VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Segunda-feira, 29 de Maio de 2017

Triplete

Ao conquistarmos a nossa vigésima sexta Taça de Portugal fechámos da melhor forma possível uma época quase perfeita (só faltou a Taça da Liga para o pleno). Foi também a conquista de um triplete 'à antiga' (Supertaça, Taça e Campeonato), algo que não era conseguido há muitos anos - em 2014 tínhamos conquistado as duas taças e o campeonato, ficando a faltar-nos a Supertaça.

 

 

Foi um jogo algo diferente dos outros que disputámos contra o Vitória esta época, mas que em comum teve a nossa incontestável superioridade. Durante a primeira parte o Vitória ainda manteve o jogo equilibrado, tapando de forma mais eficaz os caminhos pela zona central que tão bem tínhamos explorado no jogo anterior e recorrendo a um futebol musculado que pareceu dar resultados no terreno cada vez mais pesado devido à chuva que caía. Da nossa parte, sofremos também pelo excessivo apagamento do Jonas durante o primeiro tempo, demasiado amarrado na frente - confesso que a uma dada altura cheguei mesmo a ter a dúvida se ele estaria a jogar, porque é muito pouco habitual ver a bola passar-lhe tão poucas vezes pelos pés. A lesão do Fejsa, ocorrida antes do meio da primeira parte, também pareceu afectar um pouco a nossa equipa, já que o Vitória cresceu no jogo após a sua saída. Na segunda parte mudou tudo radicalmente. O Benfica entrou de rompante, o Jonas finalmente apareceu no jogo, e a partir do momento em que a ligação Pizzi-Jonas começa a funcionar os nossos adversários estão em apuros. Foram dois golos de rajada, o primeiro logo aos três minutos, do Jiménez numa recarga a um remate do Jonas (muito boa a forma como conseguiu picar a bola sobre o guarda-redes com ele quase em cima da bola) e cinco minutos depois veio o segundo, num grande cabeceamento do Salvio depois de um cruzamento do Nélson Semedo, a culminar toda uma jogada que começa na nossa área e durante a qual a bola circulou por mais de meia equipa, com dezenas de passes, sem que o adversário a cheirasse. Depois disso o jogo foi um bocado como aqueles dois que fizemos em Guimarães, desperdiçando ocasiões que dariam para construir um resultado bem volumoso. Apesar do nosso terceiro golo estar sempre mais perto de acontecer, foi o Vitória que conseguiu reduzir a doze minutos do final, na sequência de um canto (que tinha resultado de uma grande ocasião de golo, cortada no limite pelo Samaris) e num lance em que me pareceu que o Ederson não ficou isento de culpas. Mas apesar do golo ter lançado alguma incerteza no resultado, no jogo é que não alterou nada. Porque até ao final nem sequer deu para ter alguma preocupação junto da nossa baliza, e pelo contrário, foi o Benfica quem desperdiçou ocasiões flagrantes, pelo Pizzi e pelo Jiménez, de acabar com todas as dúvidas. No final, vitória justíssima e incontestável, mesmo com o o Hugo Miguel a arbitrar (aquela falta que ele inventou ao Samaris no último lance do jogo para dar uma oportunidade ao Vitória para despejar a bola para a área é Hugo Miguel vintage) e o vídeo-árbitro (aquela coisa mágica que vai fazer com que os nossos adversários passem a ganhar sempre) a ajudar.

 

 

Acho que a equipa esteve bem num todo, com jogadores como o Nélson Semedo, o Salvio (teria dado muito jeito que este Salvio não tivesse aparecido só a partir do jogo em Vila do Conde) ou o Pizzi a destacarem-se, na minha opinião.

