VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Sábado, 31 de Outubro de 2020

Amasso

De uma forma muito simples: foi um amasso. Uma exibição absolutamente dominadora do Benfica não deu qualquer hipótese ao Standrad de discutir o resultado, pecando apenas por não ter começado logo a definir o resultado na primeira parte. Foi uma boa forma de regressar à Luz após mais de sete meses de ausência.

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Várias alterações no onze, com as entradas do Diogo Gonçalves (para lateral direito), Nuno Tavares, Gabriel, Pizzi, Pedrinho e Waldschmidt, saindo o Gilberto, Grimaldo, Weigl, Taarabt, Rafa e Seferovic. Desde o apito inicial que se viu que o jogo seria de um só sentido. A bola saiu dos belgas, mas o Benfica recuperou-a logo e durante mais de dois minutos eles não voltaram a tocar-lhe. Posse de bola avassaladora, assente numa pressão constante e óptima reacção à perda, significaram um jogo 90% ou mais disputado dentro do meio campo adversário. Provavelmente a estratégia inicial do Standard seria mesmo vir só para defender dada a muralha defensiva que montou, mas mesmo que não fosse não lhes seria possível fazer mais do que isso. O Benfica impedia qualquer tentativa de sair a jogar, e na maior parte das vezes os belgas eram obrigados e despejar a bola para a frente completamente pressionados ainda na zona da sua área. O que faltou mais ao Benfica na primeira parte foi criar mais ocasiões de golo que reflectissem um domínio tão completo. Achei que insistimos demasiado pelo meio, muito por culpa da constante tendência do Pedrinho, que deveria jogar pela direita, em vir para o centro. Acabava por cair na zona de acção do Pizzi, que esteve mais apagado na primeira parte, e não dar grande apoio ao Diogo Gonçalves, que assim foi mais tímido nas subidas ao ataque - enorme diferença para o Nuno Tavares, que na esquerda estava a ser um dos maiores desequilibradores e dos jogadores em maior evidência. A entrada do Rafa para o lugar do Pedrinho logo após o intervalo era previsível, imediatamente a ala direita entrou no jogo e cedo começámos a desatar o nó, com um penálti madrugador cometido sobre o Waldschmidt que foi convertido exemplarmente pelo Pizzi. Finalmente o Standard teria que arriscar um pouco mais, mas poucas diferenças se viram. Os belgas até acabaram por conquistar finalmente um canto e na sequência deste conseguirem, com uma hora de jogo decorrido, o primeiro (e julgo que terá sido o único) remate à nossa baliza, quando a bola sobrou para a zona do segundo poste e o Vlachodimos teve que se empenhar para evitar um empate que seria uma aberração. Aos sessenta e seis minutos, novo golo do Benfica, em novo penálti, desta vez sobre o Nuno Tavares. O Pizzi deixou que fosse o Waldschmidt a marcar e o alemão não deu qualquer hipótese, colocando a bola com força e no ângulo superior. A partir daqui deu para fazer poupanças e entraram primeiro Taarabt para o lugar do Waldschmidt, depois o Weigl e o Seferovic para os lugares do Gabriel e Darwin, e para os dez minutos finais o miúdo Gonçalo Ramos substituiu o Pizzi. Pelo meio, o Pizzi fez o terceiro golo, um remate em arco que ainda beneficiou de um desvio num defesa belga para fazer a bola entrar no ângulo.

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Pelos dois golos o Pizzi é o destaque do jogo. Melhorou bastante da primeira para a segunda parte depois de deixar de ter frequentemente o Pedrinho a ocupar a sua zona. Mas o Nuno Tavares foi talvez o jogador em maior evidência. Parece decidido em aproveitar a lesão do Grimaldo para afirmar a sua pretensão ao lugar de lateral esquerdo titular. Um poço de força, foi uma autêntica locomotiva pela esquerda e um dos principais desequilibradores. Acabou por ser sobre ele que foi cometido o segundo penálti da noite. Bom jogo também dos nossos centrais, a actuarem bastante subidos no terreno e muito eficazes a recuperar quaisquer bolas que acabavam por cair na sua zona depois dos pontapés para a frente dos belgas.

