Quando aos vinte e cinco minutos de jogo o Benfica já vencia por dois golos e realizava uma exibição agradável, pensei que poderia escrever que finalmente tínhamos tido direito a um jogo minimamente normal para aquilo que esperamos do nosso clube e uma vitória tranquila. Obviamente que estava enganado.
O mesmo onze da supertaça para defrontar em nossa casa o último classificado Portimonense. Uma entrada agradável do Benfica no jogo perante um Portimonense pouco mais do que inofensivo, suportada por um Rafa em alta rotação, acabou por resultar num golo ainda na fase inicial do jogo. O Waldschmidt deu o primeiro sinal, e aos treze minutos uma boa combinação Rafa/Waldschmidt permitiu libertar o primeiro para entrar na área descaído pela esquerda e depois fazer a assistência para uma finalização fácil do Darwin de baliza aberta. O mesmo Darwin, na jogada anterior, já tinha falhado completamente o remate depois de assistido pelo Grimaldo, quando estava numa óptima posição na área. Continuou a dar só Benfica e o Waldschmidt, em boa posição, conseguiu rematar com o seu pior pé directamente para as mãos do guarda-redes. A sequência natural das coisas foi o segundo golo do Benfica. Nova combinação entre o Rafa e o Waldschmidt pelo meio, atrapalhação da defesa do Portimonense a afastar a bola e esta a sobrar novamente para o Rafa, que em posição frontal dentro da área finalizou com um remate rasteiro. Tudo normal, Benfica completamente por cima do jogo e o Portimonense inofensivo - durante toda a primeira parte fizeram um único remate à nossa baliza, bem de fora da área e à figura do Vlachodimos. Tudo portanto a correr da melhor forma e a encaminhar-se para um final de tarde tranquilo para os benfiquistas, provavelmente com um ampliar natural do resultado. Mas infelizmente já nos vamos habituando a que isso não aconteça, e nos minutos finais da primeira parte começámos logo a ver alguns sinais pouco motivadores quando me pareceu que estávamos nitidamente a abrandar o ritmo.
Esses sinais foram-se agravando no início da segunda parte. Nos minutos iniciais ainda tivemos uma ocasião soberana para fazer o terceiro golo, que teria muito provavelmente acabado de vez com o jogo. Mas de uma forma que se poderá considerar escandalosa o Darwin, completamente à vontade bem no meio da área depois de receber um passe do Waldschmidt, e só com o guarda-redes pela frente, conseguiu acertar no poste. Depois o jogo foi piorando progressivamente, passando a segunda parte a ser francamente desinteressante e mal jogada. O Benfica simplesmente pareceu não querer incomodar-se muito. Os jogadores deixaram de correr muito às bolas ou de meter o pé nas divididas. Não é um termo que eu goste de usar, mas pareceu-me claramente displicência e até mesmo desleixo. O Portimonense, sinceramente, não parece ter capacidade para grande coisa. No final o seu treinador pareceu estar convencido que fizeram um grande jogo, mas o que eu vi foi um Portimonense a ter bastante mais bola muito pelo facto do Benfica não se esforçar sequer para contrariar isso, mas a não conseguir fazer nada com ela. A segunda parte foi morníssima e o Vlachodimos nem sequer foi posto à prova durante a maior parte do tempo, nem a nossa baliza passou por qualquer perigo. Aliás, até aos minutos de descontos a melhor ocasião de perigo foi nossa, num remate do Nuno Tavares já dentro da área que obrigou o guarda-redes a uma defesa apertada. Não quero com isto esconder que jogámos mal - nós na segunda parte jogámos a um nível inadmissível para o Benfica - mas o Portimonense nunca foi dominador. A jogada mais 'perigosa' do Portimonense foi a cerca de um quarto de hora do final quando um jogador deles tentou sacar um penálti à Taremi na Supertaça (é desviar a bola e arrastar as pernas para cima do guarda-redes). Como nós fizemos o favor de não ganhar o jogo tranquilamente, isso já deu motivo para as habituais manobras para fazer crer que o Benfica é que é a equipa mais beneficiada pelas arbitragens. E não ganhámos o jogo tranquilamente porque se a segunda parte foi toda jogada com uma displicência inadmissível, então o período de compensação foi simplesmente lamentável. O Benfica não foi capaz de manter um mínimo de posse de bola, nem sequer de mantê-la afastada da sua área. Por isso num cruzamento de insistência, ainda fizemos o favor de deixar o Portimonense reduzir, com um autogolo de cabeça do Gilberto que não deu qualquer possibilidade de defesa ao Vlachodimos. Depois foi o natural nervosismo nos minutos que restavam e ainda mais a compensação sobre a compensação (foram dados dois minutos para além dos cinco que tinham sido dados inicialmente, mas o Portimonense queria ainda mais) mas acabou por ser mesmo só nervosismo, porque ocasiões concretas de perigo não foram nenhumas.
Melhor do Benfica foi o Rafa, naturalmente, com um golo e uma assistência. O Waldschmidt também não esteve mal, já que participou em ambos os golos e ainda ofereceu mais um ao Darwin, que se encarregou de o desperdiçar. Em relação ao Darwin, acho que está praticamente completo o processo de transformação e adaptação dele ao nosso futebol. Recebemos um avançado rápido, móvel e explosivo. Agora já está muito mais fixo, a encostar-se frequentemente aos defesas, toma más decisões e a finalização está cada vez pior. Acho que temos uma espécie de fábrica de clones do Seferovic no Seixal.