 

 

E assim fechamos mais uma época brilhante na qual fomos a força dominadora do futebol em Portugal. Isto apesar de um presidente da Liga lá colocado pelos nossos adversários e sem o nosso apoio, de um presidente dos árbitros lá colocado pelos nossos adversários mais uma vez sem o nosso apoio, ou daqueles dados estatísticos a que em épocas anteriores os nossos supostos rivais na luta pelo título se agarram em desespero de causa, como penáltis a favor, ou expulsões de adversários, ou minutos em superioridade numérica mostrarem que ficámos em desvantagem clara em relação a eles. Mas ainda há quem, ignorando completamente aquilo que é a história fascista do seu clube (e do outro clube por quem se voltaram a apaixonar recentemente) consiga ter o desplante de falar em Liga Salazar. Só desejo que mantenham esta mentalidade pequenina durante as próximas épocas, porque é para o lado que eu durmo melhor. O futebol para mim entra agora de férias (conforme já estou farto de escrever, a equipa da FPF não me interessa absolutamente para nada) e ficarei na expectativa para ver se não perdemos muitos dos nossos jogadores mais importantes. Expectativa, mas não preocupação. É que depois de viver uma época destas tendo perdido o Gaitán e o Renato no final da época passada, é difícil sentir grande preocupação com saídas.

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publicado por D'Arcy às 23:51
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Domingo, 21 de Maio de 2017

Brio

Era um jogo sobretudo para cumprir calendário, mas onde tínhamos o objectivo de fazer efectivamente campeões nacionais os elementos do plantel que ainda não o eram e proporcionar aos nossos adeptos do Norte uma oportunidade para festejarem o Tetra em conjunto com a nossa equipa. E foi agradável ver como uma equipa cheia de segundas escolhas se encheu de brio e decidiu que mesmo que o resultado já para pouco contasse, queria evitar a derrota a todo o custo e proporcionar uma festa ainda mais saborosa a esses adeptos.

 

 

Foi mesmo uma equipa alternativa aquela que entrou em campo no Bessa. Nem um dos jogadores que alinharam de início frente ao Vitória fez parte do onze titular. Três dos jogadores que ainda não eram campeões alinharam de início: Pedro Pereira, Hermes e Kalaica. O resto da equipa: Júlio César, Lisandro, Eliseu, Samaris, Filipe Augusto, André Horta, Zivkovic e Mitroglou. Um pouco surpreendentemente, foi o Hermes quem alinhou mais à frente na esquerda, com o Eliseu na lateral - esperaria o contrário, dado que o Eliseu tem experiência a jogar mais adiantado. A equipa que alinhou mostrou naturais problemas de entrosamento, em particular na defesa, onde ficávamos frequentemente expostos nas bolas metidas para as suas costas. Foi aliás assim que o Boavista chegou ao primeiro golo. No ataque as coisas também não eram melhores. Mais posse de bola do que o Boavista, mas muita incapacidade para criar perigo - não sei se chegámos sequer a fazer um remate durante toda a primeira parte. Ao intervalo saiu o Hermes, que se tinha mostrado completamente inadaptado à posição onde alinhou, e entrou o Rafa. O Benfica reentrou mais perigoso, mas foi o Boavista quem voltou a marcar, aproveitando um erro precisamente do Rafa. Mas uma bola para as costas da defesa e um remate cruzado para o poste mais distante. Com a troca do Filipe Augusto pelo Jiménez a equipa melhorou consideravelmente, não só pela acção do mexicano mas também com o recuo do André Horta para a posição oito. A diferença no marcador foi reduzida aos setenta e um minutos, num contra-ataque bem conduzido pelo Rafa (o toque do Jiménez, a amortecer a bola para ele no início da jogada é muito bom também) com um passe na altura exacta que deixou o Mitroglou na cara do guarda-redes, e já sabemos que nestas situações o grego raramente perdoa. O Benfica então carregou até final em busca do empate e esteve muito perto de o conseguir naquele que seria um grande golo do Rafa, mas o remate cruzado de trivela passou a centímetros do poste. De assinalar que, apesar de ser visível a vontade de não perder este jogo, sobrepôs-se o espírito de grupo do plantel: mesmo a perder, a última substituição foi mesmo para fazer entrar o Paulo Lopes, que ainda entrou a tempo de duas boas intervenções. A recompensa chegou ao minuto noventa: canto apontado pelo Zivkovic na esquerda do nosso ataque, e o Kalaica subiu mais alto que toda a gente para cabecear ao ângulo da baliza, com a bola a bater nos ferros e depois já para lá da linha. Explosão de alegria com toda a equipa e público a festejar o golo na estreia do nosso jovem central, e uma forma perfeita de fazer a festa.

