VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2019

Natural

Creio que diz muito sobre o estado actual da nossa equipa quando chegamos ao fim de um jogo com um resultado de quatro golos sem resposta e mesmo assim ficamos com a sensação que foi pouco. Foi mais uma vitória sem discussão e nem sequer pareceu que a equipa tivesse forçado muito, porque tudo parece ser feito de forma tão natural.

 

 

Não havia André Almeida nem Ferro para este jogo, por isso jogou o Corchia na direita (estreia na liga) e o Samaris recuou para central, ficando o Florentino a fazer dupla com o Gabriel no meio campo. Os primeiros minutos deram logo para ver ao que o Chaves vinha. Simplesmente, não vinham para jogar futebol. Uma equipa extremamente defensiva, a acumular gente junto à área e a tentar queimar tempo sempre que possível - ao fim de dez minutos de jogo já o guarda-redes do Chaves era o homem mais odiado sobre o relvado da Luz, e provavelmente assim teria continuado caso o árbitro de serviço não tivesse feito um esforço notável para arrecadar essa distinção. Normalmente até tenho uma certa simpatia pelo Chaves, mas a jogar desta forma e com este treinador não me parece que fique com grande pena se acabarem por descer de divisão. A resistência do Chaves durou dezanove minutos, altura em que o Rafa aproveitou um ressalto na área para inaugurar o marcador - mas o melhor pormenor do lance foi a recepção do João Félix, que deixou o seu marcador directo completamente fora da discussão do mesmo. Mas nem a perder o Chaves abandonou a postura defensiva. O Benfica ia construindo ocasiões para ampliar o resultado, com o Rafa a desperdiçar por falta de pontaria e o João Félix a ver o guarda-redes negar-lhe o golo, seguindo-se um falhanço incrível do Seferovic na recarga. Mas era apenas uma questão de tempo, e aos trinta e sete minutos o golo inevitavelmente acabou por surgir. Grande passe do Seferovic para uma ainda melhor desmarcação do João Félix, remate de primeira de pé direito defendido pelo guarda-redes e recarga imediata e fulminante de pé esquerdo para o fundo da baliza. A perder por dois o Chaves lá deu um ar da sua graça e saiu um bocadinho lá de trás, tentando pressionar a saída de bola do Benfica. E foi imediatamente punido por isso. O lance do terceiro golo foi simples e eficaz: começa num alívio de bola do Vlachodimos, que a faz chegar ao Gabriel. Toque para o João Félix, que rodeado por três adversários liberta de calcanhar para o mesmo Gabriel. Segue-se um passe de primeira para a desmarcação do Seferovic, que mesmo empurrado ainda consegue rematar e fazer o golo. Tudo isto feito de forma rápida e quando os nossos jogadores estavam pressionados por adversários.

 

 

Já nos habituámos a ver o Benfica nunca tirar o pé do acelerador mesmo quando está com uma vantagem confortável, por isso todos nós antecipámos o que a segunda parte traria. Afinal de contas, com o Nacional também estávamos a vencer por três ao intervalo e depois foi o que se viu. E o Benfica não desiludiu, pois veio para a segunda parte como se o resultado ainda estivesse em branco. O Chaves não foi deliberadamente defensivo como na primeira parte, foi sim remetido para a defesa por não ter capacidade para atacar. É que os nossos defesas nem sequer tiveram grande trabalho porque era quase impossível ao Chaves conseguir ultrapassar o Florentino e o Gabriel no meio campo, que recuperavam tudo o que era bola que lhes passasse ao alcance. Sinceramente, face ao número e qualidade de ocasiões criadas este jogo poderia muito facilmente ter acabado com um resultado ao nível do do Nacional. Posso estar a esquecer-me de alguma, mas assim de repente menciono um remate do João Félix para a bancada logo a abrir a segunda parte, quando estava completamente à vontade no interior da área, duas ocasiões do Pizzi negadas por defesas incríveis do guarda-redes, mais uma grande defesa do guarda-redes a um remate do Grimaldo (teria dado um golo parecido ao que ele marcou contra o Boavista) ou um penálti que ficou por marcar sobre o Pizzi. Sobre este lance, achei fantástico que mesmo após indicação do VAR de que tinha de facto sido penálti, o árbitro tenha ido ver as imagens e nem assim foi capaz de assinalar o mesmo. Para variar, o VAR fez um trabalho competente mas o desta vez foi o árbitro que não conseguiu ter coragem para fazer o seu trabalho. O jogo estava mais do que ganho, mas todas estas ocasiões desperdiçadas iam contribuindo para a tal sensação de que era pouco. Num jogo em que assistimos à estreia do Jota na liga (já tinha jogado para a taça), só sobre o minuto noventa é que finalmente marcámos o mais do que merecido quarto golo. O Jonas, que tinha substituído o Rafa, tinha que picar o ponto e fê-lo aproveitando um grande passe do João Félix, que o deixou isolado para marcar, ainda que pressionado por um defesa.

 

 

Escolho para melhor do Benfica o Gabriel, mas podia muito facilmente escolher também o Florentino. Qualquer um dos dois foi um recuperador de bolas incansável no meio campo, mas o Gabriel destacou-se como habitualmente nos passes, tendo feito a assistência para o terceiro golo. De mencionar também o João Félix, porque esteve nas jogadas dos quatro golos do Benfica. Uma palavra também para o Corchia, que foi mais um exemplo que neste momento todos contam e é por isso uma opção válida para a posição de lateral direito.

 

Em tempos não muito distantes uma equipa que viesse jogar à Luz como o Chaves se apresentou teria fortes probabilidades de nos causar sérios problemas. Nos tempos que correm, o táctica ultra-defensiva e voltada para o antijogo resistiu dezanove minutos e foi destroçada com uma facilidade e naturalidade que até nos parece normal. Há muito tempo que não via o Benfica jogar desta forma e que não sentia tanto prazer em ver-nos jogar. É uma equipa onde todos querem jogar e mostram uma enorme alegria em fazê-lo. Cheia de portugueses e de gente nova que já está no Benfica há muitos anos. A minha expectativa é mesmo ver se seremos capazes de segurar todos estes jogadores e consolidar isto, porque se o conseguirmos o futuro será radioso.

