Não eram esperadas tantas dificuldades, mas a vitória sobre o Tondela acabou por ter que ser arrancada a ferros, exigindo um grande esforço por parte dos jogadores e um emendar de mão por parte do treinador para dar a volta a um resultado negativo, com a recompensa a chegar quase em cima do final dos noventa minutos pelos pés de um herói improvável.
O Benfica mudou bastante em relação à jornada memorável de Eindhoven. A começar pelo sistema táctico, regressando ao 4-4-2. O onze titular foi praticamente novo, pois dele saíram sete jogadores: Gilberto, Otamendi, Morato, Weigl, Taarabt, Rafa e Yaremchuk. Os sobreviventes foram Vlachodimos, Grimaldo, Lucas Veríssimo e João Mário, e a estes juntaram-se o André Almeida, Vertonghen, Meïté, Pizzi, Everton, Gonçalo Ramos e Darwin. É certo que era um jogo em que teoricamente seríamos muito favoritos, mas confesso que torci o nariz ao ver tantas mudanças numa equipa que tem dado muito boa conta de si, para um jogo que tinha sempre alguma carga psicológica adicional pelo facto de nos podermos isolar no primeiro lugar - a época passada vimos a equipa falhar diversas vezes em cenários destes. Como que para reforçar a minha desconfiança, logo nos primeiros dez minutos o Pizzi já tinha feito o suficiente para ser considerado o pior em campo. Inúmeras perdas de bola, passes falhados, pontapés de canto inconsequentes e um cartão amarelo eram um péssimo cartão de visita. Apesar da posse de bola do Benfica ser simplesmente avassaladora, deu para perceber que iria ser um jogo chato. O Tondela veio à Luz com o tradicional cocktail do autocarro com antijogo, que começou a praticar desde o minuto inicial em qualquer reposição de bola - o guarda-redes Niasse conseguiu ser amarelado ainda na primeira parte por queimar tempo. E o Benfica revelava uma enorme falta quer de mobilidade dos jogadores do ataque, quer de velocidade na circulação da bola para conseguir desposicionar o autocarro. Por isso foram pouquíssimas as situações de finalização que conseguimos criar. Para complicar ainda mais este cenário tradicionalmente difícil, o Tondela marcou no primeiro remate que fez no jogo, pouco depois dos vinte minutos. Foi um remate cruzado desferido de um ângulo apertado e bem colocado ao poste mais distante pelo Salvador Agra, mas a responsabilidade quase total no golo é mesmo para o Vlachodimos, que não podia ser batido num remate desferido daquele ângulo. Se a bola entrou, é porque ele cobriu mal a baliza. Em desvantagem no marcador aumentou o nervosismo e a qualidade do nosso jogo em nada beneficiou com isso. O jogo pelas alas nunca funcionou: na esquerda o Grimaldo esteve sempre retraído e o Everton só sabe vir para dentro, contribuindo para o afunilar do jogo que o Tondela agradecia. Do outro lado, o Pizzi fazia mais ou menos o mesmo e o André Almeida acompanhava-o no sub-rendimento. A defesa do Tondela limitava-se quase a rechaçar os ataque do Benfica e a tirar a bola da zona defensiva, que era depois recuperada por nós na zona do meio campo mas demorávamos demasiado tempo (quase sempre o Meïté) a fazê-la circular, o que dava todo o tempo do mundo ao Tondela para se reagrupar e preparar para o ataque seguinte. Só quase em cima do intervalo é que obrigámos o guarda-redes do Tondela a uma intervenção mais difícil, num remate do João Mário.