 

 

Apesar da exibição não ter sido brilhante, louve-se a atitude da equipa e a vontade de evitar que a festa do Tetra ficasse manchada por uma derrota. Alguns dos jogadores aproveitaram esta oportunidade que lhes foi concedida, outros nem tanto. O Kalaica, mesmo sem o golo, já seria um dos que eu consideraria que tinha aproveitado. Mas a exibição dele não terá sido grande surpresa para quem já vinha acompanhando os seus jogos na equipa B ou na UEFA Youth League. Em contraste, o muito mais experiente Lisandro fez uma exibição bastante sofrível. Quanto aos outros estreantes, o Pedro Pereira cumpriu os mínimos, mas achei que esteve demasiado retraído. Um lateral do Benfica tem que participar muito mais nas acções ofensivas da equipa, e por diversas vezes vi os colegas fazerem passes para aquela zona à espera que o lateral entrasse, e a bola acabar por não encontrar ninguém. O Hermes não fez nada digno de realce, mas dou-lhe o desconto de estar a jogar numa posição onde provavelmente nunca terá jogado. O André Horta e o Samaris estiveram num bom nível, e o Rafa, pese o erro que deu o segundo golo do Boavista, mexeu bastante com o nosso jogo.

 

 

Em condições normais um empate com o Boavista não seria um bom resultado. Mas no cenário particular deste jogo, acaba por ser um resultado satisfatório, particularmente depois de termos anulado uma desvantagem de dois golos. Agora é altura de parar com os festejos e centrar as atenções na final da taça. Uma dobradinha fecharia a época em beleza.

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publicado por D'Arcy às 22:08
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Domingo, 14 de Maio de 2017

Tetra

É pouco importante escrever sobre um jogo quando o que mais importa, e aquilo que fica para a história, é a consequência do seu resultado: a conquista de um inédito tetracampeonato que tantas vezes já nos tinha escapado. Um pensamento que não me deixa a cabeça desde que esta conquista se tornou possível é o do quão privilegiados somos. O nosso Benfica tem 113 anos de uma história gloriosa e incomparável neste país, recheada de conquistas e feitos inigualáveis. Milhões de pessoas já passaram pelo nosso clube, já dedicaram todas as suas vidas a sofrer e a apoiá-lo, mas nós temos a sorte o privilégio de cá estarmos para viver este momento.

 

 

O Tetra não surge por acaso. É o resultado de um trabalho que começou há dezassete anos, quando foi necessário começar a reconstruir quase do zero toda a estrutura de um clube que tinha sido delapidada, negligenciada e mal gerida durante anos. E a partir do momento em que o nosso clube está organizado, as vitórias passam a ser quase uma consequência inevitável, porque a nossa dimensão é incomparável e nenhum dos nossos adversários mais directos pode sequer sonhar em se lhe comparar. E é isso que lhes dói mais. Porque mesmo que se juntem os dois numa união de facto, a dimensão e força dessa união continua a ser inferior à nossa. Neste momento a sensação (muito confortável, diga-se) que tenho é a de que a organização do futebol profissional do Benfica é o factor determinante nas conquistas do clube, e não estamos dependentes ou reféns de individualidades, sejam elas treinadores ou jogadores. Se de hoje para amanhã trocarmos de treinador, ou vendermos algum jogador importante, no dia seguinte continuarei a sentir a mesma confiança na capacidade para lutarmos por títulos (mas se quiserem assinar um contrato vitalício com o Fejsa, eu apoiarei entusiasticamente a decisão).

