VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Sexta-feira, 27 de Maio de 2016

O balanço da época – parte II

2) A nível desportivo

 

Comecemos pelo início: depois de termos conseguido algo pela primeira vez em 31 anos, o bicampeonato, fizemos uma das piores pré-épocas de sempre. Algo que nunca saberemos é como teria sido o nosso arranque de temporada se não tivéssemos passado o mês de Julho e Agosto a viajar pelas Américas. Eu percebo que houvesse compromissos para serem respeitados, mas com uma (tão grande) mudança desportiva, com um treinador novo que tinha o (enorme) fantasma do outro com que lidar, estava na cara que aquele género de preparação fosse correr tudo menos bem. E o grande problema é que iríamos encontrar o antigo treinador logo na primeira competição oficial da temporada. Que naturalmente perdemos.

 

Aliás, aqueles primeiros meses de futebol continuaram a deixar-me muito de pé atrás. Tivemos vitórias sofridas (Estoril e Moreirense) e derrotas incríveis (Arouca), com exibições globalmente medíocres, onde só a espaços conseguíamos apresentar bons momentos (os últimos 15’ do Estoril, por exemplo), intercaladas com derrotas em jogos em que estivemos bem (Mordor) e triunfos históricos (Madrid). Tivemos durante muito tempo uma montanha-russa exibicional, mas o que é certo é que íamos ganhando jogos, mesmo em campos bastante complicados onde no passado isso não acontecia. Como, por exemplo, em Braga (com alguma dose de sorte, 0-2 aos 11’ e três bolas sofridas nos ferros) ou em Guimarães (génio do Renato Sanches a resolver a 15’ do fim). Pelo meio, tivemos a derrota traumática na Luz frente à lagartada (mas em que a reacção do público no célebre minuto 70 foi um dos despertadores da época), a eliminação da Taça e a partida em que eu pensei que tínhamos entregue a época. Percebo muito disto…! Felizmente!

 

Devo dizer que o primeiro jogo do Benfica que me encheu as medidas em termos exibicionais foi o da Choupana frente ao Nacional. Já tínhamos tido algumas goleadas, mas em termos de futebol foi o primeiro a ser brilhante. A partir especialmente daí, entrámos na nossa melhor fase, com resultados convincentes, aliados a grandes exibições (Moreira de Cónegos e Belém, por exemplo). A equipa subia nitidamente de rendimento e, mais importante do que isso, de confiança, caso contrário aquela derrota injusta com o CRAC na Luz ter-nos-ia deitado abaixo. Outra questão que ajudou ao aumento dessa confiança foi a Champions, especialmente o facto de termos de termos eliminado o Hulk, Witsel, Garay, Javi García & Cia. com duas vitórias, tendo a da Rússia sido conseguida com Lindelof e Samaris como centrais(!), e os dois magníficos jogos frente ao Bayern (empatámos na Luz sem Gaitán, Jonas e Mitroglou!). No meio da eliminatória contra os russos, tivemos a vitória mais importante de todas, aquela que bem vistas as coisas foi essencial para o tri. Como se disse, podemos não ganhar os derbies todos, desde que ganhemos o certo! (Aliás, a bem da sã convivência, assim fica tudo contente: daqui a 20 anos, eles vão recordar e celebrar as três vitórias que tiveram sobre nós, tal como ainda fazem hoje em dia com os 7-1 em ano de dobradinha para os nossos lados, e nós faremos o mesmo por causa do tricampeonato. Cada clube celebra aquilo que é mais importante para ele.)

 

Depois do Bayern, a equipa pareceu mais cansada, mas aí valeu-lhe o coração: triunfos muito sofridos no Bessa (especialmente), Coimbra e Vila do Conde, e em casa frente aos dois Vitórias. Valeu-lhe o coração e valemos-lhe nós, o verdadeiro “colinho” como jogadores e técnicos se fartaram de reconhecer durante e no final da época.

 

Houve obviamente vitórias dentro do campo muito importantes, por diferentes razões (Braga, Estoril, WC e Bessa, por exemplo), mas um dos momentos-chave da época para mim foram as inacreditáveis declarações do Jesus acerca do Rui Vitória (a história do “não o qualifico como treinador”, “não sabe conduzir um Ferrari”, etc.). A partir daí, acabou-se o meu luto pelo anterior treinador. Há limites que não podem ser ultrapassados e o Jesus, ao ultrapassá-los, perdeu o respeito que ainda subsistia em alguns benfiquistas por ele. As declarações são inclassificáveis sob todos os pontos de vistas: um ataque nojento e desmedido a um colega de profissão, ao treinador do Benfica e, no limite, a nós, benfiquistas. Não deixa de ser significativo que, na sequência disso, o toque a reunir da equipa e dos adeptos, que já era forte (volte a lembrar-se o minuto 70), se tenha tornado inquebrável. Estávamos juntos.