Ao intervalo o JJ deve ter visto aquilo que toda a gente estava a ver, e fez de uma assentada três substituições que ganharam o jogo. Acho que ao longo dos muitos anos que acompanho o Benfica foram poucas as vezes em que concordei tanto com uma decisão de um treinador. Saíram o André Almeida, o Pizzi e o Meïté, entraram o Gilberto, o Rafa e o Weigl. E a diferença foi enorme, pois o Gilberto dinamizou muito a ala direita, o Rafa trouxe velocidade e desequilíbrios no ataque com as suas movimentações, e o Weigl deu capacidade de passe e distribuição de jogo no meio campo, permitindo até libertar mais o João Mário para apoiar o ataque. Logo na primeira jogada o Gilberto, de forma incrível, apareceu a cabecear por cima quando estava a meio metro da linha de golo. Foi o mote para uma presença muito mais constante do Benfica na área do Tondela e para ocasiões reais de golo começarem a surgir com frequência. O Niasse começou a evidenciar-se também por outros motivos que não a queima de tempo (com o amarelo, passaram a ser os colegas de equipa a ter que se atirar para o relvado e a lá ficarem enquanto não fossem assistidos) e negou o golo ao Gonçalo Ramos, ao João Mário e ao Grimaldo. O Tiago Martins e o VAR Hugo Macron fizeram vista grossa a um lance sobre o Rafa que seria penálti a favor de qualquer um dos suspeitos do costume - nada de novo, portanto: esta época vai ser mais do mesmo nesse aspecto particular. A troca do Darwin pelo Rodrigo Pinho nada acrescentou. Mas a resistência do Tondela acabou por começar finalmente a ruir a vinte minutos do final. Canto marcado de forma tensa pelo João Mário para a zona do primeiro poste, onde apareceu o Weigl a desviar de cabeça para o remate vitorioso do Rafa ao segundo poste, completamente solto. Às vezes dá jeito não marcar cantos à Pizzi, ou seja, em balão para a zona do segundo poste e normalmente a fugir da baliza. A partir daqui tínhamos quase meia hora (assumindo que o exagero de tempo que foi queimado pelo Tondela seria devidamente compensado, o que eu sinceramente duvido que acontecesse se o Benfica não estivesse em vantagem) para chegar à vitória. O Tondela fechou-se ainda mais e chegou a parecer que iriam conseguir mesmo controlar o resultado, mas a dois minutos dos noventa o Benfica chegou à merecida recompensa. Numa iniciativa do Gilberto pela direita, combinou com o João Mário e já dentro da área aproveitou um corte incompleto de um defesa do Tondela para, com um remate rasteiro, fazer a bola entrar bem juntinho à base do poste e provocar uma explosão de alegria acompanhada de um enorme suspiro de alívio.
Os três jogadores que entraram ao intervalo foram decisivos para esta vitória. Estiveram todos directamente envolvidos nos golos e trouxeram o abanão de que a equipa necessitava depois da má primeira parte. Dos que jogaram de início, o João Mário foi o melhor e esteve nas jogadas dos dois golos. O Pizzi esteve muito mal, e o Everton é um caso de estudo. Quando joga na esquerda, já toda a gente sabe o que vai acontecer quando a bola lhe chega aos pés. Sabe o público, sabem os colegas e sabem os adversários. Por mais que simule, tenta sempre fintar para dentro, por isso basta aos defesas acautelar essa possibilidade e em mais de 90% das vezes o resultado é a bola acabar a ser passada para trás, perdendo-se a jogada. Espera-se muito mais de um internacional brasileiro que era uma das figuras do Brasileirão.
O Benfica entrou nesta época num cenário muito complicado. Com o presidente detido, enfrentámos uma crise de liderança inédita. Os ataques ao clube vindos das mais diversas direcções, na tentativa de maximizar a instabilidade, têm sido constantes. Chegados ao final de Agosto na paragem para os compromissos das selecções, o que vemos é que o Benfica atingiu com sucesso o objectivo do empréstimo obrigacionista, dos oito jogos oficiais realizados venceu sete e empatou um, qualificou-se para a fase de grupos da Champions, e é líder isolado só com vitórias na Liga Portuguesa. Não era difícil pedir mais, era impossível. Por mais que nos tentem deitar abaixo, unidos nós sabemos e conseguimos ser sempre mais fortes. O regresso dos benfiquistas aos estádios são boas notícias para nós e péssimas para os nossos inimigos. Sentiu-se hoje e tem-se sentido em todos os jogos - contra o Gil Vicente, por exemplo, a sensação que tive foi que estivemos sempre a jogar em casa, e apesar das dificuldades sentidas hoje houve sempre uma enorme união entre o público e a equipa. Quem mais capacidade tem para nos deitar abaixo somos apenas e só nós próprios. E é por isso que se assiste a tanto esforço para constantemente nos desunir.
