VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Segunda-feira, 27 de Abril de 2015

Nulo

Parece-me que o resultado do jogo de hoje é o reflexo exacto daquilo que se passou dentro do campo. Ninguém pode sequer querer reclamar para si uma qualquer vitória moral. Foi um jogo entre duas equipas com mais receio de perder do que desejo de ganhar, com pouquíssimas ocasiões de golo ou jogadas de grande perigo, e portanto o nulo no marcador foi a consequência lógica.

 


O maior problema para o Benfica para este jogo foi a ausência do Salvio. O nosso treinador acabou por optar por uma solução que não me agradava, que foi a chamada do Talisca para actuar sobre uma ala. No Porto, o treinador também mostrou muitas cautelas e mexeu bastante na equipa que costuma ser mais habitual. Para além da mudança na baliza, alterou o 4-3-3 para um 4-4-2 em losango, com quatro médios de raiz, o que causou um sobrepovoamento no centro do terreno. Até porque, na ausência do Salvio e com a tendência do Talisca e do Gaitán em vir para dentro, nunca tivemos verdadeiros flanqueadores neste jogo, e houve alturas em que só se via um aglomerado enorme de jogadores no centro do terreno, com a bola a andar muito pelo ar de um lado para o outro e as equipas raramente a conseguirem fazer mais de três ou quatro passes sem perderem a posse de bola. Foi, essencialmente, um jogo feio, muito disputado, com imensas faltas de parte a parte, mas sem grandes motivos de interesse. Durante a primeira parte o Porto teve mais bola, sobretudo com posse na sua zona defensiva, mas foi quase inexistente no ataque. Tal como o Benfica, aliás, que nunca conseguiu fazer as típicas saídas rápidas para o ataque quando recuperava a bola, fruto também da pressão alta que o Porto exerceu. Em toda a primeira parte contei apenas uma verdadeira ocasião de golo, e foi para o Porto, numa bola que sobrou para o Jackson após um canto e que ele rematou demasiado por alto.

 

 

O Benfica nada mexeu para a segunda parte mas o Porto fez uma alteração, que pouco alterou a estrutura táctica da equipa. O jogo, esse, continuou praticamente no mesmo registo. Feio, disputado e pouco emotivo. Achei que o Benfica conseguiu melhorar um pouco no segundo tempo: na primeira parte o Porto esteve ligeiramente melhor, e na segunda foi o Benfica. Mas as diferenças foram mesmo muito poucas entre as duas equipas. A ligeira melhoria do Benfica esteve, para mim, ligada à troca do quase inexistente Talisca pelo Fejsa. Não achei que o Fejsa tivesse feito um jogo por aí além, mas veio dar mais presença ao Benfica na zona central e permitiu a deslocação do Pizzi para a direita, enquanto que o Talisca não estava a ser carne nem peixe: nem dava grande ajuda no meio, nem conseguia dar largura ao nosso jogo na ala. À medida que o jogo caminhou para o final o Porto alterou a forma de jogar para um modelo mais próximo do que lhe é familiar, fazendo entrar o Quaresma e o Hernâni e passando finalmente a jogar com extremos, mas à parte exigir mais umas corridas ao Eliseu - que depois avançou no terreno para médio esquerdo quando o André Almeida substituiu o Pizzi - poucos resultados práticos teve. Mais uma vez as ocasiões de perigo escassearam, tendo eu contado três para o Benfica e uma para o Porto. No Benfica houve uma cabeçada do Talisca que passou muito perto do poste, com o Hélton a desviar a bola com os olhos, e um remate do Pizzi à entrada da área que deveria ter saído muito melhor, na sequência de uma das raríssimas vezes que o Benfica conseguiu construir uma boa jogada de contra-ataque. Mas o remate saiu com pouca força e o Hélton defendeu facilmente. E depois houve uma ocasião muito semelhante à do Jackson na primeira parte, com a bola a sobrar para o Fejsa, que também finalizou da mesma forma, ou seja, demasiado por alto. Pelo Porto, um cabeceamento do Jackson depois de um canto, com a bola a não passar muito longe da nossa baliza. Foi, honestamente, um dos jogos entre Benfica e Porto menos emocionantes a que eu me lembro de assistir.