A segunda parte do Benfica foi pobre demais para ser admissível. É incompreensível a falta de chama desta equipa e a ausência de vontade em ser feliz. O Benfica, assim o querendo, é muito superior ao Portimonense e, conforme o demonstrou durante a primeira parte, poderia ter ganho facilmente este jogo. Mas a partir de um determinado momento a equipa pareceu achar que já chegava e que não valia a pena esforçar-se mais. Isto não tem explicação. Os minutos finais então foram de um completo desleixo. Isto já é mais do que falta de vontade, é mesmo falta de profissionalismo. Lá vamos ganhando e mantemo-nos a dois pontos da liderança, mas isto não deixa qualquer confiança para o futuro. Não é que os adversários directos estejam muito melhor - quando ganham à rasca contra equipas do fundo da tabela são sempre postos nos píncaros, enquanto que o grau de exigência para o Benfica é muito maior e somos sempre severamente criticados mesmo quando ganhamos - mas com o mal dos outros posso eu bem.
Uma derrota previsível e mais um objectivo deitado fora. Se alguém esperava algum milagre, não aconteceu. Jogámos como temos jogado e perdemos como seria esperado se continuássemos a jogar assim, com o pormenor de termos perdido como tipicamente se perdem jogos com o Porto: quando eles não jogam nada também, cai qualquer coisa do céu.
Detesto ser pessimista, mas para mim o mau agoiro já estava dado com a titularidade do Taarabt. Tacticamente é um jogador a menos, e voltou a comprová-lo neste jogo. Perdi a conta aos maus posicionamentos, ao número de perdas de bola e de passes errados, muitos deles em situação comprometedora (entretanto já consultei as estatísticas: neste jogo ele teve vinte(!) perdas de bola e zero(!) desarmes - que números estupendos para um médio centro). Vou até mais longe: enquanto o Taarabt continuar a ter lugar a titular na nossa equipa, não vamos ganhar nada - porque se não temos no plantel melhor do que ele, então é muito mau sinal. O Benfica não estava a jogar muito e o Porto não estava melhor, viam-se maus passes e bolas perdidas a meio campo sem grandes oportunidades de golo (um par de saídas perigosas do Benfica que foram desperdiçadas pelo Rafa de forma absurda sem sequer conseguirmos finalizar) quando o Taremi entrou pela área para aí a primeira vez no jogo, foi à procura do Vlachodimos e arrastou as pernas até o encontrar. O Lagarto Macron fez aquilo que tem regido toda a sua carreira: bufou no apito contra o Benfica, penálti para o Porto, penálti à Porto, e basicamente o jogo perdido naquele instante, porque a probabilidade de marcarmos um golo a jogar como estávamos era quase nula. Aliás, a probabilidade era a mesma para ambas as equipas, tão mau era o futebol apresentado. A partir daí foi ver o tempo a correr com mau futebol de parte a parte, com as poucas oportunidades que surgiam a virem naturalmente de bolas paradas. O Benfica teve um livre do Grimaldo que o guarda-redes do Porto defendeu com dificuldade, o Porto na sequência de um canto quase marcou, com o Otamendi a tirar a bola quase em cima da linha num pontapé acrobático e o Gilberto a desviar a recarga para canto. Perto do final, novo livre perigoso do Grimaldo e bola a bater no ferro da baliza portista. Na resposta, o nosso treinador deve ter achado que o Taarabt não estava a fazer estragos suficientes, e portanto retirou do campo o Weigl, que até estava a ser um dos mais certinhos, e colocou o marroquino como médio mais recuado (o Grimaldo, que tinha sido o autor dos remates mais perigosos do Benfica, ainda que de livre, também foi premiado com a substituição). Efeito imediatíssimo: na jogada seguinte ele tem uma péssima abordagem ao lance e é facilmente ultrapassado por um adversário na zona frontal, que encara a defesa de frente e faz a assistência para o segundo golo do Porto. Brilhante jogada táctica, mister! Eu já disse aqui várias vezes que não aprecio nada o Taarabt e isso nota-se perfeitamente, nem tento disfarçar. Não quero fazer dele o bode expiatório da derrota, porque toda a equipa esteve medíocre e houve outros jogadores que jogaram assustadoramente mal (Rafa, Waldschmidt ou Darwin, por exemplo). Mas depois de já estar de cabeça meio perdida com tanto disparate que o marroquino tinha feito durante os noventa minutos, a jogada táctica de o colocar como médio mais recuado foi a gota de água para mim. A crítica não é portanto totalmente dirigida ao jogador, mas também à insistência em colocá-lo a jogar em funções para as quais não está minimamente talhado.
Depois do acesso à Champions, novo objectivo perdido com mais uma derrota frente ao Porto na Supertaça. Hoje alinharam de início seis dos novos reforços para esta época, mas ficou óbvio que com um treinador pago a peso de ouro e quase 100 milhões em reforços estamos a jogar pior do que alguma vez vi esta equipa jogar com o Bruno Lage. Presumo que sejam necessários outros 100 milhões, para substituir os cinco que alinharam de início que já cá estavam, para que possamos enfim jogar algo que se veja. Porque até agora parece que a única explicação que vamos tendo para o pouco que vemos é que não deram ao treinador todos os reforços de que ele necessita para meter a nossa equipa a jogar algum futebol, e que pelo menos vença de forma convincente equipas com um décimo ou menos do nosso orçamento.
Nova vitória obtida com algum sofrimento em mais um jogo onde a paciência dos adeptos foi posta à prova. Acho que nesta fase o melhor é mesmo começar a aceitar isto como a nova normalidade, e ficarmos pelo menos felizes com o facto de irmos somando os três pontos em jogos destes.