 

Olhando exclusivamente para o futebol jogado pelas equipas do Benfica nos últimos anos, o do Jesus até pode ter sido mais espectacular (a célebre nota artística), mas é difícil preferi-lo a ele quando temos o recorde de pontos, recorde de golos e recorde de vitórias esta temporada (para além do melhor marcador e da segunda melhor defesa). E depois, há outra coisa que é secundária para mim (porque o que fica para a história são os títulos), mas que para quem vive as situações no presente sabe muito bem: temos um treinador civilizado, que tem nível, que diz sempre “nós”, e que sabe que o Benfica já era grande sem ele e vai continuar a ser grande quando ele sair. Como se diz, e estou completamente de acordo, agora ganhamos à Benfica: no campo e na atitude. Para além disso, o Rui Vitória é muito melhor treinador do que eu estava à espera. Fomos campeões alinhando nos últimos três meses da época com o ex-guarda-redes do Rio Ave, um suplente do ano passado, um ex-central da equipa B, um ex-jogador do Olhanense e o… Eliseu! Basta só comparar com a defesa titular do primeiro ano do tricampeonato (Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Garay e Siqueira) para se ver a diferença… Se isto não demonstra qualidade do treinador, não sei o que a demonstrará…! E já para não falar na coragem de apostar no Nélson Semedo, Gonçalo Guedes, Lindelof e Renato Sanches. Mesmo que alguns deles não tenham sido titulares durante a época toda, sempre foram mais importantes e úteis do que um Patrick, um Djaló, um Sidnei ou um Felipe Menezes, não…?

 

Foi um ano inesquecível e um dos títulos mais saborosos que tivemos. Não só por ter sido um tricampeonato histórico, como principalmente por causa de todas as condicionantes que tivemos. Muito obrigado a todos os que tornaram isto possível, com especial ênfase ao Luís Filipe Vieira e ao Rui Vitória!

 

VIVA O BENFICA!

publicado por S.L.B. às 12:53
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Terça-feira, 24 de Maio de 2016

O balanço da época – parte I

O prometido é devido e cá está o post a fazer o balanço final da época. Como isto ia ficar quilométrico, resolvi excepcionalmente dividi-lo em dois: balanço a nível pessoal e balanço a nível desportivo.

 

1) A nível pessoal

 

Uma das pessoas mais brilhantes deste país já disse muito daquilo que eu queria dizer. Para quem esteve em Marte e ainda não viu, cá está:

 

 

De tudo o que o grande RAP disse (incluindo obviamente o tom em que o disse), eu só alteraria uma coisa: no meu caso, não é a saúde das miúdas, é a saúde dos miúdos. Tudo o resto subscrevo integralmente.

 

Também eu deixei muito claro (uma e outra vez) que, se ganhássemos o campeonato, teria “todo o gosto em vir aqui no final da época dizer que eu afinal não percebo nada disto e que sou um idiota por não ter acreditado nos tricampeões.” Pois bem, eu sou um IDIOTA porque não acreditei (absolutamente NADA) que pudéssemos ser tricampeões! Quem se satisfizer com esta explicação (aliás, completamente verdadeira), pode ficar por aqui.

 