 

 

É difícil fazer um destaque num jogo destes. Achei que os nossos centrais estiveram seguros (com o Jardel a mostrar novamente que cresceu imenso como jogador desde que agarrou a titularidade), tal como o Samaris, que teve um jogo de muito trabalho. Os nossos artistas Jonas e Gaitán não tiveram grande possibilidade de mostrar grande serviço (como, aliás, os jogadores mais talentosos do outro lado - hoje não foi jogo para artistas). O Eliseu teve uma primeira parte fraca mas conseguiu melhorar ao longo do jogo. Não terá sido alheio a isso o facto de ter frequentemente o Talisca a jogar à sua frente, que perdeu inúmeras bolas e foi quase sempre incapaz de dar grande ajuda a defender, perdendo quase todos os duelos individuais contra qualquer um dos laterais do Porto e não os conseguindo acompanhar quando subiam no terreno.

 

O empate deixa quase tudo na mesma (mas o Porto deixou de depender de si próprio) e a conquista do título fica bem encaminhada. Temos quatro jogos para disputar e margem de manobra para errar. Mas é imperioso manter a concentração máxima e não facilitar nem um pouco. Para mim o passo decisivo para vencermos a liga é já no próximo fim-de-semana. Não tenho duvidas de que a grande aposta do Porto neste momento será que o jogo do Benfica em Guimarães, na penúltima jornada, seja decisivo. Mas para isso será necessário que o Benfica perca pontos até lá. O próximo jogo é fora contra o Gil Vicente, penúltimo classificado, e não duvido que se não encararmos este jogo como absolutamente determinante, passaremos um mau bocado. Certamente haverá muito jogo fora das quatro linhas, como talvez incentivos extra para os nossos adversários, e fico à espera de saber as nomeações (Artur Soares Dias, Hugo Miguel ou Marco Ferreira são as minhas apostas). As próprias declarações do treinador do Porto no final deste jogo quase me soaram a ameaça velada. A maior parte do trabalho está feito, agora não podemos facilitar absolutamente nada.

publicado por D'Arcy às 02:01
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Domingo, 19 de Abril de 2015

Eficácia

Boa vitória num jogo não tão bom do Benfica esta tarde no Restelo. Não houve o futebol bonito que vimos a equipa produzir nos últimos jogos em casa mas houve Jonas e mais três pontos no bolso, que nos permitem entrar em vantagem no jogo da próxima semana, que pode ser decisivo para o título.

 

 

Não será uma crónica muito pormenorizada, porque conforme já escrevi noutras ocasiões tenho alguma dificuldade em ver os jogos quase ao nível do relvado, e foi isso que me aconteceu hoje. No onze inicial do Benfica houve uma grande surpresa na ausência do Salvio. Pelos vistos terá sido por lesão, por isso espero que possa recuperar durante a semana. Jogou o Ola John no seu lugar. No lugar do suspenso Maxi esteve, como era esperado, o André Almeida. O Benfica voltou a marcar cedo: cinco minutos decorridos, ainda com muita gente à espera para entrar no estádio, e já o inevitável Jonas abria o marcador, depois de aproveitar uma bola solta que tinha sido dividida entre o Lima e o guarda-redes no seguimento de um péssimo passe do Pelé (tanto barulho fizeram para que ele e o Dálcio jogassem, agora azar). Pouco antes já um corte no limite de um defesa do Belém quase tinha dado autogolo. Se se esperava que o golo madrugador permitisse um jogo tranquilo ao Benfica, essa esperança foi vã. Em termos atacantes o Benfica pouco mais conseguiu fazer na primeira parte, e foi o Belenenses quem assumiu as despesas do jogo e pressionou na procura do empate, quase sempre tentando tirar partido de livres do Carlos Martins (e teve muitos), que num deles obrigou o Júlio César a uma defesa muito apertada. O Benfica praticamente não conseguiu sair de forma organizada para o ataque, e tentava fazê-lo mais através de iniciativas individuais, sobretudo do Gaitán, mas sem grande sucesso. Na memória ficou-me apenas uma boa combinação no ataque que libertou o Gaitán, mas o seu remate foi interceptado no limite por um defesa.

