VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Segunda-feira, 30 de Novembro de 2020

Fundamental

Uma vitória importante e inteiramente merecida contra um adversário incómodo e num relvado impróprio para consumo, mas arrancada a ferros muito por culpa própria.

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O Marítimo nos Barreiros é sempre complicado e o Lito Vidigal é um dos treinadores mais irritantes de defrontar, pelo apego que demonstra ao antijogo. As equipas dele normalmente estão apenas interessadas em não deixar que se jogue futebol enquanto não estão a perder, e não olham a meios para manter o nulo no marcador. O Benfica, que entrou em campo com o onze mais do que esperado face aos jogadores que estão disponíveis, tentou resolver este problema o mais depressa possível. Até porque, com o relvado já num estado lastimável (o que também já é habitual na Madeira) e a chuva que caía, era previsível que à media que o tempo passasse a situação fosse ficando cada vez mais complicada. Entrámos fortes e a pressionar o adversário, que se acantonou na sua área e cedo começou a recorrer ao estratagema de ter jogadores a pedir assistência médica para quebrar o ritmo de jogo - em particular o guarda-redes, o que também já é um clássico. Mas para piorar a situação, a fechar o primeiro quarto de hora o Marítimo colocou-se em vantagem completamente contra a corrente do jogo. Um balão para a frente, que não foi mais do que um alívio feito por um defesa à entrada da sua área, acabou por resultar em mais um, e cada vez mais habitual, tremendo erro individual do Otamendi, que praticamente sem pressão acabou por colocar a bola nos pés do Rodrigo Pinho quando a tentou atrasar para o Vlachodimos, deixando o avançado do Marítimo isolado para marcar. Felizmente a nossa equipa não se deixou abater e reagiu bem ao golo, sendo particularmente perigosa pelo lado esquerdo, onde o Everton e o Grimaldo estavam bastante activos. Foram mesmo estes dois quem construiu a jogada do golo do empate pouco depois da meia hora, com o Grimaldo já dentro da área a fazer o passe para o Pizzi finalizar de pé esquerdo. Continuou o Benfica a pressionar e o jogo a ter quase sentido único (a posse de bola do Benfica chegou a estar perto dos 80%) enquanto o Marítimo defendia o empate como podia, e raramente ia tentando uma ou outra saída para o contra-ataque. Perto do intervalo o Rafa quase marcou: recebeu no meio da área, rodou bem, mas o remate acabou ligeiramente desviado no limite por um defesa do Marítimo. E depois nova situação para o Benfica, onde o Seferovic se desmarcou apanhando a defesa do Marítimo em contrapé mas depois o passe para o Waldschmidt, que estava em excelente posição, saiu um pouco adiantado demais.

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Com o empate a saber claramente a pouco, o Benfica reentrou no jogo com a mesma atitude e à procura da vantagem. O golo, felizmente, surgiu cedo. Com seis minutos decorridos, uma jogada rápida do Benfica depois de uma reposição de bola permitiu ao Everton, no interior da área e pela esquerda depois de receber um passe do Seferovic, tirar o seu marcador do caminho com um toque e depois rematar cruzado para o poste mais distante. Bom golo do brasileiro, que tem atravessado uma fase de menor fulgor depois de um bom início de época. Em desvantagem, o Marítimo finalmente abriu um pouco mais, o que nos permitiu mais espaço no ataque que, se tivesse sido mais bem aproveitado, nos teria permitido construir um resultado mais tranquilo e assim evitar as habituais preocupações perto do final dos jogos quando a vantagem é mínima. Mas o Marítimo nunca foi um adversário perigoso e não me recordo de ver qualquer ocasião em que estivessem sequer perto de chegar ao empate. É verdade que nos minutos finais conseguiram melhorar na posse de bola e aparecer mais vezes no nosso meio campo e junto à nossa área, mas não criaram nenhuma oportunidade de golo e o Vlachodimos não foi obrigado a ter qualquer intervenção difícil. Acho que só num canto já em período de descontos (que se não foi o único pontapé de canto do Marítimo em todo o jogo, andou perto disso, enquanto que o Benfica terá tido pelo menos uma dúzia deles) o vi sair a soco para afastar a bola. A partir do momento em que o Benfica se colocou em vantagem o jogo ficou praticamente decidido, porque o Marítimo não pareceu ter qualquer plano de jogo alternativo ao antijogo para segurar um resultado, mostrando-se desconfortável na posição de ter que assumir as despesas do jogo. Mas acho que o Benfica deveria ter sido capaz de fazer mais mesmo em vantagem.

