Foi uma exibição sólida e bastante sóbria do Benfica, que nos permitiu trazer a vitória do teste de fogo em Braga. Foi a primeira vitória sobre o Braga esta época, num jogo sobre o qual certamente vão querer colar o resultado à expulsão de um jogador do Braga, ignorando convenientemente que o Benfica já estava por cima do jogo desde o apito inicial.
Era uma possibilidade falada para este jogo e confirmou-se, tendo o Benfica optado por entrar com três centrais com o regresso do Vertonghen. Entrámos no jogo de forma bastante personalizada, ganhando superioridade na zona do meio campo, mesmo actuando o Braga com três jogadores nessa zona. Os três centrais permitiram ao Weigl ter menos preocupações defensivas e actuar um pouco mais subido no terreno, e isso faz diferença. O Benfica tentou sempre explorar a profundidade pelos flancos, algo que o Braga revelou dificuldades em controlar, e conseguiu quase sempre manter o Braga muito longe da sua baliza. Praticamente não se viram jogadas de perigo por parte do Braga, e jogadores como o Galeno ou o Ricardo Horta, que costumam ser muito perigosos nos flancos, passaram quase ao lado do jogo, já que tiveram que se preocupar frequentemente com as subidas dos nossos laterais. Ainda na fase inicial do jogo criámos uma ocasião flagrante para inaugurar o marcador, quando o Grimaldo se isolou após um grande passe do Waldschmidt, mas rematou de forma a permitir a defesa do guarda-redes. O jogo estava fechado e apesar de estarmos mais por cima, as oportunidades de golo não eram muitas, e por isso ainda fiquei a remoer aquele falhanço durante algum tempo. A meio da primeira parte, repetiu-se um cenário que já vimos: penálti assinalado a favor do Benfica, por falta do guarda-redes sobre o Seferovic. Mas nesta altura sempre que isso acontece, eu só gfico à espera que o VAR reverta o lance, o que veio a acontecer mais uma vez. O Seferovic estava adiantado por dez centímetros, e portanto continuamos a prolongar o recorde de jornadas sem beneficiarmos de um penálti. Mais perto do intervalo, nova boa ocasião para o Benfica: livre sobre a direita marcado pelo Taarabt e cabeçada do Seferovic para uma defesa por instinto do guarda-redes. Fica a dúvida sobre se não terá havido mão de um defesa do Braga neste lance. Logo a seguir, o Fransérgio foi expulso por acumulação de amarelos, após falta sobre o Rafa, e dada a superioridade do Benfica até então adivinhava-se que esta se intensificasse. Curiosamente, foi a jogar com dez que o Braga teve a sua primeira ocasião de golo (e única na primeira parte), quando o Benfica foi pouco expedito a sair com bola e se deixou pressionar, tendo um passe à queima do Veríssimo para o Otamendi resultado numa perda de bola que só não acabou em golo porque o Helton foi rápido a reagir e a fazer a mancha. Praticamente na resposta e mesmo a terminar o tempo de compensação, o Benfica colocou-se em vantagem numa transição rápida. Lançamento muito longo do Grimaldo para o Seferovic, que aguentou a pressão do defesa e soltou para a entrada do Rafa pelo meio, que um para um com o Matheus não perdoou. Uma óptima altura para nos colocarmos em vantagem e deixar o adversário ainda sob maior pressão à saída para o intervalo.