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publicado por D'Arcy às 12:08
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Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2019

Controlo

Um jogo marcado pelo controlo quase absoluto do mesmo da parte do Benfica, que geriu confortavelmente a vantagem trazida da primeira mão. A exibição pode não ter sido das mais exuberantes, mas foi claramente suficiente para ganhar este jogo, por isso apesar do nulo final nos servir perfeitamente até acaba por saber a pouco.

 

 

Desta vez não houve tantas alterações no onze em relação ao último jogo, pois foram apenas três: entradas do Florentino, Gedson e Cervi para os lugares do Samaris, Gabriel e Rafa. Conforme escrevi, a palavra chave deste jogo é controlo. Em momento algum este jogo e muito menos a eliminatória pareceu estar em causa. O Benfica teve uma entrada forte no jogo, o Benfica tentou fazer o seu jogo habitual, com pressão alta sobre o adversário mas sem a presença do Gabriel vimos bastantes menos lançamentos longos para as faixas nas costas da defesa adversária. Depois de uma primeira fase mais acelerada foi o próprio Galatasaray que contribuiu para reduzir a ritmo de jogo, parecendo até que não eram eles quem precisava de marcar dois golos. Para a segunda parte, o Benfica regressou decidido a marcar e esteve completamente por cima no jogo, construindo oportunidades suficientes para justificar a vitória, mas o desacerto na finalização foi sempre uma constante ao longo de todo o jogo. O Galatasaray esteve sempre completamente manietado e raramente conseguiu criar ocasiões de perigo ou sequer chegar muito perto da nossa baliza. A única grande ocasião que criaram resultou num golo anulado, e isso foi a cinco minutos do final do jogo. Chegámos mesmo a ver os turcos a adoptar tácticas mais comuns a equipas de menores recursos, aproveitando livres ainda dentro do seu meio campo para despejar a bola para perto da área, porque de outra forma quase não conseguiam fazer a bola lá chegar. A defender a nossa equipa esteve quase exemplar.

 

Mais um bom jogo dos miúdos Ferro e Florentino. Neste momento creio que ninguém terá ainda desconfiança neles por causa de alguma inexperiência, e são simplesmente mais duas opções muito válidas para o onze titular. O Grimaldo também fez um bom jogo, ainda que menos interventivo no ataque do que lhe é habitual (faltaram aqueles lançamentos longos do Gabriel). O Seferovic chegou ao final do jogo absolutamente esgotado, e acho que praticamente se arrastou em campo durante os vinte minutos finais.

 

Missão cumprida e passagem carimbada. Era o que se exigia. Apesar de um onze com vários miúdos (e sete portugueses) a nossa equipa geriu o resultado e a eliminatória como se tivesse imensa experiência em competições europeias. E ao contrário de um passado recente, em que 'gerir' significava cerrar fileiras atrás e entregar a iniciativa ao adversário, a gestão hoje passou sempre por procurar o golo e assim manter o adversário em sentido. Como deve ser.

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publicado por D'Arcy às 01:13
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Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2019

Respeitinho

Não foi uma exibição tão exuberante como a última (também seria muito difícil igualá-la) mas vencemos tranquilamente o Aves e até poderíamos ter voltado a golear caso não jogássemos a última meia hora reduzidos a dez - pelo menos todos os indicadores até à expulsão apontavam para que tal acontecesse. Ms pronto, para sossegar os lesados do dez desta vez resolvemos respeitar o adversário e não marcámos mais golos, tendo até acabado o jogo com com menos um para equilibrar as coisas. É que o respeitinho pelo futebol é muito bonito.

 

 

Nova revolução no onze com o regresso à fórmula que bateu o Nacional por dez golos sem resposta. E nova entrada a todo o gás do Benfica, que se colocou em vantagem ainda não tinham decorrido três minutos de jogo. O golo nasce de um passe do Samaris para as costas da defesa do Aves, onde o inevitável Seferovic matou no peito e depois finalizou fazendo a bola passar sobre o guarda-redes quando este lhe saiu aos pés. Uma finalização com muita calma e classe de um jogador que está cheio de confiança. Desta vez o VAR não se lembrou de ir ver se ele tinha jogado a bola com a mão. Alguma surpresa por ser o Samaris o autor do passe e não o Gabriel, mas nesta primeira parte o Samaris até foi frequentemente mais atrevido no ataque do que o seu parceiro do meio campo. Perante uma equipa que certamente estaria apostada em segurar o nulo, tendo-se apresentado de início com três centrais, nada melhor do que começar a fazer ruir essa estratégia o mais cedo possível. Não é que perante isto o Aves tenha imediatamente arriscado vir para o ataque, mas aposto que pelo menos nos poupou a um festival de antijogo, coisa habitual nas equipas treinadas pelo Inácio sempre que defrontam o Benfica. Já sabemos que este Benfica joga sempre à procura de mais golos mesmo quando está em vantagem. O que é interessante é a forma como o faz, adaptando o modelo de jogo consoante o adversário - o nosso treinador já o tinha afirmado na antevisão a este jogo, e vimos isso mesmo hoje. Por exemplo, perante um esquema de três centrais vimos frequentemente o Rafa a fugir da esquerda e a aparecer na zona central para obrigar os defesas adversários a jogar em 1x1. E acima de tudo, muita mobilidade dos três jogadores da frente para baralhar a organização defensiva do Aves - o João Félix foi tudo menos um avançado fixo, deambulando no espaço entre a defesa e o meio campo. Continuámos muito por cima no jogo e a procurar rapidamente o segundo golo. Mas curiosamente foi num período em que a pressão do Benfica até parecia ter abrandado um pouco, já na fase final da primeira parte, que fizemos o segundo golo. Um bonito golo do Rafa, que dentro da área tirou um adversário da frente e rematou cruzado, depois de uma jogada em que a bola passou pelo Pizzi, Grimaldo e João Félix. Os dois golos de diferença já era uma expressão mais ajustada à superioridade que o Benfica mostrou durante toda a primeira parte. O Aves apenas por uma vez causou perigo, num livre lateral que quase fazia a bola entrar na nossa baliza, tendo-nos valido uma boa intervenção do Vlachodimos - mas nem sequer percebi se o livre foi intencionalmente marcado daquela maneira ou não.