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Destaque no Benfica vai para o Everton, pelo golo decisivo que marcou e por ter estado num nível bastante mais alto do que aquele que vinha apresentando nos últimos jogos. Dele espera-se que seja um jogador decisivo, e foi isso mesmo que ele fez hoje. O Grimaldo também esteve num bom nível. Pela negativa, mais uma vez o Otamendi. Por muito menos do que a inacreditável sequência de erros crassos e básicos que ele tem cometido neste seu início no Benfica já eu vi vários jogadores na história do nosso clube comprometerem irremediavelmente a sua carreira com a nossa camisola. Não quero estar a alongar-me mais sobre o assunto, até porque a minha opinião sobre ele ainda antes de ter disputado um só minuto com a nossa camisola já era negativa, por isso estou longe de poder avaliar esta situação com imparcialidade.

 

Era fundamental vencer para evitar a tempestade que inevitavelmente se abateria sobre a nossa equipa caso tal não acontecesse - não que isto impeça muita gente de a tentar fazer na mesma, quer criticando a exibição do Benfica, quer tentando à força colar a vitória do Benfica a eventuais casos de arbitragem. O facto é que apenas uma equipa jogou para ganhar este jogo, e apenas uma equipa o mereceu vencer, e essa equipa foi o Benfica. Mesmo que não tenha sido das exibições mais glamorosas, fizemos mais do que o suficiente para justificar claramente a vitória.

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Sábado, 28 de Novembro de 2020

Resgate

Vinte minutos de maior intensidade foram suficientes para conseguir o resgate de um empate que parecia quase fora do nosso alcance, num jogo pobre de parte a parte. Este resultado deixa-nos com um pé na fase seguinte, mas dependentes de terceiros para chegar ao primeiro lugar do grupo.

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Com sete jogadores indisponíveis para o jogo, não eram esperadas grandes surpresas no onze. Mas mesmo assim o Hélton na baliza e o Chiquinho no meio campo ao lado do Gabriel foi algo inesperado, com o Pizzi a começar no banco. O jogo não foi particularmente bem jogado, e para isso terá também contribuído o golo madrugador do Rangers. Logo aos seis minutos, num lance onde achei que houve demasiada passividade da nossa equipa, os escoceses colocaram-se em vantagem. Um cruzamento do lado esquerdo do ataque deles permitiu um cabeceamento ao qual o Helton correspondeu com uma grande defesa. Mas a bola não foi afastada da área, e foi novamente um jogador adversário a ganhar de cabeça nas alturas e afazer a recarga, que levou a bola à trave. Como não há duas sem três, e com metade dos nossos jogadores a olhar, veio o terceiro remate para o golo. Ganhar três bolas dentro da área não deixa a nossa defesa nada bem vista, e tenho a impressão que se fossem necessárias seis ou sete recargas até a bola entrar os escoceses ganhá-las-iam todas. Parece-me claro que o Everton neste momento não tem grande capacidade defensiva - é só ver a forma como ficou parado no lance do golo, e em jogos anteriores quantos dos golos adversários nascem naquele lado. Ao amarrá-lo a estas funções tácticas estamos a perder o potencial desequilibrador dele na frente e a 'ganhar' um jogador que compromete defensivamente em quase todos os jogos. A partir do golo o tom do jogo ficou mais ou menos definido. Benfica com mais bola e como habitualmente a insistir muito pela zona central (a excepção eram algumas investidas do Grimaldo pela esquerda), o Rangers resguardado atrás e a tentar sair rápido e quase sempre com futebol directo. Uma coisa que me pareceu evidente neste jogo foi o quão desprotegida ficou o nosso meio campo defensivo - e consequentemente a nossa defesa - sempre que a bola era perdida no ataque. Frequentemente os jogadores adversários conseguiam receber a bola quase à vontade e de frente para os nossos defesas. Com Gabriel e Chiquinho em campo fez-nos falta um verdadeiro médio defensivo, o que aliás se tem verificado na maioria dos jogos em que temos sofrido vários golos e continua a fazer-me estranhar o empréstimo do Florentino. Criámos um ou dois lances de algum perigo - um remate do Everton para  a bancada quando estava em posição privilegiada para marcar, e um cabeceamento falhado do Seferovic, que cabeceou de raspão na bola mesmo em frente à baliza - mas o jogo não teve muito mais motivos de interesse.

