Uma vitória tranquila num jogo que até nem parecia poder ter este cenário no seu período inicial. Mas dois golos quase de rajada deixaram tudo quase decidido e permitiram-nos gerir com tranquilidade e acima de tudo sem desligar completamente do jogo, para variar. Também merecemos um jogo destes de vez em quando.
O primeiro facto assinalável foi o regresso de quatro jogadores recuperados da COVID-19. Gilberto, Vertonghen, Grimaldo e Waldschmidt apareceram de início, juntamente com o regressado Gabriel num onze onde o Cervi se manteve, regressando à sua posição de origem. O início de jogo foi pouco entusiasmante. O Benfica teve domínio territorial e criou algumas situações de perigo, mas sem conseguir finalizar na maior parte delas. Uma vez mais, alguma falta de qualidade no passe a pautar o nosso jogo, especialmente no momento de decisão. Muitas das situações de perigo acabaram por ser desperdiçadas por falta de qualidade no último passe. Do outro lado a B SAD não fez grande coisa, e o Svilar foi quase um espectador durante todo o jogo - não me recordo de uma defesa dele, a não ser num lance que foi anulado por fora de jogo. Num jogo destes há sempre o perigo do adversário marcar primeiro, porque como as coisas estão sabemos perfeitamente o rumo mais provável a partir desse momento. Mas as coisas caíram para o nosso lado pouco depois da meia hora graças a um golo caricato e algo feliz. Depois de uma saída do guarda-redes aos pés do Darwin, uma carambola entre ele, o Darwin e um defesa deixou a bola à frente do Darwin com a baliza aberta, e ele só teve que marcar. Cinco minutos depois o jogo ficou muito bem encaminhado, depois de um raro golo do Benfica na sequência de um pontapé de canto. Pontapé largo do Grimaldo, cabeceamento do Jardel a enviar a bola para junto da baliza, onde apareceu o Rafa a finalizar quase sobre a linha de golo. Na segunda parte, para a qual o Waldschmidt já não regressou, o Benfica limitou-se sobretudo a gerir, mas felizmente sem fazer daquelas 'gestões' em que entrega completamente o domínio do jogo ao adversário. Mantivemos sempre o Belenenses relativamente longe da nossa área, espreitando o ataque através de alguma transições rápidas, e quando à passagem da hora de jogo o Weigl rendeu o Gabriel ficámos ainda mais tranquilos, porque o alemão trouxe mais alguma estabilidade, quanto mais não seja por não falhar tantos passes. E aos setenta e dois minutos fechámos de vez o jogo, numa boa iniciativa do Rafa, que depois soltou a bola no momento certo para o Cervi finalizar com classe, picando a bola sobre o guarda-redes quando este lhe saiu aos pés. Até final, gestão tranquilíssima com várias substituições e até estivemos perto de marcar o quarto golo, sendo um defesa da B SAD a cortar o remate do Chiquinho sobre a linha de golo.
Destaques no Benfica para o Rafa, que terá sido mesmo o melhor em campo, e também para o Cervi, Darwin e Grimaldo, que não pareceu nada afectado pela COVID. Sem surpresas, pareceu-me que o rendimento dele subiu pelo facto de ter o Cervi a jogar à sua frente. Os dois entendem-se de olhos fechados e acho que não há outro jogador no plantel que permita ao Grimaldo jogar de forma tão solta. Fiquei bastante contente com o golo do Cervi, porque fez por merecê-lo. É uma opinião pessoal, mas gostava mesmo muito que ele não saísse do plantel, porque é um jogador que pode ser útil (como o tem mostrado) e que dá sempre tudo em campo.
A missão foi cumprida sem sobressaltos e estamos nas meias-finais da Taça de Portugal, onde vamos defrontar o Estoril. Foi positivo vermos quatro jogadores de regresso e termos um jogo ideal para que eles recuperem o ritmo de jogo - três deles fizeram os noventa minutos, aparentemente sem dificuldades de maior. Agora é preparar da melhor maneira possível, face às condicionantes (ficámos agora a saber que também o nosso treinador está infectado), o jogo absolutamente decisivo que se segue.
As inúmeras ausências podem ajudar a explicar alguns erros e até mesmo falta de qualidade de jogo ou de entrosamento da equipa. Mas elas não explicam a falta de atitude e o regresso ao deplorável hábito de desligar assim que é alcançada a vantagem no marcador, como que convidando o adversário e empatar, para depois andar a correr atrás do prejuízo. Num todo, e no dia em que o Rei Eusébio faria anos, uma exibição absolutamente lamentável da nossa equipa que resultou na perda de dois pontos frente a um clube que espero que esteja na via rápida para o regresso à segunda liga.