A equipa apresentou-se sem o Otamendi, Gabriel, Rafa e Waldschmidt a titulares (os primeiros três nem no banco estiveram), o que acabou por ser algo surpreendente. Talvez tenha havido alguma cautela adicional a pensar na Supertaça já esta quarta. Jardel, Weigl, Pedrinho e Seferovic foram os escolhidos para esses lugares. A primeira parte nem se pode dizer que tenha sido particularmente má. De forma objectiva, foi um jogo de sentido único, com o Benfica a assumir a despesas totais do jogo. A parte mais positiva foi mesmo que, ao contrário de outros jogos, o adversário não conseguia sair frequentemente com grande facilidade no contra-ataque e assustar de cada vez que passava o meio campo - o Gil Vicente criou apenas uma situação fortuita no ataque, um cabeceamento que passou muito perto do poste da nossa baliza. A parte negativa, a habitual incapacidade do Benfica para criar perigo de forma consistente apesar de ter tanta posse de bola. Como sempre, demasiada insistência em entrar pelo centro - os nossos extremos não actuam como tal - e excessivas lateralizações ou passes para trás. O Benfica neste momento é uma equipa que quase não faz uma transição rápida para o ataque. Isto é para mim um mistério absoluto, até porque é completamente atípico numa equipa treinada pelo Jorge Jesus. As transições rápidas são aliás uma imagem de marca das equipas dele. Os comentadores mencionaram durante a transmissão que o nosso treinador pedia aos jogadores para jogarem a bola no pé. Isto para mim é capaz de ser parte do problema. O Benfica simplesmente não tenta atacar o espaço, ou seja, não há passes para o espaço vazio a pedir desmarcações - algo que a equipa fazia na perfeição durante aquele período com o Bruno Lage em que jogámos o futebol mais entusiasmante dos últimos anos. Os passes são feitos para os pés de um colega que está parado à espera que a bola lá chegue. É difícil criar desequilíbrios assim. São várias as situações que vejo em que bastaria um passe de primeira para a frente para desmarcar um colega, mas o primeiro instinto dos jogadores quando recebem a bola parece ser controlá-la, e depois procurar uma linha de passe para o lado ou para trás. Parece haver receio de falhar e procura-se quase sempre a opção mais segura. Aliás, o receio de falhar também ficou expresso em situações de desequilíbrio que conseguimos criar, onde um jogador nosso ficou em posição para rematar (na maior parte das vezes o Darwin) e nem sequer olhou para a baliza, preferindo procurar um colega a quem entregar a responsabilidade do remate - e fê-lo sempre mal. Perto do final da primeira parte o Gil Vicente ficou reduzido a dez e pensei que a nossa tarefa poderia ficar um pouco mais facilitada.
Mas não ficou. Ao intervalo entrou o Taarabt para, com a sua habitual capacidade para jogar simples, desembrulhar o nosso jogo (para quem não esteja familiarizado com a opinião que tenho dele, estou a ser irónico) e o que vimos foi um Gil Vicente muitíssimo mais perigoso a jogar com dez. Deu logo sinal com um contra-ataque conduzido apenas por dois jogadores (contra cinco nossos) que terminou num remate de fora da área defendido pelo Vlachodimos. Pouco depois, uma sequência de três pontapés de canto em que o mesmo jogador ganha sempre a bola de cabeça na zona do primeiro poste. No primeiro, o Vlachodimos defendeu por instinto e evitou um golo quase certo. No segundo, a bola foi com estrondo à barra e na recarga o Vlachodimos ainda teve que se aplicar, embora a bola fosse para fora. E no terceiro cabeceou para fora. Quase na resposta, e naquele momento até se pode dizer que contra a corrente do jogo, o Benfica marcou. Uma rara situação de desequilíbrio na ala direita, causada pela subida do Gilberto e combinação com o Pizzi, resultou num cruzamento para a zona do segundo poste. O Everton cabeceou com pouca força e a bola morreria nas mãos do guarda-redes, mas na tentativa de intercepção um defesa do Gil Vicente acabou por desviá-la para a própria baliza. Não esmoreceu o Gil Vicente, que respondeu de imediato com nova saída rápida para o contra-ataque e a melhor ocasião de golo do jogo. O Vlachodimos defendeu o primeiro remate cruzado mas não conseguiu segurar a bola, e depois fez nova defesa miraculosa por instinto à recarga, ainda que o jogador do Gil Vicente que fez a recarga já estivesse a ser estorvado pelo Grimaldo. Depois repetiu-se a história e o Benfica voltou a marcar quase na resposta. Outra vez pelo lado direito, desta vez foi o Seferovic quem teve um bom trabalho individual e ultrapassou um defesa para centrar de pé direito e o Everton encostar de cabeça ao segundo poste. Este golo acabou por significar na prática o fim do jogo, apesar de ainda faltarem vinte e cinco minutos para o final do mesmo. O Gil Vicente já não teve impeto para ir à procura de algo do jogo, e o Benfica não mostrou grande vontade de se esforçar muito para obter mais. O tempo foi quase todo passado com os nossos jogadores a fazer a bola circular de pé para pé e sem grandes acelerações, que na quarta há novo jogo.
O homem do jogo para mim é o Vlachodimos. Evitou dois golos certos e com isso sérios problemas para a nossa equipa. Para variar não sofremos golos, e bem lhe podemos agradecer por isso. Depois o Everton merece também destaque, já que marcou um golo e meio, e parece ser dos jogadores com menos receio de arriscar no remate quando tem oportunidade para isso. É que o Darwin parece estar a passar pelo processo de adaptação ao Benfica, no qual transformamos um avançado explosivo e de remate fácil num jogador que tem medo de ser feliz. Também uma menção para o Gilberto, que continuo a achar que está a mostrar claros sinais de evolução. Está mais agressivo e interventivo nas subidas ao ataque, e ontem foi responsável pela assistência para o primeiro golo, tendo tido ainda um remate perigoso na primeira parte.
Segue-se a Supertaça, prova onde temos um péssimo registo contra o nosso adversário da próxima quarta-feira. Pode ser que a nossa equipa consiga surpreender, e quando falo em surpreender até estou a pensar mais em nós próprios do que no adversário. E confesso que nem é tanto a qualidade do futebol que terá que mudar muito se queremos vencer, porque a qualidade do futebol apresentada pelo nosso adversário também anda muito longe da ideal. O que terá certamente que mudar, e muito, é a atitude da equipa: será necessário muito mais garra e vontade de ganhar do que a que temos visto ultimamente. E isso normalmente é uma coisa que não falta aos jogadores do nosso adversário sempre que jogam contra nós. Um bom resultado e uma exibição convincente neste jogo pode ser o impulso que falta para afastar esta inércia que parece consumir a nossa equipa.