Um apuramento que se pode considerar heróico. Perante um cenário já à partida complicado tudo ficou ainda pior quando à meia hora de jogo ficámos reduzidos a dez, mas a equipa uniu-se e com enorme solidariedade arrancou uma exibição defensiva muito boa, conseguindo segurar o nulo no marcador até final e carimbar assim a importantíssima passagem para a fase de grupos da Champions League.
O nosso treinador surpreendeu um pouco com a opção pelo Taarabt no onze inicial, mudando ligeiramente o esquema táctico da equipa para um 5-3-2. O Morato manteve a titularidade, no meio campo formou-se um triângulo com o Weigl no vértice mais recuado a acompanhar quase sempre as movimentações do antigo colega Götze e o Taarabt e o João Mário a jogarem mais adiantados. Na frente, o duo de ataque foi formado pelo Yaremchuk, mais fixo, e o Rafa a jogar mais solto. Se se esperava um assalto do PSV à nossa baliza desde o início, não foi nada disso que se viu. O Benfica entrou em campo bastante tranquilo e o jogo foi equilibrado, com o PSV a não conseguir criar ocasiões de finalização em quantidade suficiente para nos deixar preocupados - lembor-me apenas de um remate à malha lateral. A melhor ocasião foi até do Benfica, que colocou vários jogadores em zona de finalização e viu a bola chegar até ao Rafa, que quase na pequena área viu o remate ser desviado no limite por um adversário e a bola passar por cima da baliza. Tudo mudou no entanto à passagem da meia hora, quando o Lucas Veríssimo viu um segundo amarelo perfeitamente escusado e foi naturalmente expulso. O Benfica enfrentava agora mais de uma hora de jogo em inferioridade numérica perante um adversário que ainda não tinha ficado em branco esta época. De forma algo surpreendente, o nosso treinador não reagiu de imediato da forma que seria mais esperada - a entrada do Vertonghen para recompor os três centrais - e em vez disso a equipa reorganizou-se e com grande espírito de entreajuda manteve uma solidez defensiva muito boa, conseguindo impedir que o PSV ameaçasse a nossa baliza com regularidade. Apenas enfrentámos uma situação mais complicada, numa iniciativa individual do Madueke, que conseguiu libertar-se e ficar na cara do Vlachodimos descaído sobre a esquerda, mas o nosso guarda-redes respondeu ao nível que exibiu sempre durante esta eliminatória.
Com a equipa a responder tão bem, já não foi tão surpreendente que no regresso do intervalo continuássemos sem alterações. E o jogo foi dando razão ao nosso treinador, porque apesar do PSV ir intensificando a pressão e tendo cada vez mais bola, o Vlachodimos não estava a ser incomodado frequentemente - o autêntico muro que a nossa equipa construiu à frente da sua área revelava-se muito difícil de ultrapassar, e a frustração dos ex-holandeses ia claramente aumentando com o passar do tempo. A entrada do Vertonghen acabou por efectuar-se por troca com o Taarabt, e pouco depois fizemos duas trocas directas para refrescar a equipa - Yaremchuk pelo Gonçalo Ramos e Gilberto pelo André Almeida. Foi por essa altura que o PSV teve a melhor ocasião em todo o jogo, quando o Morato teve talvez a única grande falha em todo o jogo e deixou escapar a bola quando a tentou controlar em zona proibida. No contra-ataque, o Zahavi apareceu à vontade na área para rematar à barra com o Vlachodimos já batido. O Benfica refez-se do susto e continuou a suster com relativa facilidade os ataques cada vez mais desesperados do PSV - depois de muito tempo a tentar furar pelo meio em tabelas curtas, começavam agora cada vez mais a recorrer aos cruzamentos largos para a área, que era quase sempre resolvidos com facilidade pelos nossos centrais. Novas trocas para refrescar a equipa a um quarto de hora do final, que à partida me deixaram um pouco preocupado: o Everton entrou para o lugar do Rafa, que estava a ser muito importante na ajuda ao Grimaldo para fechar o lado esquerdo, e o Meïté substituiu o amarelado João Mário - neste caso a minha preocupação era que o Jorge Jesus fizesse a substituição habitual e retirasse do campo o Weigl, que estava a fazer um grande jogo, mas felizmente não o fez. Pouco mudou no jogo, e durante o tempo que se jogou até final, incluindo cinco minutos de compensação, o PSV chegou por duas vezes à nossa baliza: a primeira num remate muito forte de fora da área do Ramalho, que saiu à figura do Vlachodimos, e depois a cinco minutos do final um duplo remate do Vertessen, que se tinha escapado pela esquerda, tendo o Vlachodimos correspondido com duas defesas. Frente a uma equipa com um potencial atacante grande e reduzido a dez, acho que o Benfica defendeu muito bem. Era impossível sermos perfeitos e evitar que o adversário não criasse qualquer ocasião de golo, mas conseguimos mantê-los geralmente longe da nossa baliza e reduzir o perigo a um mínimo bastante aceitável.