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E assim continuou na segunda parte. O Benfica mexeu cedo, trocando o Chiquinho e o Waldschmidt pelo Pizzi e o Diogo Gonçalves, mas pouca diferença fez e foi o Rangers quem, numa rara subida ao ataque, chegou ao segundo golo. Foi um grande golo, num remate de fora da área a levar a bola ao ângulo, mas mais uma vez ficou evidente como a falta de um médio defensivo deixou desprotegida a nossa zona central quando somos apanhados numa transição rápida - o autor do golo encarou de frente os nossos defesas e progrediu sem oposição até rematar à entrada da área. Como reacção ao golo trocámos o Gilberto pelo Gonçalo Ramos, e foi aqui que se começou a notar diferença na nossa equipa. Não só pela presença e mobilidade do Gonçalo Ramos no ataque, mas também pelo recuo do Diogo Gonçalves para lateral direito, onde trouxe uma dinâmica e agressividade nunca vistas enquanto o Gilberto esteve em campo (com as duas primeiras trocas o Diogo tinha ido ocupar o lugar do Rafa na direita e este tentou formar a dupla de ataque com o Seferovic; com a entrada do Gonçalo o Rafa regressou à direita). Antes disso para vermos algum jogo pelos flancos era necessário esperar por alguma investida do Grimaldo pela esquerda, mas depois passou a ser quase sempre por aquele lado, para onde o Pizzi e o próprio Gonçalo Ramos caíam muitas vezes, que o Benfica passou a criar quase todo o perigo. O Benfica já até aí tinha boa parte das despesas do jogo, mas passou a ser mais perigoso e a trocar a bola de forma mais eficiente e incisiva, em contraponto aos sucessivos passes laterais que ia fazendo sem progressão até aí. O primeiro golo surgiu aos setenta e oito minutos, resultado de mais uma jogada pela direita, com cruzamento para o Everton amortecer para a tentativa de remate do Seferovic, que acertou apenas nas orelhas da bola. Esta sobrou para o Gonçalo Ramos, que fez a recarga para a bola embater num par de defesas do Rangers antes de entrar na baliza. Novo ânimo para a nossa equipa, e ficámos ainda mais em cima do adversário, quase sempre a insistir pela direita. E foi por aí que nasceu o golo do empate, apenas três minutos depois do primeiro golo. A bola viajou pelos pés do Diogo Gonçalves, Rafa, Pizzi, e Gonçalo Ramos até regressar aos pés do Pizzi, que de pé esquerdo quase na marca de penálti, e rodeado de jogadores adversários, fuzilou a baliza. Estava conseguido o empate e ainda havia tempo para tentar chegar à vitória, mas apenas num remate de ressaca do Gabriel voltámos a criar perigo.

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Os destaques são para o Gonçalo Ramos, Diogo Gonçalves e Pizzi, porque só com eles em campo é que o Benfica conseguiu, durante vinte minutos, jogar o futebol que mais nos interessava. No resto do tempo tivemos muita bola mas poucas ideias. Durante esse período, acho que o o Grimaldo e o Rafa foram dos mais esforçados.

 

Com a vitória do Standard nos momentos finais no outro jogo do grupo ficámos com cinco pontos de avanço e dois jogos por fazer, o que significa termos o apuramento na mão, que poderemos garantir já no próximo jogo - até um empate pode servir, caso o Standard não vença o Rangers. Neste jogo voltou a ser visível o quão expostos ficamos defensivamente em determinadas situações de jogo. Julgo que até que resolvamos a questão do médio defensivo, será difícil evitar estes problemas.

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Domingo, 22 de Novembro de 2020

Obrigação

Uma vitória sem grande brilho mas competente de um Benfica transfigurado. Cumpriu-se a obrigação de deixar o Paredes pelo caminho e seguir em frente na Taça de Portugal, dando a oportunidade a vários jogadores menos utilizados para somar minutos e a alguns jovens de se estrearem com a camisola principal.