Um apuramento muito sofrido para a Final Four da Taça da Liga num jogo em que fomos superiores mas no qual, para não variar, voltámos mais uma vez a cometer exactamente os mesmos erros e a exibir as mesmas lacunas no nosso futebol que resultam sempre em dificuldades acrescidas para vencer jogos, mesmo quando os dominamos.
No baralha e volta a dar que a sequência de jogos próximos acaba por causar na constituição do onze titular, dos mais previsíveis ou habituais titulares mantiveram-se os quatro da frente (Rafa, Everton, Darwin e Waldschmidt) e o Vertonghen. O resto foram as cada vez mais habituais alternativas: Helton, João Ferreira, Jardel, Nuno Tavares, Weigl e Taarabt. O jogo começou como seria de esperar: Benfica ao ataque e com mais bola, Vitória à defesa e a tentar jogar no contra-ataque. Que nos primeiros minutos nem conseguiu, porque o Benfica esteve constantemente a jogar no meio campo adversário. Só que aos quinze minutos, na primeira vez que o Vitória veio à frente, marcou. E sem surpresa alguma, da forma expectável. Transição rápida ultrapassando a primeira linha de pressão, e a habitual cratera no meio campo à frente da defesa que deixa os avançados em situação de igualdade numérica com os defesas. Ver um jogo do Benfica nos últimos tempos é isto. Por um lado, é ver a equipa ter imensa bola e a jogar no meio campo adversário mas termos muito pouca confiança que consigamos marcar um golo, porque passamos a maior parte do tempo a tentar entrar pelo meio (três médios a fechar o meio à frente da defesa é mais ou menos a fórmula padrão anti-JJ, à qual se adiciona um homem deixado isolado na frente e dois alas rápidos para as transições). Por outro lado, é estarmos com a sensação que de cada uma das (poucas) vezes que o adversário passa do meio campo, podemos sofrer um golo devido à fragilidade do meio campo. Normalmente temos um número dez a jogar a oito, que não faz a menor ideia do que um oito deve fazer, e um oito a jogar a seis. Neste jogo alinhou o Weigl a seis, mas ele nunca será o seis que o JJ quer e nunca funcionará nesta táctica. Ainda mais estranho é que o único seis à JJ que tínhamos no plantel foi dispensado (Florentino). Quaisquer sinais minimamente encorajadores dos primeiros quinze minutos desapareceram com o golo, e assistimos a um resto de primeira parte com algum do futebol mais desinspirado que conseguimos produzir - houve talvez uma situação de maior perigo criada, com uns remates do Everton dentro da área que embateram sempre em algum dos muitos jogadores que o Vitória ali acumulava. Já não foi mau não termos sofrido um segundo golo em mais alguma das raras saídas deles para o ataque.
Ao intervalo entraram o Seferovic e o Gilberto para os lugares do Waldschmidt e do João Ferreira. O Benfica melhorou um pouco - o Gilberto está a ficar mais atrevido nas acções ofensivas e com isso ganhamos um pouco mais de jogo pela ala direita - mas foi sobretudo com as entradas um pouco depois do Pizzi e do Pedrinho (saíram o Weigl e o Rafa) que conseguimos transformar a superioridade territorial em reais ameaças à baliza do Vitória. O Vitória nesta fase simplesmente tentava defender com unhas e dentes a vantagem, e já quase nem tentava sair para o contra-ataque. Depois de algumas boas ocasiões desperdiçadas (o Darwin cabeceou escandalosamente ao lado um grande cruzamento do Pedrinho, que o encontrou completamente isolado sobre a linha da pequena área; o Pizzi rematou à figura depois do Darwin o ter deixado à vontade dentro da área para rematar) o Benfica acabou por chegar ao golo a sete minutos do final, num penálti convertido pelo Pizzi depois do Pedrinho ter sido abalroado na área. Até final, o Benfica ainda dispôs de mais algumas boas ocasiões para evitar o desempate por pontapés da marca de penálti, em especial duas por parte do Darwin, que não esteve particularmente inspirado na finalização. Chegados aos penáltis, a tarefa acabou por se tornar simples, até porque o primeiro pontapé do Vitória esbarrou no poste e deixou-nos logo em vantagem desde o início. Everton, Pizzi e Gabriel marcaram os seus, o Helton defendeu o terceiro penálti do Vitória (muito mal marcado) e o Seferovic fechou as contas.
Tendo em conta a péssima primeira parte (dar primeiras partes de avanço também parece que começa a tornar-se um mau hábito da nossa equipa) torna-se claro que os únicos jogadores que conseguem merecer algum destaque foram aqueles que contribuíram para alguma melhoria na segunda parte e acabaram por permitir salvar a eliminatória. As entradas do Gilberto, Pizzi e Pedrinho permitiram melhorar um pouco o nosso futebol (os dois brasileiros dinamizaram bastante o lado direito) e fizeram a nossa equipa mais perigosa no ataque. Por outro lado, mantenho o meu trauma com o Taarabt - sempre que o vejo a titular num meio campo a dois, instintivamente acho que a coisa vai correr mal. Provavelmente se ele algum dia aprender a jogar simples em vez de ter que dar 23 toques na bola e duas piruetas enquanto esbraceja de forma descontrolada antes de passá-la as coisas possam melhorar. Reconheço que não morro de amores pelo marroquino (reconheço-lhe empenho, mas não aprecio o futebol dele) e talvez possa estar a ser demasiado ríspido, mas acho sempre que as coisas correm melhor quando ele não está em campo.