Para todos vocês, os cinco, que não se satisfizeram, continuarei. O facto de eu me assumir como idiota, não faz com que me arrependa do que escrevi (um leitor perguntou por este, este e ambos os posts do parágrafo anterior, e eu ainda acrescento este e este). Incoerência? Talvez não. Porque eu posso ter muitos defeitos, mas assumo sempre tudo o que escrevo e detesto quem reescreve ou oculta propositadamente a história para favorecer um determinado argumento. São ridículos aqueles posts à luz de hoje? Claro que sim! Eram-no na altura? Claro que não! A não ser por quem não tem espírito crítico ou tinha uma fé incomensurável fundada… em coisa nenhuma! Quantas pessoas, depois do empate na Choupana frente ao União, seriam capazes de apostar que iríamos ganhar 20 dos 21 jogos seguintes…?! Pois…! Meus caros leitores, é muito mais fácil fazer o Totobola à 2ª feira ou nunca expressar opiniões vinculativas para não sermos apanhados na curva. Mas eu não fui, não sou e jamais serei assim. Não é por um qualquer Patrick ou Pesaresi vestir a camisola do Benfica que se torna imediatamente no melhor lateral do mundo. Eu não sou abutre, mas também não sou foca. Critico quando acho que tenho que criticar e elogio quando acho que tenho de elogiar. Nunca tive feitio para defender publicamente aquilo em que não acredito. Pode ser um grande defeito no mundo contemporâneo, mas é como eu sou. Só defendo com unhas e dentes aquilo em que acredito profundamente e já estou velho demais para mudar. Agora, se me garantirem que, se eu fizer figura de idiota, ganharemos o campeonato todos os anos, vamos lá embora a isso, então: o Paulo Almeida foi indiscutivelmente um dos melhores trincos que passaram pelo campeonato português!

 

Não, o RAP sabe que não estava sozinho. Eu também não via mesmo luz nenhuma ao fundo do túnel desta época. Manifestei-o publicamente e não me arrependo de o ter feito. Arrepender-me-ia é se tivesse estado na posição confortável de nada dizer ou de fingir que a pré-época era ‘apenas’ a pré-época ou que chegar à 8ª jornada com quatro vitórias e três derrotas era ‘normal’ em período de transição. E porque é que me arrependeria? Porque, caros leitores, citando o grande RAP, estamos a falar da minha vida! Tal como ele diz, não se trata de querer ou desejar que o Benfica ganhe: trata-se de PRECISAR que o Benfica ganhe. Porque muita da minha vida está organizada à volta do Benfica e, se o Benfica não ganhar, ela nunca fará sentido na totalidade. Digo-vos sinceramente que eu poderia estar com o Euromilhões ganho que, se estivéssemos a fazer uma época tal como as dos finais dos anos 90, eu não estaria nada realizado. Acredite quem quiser, mas quem me conhece sabe bem que é verdade. Eu não pretendo evangelizar, nem ser modelo para ninguém, mas também ninguém me dá lições de benfiquismo. Não sou menos benfiquista por criticar, nem mais benfiquista por apoiar as decisões de quem representa o Benfica. E, por muito que até possam merecer, também não passo cheques em branco a ninguém. Se eu critico decisões que dirigentes, treinador e/ou jogadores do Benfica tomam, é porque acho que aquele não é o melhor caminho para o sucesso. FELIZMENTE que me engano às vezes (não sou como o outro que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas…). No entanto, tal como referiu igualmente o RAP, o princípio que motivou as minhas críticas no início da época estava errado. E continua a estar hoje: em teoria, não se deixa ir para o rival um treinador bicampeão. No fundo bem fundo, isso sempre me pareceu (e ainda continua a parecer) que era o presidente Luís Filipe Vieira a querer provar a toda a gente que poderia ganhar sem o Jorge Jesus. E AINDA BEM(!) que o conseguiu e que tudo correu ao contrário da teoria (também com a ajuda do próprio Jesus, mas isso fica para a segunda parte deste post), porém isso só aconteceu porque fizemos história. Nunca uma equipa campeã tinha feito tantos pontos num campeonato, nunca tinha marcado tantos golos e, principalmente, nunca tinha recuperado de uma desvantagem de sete pontos à 13ª jornada. Está explicada a razão pela qual a prática superou a teoria. Teve de haver história. E, graças a Eusébio, que houve! E, como houve, o mérito do LFV é total e é ele o principal responsável por este título, porque tenho a certeza que houve alturas em que ele era mesmo o único a acreditar que isto seria possível.

 

Dos 338 jogos (oficiais e particulares) que se disputaram na nova Luz desde que foi inaugurada, eu faltei a dois (este e este), já fiz pausas em casamentos, o jantar do 89º aniversário da minha avó teve de ser adiado por um dia, a celebração de um aniversário da minha mulher teve de ser ao almoço, porque ao jantar não podia ser, o segundo aniversário de um dos miúdos teve de ser lanche ajantarado, porque à tarde era impossível. Estes factos não servem para mostrar que sou mais benfiquista do que o próximo, porque comparações de benfiquismos sempre me pareceram muito estúpidas. A maioria de nós faz coisas pelo Glorioso que (incompreensivelmente) muitas pessoas não acham “normal”. Se eu conto isto, é para que se perceba que o Benfica não é uma brincadeira para mim. Eu levo isto muito a sério e, por consequência, ganhar ou não ganhar não é indiferente. Eu nunca gozo com amigos dos rivais no momento em que perdem, porque não admito que eles gozem comigo em caso inverso. Isso fazem todos aqueles que levam isto na desportiva. Eu não levo, portanto nenhum amigo tem sequer a veleidade de começar esse tipo de conversa comigo. Tendo o Benfica a importância que tem na minha vida, eu não o consigo viver sem paixão. E isso faz com que eu não me consiga calar quando acho que as coisas estão a ir por maus caminhos ou que estamos na iminência de cometer erros. Históricos ou não.

