VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 8 de Março de 2020

Desoladora

Mais uma actuação desoladora e mais um resultado negativo para juntar à série que teima em prolongar-se. Neste momento parece-me que os adeptos já não acreditam muito que a situação possa voltar a endireitar-se, mas o mais preocupante para mim é que os jogadores ainda parecem acreditar menos do que os adeptos.

 

 

Mudanças no onze para este jogo: Weigl e Rafa para o banco, entram Chiquinho e Cervi. Meio campo composto pelo Samaris e o Taarabt, com o Chiquinho no apoio ao Vinícius e as alas entregues ao Pizzi e ao Cervi. Declaração de interesses: não gosto do Vitória de Setúbal. Nunca gostei, e para mim nem deviam ter lugar na primeira liga dado que há anos e anos que furam as regras da concorrência, acumulando dívidas a jogadores que lhes deveriam valer a despromoção, mas de alguma forma vão continuando a fintar tudo e todos. Depois há aquele pormenor de há décadas abrirem declaradamente as pernas nos jogos contra o Porto. E hoje voltaram a ser uma equipa enervante, em que cada jogador rebolava três vezes no chão de cada vez que sofria um sopro, na esperança de arrancar cartões aos jogadores do Benfica. Objectivamente não jogam um caracol, limitaram-se a defender o tempo quase todo e fizeram para aí dois remates durante o jogo todo. Infelizmente, face ao momento que o Benfica atravessa, isso chegou para arrancarem um empate e poderem ir mais uma vez abanar a cauda orgulhosamente para o pé dos amigos do norte. Sim, porque a actuação do Benfica foi mais uma vez demasiado abaixo do exigível, sobretudo durante a primeira parte, em que atingiu níveis capazes de levar ao exaspero qualquer adepto fiel. Não foi só o deserto de ideias da equipa, incapaz de arranjar formas de ultrapassar a muralha defensiva do adversário. Até percebo que se tenha tentado trocar a bola na tentativa de fazer o adversário sair da sua área, mas eles estavam mesmo empenhados em agradar ao patrão do norte e não saíam lá de trás de maneira nenhuma. Mas o ritmo imprimido foi demasiado pausado e por vezes quase parecia haver menor empenho dos jogadores. Se o adversário não saía da defesa de maneira nenhuma, a jogar naquele ritmo é que não iríamos conseguir desposicioná-los de maneira nenhuma. O Benfica na primeira parte quase não criou ocasiões de perigo, tendo resolvido que a melhor solução eram pontapés para as costas da defesa adversária. Pontapés e não passes, porque na maior parte das ocasiões essas bolas nem sequer levaram a direcção aproximada de um jogador do Benfica.

 

 

Se esperávamos algumas melhorias na segunda parte, esta começou com o golo do Setúbal. Uma bola metida no espaço entre o Rúben e o Tomás Tavares, e finalização fácil já no interior da área. Como sempre, não é necessário o nosso adversário atacar muito para marcar; basta ir lá uma ou duas vezes. Até houve reacção do Benfica ao golo. Não tanto em termos de qualidade, mas pelo menos vi mais vontade nos jogadores, em contraste com a paupérrima primeira parte. O melhor que podia acontecer foi termos chegado ao empate poucos minutos depois. Um penálti sobre o Rúben Dias na sequência de um pontapé de canto (assinalado pelo VAR) foi convertido pelo Pizzi e tínhamos agora mais quarenta minutos para chegar à vantagem. E tentámos lá chegar, de forma mais ou menos sôfrega e atabalhoada. Entrou o Rafa para o lugar do Chiquinho, depois inevitavelmente acabou por entrar o Dyego e o Benfica continuou a pressionar um Setúbal que se encafuou na área e defendia o empate como se as suas vidas disso dependessem. Pouco depois de entrar o Dyego até ofereceu um golo de mão beijada ao Pizzi. Depois de fugir pela esquerda, fez um passe atrasado que encontrou o Pizzi completamente solto dentro da área, em posição frontal. O Pizzi deu sequência ao lance rematando de forma desastrada e sem grande convicção por cima da baliza. A quinze minutos do final, ocasião soberana para nos colocarmos em vantagem: novo penálti a nosso favor, por mão clara depois de um remate do Grimaldo. Chamado à conversão, o Pizzi repetiu a graça da passada segunda-feira e nem acertou na baliza. Três penáltis falhados em quatro tentativas já me parece um exagero. Mesmo a jogar mais com o coração do que com a cabeça, e já com o Weigl em campo para evitar que o Samaris fosse para a rua (já tinha amarelo e a intensidade dos mergulhos, cambalhotas e gritaria dos jogadores do Setúbal de cada vez que o Samaris se aproximava deles dava para perceber que queriam a todo o custo provocar a sua expulsão) voltámos a ter uma grande ocasião para golo, e desta vez foi o guarda-redes a corresponder a um remate do Grimaldo com uma grande defesa. Depois foi um cabeceamento do Dyego Sousa que saiu à figura do guarda-redes quando a situação exigia melhor finalização. Mesmo a jogar mal o Benfica produziu ocasiões mais do que suficientes para vencer este jogo, mas quando as coisas não estão bem e a confiança não abunda, acaba por correr tudo mal.