Acabámos mais uma vez por nos safar apesar de não termos jogado bem. Por um lado podemos ser optimistas e pensar que vamos conseguindo ganhar mesmo não jogando bem, e que só podemos evoluir e portanto as coisas correrão ainda melhor quando voltarmos a jogar melhor - como já o fizemos no início da época. Por outro lado, preocupa-me ver e ouvir o nosso treinador a tapar o sol com uma peneira, porque se não conseguimos identificar um problema, então é impossível resolvê-lo. Parece-me inegável que neste momento não estamos a jogar bem, estamos aliás muito longe disso e a qualidade individual dos jogadores que compõem o nosso plantel exige que joguemos muito mais e melhor. Mas quando ouço o nosso treinador falar sobre os jogos, só posso tirar duas conclusões: ou eu não sei mesmo ver futebol, ou o nosso treinador não anda a ver os mesmos jogos que eu.
Foi um treino muito tranquilo frente ao Vilafranquense esta noite na Luz. Uma vitória dilatada, num jogo que foi decidido muito cedo e por isso mesmo permitiu que a economia de esforços pudesse começar a ser feita ainda cedo.
Houve algumas poupanças, mas não muitas. A equipa apresentada foi um misto de titulares e suplentes, destacando-se a dupla Gonçalo Ramos e Seferovic na frente e o Pedrinho a jogar encostado sobre a direita. Na defesa alinhou o Jardel, mas isso já foi atrevimento suficiente e ao lado dele jogou o Otamendi. O Vilafranquense, orientado por um treinador que deixou saudades nas nossas camadas jovens (João Tralhão) tentou entrar atrevido na Luz, e cedo pagou caro esse atrevimento. Ao fim de quinze minutos já o Benfica tinha feito três golos e resolvido a eliminatória. O Gonçalo Ramos abriu o activo depois de um passe em profundidade do Gabriel pelo meio, limitando-se a rodear o guarda-redes e a empurrar para a baliza vazia. O Pizzi fez um segundo num remate cruzado de primeira à entrada da área, após cruzamento do Nuno Tavares. E o Seferovic fez o terceiro depois de entrar na área pela direita a passe do Pedrinho, tirar um adversário da jogada, e rematar para o poste mais distante. Depois disto o Vilafranquense passou a ficar quase sempre encolhido junto da sua área, com raras saídas para o ataque, e o jogo passou a disputar-se quase sempre em metade do campo. Podíamos ter feito mais golos e o Gonçalo Ramos acertou na barra numa das jogadas mais bonitas do encontro, depois de solicitado por um grande passe do Pedrinho, mas o quarto golo foi novamente da autoria do Seferovic, que emendou um cruzamento do Nuno Tavares. Depois na segunda parte o ritmo baixou brutalmente e assistimos mais ou menos a uma peladinha, na qual o Benfica só não construiu um resultado ainda mais volumoso por clara descontracção e até mesmo displicência. Fizemos apenas mais um golo, e um grande golo, por sinal - o melhor da noite. Um remate em arco do Pedrinho bem de fora da área que fez a bola entrar na gaveta, junto ao ângulo do lado oposto. Ainda entraram o Darwin, o Everton, o Taarabt ou o Waldschmidt, mas não acrescentaram nada de novo ao jogo e foi mesmo só para para participarem na pelada.
O jogo foi muito fácil e fazer destaques é um exagero. Assinalo apenas termos finalmente visto o Pedrinho mais participativo. De um jogador que custou aquilo que ele custou e que tem as credenciais que tem esperamos muito mais do que aquilo que vimos até agora, por isso é bom que ele vá ganhando ritmo de jogo e possa começar a dar uma maior contribuição à equipa.
A tarefa na Taça de Portugal está cumprida, segue-se já a Taça da Liga na quarta. Temos o historial mais rico nesta prova e já passou demasiado tempo desde a última vitória, pelo que espero que esta competição seja tratada com todo o respeito e que consigamos carimbar a passagem às meias finais.
Mais um jogo muito na linha do que têm sido as nossas exibições esta época. Um empate na Bélgica, fruto de uma grande ineficácia no ataque e do já mais do que habitual desleixo defensivo, que persiste independentemente dos jogadores que alinhem.
Eram esperadas naturais poupanças neste jogo e por isso houve mudanças no onze, em especial na defesa. Helton, João Ferreira, Jardel, Pedrinho e Waldschmidt lançados a titulares. No meio campo, a dupla Weigl/Taarabt manteve a titularidade. O Benfica entrou bem, mas quando por volta dos dez minutos já tínhamos desperdiçado umas três ocasiões para marcar (o Everton por exemplo conseguiu atirar por cima quando devia estar a uns dois metros da linha de golo) disse para mim mesmo que era certinho que a primeira vez que os belgas fossem à frente, marcavam. Bingo. Subida do lateral direito deles, cruzamento para a área, e golo de cabeça em antecipação ao Jardel, porque estavam lá três jogadores do Standard para os nossos dois centrais sem que tivesse havido ou acompanhamento dos médios ou no mínimo o lateral do outro lado a vir fechar ao meio - o nosso médio mais defensivo, neste caso o Weigl, tem que passar a maior parte do jogo a acudir ao buraco que as subidas do lateral esquerdo deixam, porque o Everton não sabe como compensá-las (e mesmo assim acho que uns três quartos dos golos que sofremos nascem sempre por aquele lado) e o outro médio, o Taarabt, deve achar que defender é uma marca de insecticida. Felizmente a resposta foi boa, ou melhor, não nos deixámos abalar porque continuámos por cima e a criar ocasiões, e o empate surgiu logo depois. Um bom passe do Pedrinho desmarcou o Taarabt, e em esforço e quase sobre a linha de fundo, já com o guarda-redes a sair-lhe aos pés, o marroquino conseguiu fazer o cruzamento para a entrada de cabeça do Everton. Apesar do golo sofrido contra a corrente do jogo, este parecia ter tudo para nos correr de feição dada a facilidade com que o Benfica criava situações de desequilíbrio no ataque e ocasiões para finalizar. Se não chegámos ao intervalo em vantagem - que podia mesmo ser confortável - foi por uma conjugação de vários factores. Inspiração do guarda-redes adversário, que fez uma série de defesas de bom nível; má finalização dos nossos jogadores; e sobretudo - e foi isto que conseguiu deixar-me seriamente irritado - uma péssima capacidade de decisão e definição das jogadas. Não estou a exagerar se disser que contei pelo menos uma mão cheia de situações em que nós recuperámos a bola, saímos para o ataque e ficámos numa situação de quatro jogadores nossos para três defesas belgas, e em nenhuma dessas situações conseguimos sequer rematar. Ou o passe final era mal feito, ou o portador da bola agarrava-se demasiado tempo a ela e soltava-a na altura errada, ou inexplicavelmente punha um travão na progressão e parecia ficar à espera que os adversários tivessem tempo para se recompor.