 

 

Se alguém esperava uma entrada mais atrevida do Aves na segunda parte, de forma a conseguir um golo que os recolocasse na discussão do resultado, depressa terá ficado desiludido. Porque na segunda parte só deu Benfica mesmo, numa busca quase incessante pelo terceiro golo. Que esteve muito perto de acontecer em diversas ocasiões, sendo de lamentar o pouco acerto dos nossos jogadores quer na finalização, quer na decisão (optarem pelo remate quando tinham colegas em posição de marcar), quer no último passe. Mas tamanho caudal ofensivo só poderia acabar em mais um golo, que surgiu através de um autor improvável. Depois de uma confusão na área no seguimento de um canto, o Ferro acabou por conseguir enviar a bola para a baliza e deixar-nos a antecipar mais uma goleada. Não por qualquer questão de excesso de confiança ou arrogância, apenas porque parecia ser o desfecho mais lógico para aquilo a que assistíamos no campo. Até porque logo na jogada seguinte só não marcámos mais um porque o Pizzi, em posição privilegiada, não conseguiu acertar com a baliza - isto quando até tinha dois colegas no meio a quem podia ter passado a bola. Só que a seguir a isto o Ferro agarrou o Derley quando ele se ia isolar, e foi justamente expulso. Uma pena sobretudo para ele, porque é um golpe duro num jogador que estava a aproveitar a oportunidade para se afirmar. O Benfica reorganizou-se sem sequer fazer qualquer substituição: o Pizzi passou para o meio, o Samaris recuou para central e o João Félix passou a fechar a direita. Quanto ao resultado, nem deu para ficar preocupado. A jogar com mais uma unidade o Aves conseguiu equilibrar um pouco a posse bola, mas nunca conseguiu ser uma equipa perigosa. Apenas nas bolas paradas despejadas para a área se aproximava da nossa baliza. A confiança na equipa é tanta que até me esquecia facilmente que estávamos a jogar em inferioridade numérica e parecia-me que a qualquer momento o Benfica iria conseguir voltar a marcar - e não esteve assim tão longe de o fazer, pelo João Félix, mas o remate saiu um pouco ao lado. A expulsão terá no entanto condicionado a gestão de esforço que o nosso treinador certamente quereria fazer, já que acabou por guardar as substituições todas para os últimos minutos.

 

 

Tenho dificuldades em escolher quem terá sido o melhor jogador esta noite. Acho que foi mais um jogo sólido da equipa num todo, com cada jogador a fazer aquilo que dele se esperava e a contribuir para uma vitória sem espinhas. Gostei do jogo do Rafa, não só pelo golo que marcou mas também porque está com uma atitude fantástica a defender. Por mais de uma vez o vimos a vir recuperar bolas que ele próprio tinha perdido no ataque, coisa que não era habitual nele. Pena pela expulsão do Ferro, que estava a fazer um jogo cheio de confiança.

 

Missão cumprida e três pontos conquistados que nos deixaram mais folgados no segundo lugar, mantendo a perseguição ao primeiro. Segue-se uma segunda mão da Liga Europa que me parece que será bem mais difícil do que a vitória no primeiro jogo pode fazer crer. Mas confio que o nosso treinador saberá gerir algum eventual excesso de confiança. Para a liga, ficámo-nos pelos três golos para não ofender ninguém e não sermos acusados de estar a faltar ao respeito a quem quer que seja. A última coisa que queremos é ser ultrajar a gente que acusa os nossos adversários de facilitarem contra nós, ou insinua que os nossos jogadores estão dopados. Esses é que são os guardiões do respeito pelo futebol em Portugal.

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publicado por D'Arcy às 00:37
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Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2019

Gigantes

Demos um enorme passo na eliminatória ao conseguirmos pela primeira vez na nossa história ganhar um jogo na Turquia. Para muitos dos que olharam para o onze inicial da nossa equipa isto deveria parecer quase impossível mas os nossos 'meninos do Seixal' foram gigantes e deram uma prova de grande carácter, qualidade e confiança, deixando-nos numa situação muito favorável para passarmos à próxima eliminatória. 

 

 

