés (ainda me parece incrível como não marcou na segunda dessas ocasiões), mas quase nem deu tempo para ficar irritado com isso, já que na jogada seguinte o Rodrigo apanhou a bola na direita, flectiu para o meio e desferiu um pontapé indefensável ao ângulo. Um golão. Estavam decorridos trinta e três minutos, o que significa que no espaço de nove minutos o Benfica tinha construído quatro oportunidades flagrantes de golo e dado a volta ao resultado. Não parou de atacar o Benfica, enquanto o Nacional procurava responder sempre, e o jogo entrou numa toada muito animada, disputado em grande velocidade e com a bola a viajar rapidamente de um lado ao outro do campo. Mas o Benfica mostrava ser mais forte, e quase sobre o intervalo dilatou a vantagem, num canto marcado pelo Enzo para a zona do segundo poste, onde surgiu o Garay quase sobre a linha final a cabecear a bola, levando-a a bater ainda no poste mais distante e a entrar. Pareceu-me que a intenção seria colocar a bola na frente da baliza para que alguém finalizasse, mas o forte vento que se fez sentir terá dado uma ajuda a que a bola entrasse directamente.
Com uma vantagem relativamente confortável ao intervalo, impunha-se baixar o ritmo de jogo na segunda parte, e foi o que o Benfica foi fazendo sem grande dificuldade. Procurando contra-atacar apenas pela certa e mantendo a bola na sua posse o máximo possível, o Benfica conseguiu que o jogo fosse bem mais lento e quase sem qualquer ocasião de perigo. Nem sequer esperava que houvesse algum sobressalto, dado que noutras ocasiões esta época já vimos o Benfica a gerir tranquilamente resultados mais magros. Mas de forma algo inesperada, já que salvo uma saída um pouco mais apertada para aliviar uma bola com os pés depois de uma falha do Siqueira, o Oblak tinha sido pouco mais do que um espectador na segunda parte, o Nacional reduziu a diferença quando faltavam dez minutos para o final. Aproveitando a subida da equipa do Benfica no terreno, um contra-ataque rápido (no qual me pareceu que terá havido alguma hesitação do Oblak em sair imediatamente da baliza) deixou o Djaniny numa situação de finalização simples. Depois de parecer que tínhamos o jogo completamente controlado, adivinhavam-se agora uns minutos finais de algum sofrimento. A verdade é que a pressão do Nacional foi tudo menos sufocante, mas ainda passámos por um calafrio num livre que fez a bola cruzar toda a nossa área, aparecendo depois um adversário na zona do segundo poste que felizmente não conseguiu cabecear a bola com êxito. As dúvidas sobre o resultado dissiparam-se no entanto completamente a um minuto do final. Numa jogada em que parecia que o interesse principal do Benfica seria manter a bola na zona da bandeirola de canto, o Sílvio arrancou um bom cruzamento e o Garay, na zona da marca de pnálti, cabeceou de forma colocada para junto da base do poste, deixando o guarda-redes sem reacção.
É complicado decidir entre o Garay e o Rodrigo para o melhor em campo. Talvez a escolha mais justa seja o Rodrigo, pela importância que teve na reacção da equipa ao mau início de jogo e à desvantagem no marcador, sendo decisivo na reviravolta do marcador. Nesse período foi uma seta apontada à baliza do Nacional, deu o primeiro sinal de perigo do Benfica, fez a assistência para o golo do Lima e marcou o golão que foi o nosso segundo. Pelo meio ainda teve uma simulação fantástica, a deixar passar a bola para o Gaitán, num lance que continuo sem perceber como não deu golo. O Garay mereceria sempre destaque pelos dois importantes golos que marcou, mas esteve também em muito bom nível a defender, sendo o mais esclarecido da nossa defesa. Gostei também do jogo do Gaitán. O Maxi revelou bastantes dificuldades na primeira parte, quando apanhou com o Candeias pela frente. E achei o Oblak algo inseguro hoje. Se no lance do segundo golo do Nacional ainda posso compreender alguma hesitação, dado que a bola foi para perto da linha de fundo e o vento provocava trajectórias esquisitas na bola (e tenho dúvidas que conseguisse chegar primeiro à bola), já no lance perto do final em que o Nacional ameaçou empatar achei que deveria ter atacado a bola em vez de ficar na baliza.
Mais uma etapa superada, e restam agora sete para o final. Estamos no topo, com o melhor ataque e defesa do campeonato, e dependemos só de nós próprios: a conquista de catorze dos vinte e um pontos que faltam disputar garantir-nos-á o título. O melhor do jogo de hoje foi mesmo ver a forma como a nossa equipa não se deixou abalar e teve uma reacção firme e confiante às adversidades. Se conseguirmos manter esta atitude, tudo será mais fácil.
Os dirigentes dos clubes profissionais reúnem em consílio com o intuito de “reformar” o futebol português. Aglomeram-se em torno de um poder bafiento, com métodos camorristas, e, no final, enviam um moço de recados anunciar ‘urbi et orbi’ que querem fazer um “25 de Abril” no futebol. Ou seja, pudemos todos observar gente que se aproveita da liberdade conquistada para escarrar na democracia e, em nome dela, anunciar uma revolução que pretende perpetuar no poder os que atiraram o nome do futebol português para o anedotário em que se encontra. Os dirigentes do Benfica, Sporting e Marítimo afastaram-se daquilo. Garantidamente, nesse momento, os adeptos destes três clubes sentiram orgulho nos seus dirigentes. Pois, ao contrário do que alguns pensam, a maioria dos adeptos não se revê neste futebol que mais parece um olival feito de oliveiras com raízes de eucalipto, das que secam tudo em seu torno. Ao quererem atirar para o poder mais um títere do olival, pretendem garantir que o bolo dos direitos televisivos se mantenha nas mãos que distribuem migalhas aos serviçais que lhe sustentam a negociata. A falência moral do futebol português tem rostos e nomes que se preparam para deixar herança. Disfarçado numa espécie de manto de vitalidade esconde-se o fervilhar de podridão de um pântano estagnado há três décadas e em que aforismos de falência moral como “o que hoje é verdade amanhã é mentira” são publicamente assumidos e vividos entre gargalhadas boçais, fina ironia e charutos mamados (como escrevia o Eça) em prostíbulos e lupanares sobejamente conhecidos.
_____
Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 10 de Março, para publicação na edição de 14/03/2014 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
bola nossa
-----
-----
Diário de um adepto benfiquista
Escolas Futebol “Geração Benfica"
bola dividida
-----
para além da bola
Churrascos e comentários são aqui
bola nostálgica
comunicação social
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.