 

No entanto (e termino esta primeira – e longa - parte deste post, tal como a comecei), ainda bem que eu sou um idiota e que me enganei!

 

VIVA O BENFICA!

publicado por S.L.B. às 11:23
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Domingo, 22 de Maio de 2016

Consagração

O jogo que permitiu ao Benfica conquistar a sua sétima Taça da Liga em nove edições e vincar ainda mais o seu domínio incontestável nesta competição - que, precisamente por via deste domínio, continua a 'não ter interesse' para os outros - serviu também como uma nova consagração da equipa que com todo o mérito se sagrou tricampeã nacional.

 

 

Num jogo em que o Benfica se apresentou com algumas alterações no onze - Luisão, Grimaldo e Samaris foram titulares, deixando de fora Lindelöf, Eliseu e Fejsa - o Marítimo teve uma entrada muito forte, que permitiu desde logo verificar a falta de ritmo do Luisão e a enorme qualidade do Ederson na nossa baliza. Mas depois de uns primeiros cinco minutos complicados, o Gaitán pegou na batuta e assim que o Benfica se chagou à frente, num ápice deixou o jogo praticamente resolvido. Três golos na primeira parte, da autoria da nossa dupla de avançados, com o Jonas a abrir o activo e o Mitroglou a somar dois golos, poucas dúvidas deixaram sobre o vencedor do jogo. A nossa ala esquerda funcionou muito bem, com o Gaitán a abrir o livro e a ser muito bem acompanhado pelo Grimaldo, e fez do lado direito da defesa do Marítimo uma verdadeira auto-estrada. O Marítimo nunca baixou os braços, jogou olhos nos olhos com o Benfica e pagou por isso, mas mesmo a fechar a primeira parte ainda conseguiu marcar um golo, aproveitando uma má saída do Ederson, que lhes deixava uma réstia de esperança para a segunda parte. Por isso mesmo o Marítimo voltou a entrar decidido, em busca do golo que relançasse a partida, mas foi perdendo ímpeto e tudo ficou definitivamente resolvido com o grande golo do Gaitán, a treze minutos do final, numa jogada bem iniciada pelo Talisca que ainda passou pelo Jonas. O Gaitán foi substituído imediatamente a seguir a este golo e saiu em lágrimas do campo, porque terá sido este o último jogo que fez com a nossa camisola. Parece-me por isso muito apropriado que o último toque que ele deu numa bola com a camisola do Benfica vestida tenha sido para marcar este golo. O Marítimo ainda reduziu de penálti, mas já nos instantes finais o Benfica marcou por duas vezes de rajada e construiu um resultado bastante expressivo. Primeiro marcou o Jardel, de cabeça após livre do Pizzi, e depois o Jiménez, de penálti, que ele próprio tinha conseguido.

 

Um jogo enorme do Gaitán para se despedir de todos nós, e da parte que me toca digo que estou já com saudades. Foi um privilégio vê-lo jogar cá durante seis anos, e apesar de saber que um jogador com o talento dele estava destinado a deixar-nos mais cedo ou mais tarde, à medida que os anos passavam e ele ia ficando cada vez mais alimentava a esperança que ele fizesse o resto da carreira por cá, até pela sua personalidade, pouco típica para um jogador de futebol. O Grimaldo deixou muito boa imagem, a mostrar que é um candidato à titularidade. Ederson (apesar da falha no primeiro golo do Marítimo), Pizzi, Jonas e Mitroglou em bom nível, e o Renato Sanches também um pouco melhor do que naqueles pouco conseguidos jogos da fase final da época. O Talisca entoru bem no jogo. Luisão e Samaris foram os que estiveram menos bem.