Onze eram as ausências garantidas para este jogo - dez por culpa do vírus, mais o André Almeida. As ausências incluíam os dois principais guarda-redes, as três primeiras escolhas para a lateral direita, os dois laterais esquerdos e a dupla de centrais titular. Isto significou portanto alinhar com uma defesa completamente inventada, com o terceiro guarda-redes (Svilar), a quarta escolha para a lateral direita (João Ferreira) e o Cervi novamente a fazer de lateral esquerdo. No meio, a dupla Jardel/Ferro. Daí para a frente, havia quantidade e qualidade suficiente para vencer. Do outro lado, um clube que certamente sem qualquer outro tipo de interesses por trás recusou adiar este jogo, quando não tinha tido problemas em fazê-lo com o Vitória quando estes tiveram seis jogadores infectados. Uma espécie de abutres, que tentaram tirar partido da situação actual, como há mais uma série de outros clubes que estão na expectativa de poderem fazer o mesmo - mas que certamente quererão tratamento especial se a coisa lhes tocar a eles. Não contentes com esta atitude, a primeira coisa que o Nacional faz é escolher o campo ao contrário, que é mais ou menos como irmos a casa de alguém e sentarmo-nos no lugar do dono da casa com os pés em cima da mesa. Pode haver quem não ligue a estas coisas, mas eu acho que é sempre uma falta de respeito. O jogo até começou bem, com o Benfica a entrar por cima, a jogar sempre no meio campo adversário e à procura de um golo que chegou cedo - aos sete minutos o João Ferreira fugiu pela direita e fez um passe atrasado para o interior da área, onde surgiu o Chiquinho a rematar para o golo. Mas assim que vi a repetição percebi que seria anulado por alguns centímetros na posição do João Ferreira, o que veio mesmo a acontecer. Nada que desanimasse o Benfica, que continuou no mesmo registo até chegar novamente ao golo, mesmo antes de se completar o primeiro quarto de hora. Desta vez foi o Pizzi quem, numa iniciativa individual, ganhou posição pela direita e fez o cruzamento para a entrada de cabeça do Chiquinho ao segundo poste. Impossível de anular. E depois, inexplicavelmente, nada. Deixámos de jogar. A coisa não deu muito para o torto porque honestamente o Nacional é uma equipa absolutamente horrível. Mesmo com o Benfica a ver jogar, foram incapazes de criar uma única ocasião digna desse nome. Mas perante uma atitude tão macia e desleixada da nossa parte, que se começou logo a notar na forma como os jogadores do Nacional chegavam sistematicamente primeiro a cada bola ou ganhavam quase todas as bolas divididas, à qual se somou uma falta de qualidade inusitada - passes falhados em catadupa, jogadores incapazes de controlar uma bola - o Nacional foi ganhando maior confiança e subindo no terreno. O intervalo chegou connosco em vantagem, mas com a sensação de que se a inexplicável meia hora que passámos a ver e a deixar o adversário jogar se prolongasse para a segunda parte, estaríamos a pedir problemas.
Obviamente que foi exactamente isso que aconteceu. A entrada na segunda parte foi a continuação da primeira e ao fim de três minutos tivemos o resultado disso. O golo do empate, aliás, foi uma demonstração cabal do desleixo e passividade da actuação do Benfica. Num pontapé de canto, de uma forma absolutamente inacreditável deixámos que a bola fosse passada para um jogador adversário dentro da nossa área, que teve tempo para se voltar e, completamente à vontade, cruzar a bola para a pequena área. Aí, os nossos defesas, em especial o João Ferreira, ficaram impavidamente a ver um jogador adversário antecipar-se-lhes e cabecear para o golo. Uma ode à passividade. A partir daí foi o habitual nestas situações: correr atrás do prejuízo, cada vez com menos lucidez. Verdade seja dita que logo no minuto a seguir até poderíamos ter tido uma boa oportunidade para voltarmos à vantagem. Mas isso seria se não estivesse em vigor a regra de que é proibido assinalar penáltis a favor do Benfica. Não sei se será inédito, mas eu pelo menos não me recordo de alguma vez ver o Benfica fazer uma primeira volta inteira com zero penáltis assinalados a seu favor. Isto por si só nem seria muito bizarro, podia ser que os critérios de arbitragem em geral estivessem mais avessos a assinalar penáltis. Só que depois vemos outras equipas a bater recordes de penáltis assinalados a seu favor e ficamos confusos. O que é certo é que uma mão na bola claríssima, na qual o jogador não tem o braço atrás das costas e aliás até o tem levantado, não foi nada. Eu na altura confesso que já estava de tal forma irritado que o meu pensamento foi mesmo que nós é que nos colocámos nesta situação por culpa própria e portanto demos a oportunidade para os tipos do apito nos lixarem, e obviamente que eles não desperdiçam tamanha oportunidade. De qualquer maneira, e para podermos continuar com esta fantochada, aposto que amanhã ainda vou descobrir que para alguns o Benfica foi é beneficiado pela arbitragem. O Benfica carregou em vão em busca do golo da vitória, com tremenda falta de lucidez e de qualidade - o número de passes errados foi ainda maior. Do banco, a decisão pouco feliz de retirar o Rafa e o Darwin por troca com o Pedrinho e o Gonçalo Ramos. Nenhum deles estava a jogar grade coisa, mas são sempre capazes de ter um rasgo individual a qualquer momento. Ao invés disso, mantivemos em campo o Seferovic, que fez um jogo simplesmente pavoroso. O Gonçalo Ramos ainda conseguiu escapar-se pela direita e fazer um remate cruzado que levou algum perigo, mas criámos muito poucas ocasiões para marcar. A equipa ficou extremamente nervosa, em especial na defesa, onde complicavam situações relativamente simples de resolver - cheguei a ver jogadas em que houve quatro jogadores nossos a irem a um bola no meio, deixando as alas completamente desguarnecidas. A melhor ocasião surgiu perto do final, já com o Taarabt em campo, que aproveitou um passe em profundidade para se desmarcar pela direita e oferecer o golo ao Seferovic. Mas este conseguiu complicar tudo e viu o remate ser interceptado (num lance em que fiquei também com a sensação de que o jogador do Nacional que bloqueia o remate também acaba por tocar a bola com a mão quando já está no chão, mas se o outro lance não foi penálti então pelos critérios utilizados este se calhar até devia era ter sido penálti contra o Benfica). No final, um empate que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para merecer.