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Jogámos com uma equipa quase nova com uma excepção, porque não há duas mas sim três certezas na vida: a morte, os impostos, e o Pizzi a titular. De resto as alterações começaram na baliza, onde jogou o Helton. Na defesa o Gilberto ficou na direita, a dupla de centrais foi formada pelo Jardel e o Ferro, e na esquerda jogou o João Ferreira. Ver um destro a jogar a lateral esquerdo é das coisas que têm sempre o condão de me enervar - é como ver um cavalo coxo - mas o miúdo fez o que era possível. Meio campo entregue ao Samaris e Chiquinho, alas ao Cervi e o inevitável Pizzi, e o ataque ao inesperado Ferreyra e o Gonçalo Ramos. Sobre o jogo, pouco se pode dizer porque não teve história alguma. Foi um domínio territorial completo do Benfica do primeiro ao último minuto, com os números da posse de bola a andarem próximos dos 80% e a equipa do Paredes toda enfiada na sua área, jogando rijinho sempre que fosse necessário. A parte pior foi que o Benfica nunca encontrou grande inspiração para transformar todo este domínio em situações reais de perigo - na primeira parte ainda foi um bocadinho melhor, mas a segunda foi um deserto de ideias.  O único golo chegou de bola parada, numa boa movimentação e cabeceamento do Samaris na área para corresponder a um livre marcado na esquerda do nosso ataque pelo Cervi. Chegou e sobrou para ganhar, até porque o Paredes fez um remate durante todo o jogo. Na fase final do jogo deu para o Tiago Araújo, o Daniel dos Anjos e o Morato se estrearem e acabarmos, durante breves instantes, a jogar com três centrais.

 

Não dá para fazer grandes destaques. Qualquer que fosse a equipa apresentada, o Benfica tinha a obrigação de ser melhor do que o Paredes, e por isso os jogadores não fizeram mais do que a sua obrigação. Achei que o Ferro se apresentou bem e mostrou uma boa atitude no seu primeiro jogo sob o comando do JJ. O Cervi também mostrou vontade mas foi algo trapalhão. Os dois avançados mal se viram, até porque isso seria difícil no meio dos onze jogadores do Paredes enfiados na área. Os dois jogadores mais 'titulares', Pizzi e Gilberto, foram dos mais apagados.

 

Cumprida a obrigação, esperemos pelos próximos jogos para ver se conseguimos inverter o mau momento exibicional e regressar a um nível mais aceitável que já apresentámos esta época. A indisponibilidade do Darwin certamente não vai ajudar, e espero que saibamos encontrar soluções para regressar ao rumo certo.

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Domingo, 8 de Novembro de 2020

Três

Acho que quase já podemos considerar rotina sofrer três golos num jogo. Terceiro jogo consecutivo a sofrer três golos, e obviamente terceiro jogo sem ganhar, porque é muito difícil ganhar um jogo em que se sofre três golos.

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Não vou alongar-me sobre este jogo - no qual voltámos a inovar no meio campo, apresentando o Samaris e o Pizzi - porque seria estar a repetir-me. De uma forma simples, acho que toda a gente aplica exactamente a mesma fórmula para nos causar problemas. Muita gente atrás, sobrepovoamento da zona central (por onde nós marramos insistentemente mesmo que não consigamos resultados) e depois é só esperar por meia ocasião, porque nós damos abébias na defesa o tempo todo - sobretudo desde que o Otamendi entrou na equipa. Por muito menos do que aquilo que o Otamendi já fez neste curto período no Benfica, o Ferro o ano passado já estava a ser crucificado. No jogo de hoje, foi dele o passe disparatado para a zona central que entregou a bola ao Braga para fazer o primeiro golo, no segundo golo é ele quem inicialmente está atrasado e coloca toda a gente em jogo, e depois é ele quem sai à bola e deixa o buraco na zona central por onde entrou o marcador do golo (mal acompanhado pelo Gilberto) e foi ele quem se desentendeu com o Vlachodimos no terceiro golo (embora a culpa maior seja no Vlachodimos). Sim, não gosto do Otamendi e não o vou esconder - é raro eu dizer isto sobre um jogador do Benfica, mas neste caso eu já não gostava dele antes de ter vindo para cá e o que ele tem feito desde que chegou em nada contribuiu para mudar a minha opinião. É também interessante que toda a gente defende ferozmente e sobrepovoa a zona central contra nós, enquanto nós deixamos autênticas avenidas abertas nessa zona para que os adversários as explorem contra nós. Hoje depois de uma paupérrima primeira parte, em que fomos completamente anulados, sofremos um golo a fechar a primeira parte assim que o Braga praticamente passou do meio campo pela primeira vez, depois sofremos mais dois no período inicial da segunda parte, e só depois de estarmos a perder por três é que começámos a jogar alguma coisa. Curiosamente, tirando partido do jogo exterior pelos flancos em vez do afunilamento do costume. O primeiro golo do Seferovic nasce de um cruzamento do Rafa da direita, o segundo de um passe de cabeça do Grimaldo pela esquerda depois de uma tabela com o Taarabt, e por pouco não conseguimos empatar o jogo - oportunidades para isso não faltaram, porque assim que começámos a explorar os flancos, muito por culpa da entrada do Grimaldo, começámos a criar lances de perigo como nunca o fizemos na primeira parte. Contas feitas, o Braga deve ter marcado três golos em quatro ocasiões, e o Benfica marcou apenas dois se calhar tendo o dobro delas (o falhanço do Waldschmidt foi inacreditável).