Na segunda parte, durante o período inicial resolvemos adormecer e o Standard teve três ou quatro ataques, que obviamente acabaram num golo. Nós podemos fazer vinte ataques que andamos alegremente a desperdiçar, mas basta darmos um par de ocasiões aos adversários que eles imediatamente aproveitam. O golo nem foi nada de particularmente elaborado, simplesmente uma saída para o ataque e um remate em zona frontal, ainda fora da área, que desviou ligeiramente no Vertonghen e acabou por entrar quase a meio da baliza - apesar do ligeiro desvio ainda acho que o Helton poderia ter feito mais. Foram entrando no jogo os suspeitos do costume - Pizzi, Rafa, Gabriel, Seferovic - e chegámos ao empate num penálti que na minha opinião foi, na melhor das hipóteses, muito forçado. O João Ferreira, numa incursão até à área adversária, acabou por cair numa disputa de bola e o árbitro considerou que tinha sido falta. O Pizzi transformou-o exemplarmente e reduziu a injustiça que era aquele resultado. Com tanta incompetência na finalização, só mesmo de penálti é que chegámos ao golo. E podíamos perfeitamente ter ganho, já que continuámos sempre por cima no jogo e a criar situações para marcar. O Darwin acertou no poste já de ângulo muito apertado, depois de já ter ultrapassado o guarda-redes, e o Pizzi, em período de descontos, acertou na trave - se tivesse levantado a cabeça também poderia ter tocado a bola para o lado, o que deixaria o Darwin com uma finalização simples. A jogada final do encontro foi apenas mais uma oportunidade para me deixar ainda mais irritado do que já estava com tanta ocasião falhada para ganhar este jogo. Com um minuto para jogar, a nossa equipa não se mostrou minimamente interessada em fazer a bola chegar até à área adversária, progredindo lentamente de lateralização em lateralização até ao apito final do árbitro. Com a bola numa zona lateral e a poder fazer no mínimo um cruzamento largo para a área (como aquele que o Gabriel fez que resultou no golo contra o Paços), sabendo perfeitamente que o árbitro poderia apitar a qualquer momento, os nossos jogadores preferiram fazer um passe para trás. Duvido que fizesse alguma diferença, e a vitória de pouco serviria porque o Rangers ganhou o seu jogo, mas a atitude conseguiu enervar-me ainda mais.
Não me parece que tenham havido jogadores a destacar-se muito. Houve tanta asneira feita que quando penso em qualquer um dos jogadores que actuaram só me consigo lembrar dos respectivos erros e é-me impossível dizer que estiveram bem. Foi-nos 'prometido' que jogaríamos o triplo, mas eu vejo jogadores que até parecem ter regredido esta época.
Num jogo em que se calhar podíamos ter marcado meia dúzia de golos e no final acabamos por empatar a irritação é o que eu mais retiro dele. E a somar à ineficácia a atacar, a constante incompetência a defender tem que ser um motivo de séria preocupação para a nossa equipa técnica. É incompreensível como se continuam a cometer os mesmos erros jogo após jogo. O Benfica sofreu nove golos em seis jogos da Liga Europa, tendo como adversários o Rangers, Lech Poznan e Standard de Liège. Quando tivermos que jogar contra equipas que vieram da Champions, como será?
Três pontos que foram uma verdadeira dádiva do destino, em mais um jogo onde tivemos uma exibição completamente desgarrada e no qual fomos incapazes de dominar o Paços de Ferreira em nossa casa. O que vimos foi o Benfica e o Paços a disputar o jogo olhos nos olhos, com o resultado a poder perfeitamente cair para qualquer uma das equipas. Felizmente caiu para nós.