 

 

Não consigo fazer destaques. A primeira parte foi tão confrangedora que não me sai da cabeça. Não se pode dizer que algum jogador tenha actuado sequer a um nível minimamente próximo da sua valia. O Pizzi voltou a ser um desastre. Compreendo que as coisas não saiam bem, mas tenho muita dificuldade em aceitar desânimo. Não gosto de ver jogadores a recuar a passo ou de cabeça caída, e muito menos quando envergam a braçadeira de capitão - o capitão deve liderar como exemplo, ser uma voz de comando, motivar e empurrar a equipa para a frente. Não vi nada disso no Pizzi. Fazer uma gracinha de vez em quando não serve para apagar 80 minutos apagadíssimos. Ponham a braçadeira no Rúben Dias, por favor.

 

Foram dois jogos seguidos que deveríamos ter ganho e empatámos, e que caso tivéssemos ganho nos deixariam agora no comando com três pontos de vantagem sobre o segundo. O sentimento de desperdício é absolutamente frustrante. Esta equipa pode e sabe fazer muito melhor, como nos mostrou durante um ano inteiro. Não há explicação lógica para tamanha descrença e quebra de qualidade e produtividade no futebol jogado.

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publicado por D'Arcy às 04:03
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Terça-feira, 3 de Março de 2020

Desperdício

E pronto, está consumado o desperdício completo da vantagem confortável que tínhamos conseguido construir no topo da tabela. Oito pontos perdidos em apenas quatro jogos significaram a literal entrega do ouro aos bandidos, depois de mais um jogo em que repetimos os equívocos que já se vão tornando um hábito.

 

 

Começámos o jogo com o mesmo onze que venceu em Barcelos na última jornada. Uma dupla de médios de maior contenção no Samaris e no Weigl, mas neste jogo o alemão apareceu mais frequentemente em zonas um pouco mais adiantadas, ficando o Samaris mais recuado. O Benfica tomou conta do jogo desde o apito inicial, com o Moreirense a responder apenas em contra-ataques muito esporádicos, mas que ainda assim deram para criar uma ocasião de perigo, resolvida pelo Vlachodimos. Achei que mais uma vez voltámos a mostrar falta de agressividade na reacção à perda da bola, sendo frequentes as situações em que o jogador adversário, depois de recuperada a bola, conseguia progredir quarenta ou cinquenta metros sem que nenhum jogador do Benfica lha caísse em cima ou apertasse. Para isto contribui bastante a falta de apetência dos nossos alas para defender quando perdemos a bola, em especial do Pizzi, que eu vejo repetidas vezes a recuperar a passo. Mas o Benfica esteve claramente por cima durante toda a primeira parte e conseguiu criar diversas oportunidades para marcar, que foi desperdiçando ou por má finalização, ou por infelicidade, ou por mérito da defesa e guarda-redes adversários, que se acantonavam na sua área e iam barrando os caminhos para a baliza. Hoje aliás voltámos a ver um Benfica muito mais rematador, algo que tinha andado ausente dos últimos jogos. Taarabt, Pizzi, Rafa, Samaris e até o Rúben Dias, que apareceu a apoiar o ataque como se fosse um avançado ou extremo, tiveram ocasiões que podiam e deveriam ter acabado em golo, com a bola em algumas dessas ocasiões a passar a centímetros da baliza. Como vem sendo habitual, Taarabt e Rúben Dias eram dos principais impulsionadores da equipa, com o Tomás Tavares demasiado encolhido e a evitar aventurar-se no ataque, preferindo jogar quase sempre pelo seguro - já agora, os assobios por parte do público a um jogador que, não estando a jogar com confiança, opta por não arriscar certamente que não serão uma ajuda para lhe recuperar a confiança.