Acho que o destaque maior é mesmo a solidariedade defensiva da equipa, mas homens como o Vlachodimos, o Grimaldo, o Otamendi ou o Weigl fizeram um jogo de altíssimo nível e foram razões muito fortes para termos passado esta eliminatória.
Pela primeira vez esta época não marcámos qualquer golo e não vencemos um jogo, mas este empate foi tão saboroso como qualquer vitória. Nunca é demais realçar a importância estratégica deste apuramento, e o grande ímpeto motivacional que este resultado pode dar para o resto da época. Muitos houve que cantaram a nossa derrota assim que nos caiu em sorte o adversário mais forte que havia neste playoff, mas saíram-lhes as contas furadas e agora andarão ocupados a desvalorizar este PSV que tanto elogiaram anteriormente. Adoro quando o Benfica desilude esta gente. Agora, foco na liga e na quarta vitória consecutiva.
Uma vitória pela margem mínima que deixa tudo em aberto para a segunda mão. O resultado acaba por ser melhor do que a exibição, sobretudo na segunda parte, durante a qual não conseguimos manter o nível exibido na primeira e assim desperdiçámos uma vantagem mais confortável. Pelo menos como os golos fora já não contam como critério de desempate, o 2-1 final não é tão preocupante como seria anteriormente.
Foram feitas as alterações esperadas para este jogo, sendo o onze apresentado o mais previsível, no qual o Morato ocupou a vaga do indisponível Vertonghen. Perante um PSV que joga sempre de forma bastante ofensiva, colocando vários jogadores em zonas adiantadas, o segredo para os conseguir ferir passaria sempre por conseguirmos defender bem e depois fazer transições rápidas para o ataque, espreitando também as bolas paradas, onde eles parecem ter fragilidades. Chegámos cedo ao golo, aos dez minutos, precisamente numa transição e através do Rafa a passe do Yaremchuk, com um remate rasteiro cruzado que fez a bola entrar bem junto do poste. O PSV teve sempre mais bola, mas o Benfica soube quase sempre controlar o adversário e evitar que criasse ocasiões de finalização, sendo as maiores dores de cabeça dadas pelo extremo direito Madueke, que deu imensos problemas ao Grimaldo. A primeira parte não poderia mesmo ter corrido melhor, porque perto do final chegámos ao segundo golo. Na sequência de um pontapé de canto, o Otamendi fez o primeiro cabeceamento para o meio da área e depois de um ressalto a bola sobrou para o Weigl, que não teve qualquer dificuldade em finalizar. Dois golos de vantagem ao intervalo era perfeito, mas o nível da segunda parte não acompanhou o da primeira. Até entrámos bem e poderíamos ter chegado ao terceiro golo numa jogada entre o Rafa e o Grimaldo, mas o guarda-redes do PSV adivinhou bem o lance e foi buscar o remate do Rafa. Quase na resposta, o Otamendi teve um mau passe para o João Mário numa saída para o ataque e a equipa foi apanhada em contra-pé, ficando imediatamente numa situação de inferioridade numérica de três defesas para quatro adversários. O portador da bola flectiu para o meio e à entrada da área rematou entre três jogadores nossos, com a bola a desviar levemente no Otamendi e a entrar bem encostada ao poste. O Benfica ou acusou muito este golo, ou então estoirou fisicamente, porque a partir daí o jogo passou a ser praticamente todo do PSV. Não conseguimos sair uma vez que fosse em ataque organizado, sendo frequentes o simples pontapé para a frente. Em termos de duelos individuais, perdemos quase todas as bolas divididas, pelo ar ou pelo chão. As quatro substituições feitas de uma assentada a vintem minutos do final pouco alteraram o cenário - o 2-2 foi sempre um cenário mais provável do que o 3-1, e o mais perto que esteve de acontecer foi num desvio do Lucas Veríssimo que teria acabado em autogolo se não fossem os excelentes reflexos do Vlachodimos. Foi por isso foi com alguma satisfação que ouvi o apito final de um árbitro que voltou a deixar uma má imagem junto dos benfiquistas - entrou para o aquecimento debaixo de assobios e deixou o jogo debaixo de assobios.