 

Não há destaques num terceiro jogo consecutivo sem vencer. Mas o Grimaldo e o Seferovic entraram bem. O espanhol criou muito perigo pela esquerda, e o suíço marcou dois golos, mais um que foi bem anulado, e ainda teve mais um par de boas ocasiões de cabeça. Dos que jogaram de início, para variar o Rafa foi o menos mau.

 

Se nove golos concedidos em três jogos e zero vitórias não forem suficientes para perceber que andamos a fazer alguma coisa mal, então não sei o que será. A fórmula que referi é aquela que todas as equipas parecem aplicar com relativa facilidade contra nós. Não podemos continuar sistematicamente a jogar com tão pouco largura no nosso jogo e a persistir nas entradas pelo meio, e muito menos podemos dar tantas facilidades na defesa - meia ocasião para um adversário acaba quase sempre em golo. O mestre da táctica anda a levar demasiadas lições em vez de ser ele a dá-las.

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Sexta-feira, 6 de Novembro de 2020

Resgate

No final do jogo o empate a três acabou por ser um mal menor, e o resgate de um ponto foi um minimizar de estragos num jogo que chegou a parecer irremediavelmente perdido. Mas acaba por saber a pouco porque durante o período em que houve igualdade numérica o Benfica foi sempre a melhor equipa e parecia mesmo poder caminhar para uma vitória tranquila.

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Diogo Gonçalves, Weigl, Rafa e Seferovic de início foram as novidades. Gilberto, Gabriel, Waldschmidt e Darwin tiveram direito a descansar um pouco e começaram no banco. Não podia ter começado melhor o Benfica, que marcou logo no primeiro minuto de jogo. Insistência do Rafa pela direita, e o cruzamento atrasado para o Seferovic acabou por ser desviado para a própria baliza por um defesa do Rangers. Jogava bem o Benfica, sempre em cima do adversário e com o controlo quase completo do jogo, impedindo que os escoceses conseguissem ter bola e saíssem para o ataque. Até que aos vinte minutos de jogo, absolutamente do nada, um pontapé para a frente quase desde a entrada da área do Rangers encontrou um jogador escocês atrás da nossa linha de defesa, o Otamendi tocou-o quando ele se escapava em direcção à baliza, e foi expulso. O Jardel teve que entrar para o lugar do Pizzi e o jogo mudou como do dia para a noite, com a nossa equipa demasiado desnorteada. Tanto que, cinco minutos depois, já estávamos atrás no marcador. No espaço de um minuto o Rangers fez dois golos, o primeiro num desvio infeliz do Diogo Gonçalves para a própria baliza depois de um cruzamento, completamente à vontade, da esquerda, e o segundo num remate rasteiro à entrada da área que fez a bola entrar junto ao poste, num lance em que me pareceu haver demasiada passividade por parte de toda a equipa, guarda-redes incluído. Termos atingido o intervalo apenas a perder por 1-2 nem foi mau de todo, porque o Benfica praticamente não existiu a partir da expulsão. Para a segunda parte trocámos os laterais, entrando o Gilberto e o regressado Grimaldo. Os dois que saíram não tinham estado particularmente felizes, mas outros jogadores como o Seferovic ou o Taarabt foram quase inexistentes. O Rangers ampliou a vantagem bem cedo, cerca de cinco minutos após o reinício, num lance em que o Benfica defendeu muito mal. Em desvantagem numérica, ter os dois jogadores da ala esquerda (Grimaldo e Everton) a atacar o portador da bola só poderia mesmo resultar numa avenida por aquele lado por onde o lateral direito Tavernier progrediu à vontade (aproveitando que o Vertonghen estava a meter toda a gente em jogo) e perto da linha de fundo cruzou a bola rasteira para o Morelos encostar quase em cima da baliza, tendo o Gilberto esquecido-se que se calhar era melhor marcar em cima o adversário. Com uma hora de jogo finalmente entrou o Darwin para o lugar do Seferovic e o Benfica lá começou pelo menos a dar um pouco mais de luta na frente, sobretudo quando cinco minutos depois entrou também o Waldschmidt, substituindo o Everton. Ainda passámos por mais um par de sustos, com um remate ao poste e uma boa defesa do Vlachodimos aos pés do Morelos, mas à entrada para o último quarto de hora conseguimos reduzir para um golo de diferença e a esperança renasceu. Uma jogada em esforço do Darwin, a passe do Waldschmidt, em que não desistiu do lance, aguentou a carga de um defesa, evitou o guarda-redes, e mesmo sobre a linha de fundo conseguiu fazer o passe atrasado para o Rafa marcar. Com a dupla habitual de avançados em campo ainda era possível acreditar no empate, e este surgiu já no período de descontos. Novamente o Waldschmidt a fazer o passe que desmarcou o Darwin entre os centrais adversários, e depois este ganhou em velocidade e à saída do guarda-redes finalizou com aparente facilidade.