 

E em ambiente de grande festa se fechou uma época que à partida quase todos esperavam que fosse para esquecer, mas que acabou por ser memorável. Acabámos por conquistar um tricampeonato que nos fugia há quase quarenta anos, manter o título da Taça da Liga, e ter uma presença mais do que condigna na Champions League. Isto enquanto vimos fortalecer-se a unidade entre clube e adeptos, e um espírito de equipa como há muito não via. Agora resta-me aturar a sempre insuportável silly season e ver quantos dos nossos jogadores serão vendidos duas ou três vezes cada. Para a próxima época teremos como motivação extra a possibilidade de um inédito tetra.

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publicado por D'Arcy às 21:33
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Segunda-feira, 16 de Maio de 2016

(Tri)nta e Cinco

Ponto final na Liga, somos tricampeões como todos desejávamos e se calhar muito poucos acreditávamos na altura em que se deu o pontapé de saída para esta competição.

 

 

Sobre o jogo de hoje, pouco vou escrever. A qualidade do futebol jogado pouco importa, o que interessava mesmo era o resultado e as consequências dele. Ganhámos com toda a naturalidade, fizemos um jogo pouco exuberante mas tranquilo, a nossa superioridade foi sempre evidente e nunca deu sequer para ficarmos preocupados com a possibilidade do campeonato nos fugir por entre os dedos. Dois golos em cada metade, na primeira pelo Gaitán e pelo Jonas, e na segunda novamente pelo Gaitán e com o Pizzi a fechar com o golo mais bonito da tarde. Em período de descontos o Nacional conseguiu o seu golo de honra. Menção ainda para a oportunidade dada ao Paulo Lopes de se sagrar campeão nacional, compensando em parte a dor que tinha sentido no jogo final da época passada. E assim conquistámos o nosso sexto tricampeonato - o primeiro de que tenho memória, já que no anterior tinha apenas quatro anos (de qualquer maneira, seguramente já seria benfiquista). O jogador em maior destaque foi o Gaitán, que marcou dois golos e fez o passe para mais um, sendo bem acompanhado pelo Jonas. No final elegeram o público que lotou a Luz como homem do jogo, mas infelizmente ainda estou à espera do meu relógio Sector.

 

Esta foi uma vitória do Benfica como um todo, da união que nos guiou a todos até ao objectivo final. Mas é, e muito, uma vitória do treinador Rui Vitória. Porque não teve apenas que construir uma equipa para conquistar vitórias dentro do campo. Antes disso teve que vencer uma batalha muito mais difícil, que foi conquistar-nos a nós, adeptos, e consequentemente ao Benfica. Foi preciso vencer a desconfiança com que a grande maioria de nós o recebeu. Conseguiu-o com trabalho, com crença nas suas capacidades, e com uma postura quase sempre louvável. E essa foi a sua primeira grande vitória. A partir desse momento, o trabalho que se seguiu ficou mais facilitado. Por algum motivo o lema para esta época sempre foi, desde o seu início, 'Juntos'. Porque sempre que estamos assim somos quase imparáveis. Este campeonato é, também, uma vitória do presidente Luis Filipe Vieira. Goste-se ou não dele, ele manteve uma fé inabalável nas suas convicções. A escolha do Rui Vitória foi uma aposta pessoal dele, tal como o foi a 'mudança de paradigma' do nosso futebol, algo que só muito dificilmente poderia ter sido conseguido com a manutenção da anterior equipa técnica, não querendo colocar de forma alguma em causa a sua competência - a oposição que tivemos até ao último jogo por parte de um adversário que tradicionalmente 'nem conta para o totobola', como se costuma dizer, é prova evidente dela. Foi uma aposta de grande risco mudar algo que tinha tido sucesso recentemente, mas a aposta compensou. E provou que, ao contrário daquilo que muitos acreditavam ou queriam mesmo que fosse verdade, a 'estrutura' existe mesmo, e não começava e acabava no anterior treinador. E já agora, nesta que foi a quarta época do mandato da actual direcção, um pequeno balanço: alguém ainda se lembra do que foi dito há quatro anos atrás, quando foi anunciado o objectivo 3+1+50? Ainda há quem continue a contar?