Não consigo fazer grandes destaques na nossa equipa para além do Vlachodimos. Talvez o Rafa, por ter marcado um golo e por ser aquele de quem eu esperava sempre alguma coisa quando a bola lhe chegava em condições. O Veríssimo e o Otamendi não estiveram mal, mas este último fica marcado pelo lance do golo.
O mais importante é que partimos para a segunda mão em vantagem. Mas não creio que a estratégia para a segunda mão possa passar simplesmente pelo segurar desta magra vantagem, temos que jogar para marcar em Eindhoven se queremos passar este playoff. O PSV contava por vitórias todos os jogos disputados até agora e sai da Luz com esse registo estragado, enquanto que o Benfica mantém o registo perfeito. Nas últimas semanas o PSV foi-nos apresentado como a oitava maravilha do futebol, mas se a coisa correr de feição ao Benfica, estão agora a noventa minutos de serem considerados uma equipa perfeitamente banal.
Uma vitória sem qualquer contestação num jogo que já se previa desequilibrado logo à partida, e que cedo ficou ainda mais desigual. A exibição do Benfica fica no entanto marcada pelo desperdício extremo. Apenas dois golos marcados contra uma equipa recém-promovida que jogou mais de oitenta minutos reduzida a dez é um pecúlio muito escasso, sobretudo tendo em conta a quantidade de oportunidades criadas.
Foi seguida a lógica recente de dar prioridade ao apuramento para a Champions, e para um jogo em casa em que éramos teoricamente muito favoritos foram feitas sete mudanças no onze titular, num regresso ao 4-4-2. Os 'sobreviventes' foram o Vlachodimos, Otamendi, Pizzi e João Mário. Nos escolhidos para entrar na equipa, destaques para a titularidade do Morato na defesa e do Yaremchuk no ataque. Foi evidente desde o início ao que o Arouca vinha. Uma linha de cinco defesas, mais os médios completamente encostados à defesa e quase nenhuma vontade de arriscar sairt sem ser através de iniciativas individuais. Quando se deu o lance marcante do jogo, aos oito minutos, nem sei se o Arouca já tinha saído do seu meio campo. O lance a que me refiro foi a expulsão do guarda-redes do Arouca. O auxiliar assinalou fora de jogo ao Yaremchuk, mas como a jogada acabou com a bola nas mãos do guarda-redes, o árbitro não interrompeu o jogo. O guarda-redes no entanto achou que sim, e largou a bola. O Yaremchuk era o jogador do Benfica que estava mais perto da bola, mas até demorou algum tempo a aperceber-se do erro; foram mesmo os jogadores do Arouca que perceberam primeiro e começaram a correr na direcção da bola. Foi mesmo isso que deve ter chamado a atenção do Yaremchuk, que ainda foi a tempo de chegar primeiro à bola e assim obrigar o guarda-redes a jogá-la com a mão fora da área. Como o nome dele não é Vítor Baía, foi naturalmente expulso. No livre resultante, o Waldschmidt acertou na trave e na recarga, de baliza completamente aberta, o Everton acertou no poste. Um bom exemplo do desperdício que estaria presente no resto do jogo. Jogo que acabou por ser algo monótono, já que se resumia ao Benfica a circular a bola na tentativa de dar a volta à muralha do Arouca, nem sempre com a velocidade ou a objectividade que se exigia. Foi preciso esperar até aos trinta e oito minutos para vermos finalmente a bola entrar na baliza do Arouca. Deve ter sido provavelmente a primeira vez em todo o jogo em que o Arouca arriscou subir no terreno, para uma bola parada. O Benfica recuperou a bola, esta foi para o Yaremchuk que evitou a entrada de um defesa, entrou na área sobre a direita e colocou-se no meio na frente do Waldschmidt, que apenas teve que a empurrar. O segundo golo chegou pouco depois, já perto do intervalo, quando o Pizzi finalmente teve uma contribuição positiva para o nosso jogo e arrancou um bom cruzamento largo desde a direita para que o Yaremchuk aparecesse bem no meio da área a finalizar de primeira. Ainda foi preciso esperar longos minutos enquanto o VAR tentava encontrar o frame certo que lhe permitisse anular o golo, mas não o conseguiu e o golo valeu mesmo.