 

 

Isto alterou-se logo no início da segunda parte. O Benfica continuou bastante por cima do adversário - aliás, ainda mais por cima, porque conseguiu aumentar o ritmo do jogo. Imagino que alguma coisa terá sido dita ao Tomás Tavares, porque ele apareceu muito mais adiantado e os resultados foram imediatos. Um passe longo a solicitar a sua entrada acabou num penálti assinalado a nosso favor quando o seu cruzamento foi cortado pelo braço de um jogador do Moreirense. Chamado à conversão, o Pizzi fez o guarda-redes cair para um lado e atirou para o outro... ao lado da baliza. Quase na jogada seguinte, novo passe longo do Samaris a abrir no Tomás Tavares na direita, cruzamento perfeito para a boca da baliza, e de alguma forma o Pizzi conseguiu não marcar golo e acertar de forma atabalhoada na bola de forma a enviá-la ao poste. Depois o Rafa aproveitou a atrapalhação entre um defesa e o guarda-redes do Moreirense e fez golo, mas o VAR assinalou um toque do Pizzi com a mão e o golo foi invalidado. Obviamente que estes dois lances terão contribuído para aumentar o nervosismo de uma equipa que está numa sequência má de resultados e que via o tempo passar sem que o golo chegasse, apesar de estar claramente a dominar o jogo. Nestas situações o meu nervosismo aumenta também porque acho que é imperioso conseguirmos marcar antes que o treinador decida mexer na equipa. É que nos últimos tempos é mais que certo que a primeira alteração é sempre para meter mais um avançado. Desta vez não havia o Seferovic (lesionado) mas havia o Dyego Sousa (eu ainda estou a tentar perceber qual a utilidade desta contratação). Vejamos: o Benfica está claramente em cima do adversário, está a construir ocasiões de golo umas a seguir às outras, temos pelo menos mais meia hora para jogar. Qual a necessidade de fazer alterações tácticas? Se fosse trocar um jogador por outro para refrescar a equipa, acharia normal. Mas ao trocar o Weigl pelo pinheiro Sousa o equilíbrio da equipa foi destruído. O Samaris a descair mais sobre a esquerda e o Weigl sobre a direita iam dando o equilíbrio necessário a uma equipa cujos alas não defendiam. Não foi coincidência que apenas minutos depois desta alteração, e praticamente na primeira vez que o Moreirense passou do meio campo na segunda parte, tivesse chegado ao golo. Vejam, se puderem, a repetição do lance. O lateral esquerdo do Moreirense arranca ainda antes do meio campo e o Pizzi fica literalmente a marcá-lo com os olhos, sem reacção. Depois foi fazer um 2x1 fácil sobre um desprotegido Tomás Tavares, cruzamento e golo. A partir daqui todos percebemos que seria muito difícil darmos a volta à situação. Não critico muito os jogadores, que bem ou mal continuaram a dar tudo para chegar ao golo, mas o Moreirense fechou-se ainda mais atrás e a tendência do Benfica era agora tentar cruzamentos que eram na maioria das vezes facilmente afastados. A troca do Rafa pelo Cervi foi positiva e dinamizou a ala esquerda, mas a troca do Taarabt pelo Jota foi difícil de perceber. Até percebo a lógica de colocar o Jota em campo, já que a estratégia passava por cruzar bolas para a área, mas retirar um dos principais dinamizadores do jogo e deixar o Pizzi em sub-rendimento até final para mim não fez sentido. Um penálti sobre o Cervi ainda nos permitiu chegar ao empate pelo Pizzi, na recarga depois de ter voltado a falhar o penálti, mas já não deu para mais e acabámos assim por entregar a liderança num jogo em casa contra o Moreirense.

 

 

Rúben Dias, Taarabt ou Samaris foram os que estiveram em maior evidência. O Cervi entrou bem no jogo e acho que não se justifica que tenha perdido a titularidade. O Pizzi esteve desastroso neste jogo. Não vou fazer dele o vilão, até porque já perdi a conta ao número de vezes em que foi ele a resolver jogos a nosso favor. Mas o Pizzi atravessa uma fase de claro sub-rendimento e dar-lhe lugar cativo na equipa ou mantê-lo em campo o jogo todo, ainda por cima quando ele parecia claramente afectado pelo penálti falhado, é na minha opinião um erro.

 

Estamos agora na situação em que ninguém quer estar: dependentes de terceiros. A culpa é exclusivamente nossa. Não podemos estar sempre a repetir erros e a fazer as coisas exactamente da mesma maneira à espera de resultados diferentes. Não é assim que conseguiremos dar a volta a esta situação.

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publicado por D'Arcy às 13:09
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