 

Quanto ao jogo do tetra propriamente dito, foi aquilo que todos sonhamos que seja. Resolver cedo, evitar qualquer tipo de preocupações, e depois passar a maior parte do jogo em clima de festa, contribuindo para ela com uma goleada. Apesar do grande respeito que tenho pela equipa do Vitória, a forma como os dominámos completamente esta época nos dois jogos que disputámos em casa deles, quando toda a gente antecipava complicações, dava-me confiança para este jogo. O Vitória foi fiel aos seus princípios de jogo e tentou jogar de igual para igual com o Benfica, voltando a pagar caro o atrevimento. Revelaram-se sobretudo particularmente vulneráveis pelo centro, e contra o Benfica isso é o pior que pode acontecer. A forma como o Benfica entrava pelo centro da defesa e construía ocasiões de golo cedo deixou antever uma goleada. O Cervi abriu as hostilidades logo aos onze minutos, na recarga a um remate do Jonas, e a partir daí foi só ir somando golos e desperdiçando outras tantas ocasiões para o fazer. Quatro minutos depois o segundo apareceu, com o Benfica finalmente a conseguir tirar partido do pontapé longo do Ederson. Num pontapé de baliza conseguiu colocar a bola no Jiménez, e o mexicano acabou por conseguir a dois tempos ultrapassar o guarda-redes e colocar a bola na baliza, a meias com um defesa. Deu para alguma irritação quando o Jonas, por duas vezes, entrou pelo meio e na cara do guarda-redes falhou dois golos cantados, parecendo que estava com vontade de recuperar o título de 'pior avançado do mundo' que em tempos teve. Mas depois combinou com o Pizzi (ainda e sempre pelo centro) para que este em frente ao guarda-redes não perdoasse e desse ainda mais tranquilidade. E à beira do intervalo, depois de mais uma recuperação de bola do Fejsa, o Jonas levou toda a gente para o descanso a cantar 'E o Benfica é campeão' ao fazer um chapéu perfeito ao guarda-redes para o quarto golo.

 

A segunda parte, apesar de ser jogada em ambiente de festa, foi de domínio completo do Benfica, de tal forma que foram construídas ocasiões flagrantes suficientes para que, somando-as à desperdiçadas na primeira parte, o resultado final pudesse ter sido o dobro daquele que se registou. Assim de repente lembro-me de um remate do Jiménez ao poste, de um chapéu do Pizzi salvo sobre a linha ou de uma defesa incrível do guarda-redes a mais um remate do Jonas que parecia ter o selo de golo. Isto para não falar em diversas outras ocasiões em que o Benfica conseguia sair rápido para o ataque, entrava pelas alas e colocava três ou quatro homens em posição perigosa, para depois o último passe sair um pouco torto ou ser interceptado no limite por um defesa. Somámos apenas mais um golo ao resultado, um penálti marcado pelo Jonas depois do Cervi ter sido derrubado na área, e parece-me que uma vitória por cinco golos sem resposta acompanhada de uma tamanha demonstração de superioridade face à equipa em melhor forma do campeonato, que seguia com sete vitórias consecutivas, é uma forma perfeita de selar um conquista tão histórica para o nosso clube.

 

Não houve quem jogasse mal hoje, todos os jogadores estão de parabéns e podia elogiá-los um por um. Escolho mencionar três ou quatro, mas podia escolher outros quaisquer. Um é o Fejsa, simplesmente imperial. O primeiro e quarto golos resultam directamente de recuperações de bola dele, no caso do primeiro à entrada da área adversária. Esteve em todo lado, dobrou toda a gente e dominou por completo o meio campo, em boa companhia do Pizzi, que mais uma vez pareceu ter encontrado mais uma réstia de energia para encher o campo, isto quando é o jogador do plantel com mais minutos nas pernas. Confesso que fiquei com pena que o Fejsa não tivesse sido chamado a converter o penálti, porque merecia marcar um golo não só neste jogo, mas no campeonato.  Em face de tudo o que tenho escrito sobre o Salvio nestes últimos meses, é merecido que o destaque hoje. Não tenho dúvidas nenhumas em afirmar que o Salvio fez hoje o melhor jogo da época. Foi absolutamente diabólico e finalmente voltámos a ver o Salvio que conhecemos. Não sei se o banco lhe fez bem e a assistência em Vila do Conde lhe restauraram a confiança, o que interessa é que jogue sempre assim. Uma última menção para o Cervi. Encanta-me. A capacidade técnica aliada ao espírito lutador que tem, não dando uma bola por perdida, é algo raro de se encontrar. Deverá tornar-se uma das grandes figuras da equipa nas épocas que se seguem.