 

Duas vitórias em dois jogos e já seis pontos de avanço sobre o terceiro classificado era a melhor entrada possível nesta competição. Depois da inadmissível eliminação da Champions, o Benfica tem legítimas esperanças na Liga Europa, e esta entrada reforça essa imagem. Foi também muito importante ver a equipa apresentar este ritmo e rendimento depois de feitas seis alterações no onze - se queremos atacar todas as competições, há que fazer uso extensivo de todo o plantel.

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publicado por D'Arcy às 00:48
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Terça-feira, 27 de Outubro de 2020

Incontestável

Uma vitória incontestável do Benfica em mais um jogo complicado. A exibição pode não ter sido das mais vistosas em termos de qualidade, mas a superioridade do Benfica nunca chegou sequer a estar em causa.

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Foram três as alterações no onze para este jogo: Weigl, Rafa e Seferovic nos lugares do Gabriel, Pizzi e Waldschmidt. Isto na prática significou jogarmos com dois pontas-de-lança mais 'tradicionais'. A entrada do Benfica no jogo foi muito boa, quase mesmo avassaladora. A receita foi a do costume, pressão alta e intensa, muita velocidade, transições rápidas, e as oportunidades a começarem a surgir muito cedo. Tanto que aos seis minutos já tínhamos chegado ao golo. Tudo começou numa falta marcada rapidamente pelo Taarabt ainda no meio campo, progressão do Everton, passe para o Rafa, toque de primeira para um cruzamento também de primeira do Grimaldo, e entrada fulgurante de cabeça do Seferovic. Um bonito golo e a melhor forma de começar a resolver este problema que é uma equipa treinada pelo Petit. Porque se o golo madrugador e os primeiros minutos deram a entender que seria um jogo fácil para o Benfica, isso foi engano. O B SAD defendeu sempre com muita gente atrás, e conseguiu quase sempre tapar bem os caminhos pela zona central, por onde o Benfica insiste preferencialmente. Depois do golo ainda criámos mais algumas boas ocasiões durante os quinze minutos iniciais - a melhor das quais quando o Everton se escapou pela esquerda e o seu remate cruzado foi bem defendido pelo guarda-redes com o pé - mas depois do adversário acertar com as marcações tornou-se mais difícil criar situações de perigo com tanta regularidade. Mas pelo menos tínhamos o conforto de já estarmos em vantagem, e o B SAD não conseguia ser incómodo no ataque. A única ocasião de perigo que criaram, na qual o Varela chegou mesmo a marcar, foi anulada por posição irregular.

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Na segunda parte, começámos um pouco melhor e o Everton falhou de forma quase escandalosa um cabeceamento quando apareceu no meio dos centrais adversários, em posição frontal. Mas o que acabou por mudar completamente o jogo foi a entrada do Waldschmidt para o lugar do Seferovic com quinze minutos decorridos. A mobilidade e velocidade do alemão, e o bom entendimento que tem com o Darwin começaram imediatamente a produzir resultados. Pouco tempo depois de entrar, o alemão isolou-se pela esquerda e rematou ao lado - provavelmente se tivesse tentado colocar a bola no meio, onde tinha o Darwin bem colocado, seria uma melhor opção. Logo a seguir o Darwin marcou, a passe do Waldschmidt, mas o golo foi invalidado porque a unha do dedo do pé dele estava adiantada. As oportunidades de golo agora sucediam-se a um ritmo semelhante ao que tínhamos visto nos quinze minutos iniciais do jogo, e o Darwin isolou-se pela esquerda depois de um passe do Rafa, mas rematou à figura do guarda-redes (também poderia ter pensado em assistir o Waldschmidt no meio). A má notícia deste jogo veio logo a seguir, com uma lesão aparentemente séria do Grimaldo, depois de ser acidentalmente pisado por um adversário quando efectuou um desarme e que obrigou à sua substituição pelo Nuno Tavares. A quinze minutos do final, o quase inevitável segundo golo apareceu mesmo, pelos pés do Darwin. Uma transição rápida que começa num passe longo do Weigl desde a entrada da área para o Waldschmidt no meio campo, e depois o passe deste isola o Darwin, que com classe tirou o guarda-redes que saía à bola da jogada e rematou para a baliza deserta. O jogo ficou resolvido com este golo, embora como as coisas estivessem ainda fosse perfeitamente possível o Benfica chegar a um terceiro golo, tendo o Waldschmidt desperdiçado um par de ocasiões para o fazer.