 

 

O Belenenses não conseguiu no entanto manter o ritmo na segunda parte. O Benfica teve mais bola, e mesmo sem deslumbrar pareceu ter sempre o jogo bem mais sob controlo do que durante a primeira parte. E as coisas mais facilitadas ficaram quando, ao fechar o primeiro quarto de hora, fez o segundo golo. O Gaitán fez um passe largo da esquerda para a direita onde, para não variar, o Jonas controlou com o peito e com um remate cruzado bateu o guarda-redes. Este golo pareceu ter afectado bastante o Belenenses, que deixou fugir a réstia de fôlego que ainda ia aparentando ter. Por outro lado, teve o condão de dar ainda mais confiança ao Benfica para controlar o jogo sem grandes sobressaltos. A partir daqui o Belenenses já quase não incomodava no ataque, enquanto que o Benfica ia deixando o tempo correr e continuava a jogar sem muito brilho no ataque - o Gaitán insistiu bastante em jogadas individuais que acabavam por se perder por levá-las longe demais. Deu também finalmente para fazer alguma gestão (mínima) dos amarelos, retirando de campo o Jonas e o Samaris, este já bem perto do final. E por falar em perto do final, foi já em período de descontos que o Belenenses construiu uma claríssima ocasião de golo, na qual o Júlio César correspondeu com uma enorme defesa por instinto ao remate do Dálcio. Não foram muitas as ocasiões claras de golo do Belenenses, mas quando as teve o Júlio César correspondeu bem. Já do nosso lado, houve eficácia quase total.

 

 

Já se torna repetitivo, mas não há nada a fazer. O destaque óbvio no Benfica vai para o Jonas, decisivo uma vez mais. Dois golos e uma frieza enorme na altura de atirar à baliza. Bem o Júlio César, gostei também do jogo do Jardel, que teve uma vez mais trabalho adicional a fazer dobras à esquerda, e do Samaris.

 

Para a semana a questão do título poderá ficar quase decidida. Podem dar as voltas que quiserem, mas com esta vitória a manter a vantagem de três pontos a pressão está praticamente toda do lado do adversário. Para nós, qualquer resultado que não uma derrota deixa o título quase entregue, atendendo ao calendário que resta. E mesmo uma derrota, desde que pela margem mínima, deixar-nos-ia como única equipa dependente de si própria. Tendo em conta aquilo que tem sido a nossa produção em casa esta época, temos motivos para nos sentirmos confiantes.

publicado por D'Arcy às 02:37
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Sábado, 18 de Abril de 2015

Campeões

1.jpg
Parabéns, rapazes. Um campeonato quase perfeito, fechado a duas jornadas do final com mais uma vitória contundente sobre a única equipa que nos conseguiu acompanhar.

 

(A crónica do jogo do Restelo segue dentro de momentos, porque há muito, muito mais Benfica para além do futebol).

publicado por D'Arcy às 21:53
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Domingo, 12 de Abril de 2015

Arrasador

Um Benfica arrasador destroçou por completo uma Académica que ainda não tinha perdido qualquer jogo desde que trocou de treinador, resolvendo o jogo muito cedo e acabando por construir uma goleada que poderia até ter sido bem mais volumosa.

 

 