Somos campeões com todo o mérito, apesar da cacofonia patética daqueles que insistem em falar de 'injustiça' enquanto se auto-atribuem o título de melhor equipa. É estranho que a 'melhor equipa' não tenha conseguido conquistar o título contra uma equipa que durante a época enfrentou lesões complicadas e prolongadas em muitas das suas principais figuras, e que por isso foi obrigada a recorrer a jogadores da equipa B como o Ederson, o Nélson Semedo, o Lindelöf, o Gonçalo Guedes, o Nuno Santos, o Clésio, o Victor Andrade ou o Renato Sanches, tendo alguns desses jogadores acabado por se afirmar como figuras na conquista do título. Parece-me que quem consegue não abanar e perder consistência mesmo com estas constantes contrariedades é que representa bastante bem o conceito de 'equipa'. É estranho que uma equipa que não é a melhor tenha acabado a época com o record de pontos conquistados num campeonato, com mais vitórias, com a melhor diferença de golos, fruto do melhor ataque, com o melhor marcador do campeonato, que foi também o melhor jogador, e ainda com o jogador revelação, alvo da mais vergonhosa e rasteira campanha de ataques que alguma vez aconteceu no futebol português. E como se isso não bastasse, ainda fomos conquistar o primeiro lugar, para não mais o largar, a casa da 'melhor equipa', bem nas barbas dos ordinários que constantemente nos atacaram de forma vil. 'Melhor equipa'? Pois, em títulos auto-atribuídos acredita quem os auto-atribui e mais ninguém. Tem tanto crédito como o de 'maior potência desportiva' - já agora, apesar de não estarmos constantemente a repetir uma mentira desse calibre a ver se acreditam, hoje até juntámos mais um título europeu de hóquei em patins à nossa colecção (e ontem, mais um campeonato nacional) porque o Benfica é mais, muito mais do que só futebol. Somos enormes em tudo. E por falar em ataques, a gratidão cai sempre bem e por isso agradeço também a quota-parte de responsabilidade deste título ao quarteto fantástico: Mitómano, Carinhas, Pirata e Gollum (houve outros personagens menores que contribuíram, mas estes quatro foram as principais figuras). Os ataques incessantes, os desrespeitos, as faltas de educação, só nos uniram ainda mais. A estratégia pacóvia da guerrilha sem qualquer nível falhou a toda a prova. Cada atoarda debitada na televisão, no Facebook ou nos jornais, uniu mais o plantel e os adeptos, motivou mais a equipa e deu-nos mais ânimo para derrotar aquela pandilha, sendo o exemplo perfeito o 'clique' que ocorreu depois daquela vergonhosa falta de respeito que o Carinhas teve pelo Rui Vitória. Por isso continuem por essa via, que nós agradecemos. Continuem a rastejar pela lama e a motivar-nos, que só os acompanha quem quer. E nós dispensamos companhias rastejantes - a águia voa sempre mais alto.

 

Somos campeões porque trabalhámos mais, porque acreditámos mais, porque quando as coisas nos começaram a correr bem a soberba nunca fez parte do nosso trabalho do dia-a-dia. E acima de tudo, somos campeões porque em Agosto, quando soou o apito inicial deste campeonato, o Bicampeão Nacional era o Sport Lisboa e Benfica e não um cérebro qualquer. E isto serve de lição para mim, que nessa altura também andava meio esquecido disso.

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publicado por D'Arcy às 01:01
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Quinta-feira, 12 de Maio de 2016

Lindelöf

1.jpg

 

Claramente, os suecos também são burros que se limitam a avaliar jogadores pelas notícias que o Benfica planta na imprensa portuguesa (e desconfio que o Lindelöf deve ter pelo menos uns trinta anos; investigue-se).

 

Inteiramente merecida a convocatória para o Europeu de um jogador humilde, trabalhador, que subiu a pulso pelos vários escalões e soube esperar pela sua oportunidade, que agarrou com ambas as mãos - neste momento é o meu defesa central preferido no Benfica, e é digno da tradição sueca no nosso clube (quando celebrou a conquista do Europeu de esperanças da forma que a foto documenta, mostrou logo que foi muito bem formado). Que continue neste caminho, rumo a um futuro que se afigura muito promissor.

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publicado por D'Arcy às 00:14
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Segunda-feira, 9 de Maio de 2016

Um

Num jogo em que tivemos que ultrapassar dificuldades acrescidas, acabámos por voltar a dar a melhor resposta, e vencemos mais uma das finais que nos separam da vitória final.Não foi fácil, como não tem sido nenhuma das vitórias que temos conquistado nos últimos tempos. Mas apesar da contrariedade de nos vermos reduzidos a dez elementos ainda com o resultado em branco e muito tempo para jogar (lá continuam a teimar em dar cabo das estatísticas ao javali) este jogo até acabou por ser consideravelmente mais tranquilo do que os últimos, e os números da nossa vitória até acabam por ser escassos para a superioridade que mostrámos em campo.