O Braga praticamente começou a segunda parte a causar muito perigo, num livre de muito longe do João Novais que levou a bola à barra da nossa baliza. Mas a intenção do Braga em ir à procura do empate deixava mais espaços atrás e o Benfica conseguia ser mais perigoso, ameaçando o segundo golo. O Rafa deixou o primeiro aviso, rematando ligeiramente ao lado do poste, mas aos onze minutos surgiu mesmo o golo da tranquilidade. Um alívio da nossa defesa foi ganho nas alturas pelo Seferovic, na zona do círculo central. O suíço deixou a bola de cabeça para o Rafa e desmarcou-se imediatamente, recebendo o passe que o deixou isolado para marcar com classe à saída do guarda-redes, colocando a bola no poste mais distante. O Braga nunca baixou os braços, mas sentia-se que aquele golo deixava o jogo quase resolvido. Pouco depois o Seferovic esteve muito perto de bisar, num cabeceamento espectacular em salto de peixe, onde foi buscar a bola que o Taarabt tinha centrado ligeiramente para trás dele, mas o Matheus voltou a fazer uma grande defesa. Depois disto o Benfica decidiu claramente acalmar o ritmo do jogo, optando sobretudo por fazer circulação da bola e mantê-la o máximo possível na sua posse. A troca feita entretanto do Waldschmidt pelo Pizzi também retirou alguma velocidade e repentismo ao nosso jogo no ataque, e imagino que a intenção tenha sido mesmo colocá-lo em campo para privilegiar a posse de bola. O Braga nunca desistiu de ir à procura de mais, mas apesar da boa vontade não teve muita capacidade para apertar o Benfica, tendo tido apenas uma ocasião de perigo, na qual o entrado Sporar se escapou pela nossa esquerda e já de ângulo algo apertado rematou muito forte mas à figura do Helton. Nos minutos finais, assinale-se também a troca do Lucas Veríssimo pelo Jardel, depois de já se ter queixado ainda durante a primeira parte de se sentir mal disposto. Felizmente parece que não há nada de grave, e aguentou em campo até o jogo estar praticamente resolvido.
Os destaques vão para o Seferovic e o Rafa, cada um deles autor de um golo e de uma assistência. O suíço está claramente a atravessar uma fase de grande confiança e já leva quatro jornadas consecutivas a marcar. O Rafa é sempre um factor de desequilíbrio e repentismo no nosso ataque. Gostei também do jogo do Grimaldo e invariavelmente do Weigl, que eu acho que é um pêndulo nesta equipa.
Creio que este jogo terá servido de confirmação do momento mais positivo da nossa equipa. Metemos a quinta seguida, parece que finalmente atingimos o equilíbrio defensivo que se exige - temos um golo sofrido (de penálti) nos últimos oito jogos para o campeonato e a equipa já não parece tão perdida em campo. Até já conseguimos marcar golos em transições rápidas, que era algo que parecia impossível há umas semanas atrás. Infelizmente estas melhorias já vieram tarde demais, mas espero que pelo menos nos permitam subir até ao segundo lugar. Só dependemos de nós próprios para isso.
Um triunfo do Benfica que acaba por ser escasso perante o domínio tão absoluto que teve num jogo no qual o adversário cedo ficou reduzido a dez. O Boavista resistiu enquanto foi possível, mas o jogo foi de tal forma desequilibrado que seria preciso um autêntico milagre para conseguir sair da Luz sem a derrota.