A única alteração no onze deveu-se à suspensão do Eliseu. Jogou o André Almeida no seu lugar e jogou muito bem. A primeira parte do jogo foi praticamente igual à do jogo anterior, contra o Nacional, sendo quando muito ainda mais avassaladora a pressão exercida pelo Benfica desde o apito inicial. A Académica apresentou-se na Luz com uma estratégia defensiva, utilizando três centrais de início talvez com a intenção de povoar mais a zona central e controlar melhor as movimentações dos dois avançados do Benfica, mas a estratégia muito cedo saiu furada. Estavam decorridos apenas oito minutos quando, após um canto à maneira curta, o Pizzi cruzou de forma certeira para o Jardel marcar de cabeça. E três minutos depois foi o André Almeida quem fez o cruzamento na esquerda para o Jonas marcar o segundo, também de cabeça. Apesar dos três centrais da Académica, foi pelo ar que o Benfica chegou aos dois primeiros golos. E não foi isso que fez com que o ritmo abrandasse. O vendaval ofensivo com os nossos jogadores em constante movimento continuou em pleno, e aos vinte minutos chegou o terceiro golo, marcado pelo Lima num penálti a castigar falta cometida sobre ele próprio. Aí sim, pareceu que o Benfica relaxou um pouco, mas mantendo sempre um controlo total sobre o jogo. A Académica mal passava do meio campo, e tal como no jogo do Nacional chegou ao intervalo sem ter feito um único remate. O relaxamento do Benfica notava-se mais na forma como os jogadores passaram a ser um pouco menos incisivos no ataque à baliza, tentando enfeitar mais os lances ou recorrendo mais a iniciativas individuais. Ainda assim deu para criar mais algumas ocasiões de golo, podendo a Académica dar-se por feliz pelo facto do marcador não ter voltado a funcionar até ao intervalo.

 

 

Na segunda parte o Benfica voltou a entrar forte e também a marcar com oito minutos decorridos. O lance começa numa iniciativa individual do Gaitán, que vem para o meio e descobre o Jonas na esquerda. Este ainda tabelou com o André Almeida e depois limitou-se quase a passar a bola para dentro da baliza, deixando o guarda-redes sem reacção. Muito bem o André Almeida na incursão ao ataque, somando assim a segunda assistência no jogo. Não houve relaxamento do Benfica por causa do golo. Pelo contrário, apoiado pelo muito público que esteve na Luz - mais de 56.000 espectadores - o Benfica carregou ainda mais sobre o adversário e foram várias as ocasiões flagrantes de golo que acabaram por ser desperdiçadas. O Jonas em particular poderia facilmente ter chegado ao hat trick. Com o jogo mais do que resolvido e ainda com meia hora para jogar foi tempo para proteger o Samaris do amarelo que o deixaria suspenso para o próximo jogo e para vermos o regresso do Fejsa quase um ano depois. Já o Maxi, acabou mesmo por ver o amarelo, ficando assim 'limpo' para a recepção ao Porto. Apesar do jogo continuar apenas e só a dar Benfica, foi a Académica quem chegou de forma algo surpreendente ao golo. E em mais um paralelo com o jogo contra o Nacional, fê-lo no primeiro (e único) remate que fez à nossa baliza, isto quando faltavam apenas dez minutos para o final. Foi um bom trabalho do Rafael Lopes, que sobre a esquerda recebeu um cruzamento largo vindo do lado oposto, mas pareceu-me que o Maxi poderia ter feito mais para o interceptar. O golo não arrefeceu no entanto o ânimo do público, que aplaudiu a equipa e foi recompensado quatro minutos depois com um dos momentos altos da tarde. Se já tinha sido bom ver o regresso do Fejsa à equipa, melhor ainda foi ver esse regresso coroado com um golo. Depois de recuperar a bola à entrada da área, progrediu uns metros e marcou com um remate em força a não dar qualquer hipótese de defesa. Um momento muito festejado por toda a equipa e público. Até final, nota para a estreia do Jonathan Rodriguez, que no entanto mal teve oportunidade para tocar na bola, e para mais uma ocasião flagrante de golo para o Benfica, que o Lima não conseguiu concretizar.

 

 

Jonas mais uma vez e para não variar em destaque. Marcou dois golos, podia até ter marcado mais, mas para além disso todo o carrossel atacante do Benfica passa muito por ele. A forma como está em constante movimento e oferece opções de passe ou abre espaços para os colegas é muito importante para dinâmica atacante da equipa. O Gaitán não esteve tão fulgurante como no último jogo, mas voltou a deixar pormenores de classe. E é ainda mais admirável vê-lo a perseguir e a pressionar adversários logo à saída da sua área, recuperando diversas bolas na raça. O André Almeida, como é costume quando é chamado, cumpriu perfeitamente nas tarefas defensivas e ainda conseguiu ir à frente para fazer duas assistência para os golos do Jonas. Quanto ao Fejsa, parece ainda um pouco hesitante nos lances divididos mas serão muito boas notícias para o Benfica se pudermos passar a contar com ele como uma opção válida para estes últimos jogos da época.