É fácil fazer um destaque neste jogo: Cervi. É, honrosamente, o único. Se calhar com mais dois ou três Cervis tínhamos ganho. Está a jogar como defesa esquerdo inventado e mesmo assim foi, por larga margem, o melhor em campo. Muito por culpa da atitude competitiva, de não dar uma bola por perdida. Mas não foi só por andar a correr atrás da bola e dos adversários os noventa minutos. Deve ter sido certamente o jogador com o maior número de recuperações de bola da equipa. Tentou sempre empurrar a equipa para a frente, sendo incansável pelo lado esquerdo e tentando mesmo várias incursões até ao meio. Continua a manter a atitude que sempre mostrou quando lhe é dada a oportunidade de vestir a nossa camisola. E nós parecemos bastante empenhados em arranjar-lhe um bilhete de ida nesta janela de mercado.
Já escrevi várias vezes aqui que eu consigo desculpar falta de qualidade - e hoje, com tantas ausências, esta até seria mais compreensível, em especial falhas numa defesa nada rotinada. O que não consigo de forma alguma admitir e me deixa sempre fora de mim é falta de atitude. O apagão da equipa imediatamente a seguir ao golo e até que o adversário empatasse não tem desculpa possível. Perante um equipa que teve esta atitude execrável de abutre, de querer lucrar com a desgraça alheia ignorando toda e qualquer noção de desportivismo, o que os nossos jogadores tinham a fazer, se tivessem um mínimo de brio, era entrar a comer a relva do primeiro ao último minuto. Em vez disso deram-nos um espectáculo lamentável e indesculpável. Eu tento defender a nossa equipa até ao limite, mas não há argumentos que possam justificar o que vimos hoje.
Num jogo que a Liga deveria ter vergonha por se ter realizado, fizemos o que foi possível e lutámos pelo apuramento para a final da Taça da Liga, mas a sorte acabou por não nos ser favorável. Não posso ser demasiado duro com os nossos jogadores, porque gostei da atitude que tiveram e da vontade que mostraram em lutar contra a adversidade. Infelizmente não deu para mais.
Com a linha defensiva habitual completamente dizimada e, para dificultar ainda mais, também as habituais segundas escolhas para as laterais igualmente indisponíveis, apresentámo-nos com uma defesa improvisada à frente do Helton: João Ferreira na direita, Todibo e Jardel no meio, e Cervi na esquerda. A defesa foi sempre muito (e bem) apoiada pelo Weigl, que jogou um pouco mais recuado do que o habitual. Como os sete jogadores indisponíveis não eram contrariedade suficiente, reintroduzimos também o handicap Taarabt a meio campo - e como sempre, quando ele é titular a minha confiança baixa para metade. Apesar disso, fiquei agradavelmente surpreendido com o nosso jogo. A atitude mostrada no jogo do Estádio do Ladrão manteve-se, com os nossos jogadores a terem uma atitude competitiva forte e a meterem sempre o pé a cada bola. O Benfica foi claramente superior durante a primeira parte em todos os aspectos do jogo. O Braga remeteu-se a algumas tentativas de contra-ataque, deixando um homem sozinho na frente e o resto da equipa acantonada bem dentro do seu meio campo, subindo apenas quando dispunha de alguma bola parada. É aliás numa delas que completamente contra a corrente do jogo e quase sem saber como, o Braga se coloca em vantagem perto da meia hora. Numa insistência a um canto, um centro muito largo vindo da direita, com dois jogadores a fazerem-se ao lance e o Ruiz a tocar muito ao de leve na bola (só se viu na repetição, porque inicialmente até parecia que a bola tinha entrado directamente do cruzamento do Ricardo Horta) para ela ir entrar junto do poste do lado oposto. Tenho poucas dúvidas que o mesmo lance a nosso favor seria anulado porque o outro jogador que se faz à bola está em posição irregular, mas siga. O Benfica continuou por cima, na resposta viu o Darwin acertar no poste, depois uma bola do Rafa não entrar por acaso, viu o guarda-redes do Braga evitar um golo quase certo num cabeceamento do Seferovic, e só em cima do intervalo viu finalmente chegar o golo que merecia, num penálti do Pizzi a castigar falta sobre o Darwin. Empate que sabia a muito pouco ao intervalo, porque o Benfica não foi apenas melhor do que o Braga; foi muito melhor do que o Braga.
Na segunda parte entrámos bem, e mais uma vez o guarda-redes do Braga nos negou o golo a um remate do Pizzi que tinha tudo para o ser. Depois veio o nosso maior problema e o ponto forte do Braga, as bolas paradas. Uma sequência de duas seguidas: na primeira, houve um cabeceamento à barra; e na segunda, mais uma vez uma insistência, desta vez a um livre lateral da direita, novo golo do Braga. Erro grosseiro do Todibo, que saiu tarde e deixou toda a gente em jogo, e depois ainda deixou a bola passar para que o adversário cabeceasse à vontade nas suas costas. As coisa ficaram mais complicadas para nós a partir desse momento, com o Braga a jogar como queria, fechado lá atrás à espera do Benfica e nós a perdermos lucidez. E com o Taarabt a manter-se teimosamente em campo durante setenta e cinco minutos, mesmo depois das três substituições iniciais que incluíram a saída do Rafa, com a qual não concordei nada. O marroquino ainda fez o favor de 'oferecer' um amarelo ao Weigl, que a partir daí ficou no limite e não custa nada admitir que teve muita sorte em ter continuado em campo até final, pois poderia perfeitamente ter visto o segundo amarelo. As substituições que foram sendo feitas, aliás, pouco beneficiaram o nosso jogo - o Pedrinho e o Ferro, em particular, tiveram entradas muito más no jogo. Acho que apenas o Everton trouxe alguma coisa positiva quando entrou. Nos minutos finais o Weigl teve ordem para avançar no terreno, o que deixou os nossos centrais muito mais expostos e arriscámo-nos a sofrer um terceiro golo. Pareceu-me também que nessa fase os nossos dois laterais, provavelmente por falta de ritmo de jogo, rebentaram fisicamente.