Depois de um jogo praticamente perfeito, no qual conseguimos um resultado histórico, o que é que o nosso treinador resolveu fazer? Trocar seis dos titulares nesse jogo (André Almeida, Grimaldo, Samaris, Gabriel, Rafa e Pizzi) e entrar em campo no inferno turco com seis jogadores da nossa formação (Rúben Dias, Ferro, Yuri Ribeiro, Florentino, Gedson e João Félix). Muitos terão pensado que isto era um risco enorme e quase uma loucura, mas no final o que acabou por ser foi uma enorme demonstração de vitalidade e força da nossa equipa. É que para além do jogo, ganhámos também vários jogadores como opções válidas para o onze. Neste momento todos os jogadores que fazem parte do plantel devem acreditar que podem ser titulares e jogam com a confiança que isso lhes confere. Para além do Yuri, Florentino e Gedson, entraram para a equipa o Corchia, Salvio e Cervi. Se havia algumas dúvidas em relação à capacidade de resposta da equipa, depressa elas se dissiparam. A entrada do Benfica no jogo foi muito boa, com a equipa a revelar muita calma e atitude, não se submetendo a algum previsível assalto turco nos primeiros minutos. Apesar de não termos sido tão agressivos na pressão como nos últimos jogos, a chave foi uma equipa muito solidária, com grande entreajuda e os jogadores a actuarem sempre muito juntos e a preencherem quase sempre bem todos os espaços. O único ponto mais frágil foi o lado esquerdo, onde o Yuri revelou algumas dificuldades e o Cervi esteve desinspirado, sobretudo no passe. O Galatasaray teve sempre mais bola, mas regra geral não conseguiu criar muito perigo com ela, e era nas bolas paradas que acabava por conseguir ameaçar mais a nossa baliza. Quando recuperávamos a bola, tentávamos como habitualmente sair rapidamente para o ataque em trocas rápidas de bola, ainda que o Salvio revelasse a habitual aversão a jogar simples e libertar-se rapidamente da bola. Ou seja, conseguimos ver o Benfica transformar completamente o seu estilo de jogo para uma atitude de maior contenção, e no entanto a equipa pareceu completamente confortável com isso. Colocámo-nos em vantagem a meio da primeira parte, num penálti marcado pelo Salvio depois de um toque na bola com o braço de um defesa do Galatasaray. E não houve grande dificuldade em segurar esta vantagem até ao intervalo, porque o Galatasaray foi sempre uma equipa sem grandes ideias para ultrapassar a nossa defesa.

 

 

A segunda parte teve o mesmo perfil: o Benfica a adoptar uma postura cautelosa e a entregar a iniciativa de jogo ao Galatasaray, que tentou forçar um pouco mais nos minutos iniciais, conforme seria previsível. Mas continuava a ter grandes dificuldades para criar ocasiões de perigo em jogadas de futebol corrido, sendo mais uma vez nas bolas paradas que ameaçava mais. Infelizmente para nós, conseguiram chegar ao golo do empate relativamente cedo, com apenas nove minutos decorridos. Depois de uma bola parada em que a bola foi aliviada pela lateral, os centrais permaneceram na área e um cruzamento largo para a zona do segundo poste deixou um deles a disputar uma bola aérea com o Yuri, com larga vantagem física para o central turco. De qualquer forma achei que o Yuri foi pouco decidido no ataque à bola, até porque tinha a frente ganha e o central salta-lhe nas costas - provavelmente até conseguiria arrancar uma falta naquele lance se tivesse um pouco mais de experiência. Os turcos animaram com o golo e aceleraram mais o ritmo à procura da vantagem. Sem grandes resultados práticos, diga-se, porque a nossa equipa manteve-se sempre muito calma e organizada. Até porque o Gabriel, que logo nos minutos iniciais substituiu o Salvio (o Gedson passou para a direita) teve mais tendência para cair sobre a esquerda, ajudando a compensar a noite menos inspirada do Yuri e do Cervi. E com o Galatasaray assim balanceado para o ataque, o Benfica desferiu um golpe no jogo que veio a revelar-se fatal. Apenas dez minutos depois do golo do empate, um passe em profundidade do Rúben Dias para as costas da defesa adversária (começa a tornar-se especialista nisto) desmarcou o Seferovic, que ganhou no corpo a corpo com um defesa e depois colocou a bola no ângulo mais distante da baliza, sem qualquer possibilidade de defesa para o guarda-redes. Um bonito golo que, não tenho a menor sombra de dúvidas, em Portugal seria anulado ao Benfica por intervenção do VAR. O Galatasaray acusou mesmo muito este golo. Foi perfeitamente visível o desânimo dos nossos adversários dentro e fora do campo, que apenas por uma vez voltaram a ameaçar seriamente a nossa baliza - sem surpresas, na sequência de mais uma bola parada, a que correspondeu o Vlachodimos com uma excelente defesa. Nos minutos finais a desorganização do Galatasaray era de tal forma que acreditei que poderíamos até chegar a mais um golo, mas faltava-nos um avançado mais fresco na frente porque o Seferovic trabalhou muito e já estava esgotado. Um Rafa nesta fase teria partido aquilo tudo.

 

 

O melhor do Benfica foi o Bruno Lage. Porque num jogo destes mudar mais de meia equipa e apostar em miúdos, com alguns deles a fazer a sua estreia não só nas competições europeias mas também a titulares, requer coragem e acima de tudo, muita confiança. E depois ver esta mesma equipa a jogar de forma tão descomplexada e com tanta personalidade é uma prova da qualidade do trabalho que ele está a fazer. Quanto aos jogadores, e reconhecendo que sou faccioso nisto, o Florentino foi um dos que mais me agradou. Joga simples e depressa, lê bem o jogo e sabe quase sempre o que fazer com a bola. Será com quase toda a certeza um valor seguro da nossa equipa nos próximos anos. Os nossos centrais estiveram bastante bem, incluindo o Ferro, que teve alguns cortes providenciais. Gostei também do Corchia, que depois de não ter tido problemas em alinhar pela equipa B nos últimos jogos para ganhar ritmo mostrou neste jogo que é uma alternativa perfeitamente viável ao André Almeida. Finalmente uma palavra para o Seferovic, que trabalhou até á exaustão e marcou um golo que pode ser decisivo na eliminatória.

 

Cumprida esta tarefa, está na hora de regressar ao futebol português que não nos merece. A confiança é alta por via das últimas exibições e resultados, mas será necessário o máximo de concentração e atitude competitiva para o jogo contra o Aves. Vamos enfrentar uma equipa treinada por uma das personagens mais detestáveis do futebol português, que odeia o Benfica e que seguramente usará de todos os meios para nos travar. E tenho poucas dúvidas que de fora do campo ainda virão umas nomeações cirúrgicas para nos dificultar ainda mais a tarefa. Um ponto é muito pouco e anda por aí muita gente demasiado nervosa.