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O Darwin foi um dos destaques, mais uma vez muito em jogo, em especial durante a segunda parte. É um jogador de quem podemos esperar sempre que a qualquer momento crie uma jogada de perigo. Muito boa entrada do Waldschmidt no jogo, já que veio mexer muito com as coisas e a partir desse momento tornámo-nos muito mais perigosos. Gostei do jogo do Weigl, foi bastante sóbrio e seguro, e desconfio que a eficácia de passe dele deve ter andado muito perto dos 100%.

 

Cinco vitórias em cinco jogos. Parece até banal porque é o que nós esperávamos da nossa equipa, mas a verdade é que há quase quarenta anos que não conseguíamos um arranque assim. Há que continuar neste registo, e esperar que a equipa consiga dar a resposta necessária, especialmente na vertente física, para o manter. A pressão que o Benfica tenta exercer sobre os adversários é muito exigente neste aspecto.

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publicado por D'Arcy às 10:30
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Sexta-feira, 23 de Outubro de 2020

Talento

Um jogo bem mais difícil do que o resultado final de 4-2 poderá fazer crer. O Lech Poznan foi um osso duro de roer, nunca baixou os braços, mas o talento do Darwin acabou por prevalecer e permitir ao Benfica entrar com o pé direito na Liga Europa.

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Não houve nenhuma revolução no onze, ao contrário do que chegou a ser anunciado em alguns jornais. Com o André Almeida indisponível foi o Gilberto a ocupar essa vaga, e depois apenas mais uma alteração, com a saída do Rafa e a entrada do Taarabt, passando o Pizzi para a ala direita. O jogo foi demasiado caótico, com o Benfica a nunca ser capaz de agarrá-lo e assumir um claro controlo, mesmo quando se colocava em vantagem, acabando por permitir sempre uma reacção forte dos polacos. A entrada do Benfica até foi positiva e não fazia crer que passássemos por tantas dificuldades. Chegámos ao golo cedo, logo aos nove minutos, através de um penálti do Pizzi a punir um corte com a mão a um passe atrasado o Waldschmidt, depois de uma boa jogada da equipa. Infelizmente a vantagem durou apenas pouco mais de cinco minutos, já que uma bola colocada nas costas da nossa defesa pelo lado esquerdo permitiu um contra-ataque rápido e uma finalização fácil à boca da baliza. Este golo pareceu fazer o Lech Poznan perder o respeito e acreditar que podia jogar de olhos nos olhos com o Benfica, e na sequência de um pontapé de canto estiveram muito perto de chegar à vantagem, atirando a bola à barra. O jogo manteve uma toada de equilíbrio durante a primeira parte, parecendo até que o sinal mais tendia para os polacos, mas quase sobre o intervalo começou o espectáculo Darwin, ele que até aí e ao contrário dos últimos jogos nem tinha estado particularmente inspirado. Um grande cruzamento do Gilberto resultou num autêntico fuzilamento de cabeça por parte do nosso ponta-de-lança, que antecipando-se a toda a gente subiu ao terceiro andar e cabeceou a bola sem qualquer possibilidade de defesa, deixando o guarda-redes pregado ao chão. E depois disto, só não chegámos a mais um golo antes do intervalo porque num contra-ataque o Everton adiantou demasiado a bola quando estávamos numa situação de dois para um.