 

Foi mais uma exibição de gala, e seria bom que na difícil deslocação ao Restelo na próxima semana pudéssemos contar com este Benfica, e não com o de Vila do Conde. Até porque se conseguirmos resolver o jogo cedo poderemos gerir melhor a delicada situação dos jogadores à beira da suspensão. O campeonato decidir-se-á nos próximos jogos, e se a equipa se apresentar a este nível então o bicampeonato será quase uma inevitabilidade.

publicado por D'Arcy às 02:12
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Domingo, 5 de Abril de 2015

Recital

Mais do que um festival, o Benfica esta tarde deu um autêntico recital de futebol bonito frente ao Nacional, que derrotou sem qualquer tipo de dificuldade ou problemas, tamanha foi a superioridade exibida. Se queixas tenho, só mesmo se for porque acho que o resultado merecia ser mais dilatado, e por a equipa se ter dado mais ou menos por satisfeita ao fim de uma hora de jogo.

 

 

Onze sem qualquer surpresa, onde o Lisandro ocupou o lugar do nosso capitão, a cumprir um jogo de suspensão. Nota de maior destaque para o regresso do fantástico Gaitán à equipa, que tanta falta nos fez contra o Rio Ave. Com ele a música é mesmo outra, e passa a ser uma sinfonia. Sobre o jogo, o que dizer? Foi praticamente um passeio triunfal do Benfica na primeira parte, perante um Nacional sem capacidade nem argumentos para montar qualquer tipo de oposição digna desse nome - zero remates feitos, e poucas mais devem ter sido as vezes em que sequer se aproximaram da nossa baliza. Os madeirenses até vinham com intenção de complicar, tentando exercer uma pressão a campo inteiro em que até colocavam três jogadores a tentar pressionar a nossa saída de bola. Mas como é que se consegue marcar e anular toda a gente quando temos Gaitán, Jonas ou Salvio como autênticos diabos vermelhos à solta sobre o relvado? Sempre em movimento, com constantes trocas de posição, e depois quase imparáveis com a bola nos pés, seja em iniciativas individuais ou em trocas de bola ao primeiro toque com os colegas, é quase impossível travá-los. Quanto a nós, que temos o privilégio de ter tais artistas na equipa, é relaxar, apreciar o espectáculo, e começar a ver as oportunidades a surgir umas a seguir às outras. O Gaitán deu o primeiro aviso, a seguir foi o Jonas, de cabeça, e o sufoco continuou até dar resultados com vinte minutos decorridos. Foi mais uma vez o Jonas, que aproveitou uma iniciativa do Salvio em que este ganhou a linha de fundo e fez o passe atrasado para o remate vitorioso. O recital continuou e foi com toda a naturalidade que chegou um segundo golo dez minutos depois. Desta vez foi o argentino da esquerda a fabricar o golo: o Gaitán entrou por ali, deixou o defesa para trás, e passou a bola para a cabeça do Lima facturar já na pequena área (a bola foi colocada com tanta precisão que aquilo para mim foi um passe e não um centro). Dois golos já davam uma certa tranquilidade, mas isso não significou um abrandar da parte do Benfica, que pouco depois ficou à beira do terceiro golo em mais uma fantástica jogada colectiva que deixou o Jonas na cara do guarda-redes, mas o toque para tentar desviar a bola acabou por deixá-la nas mãos dele. Tivesse o Jonas estado um bocadinho mais inspirado na finalização e não teria saído de campo apenas com dois golos marcados, porque mesmo antes do intervalo mais uma linda jogada de equipa deixou-o com tudo para marcar, mas o cabeceamento que fez levou a bola direitinha às mãos do guarda-redes. Face a tanto e tão bonito futebol mostrado na primeira parte, os dois golos de vantagem à saída para o intervalo até sabiam a pouco. Claramente, a elaborada táctica psicológica do Nacional ao escolher o campo ao contrário (isto anda a tornar-se um hábito entre as equipas que nos visitam) não estava a resultar.