Para destaque no Benfica escolho o Weigl, que voltou a ser fundamental. Repito que teve sorte em ter feito os noventa minutos - a partir do momento em que foi forçado a ver o amarelo depois daquela 'prenda' do Taarabt passou a jogar demasiado no limite. Mas assim que teve ordens para avançar no terreno viu-se claramente o efeito da sua ausência em terrenos mais recuados, com os nossos centrais a cometerem erros sucessivos. Destaque também para o Cervi, que fez um jogo muito bom como lateral esquerdo. Acho que todos nós sempre achámos que ele seria uma alternativa bastante válida para essa posição dado aquilo que sempre mostrava quando pontualmente ocupava a posição, nem que fosse a dobrar o Grimaldo. É um jogador que dá sempre tudo em campo, mas infelizmente não tem convencido o treinador e deverá ser dispensado nesta janela de transferências.
Foi pena não termos conseguido o apuramento, porque se o tivéssemos feito em condições tão adversas isso seria um factor de motivação enorme. Mas na minha opinião os nossos jogadores podem ficar com a sensação de dever cumprido. Eu sou sempre rápido a apontar-lhes o dedo quando acho que houve falta de empenho, mas hoje não foi essa a impressão com que fiquei. Desconfio no entanto que não faltará quem queira aproveitar o resultado para deitar abaixo a nossa equipa, ignorando convenientemente as condições em que disputámos este jogo. Eu não serei um deles.
Um empate final que acaba por ser um resultado algo frustrante, porque ficamos com a sensação de que perdemos uma boa oportunidade para vencermos num estádio onde tradicionalmente temos muitas dificuldades. Mas fica a satisfação de termos visto, para variar, uma boa exibição da nossa equipa no Porto, muito assente numa atitude competitiva muito superior à que temos vindo a mostrar. Aquela que desejamos ver em todos os jogos da nossa equipa.
Nos dias que antecederam o jogo já quase toda a gente tinha a certeza quase absoluta sobre qual seria o onze titular do Benfica. O nosso treinador acabou por surpreender ao retirar o Everton da equipa para colocar o Nuno Tavares, jogando o Grimaldo mais adiantado. O objectivo seria certamente controlar melhor as investidas do Corona por aquele lado, e a verdade é que isso foi conseguido, já que ele esteve muito menos em jogo do que costuma ser habitual nos jogos do Porto. O Benfica foi diferente, para melhor, daquilo que tem sido a norma nos últimos meses, e também daquilo que costuma ser mais habitual nas visitas a casa do Porto. E isso passou muito por uma diferença de atitude. Os nossos jogadores foram aguerridos, não se encolheram nem tiveram medo de meter o pé quando foi preciso. O jogo foi sempre equilibrado,, com cada bola a ser disputada até ao limite e muita luta no meio campo, com poucas ocasiões de golo de parte a parte. O Benfica tentou jogar com linhas subidas e pressionar a saída de bola do Porto, e depois sair rápido sempre que conseguia recuperar a bola. Em termos de saída de bola, conseguíamos quase sempre fazê-lo bem muito por culpa do Weigl, que vinha buscar a bola aos centrais e assim impedia que os dois avançados do Porto fossem capazes de fazer a pressão de forma mais eficaz. A defender, vimos muitas vezes o Nuno Tavares a fechar mais ao meio, com o Grimaldo a recuar na esquerda. O Porto jogou mais na habitual tentativa das bolas puxadas para os homens da frente, e procurar arranjar bolas paradas para serem marcadas pelo tipo que é uma espécie de exemplo perfeito do azeiteiro bimbo (Sérgio Oliveira). Um exemplo também de um jogador absolutamente mediano que no Porto é elevado a internacional à custa da marcação de penáltis e bolas paradas. O primeiro aviso do Benfica foi dado cedo, numa desmarcação do Darwin pela esquerda a passe do Weigl, para depois assistir o Seferovic que rematou ao lado. O nosso lado esquerdo parecia estar a funcionar bem com os dois laterais e era muito por esse lado que íamos insistindo mais. Foi precisamente daí que nasceu o nosso golo, pouco depois de concluído o primeiro quarto de hora: cruzamento largo no Nuno Tavares a encontrar o Seferovic na área, que com um toque de primeira de enorme classe isolou o Grimaldo. Depois este, à saída do Marchesín, picou-lhe a bola por cima. Uma bonita jogada de equipa a resultar num bonito golo. O Benfica mostrava-se confiante a seguir ao golo e continuou um pouco mais por cima, mas um bocado do nada (o lance nasce de um lançamento de linha lateral no nosso lado direito) o Porto acabou por chegar ao empate oito minutos depois. Um golo algo feliz porque o remate enrolado do Taremi, desferido bem no meio da área depois do Corona ter ganho sobre o Gilberto, não levaria a direcção da baliza mas o Marega, apesar de se esforçar para não tocar na bola, acabou mesmo por fazê-lo ao de leve, levando a que esta ainda fosse bater no poste antes de entrar. A resposta do Benfica foi quase imediatamente a seguir desperdiçar uma ocasião soberana para voltar à vantagem. Mais uma boa jogada da equipa, que começa na saída de bola pelo Weigl, com esta a viajar da esquerda para a direita passando por vários jogadores até que o Pizzi fez o passe rasteiro para a marca de penálti, onde o Darwin rematou para fazer a bola acertar em cheio no poste. O jogo continuou muito disputado, com poucas ocasiões de parte a parte mas pareceu-me que com uma ligeira superioridade nossa. O Porto teve uma boa ocasião num remate cruzado do Díaz que passou perto do poste, e o Benfica teve quase em cima do intervalo mais uma grande ocasião, na qual o Darwin se isolou descaído para a esquerda depois de uma boa transição feita pelo Rafa, e depois decidiu rematar de ângulo muito apertado quando bastaria ter dado um ligeiro toque para trás para apanhar o Rafa completamente sozinho em frente à baliza.