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A segunda parte começou com o Rafa no lugar do Pizzi, provavelmente para dar mais alguma solidez ao lado direito, já que o Benfica se revelou bastante permeável pelas alas. E começou também com Benfica a falhar uma ocasião flagrante de golo, de forma escandalosa. Primeiro foi o Darwin, que ficou isolado depois de uma bonita tabelinha com o Taarabt e depois não conseguiu controlar bem a bola e rematou de forma defeituosa. Depois, ainda conseguiu recuperar a bola e tocá-la de cabeça para o Waldschmidt, que rematou e viu a bola ser cortada em cima da linha por um defesa. Não marcou o Benfica, marcou o Lech Poznan praticamente na resposta. Uma tabela pela direita da nossa defesa deixou um adversário isolado, o Vlachodimos ainda defendeu o primeiro remate mas depois a bola sobrou para o sueco Ishak, que já tinha feito o primeiro golo, empurrar de cabeça para a baliza vazia. Ficou intranquilo o Benfica e aproveitou o Lech Poznan para ficar por cima no jogo. Só que aos sessenta minutos, e um pouco contra a corrente, o Darwin apareceu de novo para voltar a colocar-nos em vantagem. Recebeu um passe do Everton no centro da área, tirou o seu marcador da jogada com um toque de classe, e colocou a bola para o poste mais distante. Mais um belíssimo golo de um avançado que tem tudo para dar muito que falar. Pela terceira vez no jogo estávamos em vantagem e acreditava-se que não cometeríamos o erro de a deixar escapar novamente. Trocámos quase de seguida o Taarabt e o Waldschmmidt pelo Weigl e o Pedrinho, pouco depois o Grimaldo pelo Nuno Tavares, e as coisas pareciam estar bem encaminhadas. Só que a cerca de vinte minutos do final o Lech Poznan também efectuou algumas substituições e a partir daí tudo mudou. De repente os polacos cresceram muito no jogo e começaram a carregar na busca do empate. Durante alguns minutos perdemos o controlo e não fomos capazes de acalmar o jogo e meter um travão no entusiasmo adversário. Depois seguiu-se um período algo anárquico em que o golo parecia poder aparecer para qualquer uma das equipas. Até que já perto do final o JJ resolveu mudar para um esquema de três centrais e finalmente as coisas estabilizaram. De tal forma que ainda deu para o Darwin chegar ao hat trick no último minuto do tempo de compensação, limitando-se a empurrar de cabeça já quase sobre a linha depois de um bom trabalho e cruzamento do Rafa.

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Só pode haver um destaque no jogo, obviamente o Darwin. Já procurava (e merecia) o primeiro golo pelo Benfica há alguns jogos, e hoje tirou a barriga de misérias. Foram logo três os golos, com os dois primeiros a serem muito bonitos e a revelarem enorme qualidade. Depois de termos visto os primeiros jogos dele percebia-se que era apenas uma questão de tempo até surgirem os golos, mas mesmo assim acho que não esperávamos logo três de uma vez.

 

Ao contrário daquilo que o nosso treinador disse no final, não achei que fosse 'uma vitória categórica do Benfica, sempre por cima do jogo e do resultado'. Foi uma boa vitória do Benfica, mas não estivemos sempre por cima do jogo. O Lech Poznan foi um adversário bem difícil, que em vários períodos do jogo conseguiu ser-nos superior. A qualidade dos nossos jogadores, e em especial do Darwin, acabou por revelar-se decisiva. Quanto à questão de, depois da saída do Pizzi ao intervalo, vermos o Otamendi envergar a braçadeira de capitão, não querendo alargar-me muito digo apenas que estou em completo desacordo com o nosso treinador e que não me revejo de forma alguma na argumentação dele.

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publicado por D'Arcy às 00:21
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Segunda-feira, 19 de Outubro de 2020

Qualidade

A visita a Vila do Conde é tradicionalmente difícil para o Benfica. Mas perante a possibilidade de abrir um fosso de cinco pontos para o segundo classificado, o Benfica não deu quaisquer hipóteses e a qualidade da nossa equipa tornou muito fácil aquilo que se antevia complicado. Foram três golos marcados, mais dois anulados pelo VAR e ainda um penálti revertido só para contrariar a tese dos lunáticos do Lumiar, que resolveram meter-nos ao barulho no arrufo conjugal que tiveram este fim-de-semana.