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O homem do jogo tem que ser o Darwin, por ter conseguido em meia hora ressuscitar um Benfica que parecia morto e enterrado. A sua entrada foi decisiva, o golo do Rafa só foi possível pela raça que mete em cada lance, e só podia mesmo ter sido ele a fazer o golo do empate. Este jogador foi uma grande contratação e tem tudo para ser um caso muito sério no futebol mundial. Vamos esperar para ver quanto tempo o conseguiremos segurar. Foi bem ajudado pelo Waldschmidt, e o entendimento entre os dois é cada vez melhor. Dos que alinharam de início, o maior destaque foi o Rafa. Foi sempre o jogador em mais alta rotação, a procurar levar a equipa para a frente mesmo quando poucos o ajudavam. Fabricou o primeiro golo e marcou o segundo, e reforçou a minha ideia de que para jogar na direita ele é a melhor opção, e não o Pizzi. De resto, foram exibições bastante cinzentas, em particular da defesa, e mesmo assim na minha opinião o Taarabt e o Seferovic conseguiram ser ainda piores do que a média.

 

Tenho a firme convicção de que teríamos ganho este jogo até com alguma facilidade caso não tivesse havido a expulsão. Mas deixarmo-nos surpreender por uma bola longa metida da entrada da área adversária é simplesmente defender mal. E também não é admissível tanto desnorte logo a seguir à expulsão. Deixar o adversário dar a volta ao resultado ao fim de cinco minutos, com dois golos sofridos no espaço de um minuto não tem cabimento, sobretudo quando continuámos a jogar com a defesa e meio campo completos, já que quem saiu foi o Pizzi, que estava a jogar no apoio ao avançado. Parece-me que neste momento urge acertar o processo defensivo, porque não é normal nem o Benfica, nem as equipas treinadas por Jorge Jesus sofrerem tantos golos.

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Segunda-feira, 2 de Novembro de 2020

Banho

Levámos um banho de futebol no Bessa, e o Boavista venceu com todo o mérito. Foi 'limpinho, limpinho, limpinho'. Durante os noventa minutos vimos uma equipa quase sempre perdida em campo e um treinador incapaz de reagir no banco, ambos incapazes de encontrar uma resposta para os problemas que nos foram colocados pela agressividade do Boavista. O 'mestre da táctica' levou uma lição para recordar.