Houve duas alterações num onze onde o Lucas Veríssimo e o Diogo Gonçalves parecem nesta fase ter agarrado a titularidade: Pedrinho e Taarabt nos lugares do Everton e do Pizzi. O Boavista até foi a primeira equipa a fazer um remate, logo no primeiro minuto de fora da área e para fora. Durante a maior parte do jogo, esse continuou a ser o único remate que eles fizeram, tendo mesmo chegado ao final sem acertar qualquer remate na baliza. Pouco depois, aos quatro minutos, o lance que acabou por marcar o jogo. O Waldschmidt isolou-se pela zona central, e foi derrubado pelas costas quando entrava na área. O árbitro fez o impensável e assinalou penálti. Parecia que o milagre ia acontecer e o Benfica iria finalmente ter um penálti a seu favor, interrompendo aquilo que já é um recorde na longa história do nosso clube. Mas calma, há sempre um VAR solícito. Afinal parece que não, como é o Benfica pelos vistos volta a aplicar-se a regra que a falta é assinalada no local onde começa e não onde acaba, e quase cinco minutos depois de ter sido assinalado o penálti é revertido - não só o Benfica não tem qualquer penálti a seu favor, como é também seguramente a equipa com o maior número de possíveis penáltis revertidos pelo VAR. A expulsão do jogador do Boavista é que o VAR não conseguiu arranjar maneira de reverter, e a partir daqui passou a ser um jogo de paciência para ver quanto tempo é que o Benfica demoraria até conseguir furar o esquema defensivo do Boavista, onde o nosso conhecido Javi García ia limpando quase tudo agora que tinha recuado para central. O nosso futebol não foi tão incisivo quanto desejaríamos, e tivemos que recorrer muitas vezes à circulação de bola à procura de alguma aberta no autocarro do Boavista. Uma excepção que começou a notar-se logo na primeira parte era o Diogo Gonçalves, que frequentemente conseguia furar pela direita e ia colocando a bola em zonas de finalização sempre que possível. E foi mesmo precisa paciência quer da equipa, quer dos adeptos porque quando conseguíamos criar ocasiões a finalização ia deixando a desejar, em especial pelo suspeito do costume Seferovic, que parecia estar em dia não. A cinco minutos do intervalo, o Taarabt conseguiu progredir da direita para o meio e com um remate muito colocado fez a bola entrar junto ao poste mais distante, mas o árbitro anulou o golo de forma ridícula por se ter deixado levar pela cada vez mais habitual fita dos jogadores de futebol, que mal sentem qualquer toque mínimo na zona do peito se atiram aos gritos para o chão agarrados à cara, como se lhes tivessem arrancado um olho. Felizmente não deu para ficar muito tempo irritado com esse lance, porque pouco depois o Diogo Gonçalves mais uma vez irrompeu pela direita, ganhou a linha de fundo, e literalmente ofereceu o golo ao Seferovic, que só teve que empurrar a bola quase em cima da linha de golo. Muito importante irmos para o intervalo em vantagem, para evitar nervosismos em excesso.
Entrámos para a segunda parte como tínhamos acabado a primeira, sempre em cima do adversário e a procurar o segundo golo para ficarmos com maior tranquilidade no jogo - não porque o Boavista estivesse a causar qualquer tipo de problemas, mas pelo menos para ficar a salvo de algum lance fortuito. Não foi preciso esperar muito tempo, e ele surgiu por obra dos mesmos que tinham construído o primeiro golo. O lance começa com um bom passe do Taarabt a desmarcar o Diogo Gonçalves pela direita, e o cruzamento saiu perfeitinho para que o Seferovic, mais uma vez bastante perto da baliza, cabeceasse com sucesso. O cruzamento foi aliás tão bom que mesmo finalizando de cabeça o Seferovic conseguiu não falhar. Logo a seguir o Benfica resolveu mexer na equipa, fazendo três substituições de uma vez: Pizzi, Gabriel e Darwin para os lugares do Weigl, Taarabt e Waldschmidt. É compreensível a troca dos dois médios, porque estavam ambos amarelados e a última coisa que quereríamos era que algum deles visse um segundo amarelo que imediatamente o excluiria do importante próximo jogo, em Braga. Mas em termos práticos, a verdade é que o Benfica piorou com estas trocas. Até porque o Boavista, a perder por dois, também fez alterações e desmontou um pouco o seu autocarro, o que significou que passámos a ter um pouco mais de espaço na frente. Mas o nosso jogo foi na maior parte do tempo demasiado mastigado e nunca parecemos tão perigosos como tínhamos sido até então. É verdade que mesmo assim criámos situações para chegar ao terceiro golo: um remate do Darwin que foi interceptado por um defesa, outro do Chiquinho (que entrou para o lugar do Rafa para os minutos finais) que obrigou o guarda-redes a uma boa defesa, e dois cabeceamentos do Lucas Veríssimo (que começa a mostrar ser muito forte no jogo aéreo), um defendido pelo guarda-redes e outro que levou a bola ao poste, tendo depois o Seferovic feito golo na recarga. Mas o potencial hat trick do suíço foi negado pelo VAR e as linhas de fora-de-jogo, que mostraram que estava adiantado por sete centímetros na altura do cabeceamento do colega. Mas achei o nosso jogo depois das substituições menos interessante e mais complicado, com muita insistência nas nossas conhecidas tabelinhas e passezinhos curtos nas imediações da área - o Diogo Gonçalves continuou sempre a ser uma boa excepção, tentando colocar constantemente a bola na área em zonas de finalização para os colegas.