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publicado por D'Arcy às 00:11
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Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2019

Perfeito

Foi um jogo praticamente perfeito da nossa equipa, daqueles que a nossa geração provavelmente nunca terá visto e que dificilmente conseguirá voltar a ver. O mais próximo disto que vi só talvez a goleada por 8-1 ao Setúbal na primeira época do Jorge Jesus, mas mesmo assim achei o jogo de hoje alguns furos acima desse.

 

 

O onze apresentado pelo Benfica não teve surpresas. É aquele que será o onze base do Bruno Lage, com os regressos do Vlachodimos à baliza, do Rafa para o lugar do Salvio, e com o Ferro a ocupar o lugar do lesionado Jardel e a estrear-se como titular na equipa principal. E o que escrever sobre um jogo que o Benfica ganhou 10-0? Todos os adjectivos que tente encontrar para elogiar o que a nossa equipa fez não farão justiça. Acho que só mesmo quem viu o jogo, sobretudo no estádio, é que conseguirá perceber a enormidade daquilo que jogámos e a alegria e vontade de jogar que os nossos jogadores mostraram e fizeram transbordar para as bancadas. O resultado começou a ser construído aos 33 segundos de jogo, altura em que o Grimaldo marcou o primeiro golo sem que os jogadores do Nacional tivessem sequer tocado na bola - desta vez a bola entrou mesmo, numa jogada muito semelhante à primeira que fizemos no último jogo contra o Sporting, em que isso não aconteceu. Foram 33 segundos para mostrar ao Costinha que a estratégia pífia de trocar a escolha dos campos de nada serviria. Tudo o que de bom esta equipa tem andado a produzir esteve no terreno de jogo, cada vez mais refinado. Pressão alta e constante. Ataque permanente aos espaços vazios quando temos a bola, com toda a gente em movimento para oferecer opções de passe ao jogador que a transporta (que diferença para tempos recentes em que víamos a equipa parada a olhar quando um colega transportava a bola). A palavra mais forte para descrever o nosso futebol parece-me ser 'dinâmica'. É uma equipa em constante movimento, com imensa fome de bola, em que vemos dois e três jogadores a pedir a bola ao colega que a tem, e que nunca parece ficar saciada. Podia simplesmente enumerar os golos do Benfica e os seus marcadores, e não seria necessário escrever mais nada. O segundo surgiu pouco depois dos vinte minutos, e já depois do Benfica ter ameaçado várias vezes que ele aí vinha, tendo inclusivamente visto um golo anulado. Não valeu o golo do Rafa, mas valeu o do Seferovic que se isolou pela zona central quase da mesma maneira - recuperação de bola no meio campo defensivo adversário pelo Gabriel, passe do João Félix a isolar o suíço. Antes da meia hora já lá morava o terceiro, que começou num passe soberbo do Rúben Dias a desmarcar o André Almeida, que depois cruzou a bola rasteira para o Seferovic encostar na zona do segundo poste. Logo a seguir, foi por muito pouco que o Benfica não marcou aquilo que seria um dos golos da época, numa jogada que mostrou o quanto esta equipa se está a divertir a jogar futebol. Pizzi, André Almeida, João Félix em trocas sucessivas ao primeiro toque, que incluíram passes de calcanhar, com o Seferovic a não conseguir finalizar. Nos minutos finais da primeira parte o Benfica pareceu acalmar um bocadinho o furacão e o Nacional teve tempo para respirar um bocado, mas toda a gente percebia que assim que o Benfica voltasse a forçar os golos voltariam a aparecer.

 

 

Foi com essa expectativa que os adeptos regressaram do intervalo. Pensávamos em fazer uma segunda parte ao nível da primeira e com sorte marcar outros três golos. Qual quê. Não interessa se há jogo europeu a meio da semana, esta equipa tinha fome de bola e foi para cima do adversário como se o resultado ainda estivesse a zeros e precisasse desesperadamente de marcar. O Pizzi abriu o livro e deu festival, ao fim de onze minutos já tínhamos dobrado o resultado e com mais de meia hora ainda para jogar já se perspectivava um resultado histórico. Começou com o João Félix a marcar de cabeça ao segundo poste depois de um livre do Pizzi. Depois foi o Pizzi a converter um penálti cometido sobre si mesmo, na sequência de mais uma transição rápida. Logo a seguir, canto do Pizzi e o Ferro subiu ao segundo andar para juntar à estreia a titular também a estreia a marcar pela equipa principal. Pouco depois, de assinalar a estreia de mais um menino do Seixal na equipa principal, quando o Samaris cedeu o lugar ao Florentino. Fico particularmente satisfeito com isto porque é um dos nossos jovens jogadores em quem eu deposito mais esperanças e que mais admiro já há alguns anos, acreditando que acabará inevitavelmente por ser titular da equipa principal. Já que o tema eram os jovens da nossa formação, depois do golo do Ferro e da estreia do Florentino, logo a seguir veio um golo do Rúben Dias. Novo livre do Pizzi, corte defeituoso de um defesa e o Rúben a aproveitar para finalizar de cabeça, já perto da baliza. Eram já sete, estávamos com sessenta e cinco minutos de jogo, e seria compreensível que começássemos a pensar no encontro europeu. Mas entretanto o Jonas regressou à equipa e veio naturalmente com vontade de mostrar serviço. E isso resultou em mais três golos nos minutos finais do jogo. O primeiro de livre directo, marcado pelo Jonas numa jogada estudada, em que o Rúben e o Florentino se baixaram na barreira para deixar a bola passar. Depois veio um golo do Rafa, que há muito o procurava e cuja exibição mais do que o justificava. Foi uma intercepção de um mau passe de um jogador do Nacional e depois uma boa combinação com o Pizzi, que não foi nada egoísta e ofereceu ao Rafa uma finalização fácil. Com nove golos marcados e o jogo a acabar o público da Luz deve ter tido vontade de ver o marcador chegar aos dois dígitos, porque pela primeira vez pediu em coro mais um golo. E o Jonas fez-nos a vontade, marcando o décimo depois de se isolar pela zona central, numa altura em que os jogadores do Nacional provavelmente só desejariam encontrar um buraco bem fundo para se enfiarem lá dentro. Estavam completamente perdidos dentro do campo e reclamavam frequentemente uns com os outros.