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Com uma máscara protectora a permitir o regresso do Vertonghen à titularidade e o Taarabt ainda lesionado, o Benfica apresentou o onze que era esperado, mantendo o Pizzi a titularidade no meio campo. Entrada a todo o gás do Benfica, com pressão constante sobre os defesas do Rio Ave, cortando logo à nascença as tentativas de sair a jogar. A defesa em linha do Benfica também jogou de forma bastante agressiva e muito bem coordenada, encurtando o espaço e conseguindo quase sempre deixar os jogadores mais avançados do Rio Ave em posição irregular, o que impedia os passes longos para as costas da defesa. Antes de completado um minuto já o Benfica tinha conquistado um canto, e ao fim de seis minutos quase todos jogados no meio campo do Rio Ave chegou o golo. A pressão deu resultado, e depois de mais uma tentativa do Rio Ave sair a jogar o Gabriel antecipou-se ao Geraldes e interceptou o passe. Cruzamento largo e imediato do Rafa, ligeiro desvio de cabeça do Darwin já na área, e toque de classe do Everton quando se esperava que ele rematasse, a deixar a bola para o estouro do Waldschmidt. Cinco minutos depois, uma nota negativa com a lesão do André Almeida numa bola dividida, que pareceu ser grave e obrigou à sua substituição pelo Gilberto. A pressão do Benfica continuava a dar resultado e novo erro na saída de bola permitiu ao Waldschmidt recuperá-la e oferecer o golo que o Darwin há muito merece. Infelizmente o VAR interveio e o golo foi anulado por alguns centímetros. Mas da forma como estávamos a jogar nem deu para ficar muito preocupado, porque o jogo só dava Benfica mesmo. O Vlachodimos era um mero espectador e o segundo golo do Benfica era apenas uma questão de tempo. Meia hora de jogo, e mais uma vez a bola dentro da baliza do Rio Ave, desta vez com os papéis invertidos: o Darwin assistiu o Waldschmidt, que correu para a área e com calma evitou os defesas do Rio Ave para finalizar à saída do guarda-redes. Mas novamente o VAR anulou o golo por posição irregular de alguns centímetros. Apesar do resultado nunca parecer estar em perigo, porque o Benfica dominava completamente, dois golos anulados em meia hora já eram motivo para alguma irritação. Foi preciso esperar até ao período de compensação da primeira parte para finalmente vermos o Benfica chegar ao merecido segundo golo. O Rio Ave beneficiou de um livre perto da linha do meio campo e mandou toda a gente lá para a frente - de assinalar o facto do Benfica ter formado a linha de defesa bem longe da sua área, em vez de cair naquele comportamento irritante de fazer o favor à equipa que marca o livre e colocar toda a gente dentro da área. A bola foi recuperada, o Pizzi fez um balão para a frente, e a partir daí o Darwin fez quase tudo. Ganhou a bola no corpo a corpo com o defesa, progrediu até à área, e depois deixou-a para o Waldschmidt, com toda a calma do mundo, colocar a bola onde quis. É também de realçar que para além do Waldschmidt, também o Rafa e o Everton apareceram na zona de finalização.

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Na segunda parte o jogo baixou um pouco de intensidade, mas o Benfica continuou sempre a ter um controlo quase absoluto do mesmo. Apesar das várias alterações feitas o Rio Ave nunca conseguiu criar-nos grandes problemas - recordo-me apenas de uma ocasião de perigo, na qual o Vlachodimos defendeu o remate do Piazon. O Benfica, mesmo sem forçar muito, ainda assim esteve sempre mais próximo do terceiro golo, e havia a nítida sensação que se quisesse forçar um pouco mais o resultado poderia facilmente disparar. O Darwin continuou a trabalhar muito e a procurar o golo, tendo talvez perdido a ocasião de oferecer o hat trick ao Waldschmidt quando optou pelo remate ainda de fora da área e tinha o colega em melhor posição para finalizar. Aos sessenta e oito minutos, nova jogada de insistência do Darwin, pela esquerda, terminou numa grande penalidade cometida sobre ele. Infelizmente o VAR voltou a intervir e descortinou novo fora-de-jogo de centímetros no início do lance e a decisão foi revertida - depois do que vi nas repetições, desconfio que o tempo que o VAR esteve a analisar o lance foi mais para conseguir encontrar um frame qualquer em que o Darwin estivesse adiantado. Reparei no entanto num pormenor: o Darwin foi pedir ao Pizzi, que se aprestava para marcar o penálti, para o deixar marcar e o Pizzi pelos vistos não aceitou. Estas coisas até são decididas no banco, mas é tão evidente que o Darwin está a procura do seu primeiro golo pelo Benfica (e merece-o) que teria sido um gesto bonito do Pizzi como capitão deixá-lo marcar. Mesmo que depois o JJ não deixasse. Enfim, são apenas pormenores. O jogo precisava mesmo de um terceiro golo do Benfica para dar uma expressão mais justa ao resultado, e a cinco minutos dos noventa isso finalmente aconteceu sem que o VAR encontrasse motivos para o anular. Uma boa combinação pela direita permitiu ao Pizzi cruzar para a tentativa de cabeceamento do Seferovic, que já tinha entrado para o lugar do Darwin, com o ressalto a sobrar para um remate de primeira quase à queima-roupa do Gabriel. Imparável, e bastante merecido que pelo jogador, quer pela equipa.