 

 

Mas o massacre continuou na reentrada para o segundo tempo. Um tiro do Eliseu deu início às hostilidades e depois, num curto espaço de tempo, o Salvio teve duas perdidas flagrantes em cabeceamentos que não acertaram no alvo (a segunda foi particularmente má) e até um autogolo esteve muito perto de acontecer, numa tentativa desesperada para evitar o que seria com toda a probabilidade um golo do Lima. Nesta altura eu ficava entusiasmado de cada vez que o Benfica tinha a bola em seu poder, porque a sensação que tinha era a de que cada ataque poderia resultar numa ocasião flagrante ou em golo. Foi uma mão cheia de oportunidades em pouco mais de dez minutos, e o óbvio acabou mesmo por acontecer: golo do Benfica. O Salvio transportou a bola pela direita até à entrada da área, passou-a para o lado e o Jonas rematou de primeira e muito colocado, levando a bola a bater ainda na trave antes de entrar e deixando o guarda-redes Gottardi pregado ao relvado. Golaço. Só depois deste terceiro golo é que os nossos jogadores terão achado que já era suficiente e que já tinham dado motivos de sobra para justificar a ida à Luz dos quase 49.000 benfiquistas que lá estiveram hoje, tendo então abrandado finalmente o ritmo e entrado num registo mais relaxado. A saída do Jonas também terá contribuído um pouco para algum menor fulgor do nosso jogos, que continuava no entanto a ser pontuado aqui e ali por algum pormenor de classe da parte do Salvio ou do Gaitán. Mas o relaxamento do Benfica acabou por resultar num golo sofrido, numa jogada que começou numa entrega de bola infantil do Eliseu ao adversário, e que acabou num remate fantástico do Tiago Rodrigues de fora da área, sem qualquer possibilidade de defesa para o Júlio César. Foi pena o golo sofrido, que assim pôs termo à bonita série de jogos consecutivos sem sofrer golos em casa. Logo a seguir o Nacional ainda fez o seu segundo remate no jogo, que passou ao lado, e até se chegaram a ouvir alguns assobios, mas o Benfica depressa se recompôs e voltou a tomar conta do jogo. Estivemos até perto de dilatar o resultado, num cabeceamento do Jardel e posterior recarga do Lisandro, mas sobretudo numa jogada em que o Salvio faz uma finta fabulosa e depois remata para defesa do Gottardi (ou se calhar a bola ainda foi ao poste, porque no estádio nem consegui perceber).

 

 

É difícil escolher um jogador para melhor em campo, porque houve vários destaques. O Gaitán mostrou claramente que tudo é diferente para muito melhor com ele em campo. O argentino encheu o campo com pormenores de classe e fez jogar toda a equipa. Sinceramente, e a exemplo de outros jogadores que passaram pelo Benfica nas últimas épocas, este campeonato já é demasiado pequeno para um jogador como ele. O Jonas destacou-se com os dois golos que marcou (e como disse, poderia ter marcado pelo menos o dobro), mas tal como o Gaitán é também muito importante por aquilo que faz a equipa jogar. Tem uns pés de veludo, com os quais faz o que quer com a bola. A forma como se movimenta em campo é de uma inteligência enorme, pelas linhas de passe que proporciona e os espaços que cria para os colegas: ele é em 2014/15 aquilo que foi para nós o Saviola em 2009/10. Hoje assistimos também ao Salvio no seu melhor, e a quem faltou apenas mais acerto na finalização. Mas ficou com duas assistências na conta pessoal. Muitos outros destaques podia fazer, mas menciono apenas mais dois: o Samaris, que é cada vez mais importante nesta equipa e mostrou que estão cada vez mais longe os dias de adaptação às novas funções, e o 'patinho feio' Jardel, que na ausência do Luisão deixou bem claro que também temos nele um líder para a defesa.

 

Foi muito importante esta demonstração de força e classe depois da enorme desilusão da última jornada. Temos ainda muito trabalho e duras batalhas pela frente no caminho para a revalidação do título. E exibições deste calibre deixam uma certeza: se jogarmos assim, nenhuma equipa em Portugal consegue fazer-nos frente.

publicado por D'Arcy às 01:34
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