 

 

Não houve melhores em campo neste jogo. Para ganhar por dez a zero toda a equipa tem que se exibir a um nível altíssimo. Mas menciono as quatro assistências e um golo do Pizzi, a importância que o Grimaldo ou o Rafa têm na dinâmica e velocidade com que jogamos, a enormidade que o Gabriel está a ser no meio campo, onde é omnipresente e consegue ser influente a atacar e a defender, na linha daquilo que no passado vimos jogadores como o Ramires ou o Witsel fazer. A equipa esteve excelente e qualquer jogador parece ser fundamental porque todos eles participam de forma muito activa no jogo. E mesmo considerando que isto não foi um jogo normal, gostei mesmo muito dos minutos de estreia do Florentino, porque mostrou muita da qualidade que lhe reconhecemos durante todos estes anos nas nossas equipas de formação. Um número considerável de desarmes e recuperações de bola, e sempre uma calma olímpica com a bola nos pés.

 

Não digo isto com arrogância ou com o objectivo de achincalhar o Nacional, mas de uma forma objectiva os 10-0 até são escassos para a produção ofensiva do Benfica esta noite. Se o jogo tivesse acabado com os proverbiais 'quinje a jero' não seria exagerado. É muito satisfatório jogar e ganhar assim, mas como é óbvio não podemos esperar que as coisas corram tanto de feição em todos os jogos. Foi uma bela demonstração de força no encurtar das distâncias para o topo da tabela, mas confio que saberemos evitar as euforias - pode ser apenas um pequeno pormenor, mas gostei muito que durante todo o jogo não se tenham ouvido uma única vez os quase inevitáveis 'olés'. Todo o cuidado é pouco - depois do jogo europeu teremos uma deslocação ao terreno de mais uma equipa orientada por um antibenfiquista primário, que certamente não olhará a meios para nos travar, muito provavelmente embalado por mais uma nomeação arbitral desagradável.

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Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2019

Magra

A primeira mão das meias-finais da Taça acabou com uma vantagem magra para nós, resultado de um jogo bastante diferente daquele que se disputou em Alvalade, como aliás era esperado.

 

 

Para além da alteração na baliza, houve outra mudança no onze, tendo entrado o Salvio para o lugar do Rafa, o que obrigou à deslocação do Pizzi para a esquerda. Percebeu-se desde o início que o objectivo do Sporting para este jogo era jogar para uma eliminatória a duas mãos, ou seja, conquistar um resultado que permitisse deixar a decisão da eliminatória em aberto para a segunda mão. E isto passou sobretudo por duas coisas: jogar com linhas mais recuadas e manter o mais possível a posse da bola. Não com a intenção de fazer algo de concreto com ela - o Sporting foi quase sempre inexistente no ataque durante toda a primeira parte - mas sim sobretudo com o fim de impedir que o Benfica a tivesse. Assistimos por isso a períodos prolongados de posse de bola na zona defensiva do Sporting, com a bola a circular entre os defesas e o guarda-redes e correndo o mínimo de riscos possível. Para tal até assistimos ao Bruno Fernandes a jogar muito mais recuado, ao contrário do que é habitual, cabendo ao Wendel o papel de apoiar o avançado. Outra das vertentes passou também, como aliás era mais do que previsível, por anular o João Félix seja de que forma fosse - começou logo com uma pantufada por trás que valeu um cartão amarelo praticamente no primeiro minuto, mas depressa o Sporting percebeu que tinha rédea mais ou menos livre para fazer o que quisesse, até porque uma boa parte das vezes nem falta era assinalada. O Benfica tentava aproveitar as situações em que recuperava a bola para trazê-la rapidamente até ao ataque, mas o desvio do Pizzi para a esquerda e a entrada do Salvio retiraram eficiência à equipa nesse aspecto. O Pizzi foi um jogador mais apagado na esquerda e o Salvio é um jogador que tem demasiada tendência a agarrar-se à bola, quando as melhores transições do Benfica são normalmente feitas com bolas ao primeiro toque a passar por vários jogadores. Ainda assim, como que para contrariar isto, o golo do Benfica, surgido aos quinze minutos, passou precisamente por estes dois jogadores. Uma perda de bola sobre a linha do meio campo deixou a bola nos pés do Salvio, que a conduziu até à entrada da área a depois passou-a para o Pizzi na esquerda. Depois de flectir para o meio, o Pizzi deixou para a entrada do Gabriel que, vindo de trás, rematou de primeira para o golo. Mesmo em desvantagem, o Sporting pouco mudou na sua forma de jogar e o jogo foi quase sempre aborrecido, com diversas paragens - jogadores como o Bruno Fernandes ou o Acuña passaram o jogo a atirar-se para o chão para arrancar faltas, que eram a forma mais frequente do Sporting fazer a bola chegar até à nossa área. De assinalar também a lesão do Jardel, que significou a estreia absoluta do Ferro pela nossa equipa principal para refazer a dupla que durante anos formou nos escalões de formação com o Rúben Dias.