Suponho que quase toda a gente irá considerar o Seferovic o homem do jogo, como aliás o fez a própria BTV. Mas para mim é o Diogo Gonçalves. O Seferovic apenas teve que encostar para golo as duas assistências que o Diogo fez e que seria difícil falhar, e até achei que ele não esteve particularmente feliz na finalização na maior parte das vezes. O Diogo fez, à vontade, uma dúzia de cruzamentos para a área, quase sempre bem executados e que causaram bastante perigo. Parece estar bastante confiante e a titularidade assenta-lhe muito bem. De resto, o Grimaldo também esteve bastante activo pela esquerda, e os nosso dois médios estiveram relativamente bem.
Quatro vitórias consecutivas já se pode mesmo considerar um luxo. O jogo de hoje não serve para tirar grandes conclusões, porque a expulsão pareceu deixá-lo muito cedo desequilibrado para o nosso lado, mas de qualquer forma parece-me que a equipa está nesta fase bastante melhor do que há umas semanas atrás. O teste de fogo ao momento actual da equipa virá para a semana, quando em Braga defrontaremos um adversário directo e uma das equipas que melhor futebol joga neste campeonato, num encontro que pode ser absolutamente decisivo para as nossas aspirações de pelo menos nos qualificarmos para a Champions da próxima época. Pelo menos já me sinto um pouco mais confiante do que me sentiria se este jogo fosse disputado há um mês atrás, mas este jogo será mesmo uma espécie de tira-teimas.
Conseguimos regressar às vitórias fora de casa depois de meses. Foi uma vitória incontestável, à custa de uma boa segunda parte na qual acrescentámos um ingrediente muito simples ao nosso futebol, que há meses que parecia andar estranhamente ausente: profundidade.
Num onze sem grandes surpresas a maior novidade foi a titularidade do Pizzi no meio campo em vez do Taarabt. Não foi preciso ver muitos minutos para ficar com a sensação de que a coisa tinha tudo para correr mal. O Benfica revelava muitas dificuldades para conseguir desmontar o autocarro da B SAD, voltando a apresentar aquele futebol irritante de tabelas e tabelinhas, toques para o lado e para trás, e demasiada insistência em penetrar pelo meio, onde existia uma floresta de jogadores azuis. O já habitual estado do relvado do Estádio Nacional também não ajudou em nada - embora estivesse muitíssimo melhor do que já o vimos noutras ocasiões, ainda assim estava bastante irregular e isso dificultava a tarefa aos jogadores, tendo por isso sido normal vermos muitos passes errados e maus controlos de bola. Ainda assim, durante quase meia hora o jogo foi quase de sentido único, jogando-se quase sempre no meio campo da B SAD sem que o Benfica passasse por grandes dificuldades na defesa. Apesar da inépcia no ataque, conseguimos criar duas ocasiões flagrantes no espaço de um minuto, aos vinte e quatro e vinte e cinco. Na primeira, depois de uma boa incursão o Grimaldo conseguiu isolar o Pizzi, deixando-o na cara do guarda-redes, mas o melhor que ele conseguiu fazer foi rematar-lhe quase à figura. Logo a seguir, um cruzamento do Rafa da direita permitiu ao Seferovic antecipar-se de cabeça ao guarda-redes, mas a direcção que a bola levou apenas serviu para reforçar a minha opinião de que o suíço é um dos piores cabeceadores do Benfica. A partir da meia hora a B SAD começou a tentar dar arzinho no ataque e teve uma boa ocasião, na qual o Varela se apanhou em posição frontal para rematar mas fê-lo quase na direcção do Helton, que apenas teve que ter bons reflexos para evitar o golo. O nulo ao intervalo não era de todo desajustado, mas podíamos lamentar as duas boas situações desperdiçada.