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Por via dos dois golos, o Waldschmidt é o homem do jogo. E ainda ofereceu um golo ao Darwin, que foi anulado. O Darwin continua à procura do seu primeiro golo, mas entretanto vai somando assistências. É incansável na frente, ganha a maioria dos duelos individuais, incluindo pelo ar, e está constantemente em movimento. Ontem teve o azar de ver um golo, uma assistência e um penálti sobre ele cometido todos anulados pelo VAR. Mas é uma boa indicação do quanto ele está em jogo e dos problemas que causa às defesas. Grande jogo também do Gabriel. É um jogador que eu sempre apreciei e considerei fundamental para o Benfica, mas com o JJ está a evoluir tacticamente a olhos vistos - basta ver o quanto se começa a alargar a sua área de acção - e, com as devidas distâncias, se pode começar a considerar como um Matic na nova versão do Benfica de JJ.

 

Depois do soluço exibicional que foi o último jogo contra o Farense, foi bom ver a equipa regressar ao trilho certo. Uma vitória convincente e contundente num jogo e num campo onde seria normal esperar maiores dificuldades, e liderança isolada à quarta jornada com um pleno de pontos conquistados. Não se podia pedir muito melhor.

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publicado por D'Arcy às 10:27
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Domingo, 4 de Outubro de 2020

Cinzenta

Exibição muito cinzenta da parte do Benfica, que durante largos períodos de tempo foi dominado pelo Farense, equipa recém promovida à primeira liga. Salvou-se o mais importante, os três pontos da vitória, mas a exibição de hoje representou uma regressão em relação aos dois primeiros jogos da liga.

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Onze mais ou menos previsível, com duas alterações forçadas no centro da defesa. O Rúben infelizmente já não é nosso jogador, e o Vertonghen está lesionado. Depois das desculpas esfarrapadas do nosso treinador dadas na conferência de imprensa, já se sabia que a escolha seria a dupla Jardel/Otamendi. O facto do Jardel já ter trabalhado muito tempo com o Jesus foi dado como justificação para a titularidade de um jogador que esteve lesionado e há dois meses não jogava. O critério aparentemente já não se aplicou ao Otamendi, que treinou um par de vezes e foi logo para titular. Honestamente, respeitaria mais o nosso treinador se ele fosse honesto e dissesse que para ele o Ferro não conta para o totobola e está apenas a fazer número. Eu confesso que depois de gastarmos quase 100 milhões e termos um treinador pago a peso de ouro, quando olho para o onze titular e continuo a ver por lá vários jogadores directamente associados ao degradante final da época passada não consigo evitar ficar com um mau pressentimento. Passando ao jogo, depois da bola ter rondado as duas balizas nos instantes iniciais, o Benfica pegou na iniciativa do jogo e foi à procura do golo, que obteve ao fim de quinze minutos. O Rafa aproveitou um mau passe para recuperar a bola, progredir pela direita e colocar a bola à entrada da área para o remate do Pizzi, que ainda desviou num defesa antes de entrar. Um bom início de jogo, confirmado pela tentativa de chegar rapidamente ao segundo golo. O Benfica continuou por cima no jogo e mantinha o Farense remetido ao seu meio campo. Até que perto da meia hora o Farense criou uma ocasião de algum perigo - cabeceamento do Stojiljkovic que o Vlachodimos defendeu com alguma dificuldade, apesar da bola levar pouca força - e a partir daqui o jogo mudou. O Farense não ficou exactamente por cima no jogo, mas o Benfica deixou de criar qualquer perigo no ataque, enquanto que as perdas de bola e passes sem nexo se sucediam. Por pouco um mau atraso do Jardel seguido de uma hesitação do Vlachodimos não resultou no golo dos algarvios.