 

 

Onze inicial sem qualquer surpresa, onde o Carcela ocupou a vaga do Gaitán. O início de jogo foi, um pouco a exemplo do que tem acontecido mais recentemente, morno. Até demasiadamente morno para o nosso gosto, com o Benfica a não parecer ter grande pressa em ir à procura do golo. O Marítimo, ao contrário daquilo que têm feito os nossos últimos adversários, apesar de apostar numa táctica defensiva não entrou a apostar em estratégias sujas de anti-jogo, mas o Benfica jogava a um ritmo demasiado pausado conseguir desorganizar a defesa adversária. Durante quase metade do primeiro tempo, praticamente não se viu um remate ou mesmo uma jogada particularmente perigosa da nossa parte. Só a partir dos vinte e cinco minutos é que o Benfica, de repente, acelerou e começou a ameaçar seriamente a baliza do Marítimo, em particular pelo Jonas, que numa iniciativa individual atirou uma bola ao ferro, e pouco depois viu o guarda-redes Salin negar-lhe o golo com uma grande defesa a um cabeceamento seu. Agora sim, o Benfica estava completamente por cima no jogo e instalava-se definitivamente no meio campo adversário, parecendo que o golo seria apenas uma questão de pouco tempo até acontecer. Mas aos trinta e sete minutos sofremos um duro golpe, quando o Renato Sanches cometeu uma falta perfeitamente desnecessária que lhe valeu o segundo amarelo e consequente expulsão - tinha visto o primeiro quando o árbitro considerou que tinha simulado uma grande penalidade. Independentemente da justeza ou não desse primeiro amarelo, sabendo que o tinha não poderia ter sido imprudente ao ponto de fazer aquela segunda falta. Esta expulsão fez obviamente o Benfica abanar e interrompeu o período de maior fulgor do Benfica, que só em cima do intervalo voltou a ter uma ocasião de algum perigo, quando o Mitroglou rematou um pouco ao lado da baliza.

 

 

Com a expulsão o Benfica reorganizou-se deslocando o Pizzi mais para o centro e recuando o Jonas, que fazia a ligação entre o meio campo e o ataque, mas acabava por aparecer mais vezes a jogar como um verdadeiro médio do que como avançado. Abdicámos muito do jogo pelas alas, que ficaram praticamente entregues aos nossos laterais, mas achei que o nosso jogo até melhorou com este novo desenho táctico. Verdade seja dita que o Renato Sanches estava mais uma vez a ter um jogo pouco conseguido, e com esta forma de jogar passámos a ter uma presença mais forte no centro do campo, onde até então o Marítimo pareceu quase sempre ter superioridade numérica. E quando marcámos logo no início da segunda parte, senti que só muito dificilmente deixaríamos fugir a vitória. O golo surgiu num corte defeituoso de um jogador do Marítimo, que na tentativa de desarmar o André almeida acabou por colocar a bola nos pés do Mitroglou. Já no interior da área, e em frente ao guarda-redes, o grego finalizou de primeira com toda a frieza. Com vantagem no marcador, controlámos o jogo com aparente facilidade, pois nunca o Marítimo conseguiu ameaçar a nossa baliza ou mostrou capacidade para fazer perigar a nossa vitória. Aliás, a forma solidária como a equipa jogou fez com que nem se notasse que estávamos em inferioridade numérica. Conforme escrevi no início, o resultado final até peca por escasso, porque o Benfica poderia ter chegado ao golo da tranquilidade bem antes - incrível a forma como o Pizzi conseguiu acertar no guarda-redes quando este já estava no chão, após defesa a um grande remate do Jonas. O nosso treinador esteve muito bem nas substituições, e todos os jogadores que entraram (Talisca, Samaris e Jiménez) fizeram-no bem e acrescentaram qualidade ao nosso jogo. A oito minutos dos noventa (e não do final do jogo, porque houve dez minutos de tempo acrescentado) o Talisca arrumou de vez com a questão, num livre directo a punir uma falta sobre o Samaris, e antes do final ainda houve tempo para enviar nova bola aos ferros da baliza, desta vez pelo Jiménez.