Percebeu-se logo no recomeço que o Benfica regressou com outra mentalidade para a segunda parte. Maior velocidade e sobretudo maior verticalidade no seu jogo. O primeiro golo demorou dez minutos a surgir. O primeiro momento decisivo na jogada é quando na transição o Rafa consegue evitar o corte de carrinho de um adversário no meio campo, deixando depois a bola no Everton. Esta seguiu para o Grimaldo na esquerda que depois fez uma coisa surpreendente. Em vez de tentar vir para dentro e tabelar com algum colega, decidiu-se por um cruzamento imediato, colocando a bola tensa no centro da área, onde o Seferovic se antecipou aos defesas e rematou de primeira para o golo. Revolucionário. Não refeito ainda da surpresa do primeiro golo, três minutos depois vejo o Diogo Gonçalves a fazer um passe em profundidade, permitindo ao Seferovic atacar o espaço vazio sobre a direita, fugir aos defesas, e à saída do guarda-redes finalizar de forma perfeita com um remate de pé esquerdo para o poste mais distante. De alguma maneira, após estes meses todos, parece que chegámos à conclusão que jogar de vez em quando a bola de forma mais directa ou na direcção da baliza adversária é capaz de ser uma forma eficaz de marcar golos, sobretudo quando as tabelinhas e os passes para trás e para o lado não estão a surtir efeito. Aos dois golos no espaço de três minutos seguiu-se um terceiro dez minutos depois do primeiro, isto depois de já termos desperdiçado mais duas grandes ocasiões para marcar, pelo Rafa e pelo Everton. Este surgiu de um canto marcado à maneira curta, com o Grimaldo a fazer um cruzamento muito semelhante ao que tinha dado o primeiro golo e surgindo três jogadores do Benfica na zona de finalização, sendo o toque final do Lucas Veríssimo com o peito. Depois do vendaval que foram estes minutos o Benfica foi fazendo algumas alterações e pareceu mais interessado em gerir o jogo até final, mas mesmo assim ainda criámos mais uma ocasião flagrante para o quarto golo, que seria também o terceiro do Seferovic, mas o suíço não acertou com a baliza quando estava em posição frontal. Das alterações feitas, achei que o Taarabt entrou particularmente destrambelhado (mesmo para aquilo que é habitual nele), voltei a gostar do Chiquinho, e nos minutos finais experimentámos outra vez o esquema de três centrais. Foi precisamente nesse período que a B SAD ressurgiu um pouco e ainda tentou o golo de honra tendo o Helton sido obrigado a uma boa intervenção para o evitar.
O homem do jogo é o Seferovic pelos dois golos, mas podia ter marcado outros tantos pois teve oportunidades para os fazer. Os outros destaques vão sobretudo para os defesas, o que é até estranho num jogo que dominámos e vencemos com alguma facilidade. O Grimaldo fez duas assistências e só não foram três porque o Pizzi não conseguiu concretizar o golo que ele lhe ofereceu. O Diogo Gonçalves parece estar a tomar conta da lateral direita, e o passe dele para o segundo golo do Seferovic foi excelente. A dupla de centrais esteve em bom nível e raramente perdeu um lance.