A segunda parte foi um misto de monotonia e frustração. Monotonia porque o jogo foi sempre a mesma coisa, com uma equipa completamente enfiada na sua área e a outra, melhor ou pior, a tentar fazer mais uns golos que dessem uma expressão mais justa ao resultado. Frustração pela enorme quantidade de ocasiões flagrantes de golo que criámos e que não conseguimos finalizar com sucesso. Mas ao menos foi um jogo perfeitamente descansado. Depois, acho que alguém deve ter apertado a equipa de arbitragem ao intervalo e lembrou-os que isto de decidir um lance polémico a favor do Benfica não se faz, por isso para compensar voltaram para a segunda parte firmes na sua convicção de tomar toda e qualquer decisão, por mais insignificante que fosse, contra o Benfica. O Arouca fez poucas faltas (apenas duas) durante o jogo também ajudado por isto, porque quando as faziam não eram assinaladas. Com o jogo mais do que decidido, apesar da crescente frustração pelos golos falhados, também aproveitámos para descansar jogadores, retirando o João Mário, Pizzi ou Yaremchuk, sendo de assinalar o regresso do André Almeida, cerca de dez meses depois da grave lesão que sofreu. É mais uma opção para a lateral direita, isto numa altura em que o Gilberto, que já foi por diversas vezes dado como praticamente dispensado, parece estar a atravessar o seu melhor momento desde que está no Benfica. No jogo, vimos o Waldschmidt atirar por cima com a baliza completamente aberta, o Gonçalo Ramos acertar no poste quando tinha tudo para marcar, e mesmo antes de ser substituído, o Waldschmidt fazer o seu segundo golo no jogo. Depois de larguíssimos minutos de análise, de forma incompreensível, o VAR decidiu-se por anular o referido golo. Para mim pareceu mais do que evidente que a bola chegou aos pés do Waldschmidt vinda de um corte de um jogador do Arouca, o que obviamente impedia que pudesse ser considerado o fora de jogo. Mas não sei de que forma é que o VAR chegou à conclusão que não seria esse o caso, e portanto lá foi anulado um golo. Começamos esta época como fizemos toda a época passada, com o VAR a decidir sistematicamente contra o Benfica (já com o Moreirense foi o mesmo) mesmo que por vezes essas decisões sejam muito difíceis de compreender.
O Yaremchuk foi o homem do jogo. Sobretudo na fase inicial foi apanhado algumas vezes em posição irregular (teve concorrência feroz do Pizzi nesse aspecto) e falhou algumas vezes o controlo da bola quando estava bem colocado, mas foi ele quem provocou a expulsão do guarda-redes do Arouca, fez a assistência para o primeiro golo e marcou o segundo. Foi portanto o jogador com maior influência no resultado. Gostei de ver o Morato jogar como joga na equipa B, agressivo na marcação e a tentar quase sempre jogar na antecipação. Parece-me ser mais uma opção válida para aquela posição.
Quatro vitórias nos primeiros quatro jogos é um bom registo, e queremos que seja para continuar já no próximo jogo com o PSV. Esta eliminatória poderá definir muito daquilo que será a nossa época, porque uma eliminação e consequente exclusão da fase de grupos da Champions, para além do rombo financeiro que significa, dará também imenso combustível aos críticos para passarem o resto da época a massacrar a equipa de forma a alimentar a instabilidade o mais possível. Apesar da Champions ser uma prova da qual não gosto e que raramente me desperta grande interesse, nos tempos actuais é fundamental marcarmos presença.
Foi um apuramento tranquilo para o playoff da Champions, depois de mais um jogo no qual a superioridade do Benfica nunca esteve em causa. Repetimos o resultado da primeira mão e parece-me que se ajusta bem ao que se passou em campo, porque se é verdade que fomos muito superiores, também me pareceu que nem forçámos muito no ataque e por isso não criámos assim tantas situações de perigo que justificassem um resultado mais dilatado.