 

 

Para mim os destaques individuais continuam a ser os do costume nestas últimas semanas - ainda que o destaque maior seja mesmo a equipa num todo. Só uma equipa muito solidária pode fazer das fraquezas forças e conseguir jogar ainda melhor em inferioridade numérica, com essa mesma inferioridade a passar quase despercebida. Fejsa mais uma vez a ser um monstro no nosso meio campo, sendo isto ainda mais evidente perante o apagamento do Renato Sanches. O Lindelöf é um pêndulo no centro da defesa que raramente comete um erro. O Jonas fez um belíssimo jogo, em que trabalhou imenso e só lhe ficou a faltar um golo, que bem fez por merecer. O Pizzi subiu de produção quando passou para terrenos mais interiores, e o Samaris entrou muito bem no jogo.

 

E agora falta um. Jogo a jogo, final a final, temos vindo a dar os passos necessários para nos levar ao objectivo final, o do tricampeonato. Mas falta mesmo esse um. Nada está ganho, e não podemos entrar em euforias antes de tempo. Mas tendo em conta a mentalidade desta nossa equipa, a união que exibem e a seriedade com que abordam cada jogo, cada adversário, cada passo desta longa caminhada, não tenho especial receio que isso aconteça. No próximo fim-de-semana vamos encher a Luz, e tentar ajudar a nossa equipa a dar esse passo que ainda falta.

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publicado por D'Arcy às 02:44
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Segunda-feira, 2 de Maio de 2016

Cumprido

Em mais um jogo de duas partes muito distintas, o Benfica conseguiu dar a volta a um resultado negativo e carimbar mais uma presença na final da Taça da Liga - em nove edições da prova, esta será a nossa sétima final.

 

 

Houve naturalmente grandes mudanças no onze: Sílvio, Luisão, Grimaldo, Samaris, Salvio, Carcela, Talisca e Jiménez foram titulares. Da equipa habitual, mantiveram-se apenas três jogadores: Ederson, Lindelöf e Renato Sanches. A nossa primeira parte foi bastante fraca, jogada com pouca velocidade e na qual tivemos grandes dificuldades para ultrapassar a defensiva do Braga - recordo-me apenas de um par de boas ocasiões, num cabeceamento do Salvio e num remate do Jiménez. O Braga colocou-se em vantagem com um grande golo do Rafa, um remate em arco colocadíssimo de fora da área que levou a bola a embater no poste antes de entrar, e durante toda a primeira parte o Benfica não mostrou futebol suficiente para acreditarmos que seria possível inverter o resultado: pouco jogo pelas alas, falta de imaginação pelo meio, passes falhados em barda e toda a equipa demasiado estática. Para a segunda parte regressou o Jonas no lugar do Renato Sanches, e o nosso futebol melhorou significativamente. Logo durante os primeiro minutos revelámo-nos muito mais perigosos do que tínhamos sido durante toda a primeira parte, e quando o empate surgiu a fechar o primeiro quarto de hora, não surpreendeu. Grande passe do Carcela, na direita, para a entrada do Jonas no espaço entre os centrais, que depois marcou com facilidade em frente ao guarda-redes. Continuou o Benfica melhor e a carregar, chegando ao segundo golo a vinte minutos do final. Depois de uma bola metida para as costas da defesa do Braga, o Jiménez aproveitou um erro grosseiro do guarda-redes do Braga, que saiu da baliza e não acertou na bola quando tentava aliviar com pé, e marcou de baliza aberta. Nos minutos finais do jogo o Braga ainda subiu um pouco no terreno e foi à procura do golo do empate, mas nunca chegou a obrigar o Ederson a muito trabalho.

 

Dos menos habituais titulares, o Grimaldo e o Carcela deixaram boas indicações. O Sílvio e o Luisão também não estiveram mal, tendo em conta há quanto tempo não jogavam. O Lindelöf voltou a mostrar que neste momento é o central em melhor forma no Benfica. O Salvio teve uma primeira parte muito má e mostra estar ainda muito longe da forma ideal. Na segunda parte até estava bem melhor nos primeiros minutos, mas acabou substituído. O Renato Sanches voltou a fazer um jogo muito abaixo do exigível, e a equipa ganhou com a sua saída ao intervalo.

 

Todos os objectivos foram cumpridos neste jogo: qualificação para a final e rotação da equipa, permitindo o descanso da maior parte dos habituais titulares. Agora vamos centrar atenções e energias em vencer mais uma dura batalha que se nos vai apresentar no próximo domingo. O caminho para o tricampeonato passa pela Madeira.

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publicado por D'Arcy às 23:57
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