No início da segunda parte vimos alguns sinais daquilo que o Porto tenta quase sempre fazer quando e sente apertado, que é levar o jogo para a arruaça e quezílias de forma a fazer os nossos jogadores perder a cabeça. Pena que o Pizzi, um dos nossos jogadores mais experientes, tenha sido precisamente aquele que caiu nesse embuste. E provavelmente com um árbitro mais solícito como o pasteleiro teriam conseguido arrancar a sua expulsão, quando o já citado azeiteiro ficou a rebolar agarrado à cara depois do Pizzi o ter atingido com a bola no peito quando estava no chão. Aliás isto foi uma constante durante todo o jogo. Acho que nos jogadores do Porto há uma ligação nervosa qualquer entre as canelas e a cara, porque qualquer toque ou falta que sofriam ficavam imediatamente a rebolar no chão agarrados à cara. No jogo jogado, as coisas continuaram muito no pendor da primeira parte, mas com ainda menos situações de perigo de parte a parte. Muitas faltas a travar as jogadas quase à nascença e as equipas a conceder muito pouco espaço ao adversário. Ainda assim, continuei a achar que o sinal mais era nosso. A melhor ocasião foi do Benfica, numa bola que sobrou para o Rafa dentro da área depois do Grimaldo a ter ganho de cabeça, mas a saída rápida do Marchesin aos seus pés conseguiu evitar o golo. A resposta do Porto, para variar, foi em mais uma bola parada, num cabeceamento de algum perigo do Marega que obrigou o Vlachodimos a defender junto ao relvado. A pouco mais de um quarto de hora do final, uma entrada brutal do Taremi sobre o Otamendi valeu-lhe o vermelho directo (assinalado pelo VAR, porque inicialmente o árbitro tinha-se ficado pelo amarelo) e um pouco paradoxalmente isto acabou por dificultar um bocado mais o nosso jogo. O domínio territorial do Benfica acentuou-se, mas por outro lado o Porto cerrou fileiras e baixou as linhas, e tornou-se mais complicado encontrar vias para atacar a baliza deles. Aliás, pouco depois da expulsão ainda tivemos um susto grande, quando o Marega surgiu solto ao segundo poste mas só conseguiu tentar finalizar com o peito, acabando por amortecer a bola para as mãos do Vlachodimos. Como já temos muitos anos disto e já sabemos o que é que a casa gasta, o Pizzi foi substituído pouco depois porque sabemos que nas raras situações em que um jogador do Porto vai para a rua contra nós, a tendência imediata é para tentar reequilibrar as coisas com uma expulsão do nosso lado. Tivemos algumas tentativas de golo como um cabeceamento do Vertonghen, um remate do entretanto entrado Everton ou novo cabeceamento do Gilberto, mas a verdade é que não conseguimos materializar a superioridade numérica numa pressão mais incómoda para o Porto e achei que o jogo até nos estava mais favorável quando estávamos a jogar contra onze.
Este foi mais um daqueles jogos em que achei que a equipa valeu muito como um todo e isso torna mais complicado fazer grandes destaques. Mas acho que o Weigl merece ser mencionado. Foi um dos principais responsáveis para que conseguíssemos quase sempre sair a jogar com critério, pela sua visão de jogo e extrema calma e lucidez que tem com a bola nos pés. Sendo eu um admirador confesso dele desde que chegou ao Dortmund, é com imenso agrado que nos vejo finalmente a começar a tirar partido das suas qualidades. Os sucessivos jogos a titular e o progressivo entendimento daquilo que o treinador espera dele parecem estar a fazer-lhe maravilhas. Espero que não se volte mais a considerar o regresso do Gabriel à posição seis, até porque essa não é a posição dele. Bom jogo também do Grimaldo, que sem tantas preocupações defensivas jogou mais solto e marcou um grande golo. Também gostei da actuação dos nossos centrais. Impuseram-se na sua zona e jogaram da forma rija que estes jogos com o Porto exigem. Finalmente, uma menção também para o Rafa, que é sempre importante nas transições rápidas.
À excepção do jogo que vencemos lá com o Bruno Lage ao comando, este terá sido dos melhores jogos que o Benfica fez no Estádio do Ladrão nos últimos anos. E um dos principais motivos foi a atitude da equipa. Talvez pela falta de público, os nossos jogadores nunca se encolheram ou deixaram intimidar, e quando o Porto perde a capacidade de intimidação contra o Benfica e contra a arbitragem, perde mais de metade dos argumentos que tem. Talvez por isso o Sérgio Conceição estivesse tão irritado no final. Também confesso que não alinho completamente com a visão que o nosso treinador teve do jogo, porque não fomos propriamente avassaladores. Acho, isso sim, que jogámos para ganhar e que fomos a equipa que esteve um pouco mais perto de o conseguir. E quando conseguimos fazer isso neste estádio, é sempre algo muito positivo. Espero também que esta exibição sirva de motivação e mote para o resto da época. No fundo, que apesar dos dois pontos perdidos, tenhamos ganho uma equipa. Porque se jogarmos sempre com esta atitude, será muito mais difícil para qualquer equipa conseguir tirar-nos pontos.