Fizemos alterações na zona central para este jogo, onde o Weigl e o Taarabt renderam a dupla Gabriel e Chiquinho. De resto, o mesmo onze de quinta feira, que acabou por sofrer uma alteração de última hora quando o Grimaldo se lesionou no aquecimento e foi rendido pelo Nuno Tavares. Quanto ao jogo, tenho alguma dificuldade em escrever sobre o mesmo. Não me apetece estar a discorrer demasiado sobre o assunto porque sei que inevitavelmente vou acabar por me enervar e criticar demasiado, apesar do Benfica ter ganho - e isso acaba por ser o mais importante. Posso dizer o que já disse várias vezes: sempre que começamos um jogo com o Pizzi e o Taarabt de início, temo o pior. Não tem a ver com a qualidade individual dos jogadores, para mim é mesmo uma questão táctica. Jogar simultaneamente com ambos, ainda por cima na zona central, é entregar o meio campo ao adversário. O Taarabt é muito bom rapaz e tem vontade, mas tacticamente é um desastre. Lê mal o jogo, consequentemente ocupa mal os espaços, e é incapaz de fazer o jogo fluir porque tem sempre que dar mais dois ou três toques na bola do que seria necessário. Num meio campo a três, ou a jogar em apoio mais directo ao adversário acredito que possa resultar. Como um dos médios num meio campo a dois, não. É verdade que às vezes dá nas vistas porque numa arrancada ultrapassa dois ou três adversários, mas entre o que oferece à equipa e o que lhe tira, o saldo é negativo. O Pizzi tem o problema do costume, que é falta de intensidade - para não lhe chamar vontade. Contra uma equipa batalhadora como o Paços, jogar com ambos no meio é pedir sarilhos. Depois há o problema crónico da constante insistência em jogar pelo meio, com os alas sempre a vir para dentro a ajudar a isso. Parece-me que é uma coisa que a maioria das equipas já identificaram e preparam-se contra isso, sobrepovoando a zona central e conseguindo com alguma facilidade entupir o nosso jogo ofensivo. O resultado disto tudo foi a sensação de que o Benfica, apesar de ter naturalmente mais bola, nunca conseguiu realmente agarrar no jogo. Porque em qualquer instante o Paços recuperava uma bola e progredia facilmente até à nossa área para criar perigo - conseguiram mesmo ter mais finalizações do que o Benfica, o que é completamente anormal para qualquer equipa que jogue na Luz. O Paços apenas precisava de ultrapassar a nossa primeira linha de pressão, e uma vez conseguido isso tinha uma autoestrada livre até à nossa área. Houve ocasiões de parte a parte, tendo o Benfica tido duas flagrantes ainda com o nulo no marcador. Primeiro pelo Darwin, logo aos cinco minutos, que em frente ao guarda-redes permitiu a mancha, e depois pelo Pizzi, aos vinte, que o Darwin deixou isolado em frente ao guarda-redes e nem sequer acertou na baliza - ambas as jogadas resultaram de recuperações de bola adiantadas do Benfica. Pelo meio já o Vlachodimos tinha evitado um golo quase certo quando o Otamendi se deixou antecipar de cabeça pelo Tanque quase na pequena área. O Paços chegou ao golo pouco depois. O Vlachodimos afastou a bola num canto, o Rafa falhou o controlo da bola, e à entrada da área o Oleg (parece-me ser um lateral esquerdo interessante, e a minha opinião não vem deste jogo) rematou de primeira para um grande golo - que em rigor poderia ter sido invalidado, já que estava um jogador do Paços em posição irregular a bloquear a visão do nosso guarda-redes. Mas é o Benfica, por isso siga - nós não temos nem um décimo da competência do lagartedo para fazer berreiros sobre arbitragens (esses mesmo quando não têm razão berram como se a tivessem desde o início dos tempos). Imediatamente a seguir (literalmente a seguir - a jogada começou no pontapé de saída do Benfica e resultou de um mau passe do Vlachodimos para o Otamendi que permitiu a recuperação do Paços) só não sofremos o segundo golo porque o Tanque, completamente à vontade na área, rematou por cima. O jogo continuou assim até ao intervalo, não muito bem jogado, aberto e muito disputado, e deixando a sensação que um golo poderia acontecer para qualquer uma das equipas.
Ao intervalo saíram o Pizzi e obviamente o Weigl (que até estava a ser um dos mais certinhos, mas ele parece ser sempre a primeira opção para sair quando as coisas correm mal) e entraram o Seferovic e o Gabriel. O anárquico Taarabt, como habitualmente, manteve a confiança do treinador. As alterações se mudaram alguma coisa, foi ainda para pior. Continuámos a ver o Benfica com muito poucas ideias para além de circular a bola pela zona central, com demasiados passes para trás e lateralizações, à procura de alguma aberta para entrar pelo meio em tabelinhas condenadas ao insucesso. Os poucos safanões no jogo eram quase sempre dados pela direita, onde o Rafa era o mais activo e tinha a colaboração do Gilberto, bastante mais atrevido no ataque do que lhe vem sendo habitual. Foi por aí que, quase a acabar o primeiro quarto de hora, o Benfica construiu o golo do empate. Uma iniciativa individual do Rafa, que arrancou perto da linha do meio campo com um túnel a um adversário, progrediu até perto da área, combinou com o Gilberto e finalizou com um remate de primeira na zona do primeiro poste a fazer a bola entrar entre o guarda-redes e o poste. Entretanto o Benfica trocou o apagadíssimo Everton pelo Waldschmidt, encostando o alemão à esquerda. O golo motivou a nossa equipa, que durante o período que se seguiu conseguiu ficar mais por cima no jogo e teve duas ocasiões flagrantes para se colocar em vantagem. Primeiro tivemos o clássico falhanço do Seferovic, que aproveitou um passe da direita do Gilberto que o deixou em excelente posição para rematar completamente ao lado da baliza. Logo a seguir o Darwin deu um ar da sua graça e tirou um adversário do caminho para, ainda à entrada da área, rematar com estrondo à barra (o guarda-redes ainda toca na bola, mas o árbitro deu pontapé de baliza). Pouco depois mais duas alterações, saindo o Rafa e finalmente o Taarabt para entrarem os 'inhos', Chiquinho e Pedrinho. A saída do Rafa só se compreende por razões físicas, porque estava a ser dos mais activos e dinamizadores no nosso ataque. Nos minutos finais, o jogo voltou a cair naquela tendência muito perigosa para o Benfica, em que apesar de termos mais bola e carregarmos em busca da vitória não o fazíamos de forma muito consistente e ficávamos muito expostos aos contra-ataques do Paços. Mais uma vez o golo parecia poder acontecer em qualquer uma das balizas. Apesar dos avançados lançados para dentro do campo, acho que nem por uma única vez o Benfica insistiu em despejar a bola para a área - aliás, nem sequer tentávamos ganhar a linha de fundo para cruzar a bola - e a tendência continuava a ser tentarmos entrar pelo meio. Até que na última jogada do jogo, quando já decorria o quarto minuto de compensação, o Gabriel lá se decidiu a fazê-lo. Uma bola bombeada para a área foi encontrar a cabeça do Waldschmidt e dali saiu o golo de uma vitória que já poucos esperariam. Revendo o lance, vemos que estavam três jogadores do Benfica na área para três defesas do Paços - um testemunho da forma como o Paços encarou aqueles minutos finais e como acreditou que a vitória também lhes poderia sorrir.