Três vitórias seguidas no campeonato já parecem um luxo nesta altura. Parece-me que em termos de processos defensivos o Benfica já conseguiu estabilizar minimamente a coisa - temos apenas um golo sofrido nos últimos seis jogos para o campeonato, e esse golo foi de penálti. Agora falta que o ataque comece a render regularmente aquilo que o valor dos nossos jogadores exige. Tivemos um vislumbre disso naquele período inicial da segunda parte, agora é esperar ver isso durante períodos mais prolongados e com maior consistência.
Um jogo quase sem história, tamanho foi o domínio do Benfica. Foi um jogo de sentido absolutamente único, no qual o dever de vencê-lo e passar à final foi cumprido, e onde acho que ficámos a dever-nos uma goleada, porque o domínio territorial do Benfica foi demasiado evidente para que produzisse apenas dois golos.
Foram dez as alterações na equipa - apenas o Lucas Veríssimo se manteve no onze. Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Nuno Tavares, Gabriel, Pizzi, Pedrinho, Cervi, Chiquinho e Gonçalo Ramos completaram a equipa. Pouco há a dizer sobre um jogo onde só deu Benfica, e o Estoril se limitou a defender. Acho que só vi o Estoril passar do meio campo com a bola controlada já bem depois de completado o primeiro quarto de hora, período que aliás foi o melhor do Benfica na primeira parte. O Benfica pressionou muito alto, impediu completamente o Estoril de jogar e mostrou muito dinamismo no ataque, com os jogadores em constantes torcas de posição que baralhavam as marcações. Mesmo quando o ritmo foi abrandando um pouco à medida que o tempo decorria, a superioridade do Benfica e o domínio no jogo mantiveram-se de forma incontestável, com as oportunidades a irem surgindo regularmente. Mas quanto a metermos a bola na baliza, isso já foi uma coisa mais habitual, ou seja, revelámos dificuldade em fazê-lo. Fizemos vários cruzamentos perigosos para a área, vários deles pelo Nuno Tavares, e fiquei com a sensação que nos faltou presença na mesma para dar sequência a essas bolas. Só mesmo à beira do intervalo é que o domínio foi efectivamente concretizado em vantagem no marcador, quando o Chiquinho aproveitou um erro crasso do Estoril quando tentava sair a jogar e deixou a bola num Gonçalo Ramos completamente à vontade na área, que depois concretizou com facilidade. Quanto ao Estoril, zero remates feitos na primeira parte ilustram o quão controlado foi o jogo por nós. A segunda parte foi ainda melhor, porque o domínio do Benfica foi ainda mais constante e as situações perigosas foram em maior número. O Estoril também deixou de fora vários habituais titulares e foi lançando-os durante a segunda parte, o que me pareceu que fez com que tentassem ser mais atrevidos e consequentemente dessem mais espaço na defesa e fossem apanhados em contrapé com transições rápidas mais frequentemente. Em termos atacantes, a produção do Estoril na segunda parte (e consequentemente, no jogo inteiro) ficou-se por um único remate, feito ainda bem de fora da área e à figura do nosso guarda-redes. O Benfica também foi mexendo na equipa e as alterações deram-nos maior presença na área, pelo que as situações de perigo foram sendo cada vez mais frequentes. Inevitavelmente chegámos ao segundo golo, mesmo a acabar o jogo. Uma recuperação de bola no meio campo permitiu uma transição rápida em superioridade numérica, e o Taarabt só teve que escolher a quem passar a bola. Foi para o Waldschmidt, que entrou na área ligeiramente descaído sobre a direita e à saída do guarda-redes finalizou de pé direito.
O Chiquinho deve ter sido o jogador que eu achei que melhor aproveitou a oportunidade. Esteve sempre muito em activo, teve ocasiões para marcar e emprestou dinâmica a quase todos os lances ofensivos da equipa. Mas acabou por ser uma exibição relativamente homogénea de toda a equipa.