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Se esperávamos melhorias após o intervalo, passou-se exactamente o contrário. O Farense tomou mesmo conta do jogo, e pressionou à procura do empate. Ainda nem cinco minutos tinham decorrido e um penálti cometido pelo Otamendi (bem assinalado pelo VAR) deu-lhes a ocasião para o conseguirem. O Vlachodimos defendeu a primeira tentativa do Gauld, mas o árbitro mandou repetir quando me pareceu que se houve alguma infracção, foi invasão da área por parte dos jogadores do Farense. Mas o Vlachodimos também defendeu a segunda tentativa, seguindo a bola para canto. Na marcação do mesmo, golo do Farense, num cabeceamento quase sem oposição bem no coração da área. Reacção ao golo do empate? Não houve. O Farense continuou por cima no jogo e chegou mesmo a introduzir a bola na nossa baliza uma segunda vez, mas o golo foi bem anulado por posição irregular. O Benfica fez três alterações de uma assentada logo aos dez minutos da segunda parte, retirando Rafa, Waldschmidt e Gabriel para entrarem Pedrinho, Weigl e Seferovic. E acabaria por ser o suíço a chave para os três pontos. Não imediatamente, porque o Benfica continuou sem conseguir reagir ao ímpeto do Farense e durante mais alguns minutos o cenário mais provável continuava a parecer ser o segundo golo do Farense. Só quando entrámos nos vinte minutos finais é que conseguimos reestabelecer algum controlo no jogo. Entretanto, talvez surpreendentemente para alguns, o Jardel rebentou e teve que sair. Como não há apanha-bolas e suponho que nenhum tratador de relva estivesse ali pronto para o substituir, lá teve que entrar o Ferro. Que a dez minutos do final acabou por ter um papel importante no segundo golo do Benfica, ao fazer o passe para a desmarcação do Grimaldo pela esquerda, que depois cruzou a bola de forma certeira para a entrada de cabeça do Seferovic. O Farense acusou o golpe e já não conseguiu reagir a este golo, ficando o Benfica por cima no jogo e mais próximo de chegar ao decisivo terceiro golo. Este apareceu a um minuto do final do tempo regulamentar, numa recuperação do Weigl que depois lançou o Seferovic pela zona central. Este combinou com o Darwin já descaído sobre a esquerda, que depois de bater um defesa lhe devolveu a bola para que o suíço, com bastante tempo no interior da área, controlasse a bola e a rematasse cruzada para entrar na baliza depois de ainda bater no poste. O jogo só não ficou fechado porque no último minuto de descontos o Otamendi perdeu a bola para um adversário em zona proibida e o Farense reduziu para 3-2 (fiquei no entanto com a nítida sensação que houve falta sobre ele).

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O Seferovic é obviamente o homem do jogo. Foram os seus dois golos que resolveram uma situação potencialmente muito complicada para nós e nos permitiram somar os três pontos. De resto, não consigo mesmo pensar em mais nenhum jogador que se tenha evidenciado muito acima dos outros a não ser o Vlachodimos. Fez o que foi possível para evitar os golos do Farense, incluindo defender duas vezes um penálti. Mas não consegue parar tudo. Quanto ao estreante Otamendi, dificilmente conseguiria ter uma estreia mais desastrosa. Na fase inicial do jogo ainda fez vários cortes e recuperações de bola, mas acabou por cometer um penálti, depois foi batido no ar no pontapé de canto que resultou no primeiro golo do Farense (quase nem tirou os pés do chão) e para fechar em beleza, foi directamente responsável pelo segundo golo algarvio. Não é um jogador com quem eu simpatize, mas vale certamente muito mais do que isto e terá que o mostrar.

 

Esta foi a pior exibição do Benfica esta época, incluindo todos os jogos de preparação. Acabámos por conseguir somar os três pontos, o que foi ainda mais importante dada a derrota do Porto. Não será mau se conseguirmos ir ganhando mesmo quando jogamos mal. Mas vai ser necessário jogar mais e regressar ao nível dos primeiros jogos se quisermos ganhar alguma coisa esta época. Este jogo só serve mesmo como exemplo do que não devemos fazer.

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publicado por D'Arcy às 22:52
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