Uma alteração no onze da primeira mão, com o Gonçalo Ramos no lugar do Seferovic, e em relação ao jogo em Moreira de Cónegos o regresso de vários jogadores que tinham sido poupados - Grimaldo, Weigl, João Mário, Pizzi e Rafa. O jogo tem muito pouca história, porque apesar de precisar de dar a volta ao resultado, o Spartak veio à Luz apenas para defender e pouco mais. Teve quase sempre os jogadores atrás da linha da bola, muito juntos perto da sua área, e arriscou muito pouco no contra-ataque. A posse de bola do Benfica andou sempre por volta dos 70%, mas como até nem era preciso forçar muito vimos muitas trocas de bola sem que se tentasse atacar a baliza de forma consistente. Muitas vezes libertávamos os laterais pelas alas apenas para estes fazerem depois a bola regressar ao meio campo em vez de tentarem o cruzamento, até porque não havia muita presença nossa na área. Um aspecto positivo foi a forma eficaz como o Benfica conseguiu quase sempre pressionar alto e recuperar a bola, o que contribuiu também para que o Spartak fosse quase inofensivo no ataque. A sensação com que ficava ao intervalo era mesmo que, mais golo menos golo, a eliminatória já estava ganha mesmo que o Benfica não conseguisse marcar, porque de maneira alguma conseguia ver ao Spartak capacidade para fazer dois golos na Luz. Os nossos golos, esses acabaram mesmo por aparecer na segunda parte. O primeiro aos cinquenta e oito minutos pelo João Mário, na recarga à entrada da área a um primeiro remate do Rafa depois de uma boa jogada colectiva da equipa. O segundo já em período de compensação, num autogolo às três tabelas depois de uma tentativa de remate to estreante Yaremchuk ter feito a bola bater num defesa, ir tabelar noutro e encaminhar-se para a baliza. Deu uma expressão mais bonita ao resultado e deu motivos para o finalmente regressado público às bancadas da Luz festejar. E o Benfica é muito mais Benfica com público nas bancadas; mesmo com apenas um terço da lotação o ambiente é completamente diferente, sendo de realçar que houve um apoio constante à equipa. As saudades que a equipa tem de nos ver e sentir na bancada são tão fortes como as que nós temos de os ver ao vivo dentro do campo.
O João Mário voltou a ser um dos destaques da equipa e parece ter-se integrado sem qualquer dificuldade no esquema táctico desejado pelo nosso treinador. Numa comparação directa com o Taarabt, que fazia as mesmas funções a época passada, perdemos alguma velocidade, mas o número de perdas de bola a meio campo devido a passes falhados diminui drasticamente. Gostei do jogos dos nossos laterais, e também do Rafa, que é neste momento o jogador de quem podemos esperar mais acelerações e desequilíbrios sempre que recebe a bola.
Segue-se o PSV como último obstáculo à entrada na Champions. À partida será um adversário mais difícil, mas o Spartak também era apontado como um adversário temível devido aos resultados que tinha conseguido na pré-época e foi o que se viu. Antes disso, regresso dos jogos da Liga com público à Luz já no próximo sábado, frente ao Arouca, num jogo em que imagino que voltaremos a ver mais de meia equipa a ser mudada.
Pontapé de saída para mais uma época do futebol nacional e felizmente entrámos com o pé direito. Acabou por ser um jogo mais atribulado do que seria necessário, para não variar por culpa própria, mas no final o mais importante foi regressar de Moreira de Cónegos com os três pontos na bagagem.