 

Somos Tetracampeões, vamos festejar esta conquista inédita e depois começar a preparar o próximo jogo e a final da taça, porque a época ainda não terminou e a nossa sede de conquistas não desapareceu. A ambição de fazer sempre mais e melhor é o que nos move.

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publicado por D'Arcy às 12:11
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Segunda-feira, 8 de Maio de 2017

Atitude

Mais um dificílimo obstáculo ultrapassado e um enorme passo dado no caminho que nos separa de um possível e histórico tetracampeonato. O jogo antevia-se complicado, mas o Benfica encarou-o com atitude de campeão e vontade de dar uma enorme alegria ao mar vermelho que inundou as bancadas em Vila do Conde. No final acabámos felizes, sobretudo porque trabalhámos e quisemos muito sê-lo.

 

 

Duas alterações no onze titular, que consoante o ponto de vista podem ou não ser consideradas surpresas. Rafa e Jiménez no onze, por troca com o Salvio e o Mitroglou. Se considerarmos o que tem sido o rendimento mais recente dos dois jogadores que saíram, as alterações nada têm de surpreendente. O Salvio há várias semanas que tem sido consistentemente um dos jogadores em pior forma na nossa equipa, e o Mitroglou também tem estado apagado nos últimos jogos, provavelmente por estar a jogar com dores e eventualmente o facto de ter sido pai recentemente também poderá ter alguma influência. Por outro lado, a aparente relutância que o nosso treinador tem revelado em fazer mexidas na equipa titular nos últimos jogos poderá ter feito com que estas alterações tenham surpreendido algumas pessoas - confesso que a mim surpreenderam mesmo, mas pela positiva e fiquei bastante agradado assim que ouvi a constituição da equipa. Nada contra o Salvio ou o Mitroglou, apenas gosto de ficar com a sensação de que joga quem está em melhor forma. O Rio Ave tem sido elogiado pelo futebol que pratica, e verdade seja dita que não abdicou da sua forma habitual de jogar só por estar a defrontar o líder. Mostrou boa organização defensiva, e acima de tudo vontade de jogar futebol, privilegiando a posse de bola e tentando quase sempre sair a jogar, evitando o chutão para a frente. Mas do outro lado estava o Benfica, e uma coisa é jogar assim contra a grande maioria das equipas da nossa liga, e outra contra as equipas mais fortes. Quer isto dizer que a posse de bola do Rio Ave foi bastante estéril, já que o Benfica conseguia tapar quase todos os caminhos para a frente e pressionava logo a saída de bola ao adversário. Por isso mesmo, apesar da posse de bola ser muito repartida entre as duas equipas - e isto é um elogio que se pode fazer ao Rio Ave, porque não são muitas as equipas que conseguem repartir a posse de bola num jogo connosco - o jogo disputava-se quase sempre dentro do meio campo do Rio Ave. O Benfica mostrou também uma boa dinâmica no ataque, onde o Rafa derivava frequentemente para o centro e deixava a ala aberta para o Nélson Semedo, e do outro lado o Cervi mostrava uma energia inesgotável. O Jiménez é um avançado muito mais móvel do que o Mitroglou, e as suas movimentações faziam com que diversas vezes olhássemos para a área e lá estivesse não o ponta-de-lança, mas sim o Jonas e o Rafa. Todos os jogadores do ataque se iam mostrando, e o Benfica foi naturalmente muito mais rematador - contra uma das equipas do campeonato que menos remates permite ao adversário. Mas num jogo em que as duas equipas se empenharam ao máximo, o nulo acabou mesmo por persistir até ao intervalo, embora fosse o Benfica quem dava sinais claros de poder chegar primeiro ao golo.