O Estrela da Amadora ainda conseguiu dar alguma réplica enquanto teve pernas para isso, mas as segundas linhas do Benfica acabaram por se impor com naturalidade e carimbar o apuramento para os quartos de final da Taça de Portugal, com uma vitória por números elevados e que até poderia ter tido maior expressão.
Foram muitas as alterações na equipa em relação ao onze que entrou em campo contra o Tondela: apenas o Seferovic manteve a titularidade. Das dez alterações, destaque para a estreia do Todibo, que formou a dupla de centrais com o Jardel. Helton na baliza, laterais para o Diogo Gonçalves e o Nuno Tavares, Samaris e Taarabt no meio campo, alas entregues ao Pedrinho e Chiquinho, e o Gonçalo Ramos a completar a dupla de ataque. A fase inicial do jogo não foi muito fácil, com o Estrela a fechar-se relativamente bem atrás e depois a tentar sair rápido com bolas longas metidas nas costas dos laterais, mas os nossos centrais foram dando conta do recado na maior parte das vezes - o Helton ainda foi obrigado a fazer uma boa defesa ainda com o nulo no marcador. O Benfica ia ameaçando, quase sempre pelo Seferovic, mas o suíço estava num daqueles dias típicos em que precisa de meia dúzia de oportunidades para acertar com a baliza. O Pedrinho também falhou uma ocasião de forma escandalosa, atirando para a bancada depois de se isolar numa tabela com o Gonçalo Ramos. Só à beira do intervalo é que nos colocámos em vantagem, quando o Chiquinho recuperou a bola e fez a recarga a um falhanço incrível do Seferovic, que à boca da baliza conseguiu acertar no guarda-redes após uma boa investida e cruzamento do Diogo Gonçalves na direita. Não acertou nesta, mas logo nos minutos iniciais da segunda parte redimiu-se e fez finalmente o seu golo. Nova investida do Diogo Gonçalves pela direita, passe atrasado para o interior da área, e remate de primeira do suíço, que ainda tabelou num defesa antes de entrar. O Estrela ainda tentou a reacção e até chegou a marcar minutos depois deste golo, mas foi correctamente anulado por posição irregular (e antes disso tinha havido uma falta sobre o Gonçalo Ramos). O Benfica tinha agora muito mais espaço para jogar e foi com naturalidade que no espaço de quatro minutos (62 e 66) fez mais dois golos. O primeiro deles pelo Chiquinho, a passe do Pedrinho. Depois de um remate cruzado do Seferovic que foi defendido pelo guarda-redes, o brasileiro recuperou a bola sobre a linha de fundo na direita e passou-a para o Chiquinho, que no meio da área controlou no peito e rematou de primeira para fazer o seu segundo da noite. E depois foi nova assistência para o Pedrinho, que em posição frontal fez o passe de trivela para o entretanto entrado Waldschmidt entrar na área descaído sobre a direita e finalizar colocando a bola no ângulo oposto, sem dar qualquer possibilidade ao guarda-redes. O jogo estava agora numa fase em que o Estrela sabia que estava perdido mas queria chegar ao golo de honra, e o Benfica jogava descontraído e ia fazendo alterações na equipa. O Waldschmidt ainda falhou um golo de baliza aberta num lance em que depois foi assinalado fora-de-jogo (que não tenho a certeza se terá existido) e o Ferreyra também falhou de forma escandalosa quando, depois de ficar completamente isolado, tentou fazer a bola passar por cima do guarda-redes, mas rematou com tão pouca força que foi fácil ao guarda-redes esticar a mão e evitar o golo.
Destaques no Benfica naturalmente para o Chiquinho, pelos dois golos, mas também para o Diogo Gonçalves e o Pedrinho, pelas duas assistências cada. O Seferovic esteve muito em jogo, mas se tivesse um pouco mais de acerto na finalização era muito bem capaz de ter acabado o jogo com pelo menos um hat trick. Quanto ao estreante Todibo, mostrou uma característica que já lhe era conhecida, a de gostar de ter a bola nos pés e sair a jogar, mas contra adversários mais fortes não pode arriscar tanto nesse aspecto.
Tínhamos a obrigação de passar a eliminatória e ela foi cumprida com competência, sem sobressaltos, e sem ser necessário recorrer aos mais habitualmente titulares, que assim puderam ser poupados para o jogo no Porto. A equipa mais sobrevalorizada da Liga ficou pelo caminho na Madeira e os nossos próximos adversários só não tiveram o mesmo destino na mesma ilha porque como sempre surgiu a ajudinha necessária para lhes amparar a queda. Agora é esperarmos pelo habitual freguês Soares Dias para que no próximo jogo continue a dar sequência à tendência da moda 2020/21.
Finalmente alguns sinais de reacção da equipa às críticas (justificadas) de que tem sido alvo. Mesmo não tendo sido uma exibição deslumbrante, foi de longe o melhor jogo do Benfica das últimas semanas. Vi sinais de melhorias, desta vez não vimos grandes quebras de rendimento ao longo dos noventa minutos e no final tivemos uma vitória incontestável, inclusivamente com dados estatísticos mais condicentes com aquilo que é esperado num jogo do Benfica.