Estamos de regresso à final da Taça, e já vai sendo altura de voltarmos a conquistar este troféu. Para já foram dois jogos consecutivos a ganhar, o que até tem sido uma raridade nos últimos tempos. Esperemos que seja possível manter a tendência contra o B SAD para podermos continuar a perseguir o objectivo do segundo lugar.
É caso para dizer 'finalmente'. No regresso a casa, o Benfica regressou também finalmente às vitórias depois de uma sequência horrível de jogos sem ganhar. Não foi, novamente, uma exibição isenta de erros, sendo irregular ao longo da partida, mas no cômputo geral a vitória é merecida, sobretudo pela exibição conseguida na segunda parte.
Com as indisponibilidades de última hora do Vertonghen e do Darwin a juntar-se à suspensão do Otamendi, o Benfica entrou em campo com uma dupla de centrais completamente nova: Lucas Veríssimo e Jardel. O Diogo Gonçalves manteve a titularidade na direita, as alas ficaram entregues ao Rafa e ao Everton, e na frente jogou a dupla Seferovic e Waldschmidt. O Benfica teve uma boa entrada no jogo, o que até nem é surpreendente. Pressão alta, tentativa de jogar em toda a largura do campo e velocidade no jogo deixavam no ar a possibilidade de que as coisas se alinhassem para o nosso lado. O Seferovic deu o primeiro aviso, num cabeceamento quase à figura do guarda-redes quando podia ter feito bastante melhor. Logo a seguir um grande remate em arco do Everton, à entrada da área, levou a bola a embater no canto superior da baliza. Só que esse lance acabou quase por ser o canto do cisne do Benfica na primeira parte, e estavam decorridos apenas cerca de dez minutos. A seguir a isso, passámos longos minutos sem fazer sequer um remate - basta reparar que chegámos ao intervalo com três remates feitos, quando dois deles foram aqueles que descrevi, ainda durante os primeiros dez minutos. O Rio Ave foi ganhando confiança e crescendo no jogo, tornando-se progressivamente mais perigoso, com as ocasiões de golo a começarem a acumular-se. O Helton teve uma boa intervenção a um remate perigoso de fora da área, logo a seguir acertou com uma bola no poste e a partir desse momento ficou definitivamente por cima no jogo, com o Benfica demasiado retraído e incapaz de controlar a grande mobilidade dos homens da frente de ataque adversária. Perto do intervalo o Helton voltou a negar o golo ao Rio Ave, desta vez num remate do Geraldes quase à queima-roupa, e logo a seguir um corte em esforço do Lucas Veríssimo quase deixou um adversário de baliza aberta, depois da defesa de recurso do Helton. O nulo ao intervalo era, honestamente, um resultado lisonjeiro para o Benfica. Claramente, muito teria que mudar na segunda parte se queríamos evitar mais um resultado desastroso.