 

 

A segunda parte também poucas novidades trouxe. 1-0 era um bom resultado para o Sporting levar para a segunda mão e por isso não havia grandes pressas ou vontade de correr muitos riscos a chegar à frente. O jogo estava numa toada em que parecia que nada iria mudar, e o Benfica acabou por fazer a alteração óbvia e trocar o Salvio pelo Rafa, refazendo o esquema que tinha apresentado em Alvalade. A meio desta segunda parte, e numa altura em que honestamente nem sequer o justificava grandemente, o Benfica marca o segundo golo. Um cruzamento tenso do Seferovic na esquerda atravessa toda a área do Sporting sem que ninguém lhe toque e vai ter com o João Félix do outro lado. Depois a nova tentativa de cruzamento acaba por fazer a bola desviar no Illori e acabar dentro da baliza do Sporting. Isto já era um desvantagem pouco simpática para eles levarem para o segundo jogo, e aí finalmente subiram os níveis de pressão. O Bruno Fernandes e o Acuña intensificaram também as quedas, e num misto de livres assinalados a torto e a direito e uma maior assertividade, o Sporting passou a aparecer mais perto da nossa baliza. Tiveram apenas uma grande ocasião de perigo, num remate creio que do Wendel que fez a bola passar perto do poste, mas regra geral parecia pouco provável que conseguissem chegar ao golo, a não ser que algum dos sucessivos livres despejados para a área resultasse nalguma coisa. Por outro lado, também me pareceu que o Benfica descansou demasiado cedo e ficou satisfeito com o resultado. Ainda forçámos um pouco a seguir ao segundo golo e ameaçámos chegar ao terceiro mas depois, e sobretudo a partir da troca do Pizzi pelo Cervi, fomos ficando conformados e à espera que o jogo caminhasse para o final. Um erro, porque mais uma crise de ciática do Bruno Fernandes (na fase final os livres foram-se sucedendo a um ritmo incessante) resultou num livre bem ao seu jeito na zona frontal, que ele converteu na perfeição - tenho algumas dúvidas no entanto se a colocação do Svilar terá sido a ideal. O que significou acabar o jogo a ver os sportinguistas a festejar uma derrota, o que não deixa de ser uma imagem interessante.

 

 

Melhor do Benfica o Gabriel, que continua a mostrar o acerto do investimento que fizemos nele. À subida exibicional dos últimos jogos, onde mostrou a sua importância quer na recuperação da bola, quer na organização de jogo, finalmente acrescentou-lhes o golo. Sempre foi um médio com golos no seu jogo, e estava a faltar-lhe isso no Benfica. O João Félix não conseguiu ser o jogador decisivo do jogo anterior, muito por culpa da carta branca que foi dada aos adversários para o travarem de qualquer maneira - tivessem sido assinaladas as faltas sobre ele com a mesma facilidade com que os sucessivos mergulhos do Acuña ou do Bruno Fernandes foram recompensados com livres e talvez a nossa vitória tivesse sido mais folgada. O Salvio foi um erro de casting para este jogo.

 

Tal como no jogo anterior, ganhámos mas chego ao fim do jogo com a sensação de que foi pouco. O Sporting foi uma equipa bastante melhor do que no jogo anterior, e nós não estivemos tão bem, mas mesmo assim tínhamos capacidade para conseguir um resultado mais confortável. De qualquer maneira, isto em nada afecta as nossas legítimas esperanças em qualificar-nos para a final.

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Segunda-feira, 4 de Fevereiro de 2019

Banho

Não é um termo que eu aprecie particularmente, mas é o melhor que eu encontro para descrever o que se passou hoje em Alvalade: o Benfica deu um banho táctico ao Sporting, venceu com uma facilidade e naturalidade poucas vezes vista e no final, sinceramente, até saí de lá com uma certa frustração por não termos aproveitado para lhes impor uma humilhação potencialmente histórica.

 

 

Onze sem surpresas, o que só por si deixou logo uma mensagem clara: de que iríamos manter a mesma ideia de jogo independentemente do adversário ou do local do jogo. E praticamente a partir do apito inicial que deu para perceber que era o Benfica quem mandava. A já habitual agressividade na recuperação da bola, pressão constante sobre o adversário, e depois uma facilidade impressionante a construir jogo. Os nossos jogadores conseguiam circular a bola e encontrar sempre um colega solto a quem a entregar. Os jogadores do Sporting pareciam simplesmente perdidos em campo, onze jogadores a jogar à bola mas sem uma ideia de jogo. E a cometer erros individuais e colectivos gritantes, sobretudo na zona central e do lado direito, onde jogadores como o Gudelj ou o Bruno Gaspar eram completamente manietados pelos nossos jogadores. O João Félix, em particular, na zona central fez o que quis do croata. No meio, o Gabriel agia como maestro, distribuindo a bola com precisão por todo o campo. O primeiro golo surgiu cedo, aos onze minutos, dessa forma. Passe do Gabriel a solicitar a entrada do Grimaldo pela esquerda, cruzamento e cabeceamento vitorioso do Seferovic, que se libertou com a maior das facilidades da marcação do Coates. Já vamos conhecendo este Benfica e sabemos perfeitamente que a vantagem no marcador não significaria passarmos a defender o resultado. Continuámos a mandar no jogo e pouco depois o João Félix recebeu a bola na zona central, progrediu em direcção à área, tirou um adversário do caminho passando a bola do pé direito para o esquerdo, e com este pé enviou a bola para o fundo da baliza. Um bonito golo, mas para não variar o nosso amigo VAR resolveu entrar em acção e descortinou uma falta para anular o golo. Só qando o Porto marca contra nós é que vale empurrar e rasteirar porque o VAR tinha ido ao WC. Golo anulado mas nada que afectasse a equipa, que continuava a mandar no jogo como queria. Anularam aquele, mas não era uma questão de pensar se o segundo golo apareceria, apenas quando é que ele apareceria. Porque a nossa superioridade no jogo era tão evidente que o Sporting parecia apenas uma equipa banal, incapaz de nos fazer sequer cócegas - de tal forma que no minuto seguinte ao golo surripiado já o Seferovic se isolava e só não acabou em golo porque ele rematou à figura do guarda-redes, isto quando tinha o João Félix completamente sozinho ao lado. Mas a nove minutos do intervalo o João Félix encarregou-se de corrigir a injustiça, e foi ele quem enviou novamente a bola para o fundo da baliza. Desmarcação pelo meio dos centrais, bom passe do Seferovic, e finalização com toda a calma à saída do guarda-redes. A sensação no estádio era a de que isto tinha tudo para acabar em goleada, e a única coisa que não estava nos planos foi o golo do Sporting, à beira do intervalo e completamente contra a corrente do jogo. Perda de bola no meio campo e uma transição rápida fez a bola chegar ao Bruno Fernandes na direita, que marcou com um bom remate cruzado. 