Três regressos no onze do Benfica: Otamendi, Pizzi e Seferovic. Ferro, Taarabt e Waldschmidt saíram para lhes dar lugar. O central português, diga-se, correspondeu no último jogo (foi, a par do Vertonghen, dos menos maus) e mostrou que está pronto para contribuir quando necessário. O figurino do jogo foi o habitual e esperado. O Tondela enfiou toda a equipa atrás da linha da bola, e o Benfica teve posse de bola avassaladora, que em momentos andou perto dos 80%. Mas houve algumas diferenças na forma como jogámos. Houve uma atitude melhor por parte dos jogadores, e apesar das naturais dificuldades que continuamos a revelar para furar a organização defensiva de equipas que defendem com toda a gente, houve maior velocidade na circulação de bola. Importante e interessante também, uma maior vontade em explorar as alas em vez de insistir constantemente pelo meio. Vimos quer o Grimaldo na esquerda, quer o Gilberto na direita (o brasileiro está a ganhar cada vez mais confiança e começa a ser uma presença constante em zonas mais adiantadas) muito mais em jogo. Outro pormenor importante foi a presença frequente do Everton na direita o que faz com que, por ser destro, acabe por procurar ganhar a linha e cruzar a bola em vez daquilo que acontece quando joga na esquerda, onde vem sempre para o meio. Mesmo que frequentemente não tivessem resultados práticos, a verdade é que o Benfica efectuou muito mais cruzamentos do que tem sido habitual, o que pelo menos faz com que a bola ande muito mais tempo na área adversária ou nas imediações dela e dai resultem mais situações de potencial perigo, em vez de a vermos a circular sem grande objectividade pelo meio campo. Foi uma primeira parte de sentido único, em que o Tondela não existiu no ataque e o Benfica, sem que se possa dizer que massacrou, fez pelo menos mais do que o suficiente para justificar ir para o intervalo em vantagem. Criámos algumas ocasiões de golo, as melhores das quais pelo Darwin (grande defesa do guarda-redes) e pelo Pizzi (remate interceptado por um defesa) mas não chegámos ao merecido golo, pelo que seria ainda mais importante que, ao contrário dos últimos jogos, não voltássemos a ter uma quebra de rendimento na segunda parte. Acho que o facto de eu próprio não me sentir completamente irritado à saída para o intervalo apesar de ainda estarmos empatados era para mim um sinal que algo estava a ser diferente, para melhor.
Felizmente isso não aconteceu - pelo contrário, o Benfica conseguiu não só manter alguma regularidade como ainda melhorar alguns aspectos do seu jogo. Felizmente também, o merecido golo acabou por aparecer relativamente cedo, por isso não houve tempo para que um eventual nervosismo com a persistência do nulo pudesse começar a afectar a equipa. Esse golo surgiu logo aos nove minutos deste segundo tempo, depois de uma boa jogada de envolvimento entre o Darwin, o Pizzi e o Everton na esquerda da área. A bola conseguiu viajar entre estes três jogadores sem sequer tocar no chão, até o Darwin fazer o cruzamento para a finalização quase em cima da linha de golo pelo Seferovic. O golo foi inicialmente invalidado pelo auxiliar, mas a revisão do VAR acabou por confirmá-lo mesmo. Outra coisa positiva no jogo foi que o Benfica não se encolheu imediatamente a seguir a ter alcançado a vantagem. Continuámos a mandar no jogo e a procurar chegar ao golo da tranquilidade, ainda que com pouco acerto na finalização - parece-me natural dado que a confiança da equipa ainda não parece ser muita. O Tondela continuava incapaz de incomodar, e creio que terá feito o primeiro remate do jogo a quinze minutos do final - um remate muito torto, à entrada da área. Mas um resultado de 1-0 é sempre perigoso, porque um qualquer lance fortuito pode sempre deitar tudo a perder, e a cinco minutos do final tivemos um exemplo perfeito disso. Logo a seguir ao Weigl ter desperdiçado, na sequência de um pontapé de canto, mais uma ocasião para o segundo golo, o Tondela, absolutamente do nada e sem que nada tivesse feito para o justificar, dispôs de uma ocasião flagrante para empatar. Uma má abordagem do Grimaldo a um cruzamento largo vindo da direita deixou um adversário completamente sozinho e com a bola controlada em frente à baliza. Valeu-nos a intervenção do Vlachodimos. O nosso guarda-redes fez apenas uma defesa em todo o jogo, mas ela foi fundamental. Na resposta a este lance, o Benfica marcou pelo Darwin, mas o golo foi anulado. Pareceu-me que foi a decisão correcta, porque havia posição irregular. No início da jogada há um possível penálti por mão na bola de um defesa do Tondela, mas sinceramente acho que seria um pouco forçado - penáltis daqueles são para o Porto e o Sporting, os líderes destacados na tabela dos penáltis. Nós continuamos com zero. Foram dados sete minutos de compensação (justificados, já que para além das substituições todas o jogo esteve parado bastante tempo quer no golo que nos foi validado, quer no que foi invalidado) e ao contrário de os termos passado a sofrer, como tem sido mais habitual, chegámos mesmo ao segundo golo nesse período. Quem marcou foi o Waldschmidt, que entretanto já tinha entrado para o lugar do Seferovic. Foi na sequência de mais uma boa jogada, na qual a bola viajou rapidamente da esquerda até à direita (ao contrário dos cinco ou seis toques que habitualmente temos que dar para fazer isso acontecer) e depois o Darwin ultrapassou o adversário directo e fez a assistência. Jogo fechado, com justiça, e três pontos conquistados.