Num jogo muito difícil e com pouco brilhantismo torna-se complicado fazer destaques, mas acho que o Rafa é quem mais o merece. Foi sempre dos jogadores mais inconformados durante todo o tempo que esteve em campo. Já tinha marcado na primeira parte um golo que foi (bem) anulado, se calhar se a bola tivesse seguido para ele (porque ele estava lá) em vez de ficar nos pés do Pizzi naquela oportunidade escandalosamente falhada na primeira parte a coisa teria acabado melhor, e o golo do empate é mérito absoluto dele. Uma menção ainda para o Gilberto, que na segunda parte talvez tenha feito a sua melhor actuação pelo Benfica desde que chegou.
Depois de algumas melhorias nos últimos jogos, este jogo representou uma regressão em termos de qualidade de jogo. Parece-me claro que não temos ritmo para aguentar dois jogos por semana e manter alguma qualidade de jogo, e a nossa equipa treme sempre que apanha pela frente um adversário que consegue fechar bem a zona central e ser agressivo na recuperação. O calcanhar de Aquiles da nossa equipa continua a ser a zona central do meio campo, e isto tem que ser urgentemente resolvido. É fácil apontarmos o dedo à defesa, mas se os adversários ganham superioridade na zona central e frequentemente aparecem sem oposição a encarar a defesa de frente, a tarefa dos nossos defesas torna-se demasiado complicada.
Alguns sinais de retoma numa vitória convincente e incontestável que carimbou o apuramento para a próxima fase da Liga Europa, num jogo marcado pelos regressos de alguns jogadores que tinham estado indisponíveis. Os quatro golos de diferença ajustam-se perfeitamente ao que se viu, e se começarmos a fazer contas às ocasiões de golo criadas, se calhar até podíamos ter marcado outros tantos.
A novidade de maior relevância foi mesmo o regresso do Darwin, logo para titular. Alguma surpresa pela opção de ter o Pizzi a jogar no apoio directo ao avançado, em vez de jogar com o Waldschmidt, que seria mais esperado. Por via disto, o Chiquinho formou a dupla do meio campo com o Gabriel. A fase inicial do jogo nem fazia prever muito que tudo acabasse por se tornar relativamente fácil. O Lech Poznan parecia ter a intenção de disputar o jogo de igual para igual, era agressivo na pressão, e o Benfica teve algumas dificuldades para chegar perto da baliza adversária. Mas com o decorrer do tempo a nossa superioridade foi-se impondo, e a partir do meio da primeira parte os polacos já mal saíam do seu meio campo. Com isto começaram também a surgir as ocasiões de golo, com o Darwin a estar envolvido numa boa parte delas mas a revelar pouca pontaria. A vantagem chegou a dez minutos do descanso, num cabeceamento do Vertonghen após um pontapé de canto do Pizzi. Na segunda parte o domínio do Benfica acentuou-se, e com ele vieram também os golos. O Pizzi estava a fazer um jogo típico dele, ou seja, a roçar o sofrível, tendo já desperdiçado duas ocasiões soberanas para marcar, e de repente no espaço de um par de minutos faz uma assistência para o Darwin fazer o segundo golo, e marca ele próprio o terceiro golo, deixando o jogo completamente resolvido. Ambos os golos nasceram de recuperações adiantadas de bola. O primeiro pelo Gabriel, que interceptou um mau passe do guarda-redes, e o segundo pelo Chiquinho, que desarmou um adversário quando os polacos tentavam sair para o ataque. Depois num caso o passe do Pizzi deixou o Darwin na cara do guarda-redes para finalizar com muita calma, e no outro o Rafa passou para o Pizzi flectir da direita para o meio e finalizar com um remate cruzado de pé esquerdo. Logo a seguir, tripla alteração no Benfica - entraram Weigl, Waldschmidt e Seferovic, saíram Chiquinho, Pizzi e Darwin. Nada disto alterou o sentido do jogo, com o Benfica sempre muito por cima e o Lech Poznan completamente inofensivo. Tempo ainda para o regresso do Pedrinho, para uma perdida inacreditável do Seferovic quando ficou completamente isolado em frente ao guarda-redes (nova recuperação adiantada de bola do Gabriel) e para o Weigl fechar a contagem mesmo sobre o minuto noventa, num grande golo: progrediu até perto da área e depois fez um remate rasteiro colocadíssimo, com a bola ainda a tocar no poste antes de entrar.
O Pizzi é inevitavelmente o homem do jogo depois das suas duas assistências e um golo. Foi o habitual nele, pode andar por ali a passar ao lado de um jogo e a tomar más decisões (por exemplo, a decisão de tentar o remate com três adversários em cima quando bastaria um pequeno toque para o lado e deixaria o Rafa completamente sozinho em frente à baliza) mas de repente marca um golo ou faz um passe para um colega marcar. Destaque para o regresso do Darwin, que se nota imediatamente na quantidade de ocasiões de golo que ele cria. O Grimaldo parece estar a regressar à boa forma, e boa atitude do Chiquinho.
Está resolvida a questão do grupo da Liga Europa, o que deverá permitir algumas poupanças no último jogo - embora fosse sempre interessante tentar acabar em primeiro lugar. Julgo que se pode considerar uma boa prestação europeia até ao momento. O único mau jogo que fizemos foram aqueles primeiros setenta minutos na Escócia, e estou convencido que se não fosse a expulsão do Otamendi teríamos vencido facilmente o Rangers no primeiro jogo e o primeiro lugar já estaria decidido. Seria bom que conseguíssemos agora um pouco de estabilidade, quer em termos do onze titular, quer em termos exibicionais.
bola nossa
-----
-----
Diário de um adepto benfiquista
Escolas Futebol “Geração Benfica"
bola dividida
-----
para além da bola
Churrascos e comentários são aqui
bola nostálgica
comunicação social
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.