 

 

A vantagem mínima ao intervalo era injusta e um resultado extremamente lisonjeiro para o Sporting, que os deixava com esperanças de poder chegar ao empate. Mas após o regresso dos balneários (muito atrasado pelo Sporting) o Benfica imediatamente corrigiu a injustiça e afastou dúvidas. No primeiro minuto após o reinício, livre na direita apontado pelo Pizzi e cabeceamento do Rúben Dias direitinho ao ângulo. Segundo golo 'made in Seixal' da noite e uma declaração de superioridade incontestável. Cheirava a goleada, porque o Benfica continuava à procura de golos e a causar perigo praticamente de cada vez que se aproximava da área adversária. Nada mudava no jogo, o Gabriel e o Samaris mandavam na zona central, o João Félix, o Pizzi e o Rafa semeavam o pânico de cada vez que recebiam a bola no último terço e o que nós queríamos era o quarto golo. Apareceu aos cinquenta e seis minutos numa transição rápida, quando o Seferovic fez a recarga a um primeiro remate do Pizzi, mas foi bem anulado porque o suíço estava ligeiramente adiantado. A resposta do Sporting veio num livre do Raphinha que ainda acertou no poste, mas regra geral não conseguiam ameaçar muito. E aos setenta e dois minutos a pressão agressiva do Benfica voltou a dar resultados: recuperação de bola do Rafa ainda no meio campo do Sporting, a bola seguiu nos pés do Grimaldo, passe a desmarcar o João Félix na quase permanente cratera que existia entre o Gaspar e o Coates, e penálti do Renan. O Pizzi fez o quarto e o público da casa ia abandonando o estádio em cada vez maior número. Logo a seguir o quinto não apareceu por acaso, quando o Seferovic aproveitou uma péssima abordagem do Renan a um cruzamento para acertar no poste, e depois o João Félix falhou a recarga de forma escandalosa, atirando por cima. Talvez neste momento o nosso treinador tenha pensado que já chegava e que havia um novo jogo já na quarta, tendo trocado o João Félix pelo Cervi - na minha opinião quem devia ter saído era o Seferovic, que nesta fase parecia já estar esgotado. Achei que se notou a saída do miúdo, pois o Benfica deixou de criar perigo regularmente a partir desse momento, e o Sporting conseguiu ser mais constante no ataque. Marcaram um golo que foi anulado por posição irregular, mas a poucos minutos do final o Vlachodimos cometeu o erro de, depois de defender uma recarga do Bas Dost mesmo em cima dele, levantar o braço quando o simulador mais descarado da liga portuguesa lhe ia cair em cima. VAR entra em acção e, obviamente, penálti contra o Benfica. Quando o holandês voador aterra dentro de uma área qualquer e escancara a bocarra aos berros, a regra é sempre: penálti para o Sporting. Estranhamente, o Vlachodimos foi expulso, porque essa coisa da tripla penalização só se aplica às vezes (por curiosidade, se puderem vão rever a jogada em que o Seferovic atirou ao poste e o João Félix falhou a recarga, e vejam lá o que o Renan fez ao Seferovic nesse lance - pelos vistos o VAR só repara nestas coisas em situações muito concretas). O simulador converteu diligentemente e assim o Sporting acaba por salvar-se com um resultado minimamente aceitável num jogo em que mereceu ser goleado - mesmo em superioridade numérica, nos minutos que restavam somados aos de compensação nunca conseguiram criar uma única ocasião de perigo.

 

 

Muitos candidatos a melhor em campo, mas eu escolho o João Félix. O puto é daqueles jogadores que me fazem dar por mim a antecipar qualquer coisa especial mal a bola lhe chega aos pés. Marcou um golo fantástico que o VAR decidiu que não queria que valesse, depois marcou outro com o à vontade de quem já anda nestas coisas de futebol sénior e derbies há uma data de anos, sofreu o penálti que deu o quarto golo e espalhou classe sobre o campo. A prova da sua influência é o que o Benfica se apagou no ataque nos minutos finais, depois dele ter saído do campo. A única 'mancha' na exibição foi ter falhado aquele que seria o quinto golo. O Gabriel mostra agora que vale o que pagámos por ele. Uma presença inultrapassável no meio campo, com incontáveis recuperações de bola, e classe a distribuir jogo e a solicitar os colegas. O Pizzi está um jogador diferente e não perdeu influência com a deslocação mais para a direita, pois está a jogar ao melhor nível que já lhe vimos. Muito bem também o Rúben Dias, o Seferovic e o Grimaldo, mas no geral toda a equipa muito bem.

 

Esta era uma jornada preparada para nos darem o golpe decisivo que nos afastaria da luta pelo título. A nomeação do Artur Soares Dias para este jogo foi preparada durante muito tempo. O que nã contavam era com uma superioridade tão evidente e uma exibição tão contundente do Benfica. Para piorar a coisa, o Porto deixou dois pontos em Guimarães e agora a pressão aumentou, pois passámos novamente a depender de nós próprios. Temos um jogo no Estádio do Ladrão, mas da forma como estamos a jogar, se não houver artistas de VARiedades ao barulho, não há motivo nenhum para que não consigamos ir lá anular a desvantagem para o primeiro lugar.

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