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Apresentámos aquele que em teoria é o nosso onze mais forte (embora eu tenha sérias reservas quanto ao Pizzi ter lugar num qualquer onze mais forte). Desde o início que se percebeu o que estava a acontecer e que enfrentaríamos sérios problemas. O Boavista jogou com bastante agressividade, recorrendo às faltas para travar o Benfica sempre que isso fosse necessário, subiu bastante as linhas e apresentou um bloco muito compacto, o que encurtava seriamente o terreno de jogo. E o Benfica não encontrou solução para isso, pois limitava-se a trocar a bola sem objectividade, e inevitavelmente cometia erros no passe (foram demasiados hoje) que o Boavista aproveitava para fazer a transição rápida e causar perigo. O nosso lado direito, com Pizzi e Gilberto, foi inexistente e o Angel Gomes fazia o que queria por ali. O Benfica até marcou primeiro, perto do quarto de hora, na primeira vez que se aproximou da baliza adversária. Numa das raras vezes em que apanhámos o Boavista em contra pé o Darwin foi para a baliza e depois de um bom trabalho individual marcou um bonito golo, mas este foi bem anulado por posição irregular no momento em que recebeu a bola. Logo a seguir, o Boavista colocou-se em vantagem através de um penálti cometido pelo Everton sobre o Angel, que o mesmo converteu, e a partir daí o jogo ficou irremediavelmente perdido. Sim, havia muito tempo para jogar, mas não mostrámos qualquer capacidade para inverter o rumo dos acontecimentos. Como exemplo, só depois da meia hora fizemos o nosso primeiro (e único!) remate - um falhanço escandaloso, diga-se, do Vertonghen, que completamente sozinho sobre a linha da pequena área conseguiu cabecear à figura do guarda-redes, depois de um excelente cruzamento do Taarabt. Perto do intervalo, um muito previsível segundo golo do Boavista, numa excelente jogada toda construída pelo lados esquerdo da nossa defesa. Bola sempre ao primeiro toque, para terminar com um bonito passe sem olhar do Angel a isolar o Elis. Ao intervalo saíram três: Gabriel, Pizzi e Everton, e entraram Weigl, Rafa e Seferovic. Os três que saíram estavam em infra-rendimento, mas até podiam ter saído os onze porque ninguém fez propriamente melhor. À excepção do empenho do Rafa em mudar alguma coisa, de pouco serviram porque o jogo continuou exactamente como estava: o Boavista com poucas ou nenhumas dificuldades em conter o Benfica, e a conseguir facilmente sair para o ataque com dois ou três jogadores (às vezes até com apenas um) e mesmo assim a criar mais perigo do que o Benfica, aproveitando as infinitas perdas de bola da nossa equipa, muitas vezes dos próprios centrais. A somar ao desnorte dentro do campo, o desvario no banco continuou, e depois de uma até justificada troca do inexistente Gilberto pelo Diogo Gonçalves seguiu-se uma incompreensível substituição do Taarabt pelo Cervi. Na prática, o nosso meio campo passou a ser o Weigl. Talvez a ideia fosse o Cervi/Waldschmidt/Rafa criarem jogo para os dois pontas-de-lança, mas eu só vi jogadores mais ou menos perdidos em campo numa aparente anarquia. E o Boavista a continuar a conseguir criar facilmente perigo aproveitando as infinitas perdas de bola da nossa equipa. Chegaram, com toda a naturalidade, ao terceiro golo num remate de fora da área do Hamache. E quanto mais tempo ali ficássemos, mais golos marcaria o Boavista e duvido que nós conseguíssemos o que quer que seja.

 

Não há nenhum destaque a fazer esta noite. Foram todos deploráveis. E incluo também, o treinador, que é o principal responsável pelo que se passou. Levámos um banho táctico que foi visível quase desde o apito inicial, e do banco só vi incapacidade de reacção ao que se ia passando dentro do campo. Não foi muito diferente de vermos o Rui Vitória ou o Bruno Lage a lançar avançados para dentro do campo quando as coisas estavam a correr mal. Não encontrámos solução para a pressão alta e agressividade do Boavista e para o encurtar do espaço. Foram perdas de bola atrás de perdas de bola porque continuámos a bater sempre na mesma tecla - não sei se alguma vez tinha visto o Benfica, muito menos este Benfica do JJ, a ter tantas perdas de bola num jogo.

 

Espero que o nosso treinador consiga identificar e reconhecer o que falhou rotundamente na abordagem a este jogo e perceber porque fomos incapazes de fazer o que quer que fosse para alterar o rumo dos acontecimentos. Fomos claramente derrotados por uma equipa que ainda não tinha uma vitória na Liga. Se não formos capazes de aprender com os erros, eles vão voltar a repetir-se. Foi uma noite demasiado negra.

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publicado por D'Arcy às 23:02
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