 

 

E esses sinais foram reforçados na reentrada para o segundo tempo. Nessa altura o Benfica submeteu o Rio Ave a uma forte pressão e procurou chegar cedo ao golo que nos colocaria numa posição bastante confortável no jogo. O Rio Ave foi lentamente sendo obrigado a recuar a linha de pressão cada vez mais, mas o golo do Benfica não chegava e estávamos sempre expostos a algum contra-ataque que pudesse explorar o nosso cada vez maior adiantamento no terreno - apesar do Benfica estar cada vez mais por cima no jogo, o Rio Ave conseguia agora ser mais perigoso quando saía para o contra-ataque. Ainda apanhámos um susto dessa forma, mas o Héldon foi algo egoísta, não passou a bola no momento certo, e depois acabou por fazer um remate cruzado que saiu ao lado da baliza. A vinte minutos do final, uma substituição que acabou por se revelar decisiva, que foi a troca do Rafa pelo Salvio. Porque cinco minutos depois da sua entrada, e pouco depois de mais uma jogada de algum perigo do Rio Ave (remate do Tarantini que saiu muito perto do poste, depois de um passe atrasado para a entrada da área) o Benfica desenhou um contra-ataque exemplar após um canto a beneficiar o Rio Ave. Assim que a bola foi recuperada, saímos a jogar desde a nossa área e a bola só parou no fundo da baliza adversária. Corte de cabeça do Lindelöf, bola no Cervi à saída da área, Cervi para o Jonas, toque do Jonas para a corrida do Salvio pela esquerda e desde a linha do meio campo até à entrada da área adversária, passe com conta, peso e medida para o Jiménez (corre tudo tão melhor quando nos lembramos que jogamos numa equipa e passamos a bola na altura certa, não é Salvio?) que entretanto se tinha desmarcado pelo centro, e o mexicano com tempo e calma suficiente deu um toque para controlar a bola, e outro para rematar rasteiro e colocado junto ao poste para o fundo da baliza, quando o guarda-redes saiu ao seu encontro. Nada mau para uma equipa que não tem processos. Num jogo destes, tal como o aconteceu o ano passado neste campo, um golo é quase sempre decisivo. Por isso nos minutos finais o Benfica optou por fechar os caminhos para a sua baliza, trocando o Jonas pelo Samaris, e fê-lo com eficácia, já que o Rio Ave não conseguiu pressionar-nos de forma consistente. Mas não nos livrámos no entanto de um enorme susto, quando um ressalto de bola nas costas do Lindelöf após um corte do Luisão deixou a bola solta no interior da área, e na sequência disso levámos com uma bola no poste e no ressalto, em muito boa posição, o Héldon rematou por cima. Faltavam três minutos para os noventa, e nesse lance tivemos estrelinha. Mas no cômputo geral, creio que a vitória do Benfica é inteiramente justa e inquestionável.

 

 

Grande atitude de toda a equipa em geral, a atitude que se exigia para conseguir ganhar um jogo desta dificuldade. O Jiménez foi o herói do jogo, mas não houve um jogador que se possa dizer que esteve mal. Já começo a ter saudades antecipadas do Nélson Semedo, porque tenho dúvidas que tenhamos a felicidade de o ver por cá mais uma época. O Fejsa foi o colosso do costume à frente da defesa, os centrias fizeram um jogo muito sólido, e o Cervi mostrou aquela garra tão pouco habitual nos jogadores tecnicistas que actuam na sua posição. Já o reclamava antes e continuo a afirmar que para mim seria sempre o mais indiscutível dos extremos do Benfica.

 

À entrada para esta jornada sabíamos que precisávamos de conquistar sete pontos nos três jogos que faltavam para garantir o título. No final da mesma esse número reduziu-se para dois pontos nos dois jogos que faltam. Falta muito pouco, é certo, mas ainda falta alguma coisa. Não é tempo de festejos ou triunfalismos descabidos, porque nada está ganho ainda. Nenhuma equipa gosta de fazer de figurante na festa do adversário, e para a semana vamos defrontar a equipa em melhor forma do campeonato, que certamente não estará nada para aí virada. O Vitória é uma excelente equipa, que não virá disposta a participar em festa alguma, até porque quererá marcar posição para a final da taça que se avizinha. Mostrámos uma atitude e empenho exemplares durante trinta e duas jornadas. Falta mantê-la por mais duas para que seja possível celebrar no final.

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publicado por D'Arcy às 04:12
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