O meu destaque vai para o Darwin, autor das duas assistências para os golos. Ainda não esteve bem na finalização, apesar de ter estado perto de marcar noutras ocasiões (na que marcou o golo foi bem anulado) e esteve bem melhor do que nos últimos jogos. Esperemos que possa regressar em breve ao nível pré-COVID, porque se é verdade que recuperou do vírus rapidamente, a forma tem demorado mais tempo a recuperar. Mais algumas menções para os dois laterais, que se integraram mais no ataque e em especial o Gilberto parece estar cada vez mais interventivo. Gostei também do Weigl - continuo a achar que nunca será o seis que o nosso treinador prefere, mas é um jogador de enorme classe a quem a titularidade regular está a fazer muito bem. E o Otamendi deve ter feito o melhor jogo pelo Benfica desde que chegou.
Como eu (e outros) já o disseram em várias ocasiões, mesmo quando as coisas não correm pelo melhor, quando a atitude competitiva é boa é meio caminho andado para se chegar a um bom resultado. O Benfica não fez uma exibição de encher o olho, mas os jogadores correram e esforçaram-se durante todo o jogo, e com isso conseguiram uma vitória absolutamente indiscutível. Foi contra o Tondela, é certo, mas já vimos o Benfica ter imensas dificuldades contra equipas como eles e que até estão mais no fundo da tabela. Não me parece que esteja a fazer qualquer favor ao dizer que a atitude da nossa equipa neste jogo foi claramente diferente para melhor - e mesmo se tivessemos sofrido a injustiça de um empate naquele lance quase no final, manteria a mesma opinião. Há ainda um longo caminho a percorrer, há que recuperar confiança e acima de tudo, assegurarmo-nos que este jogo não tenha sido apenas um acaso e que seja para seguirmos neste caminho.
Mais pontos inaceitavelmente desperdiçados, por via de um empate nos Açores por culpa exclusivamente nossa. Quando há falta de quase tudo, não se pode esperar que nos continuemos consistentemente a safar com os três pontos. Falta de qualidade (no campo e na orientação a partir do banco), falta de empenho, falta de brio, falta de lucidez, e somando todas estas faltas, para mim o que falta mesmo acima de tudo é profissionalismo.
Já nem me apetece estar a escrever sobre os jogos ou o futebol apresentado pela nossa equipa, porque é sempre a mesma coisa. Sempre. Entrámos bem no reinício da primeira parte, depois do jogo que nem deveria ter iniciado ter sido interrompido ontem ao fim de cinco minutos. Estivemos toda a primeira parte em cima do adversário, que jogou o tempo todo com toda a gente atrás da linha da bola e mal passou do meio campo. O domínio do Benfica resultou num golo do Darwin, a finalizar uma jogada muito boa entre ele, o Waldschmidt e o Rafa. Um golo de vantagem era até curto para o que jogámos nos primeiros quarenta e cinco minutos. Ao intervalo comentávamos entre amigos que até estávamos a jogar bem, mas que agora era preciso ver se não voltávamos a apresentar o habitual comportamento de vir completamente desligados depois do intervalo. Claro que foi isso que aconteceu. É que nem seria necessário estarmos toda a segunda parte em cima do Santa Clara como o fizemos na primeira, bastaria pelo menos manter alguma intensidade no jogo. Mas não, nada disso. Regressámos para a segunda parte (no início da qual perdemos o Gilberto por lesão) e como habitualmente, assim que fomos um pouco pressionados perdemos completamente a calma e começámos a tremer. Estivemos quinze minutos literalmente a ver o adversário jogar até que empatassem, com um golo do nosso ex-jogador Fábio Cardoso. A reacção imediata do banco devia, para mim, dar direito a multa pesada com justa causa: a precisar de voltar a marcar, retirámos um avançado do campo que até nem estava a jogar particularmente mal (Waldschmidt) e metemos o Pizzi, que esteve este tempo todo sem treinar com a equipa por causa da COVID-19. O empecilho Taarabt, claro está, continuou naturalmente em campo até perto do final. Depois nos minutos finais, em desespero, fizemos entrar mais um avançado, que teve que ser o quase esquecido Ferreyra. Andámos o resto do tempo a correr atrás do prejuízo que nós próprios causámos, mas perto do final do jogo foi exibida uma estatística que exemplificou bem o resultado destas alterações tácticas: a precisar de marcar, o Benfica estava há vinte e sete(!) minutos sem rematar. Como ainda foram adicionados oito minutos de compensação e não me recordo de nenhum remate do Benfica nesse período, estivemos portanto mais de meia hora sem fazer um remate. Parece-me que não é preciso muito mais para exemplificar a objectividade do futebol actual praticado pelo Benfica do Jorge Jesus.
Só para manter o hábito de destacar alguém, escolho o Vertonghen. Não foi por ele que o Santa Clara empatou, e no período inicial da segunda parte em que estivemos a ver o adversário jogar, se não tivesse sido ele acho que o empate teria surgido mais cedo.
Esta equipa do Benfica, a quem não foi cortado um cêntimo dos seus salários em tempo de pandemia, a quem são dadas todas as condições mais do que ideais para fazerem aquilo para que são principescamente pagos, é repetidamente superada em vontade e crer dentro do campo por qualquer outra equipa que nem metade das condições tem. Estes jogadores andam repetidamente a não dignificar o emblema que representam. E não digo isto pelos resultados negativos, porque esses podem sempre acontecer por razões fora do nosso controlo. O problema não são os maus resultados, é a forma como eles acontecem. Perder quando se dá tudo para ganhar acontece. Mas quando não ganhamos e no final ficamos com a sensação que isso foi porque nós próprios criámos as condições para que isso acontecesse, é muito difícil de aceitar.
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