A verdade é que mudou mesmo. O Benfica veio muito mais rápido e agressivo do balneário (depois de obrigado a uma espera mais prolongada pelo regresso do adversário) e logo nos primeiros cinco minutos já tinha feito tantos remates como em toda a primeira parte. Com o Weigl muito mais adiantado no terreno e o Waldschmidt e o Everton muito mais interventivos e movimentados, o Benfica conseguiu finalmente causar dificuldades ao Rio Ave como nunca o tinha feito durante os primeiros quarenta e cinco minutos. Infelizmente, também veio ao de cima a péssima capacidade de finalização que nos tem acompanhado ao longo de toda a época, começando o contador de ocasiões desperdiçadas a crescer, enquanto que o guarda-redes adversário ia também brilhando. Nem vale a pena começar a enumerar todas as ocasiões criadas, porque então nunca mais saía daqui, mas a perdida mais escandalosa de todas foi do Seferovic, que depois de (mais) uma recuperação de bola do Weigl em terrenos adiantados recebeu a bola completamente à vontade no interior da área, e acabou por rematar de forma a permitir a defesa do guarda-redes. Mas mesmo com tanto desperdício, as frequência com que criávamos situações de golo era tanta que inevitavelmente a bola acabou por entrar mesmo ainda antes de concluído o primeiro quarto de hora. Mais uma recuperação do Weigl, depois a transição foi bem conduzida pela esquerda pelo Grimaldo, que fez a bola chegar à entrada da área ao Everton, seguindo depois para o Seferovic. O suíço ainda complicou o lance com uma má recepção, mas num remate um bocado a meias com o defesa lá fez a bola entrar finalmente na baliza do Rio Ave. Ainda tivemos que passar pelo habitual crivo apertadíssimo do VAR que é aplicado nos jogos do Benfica (foram quase três minutos à espera) mas o golo valeu mesmo. Logo de seguida o Benfica mexeu, fazendo sair algo surpreendentemente o Waldschmidt e também o Taarabt, para entrarem o Chiquinho e o Pizzi. O Waldschmidt estava a ser dos melhores na segunda parte, mas a verdade é que o Benfica melhorou com as substituições, ganhando uma consistência no meio campo que o Taarabt não estava a conseguir dar. É importante também ressalvar que o Benfica não tentou defender a vantagem alcançada, e em vez disso continuou à procura de golos. E por isso o resto da segunda parte foi basicamente o Benfica a criar mais ocasiões de golo e a dar continuidade ao festival de desperdício. O Pizzi conseguiu falhar o golo com a baliza completamente aberta, na recarga a um remate do Seferovic, mas foi mesmo ele quem a pouco mais de dez minutos do final fez o golo da tranquilidade. Recuperação de bola do Weigl (quem mais?), bom passe para o Everton à entrada da área, e este amorteceu a bola para o remate do Pizzi, que saiu à figura do guarda-redes mas com bastante força, a suficiente para que a bola entrasse. Aliás o Pizzi podia perfeitamente ter acabado o jogo com o hat trick, pois ainda teve mais uma ocasião flagrante para voltar a marcar, atirando por cima quando estava em posição frontal dentro da área (só para continuar a tendência: a jogada começa numa recuperação de bola do Weigl).
Melhor jogador em campo: Weigl. Aliás, para mim é neste momento o melhor jogador do Benfica. Depois da desconfiança e críticas iniciais, está finalmente a mostrar a sua qualidade. O raio de influência dele é cada vez maior, o número de bolas que recupera é enorme, e é um jogador que parece sempre saber já o que vai fazer com a bola ainda antes dela lhe chegar aos pés. É raro o lance em que a bola não sai jogável dos pés dele. O Everton também fez um jogo positivo e acabou sendo o autor das duas assistências para os golos. Pena que aquele remate tenha ido embater no ferro, porque seria o golo da jornada. O Seferovic só não tem mais destaque porque pecou na finalização, como aliás é habitual, mas esteve em grande parte das jogadas de perigo do Benfica. E o Waldschmidt regressou muito bem para a segunda parte.
É apenas uma vitória, pode não significar muito mas era importante travar a tendência negativa. O jogo não foi isento de erros e poderia até ter corrido muito mal, se o Rio Ave tivesse concretizado alguma das ocasiões que construiu durante a primeira parte, quando esteve por cima no jogo. De positivo, a reacção da equipa na segunda parte - para variar não tivemos uma quebra notória de rendimento da primeira para a segunda parte e em vez disso fizemos o contrário - e as muitas situações de golo que conseguimos criar. O título é quase uma miragem, mas o segundo lugar não, e este tem especial importância. Esperemos que esta equipa consiga fazer uma fase final da época condigna, que nos permita alcançar esse objectivo.
bola nossa
-----
-----
Diário de um adepto benfiquista
Escolas Futebol “Geração Benfica"
bola dividida
-----
para além da bola
Churrascos e comentários são aqui
bola nostálgica
comunicação social
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.