Depois da boa imagem deixada a meio da semana em Moscovo, foram seis as alterações no onze para esta partida - duas delas forçadas devido à indisponibilidade do Seferovic (lesionado) e do João Mário (suspenso). O esquema táctico voltou a ser o dos três centrais, o que era mais ou menos expectável - creio que sempre que tivermos estes três centrais disponíveis, eles irão jogar. Resumindo, por comparação com a equipa inicial de Moscovo entraram no onze o Gil Dias, Meïté, Taarabt, Everton, Waldschmidt e Gonçalo Ramos, e de fora ficaram o Grimaldo, Weigl, Joao Mário, Rafa, Pizzi e Seferovic. Todas estas alterações não impediram o Benfica de entrar no jogo a mandar completamente no mesmo. Pressão sobre o adversário e muita superioridade no meio campo, onde o estreante Meïté veio acrescentar uma componente física que até agora estava pouco presente, significaram um jogo quase de sentido único, e os resultados disso chegaram cedo. Foi logo aos nove minutos que, na sequência de um canto, o Lucas Veríssimo aproveitou a confusão na área que se seguiu para cabecear para o golo. Não houve abrandamento da parte do Benfica e dez minutos depois chegou o segundo: um óptimo passe do Lucas Veríssimo lançou o Diogo Gonçalves pela direita, a defesa do Moreirense não conseguiu aliviar a bola saída do cruzamento, e o Waldschmidt aproveitou a sobra para colocar a bola no fundo da baliza. Dois a zero ainda antes dos vinte minutos de jogo e domínio absoluto levavam a acreditar que teríamos uma tarde tranquila. Mas se há algo que nunca muda no Benfica é a tendência para o masoquismo. À meia hora de jogo, naquele que deve ter sido o primeiro ataque do Moreirense em todo o jogo, abriu-se uma cratera na nossa defesa por onde o Rafael Martins entrou e, com toda a tranquilidade, tirou o Vlachodimos do caminho e fez o golo. Animado pelo golo, logo a seguir o Moreirense teve mais um remate a levar algum perigo, que obrigou o Vlachodimos a aplicar-se. Mas o Benfica tinha o controlo do jogo e depressa voltou a levar perigo à baliza adversária, com remates do Gonçalo Ramos e do Waldschmidt, tendo o primeiro inclusivamente acertado na trave. A vantagem mínima com que chegámos ao intervalo era claramente magra para a superioridade que exibimos durante a primeira parte.
De qualquer maneira não havia motivos para grande preocupação, porque estávamos a ser tão superiores que não era crível que o Moreirense conseguisse fazer-nos passar por particulares dificuldades. Só que pelos vistos resolvemos entrar no campeonato com uma exibição de vários dos 'greatest hits' a que esta equipa já nos habituou. Para além dos clássicos 'desperdiçar e não aproveitar para matar um jogo' e do 'vamos conceder um golo na primeira ocasião do adversário', acrescentámos-lhe 'vamos ver de que forma conseguimos complicar ainda mais um jogo que está ganho'. A solução encontrada foi uma expulsão perfeitamente disparatada (e justíssima) do Diogo Gonçalves, numa entrada por trás ao tornozelo do adversário, junto da linha lateral e ainda no meio campo do Moreirense. Não havia qualquer justificação para uma entrada daquelas, e revistas as imagens pelo VAR era óbvio que o lance só poderia resultar em expulsão. O Benfica reagiu imediatamente com as entradas do Gilberto e do Weigl para os lugares do Waldschmidt e do já amarelado Taarabt (o alemão viu imediatamente o amarelo num lance em que é ele quem sofre falta primeiro) e a partir daqui o jogo foi basicamente esperar pelo final para garantir os três pontos - faltava ainda mais de meia hora para os noventa. Objectivamente, houve maior pressão da parte do Moreirense porque passaram a ter bola, coisa que raramente aconteceu enquanto estiveram onze para onze, e o Benfica desapareceu no ataque. Acho que este pormenor deve merecer atenção da nossa parte - e o nosso treinador mencionou-o no final. Ficar reduzido a dez é obviamente uma desvantagem, mas dada a tamanha superioridade do Benfica no jogo até então, não se justifica que tenhamos sido incapazes de criar qualquer perigo no ataque a partir daí. Fomos quase sempre incapazes de construir saídas minimamente organizadas em contra-ataque, que pudessem manter o Moreirense de sobreaviso e os impedissem de se balancear completamente para o ataque. Tínhamos obrigação de fazer um pouco mais e melhor, mesmo nestas condições adversas. Mas em termos concretos, a nossa vitória raramente esteve sob grande ameaça. Durante os cerca de quarenta minutos em que jogou em superioridade numérica (foram dados oito minutos de compensação) e apesar da vantagem na posse de bola, o Moreirense apenas criou uma ocasião de maior perigo, quando conseguiu libertar um jogador pelo lado esquerdo da nossa defesa e obrigou o Vlachodimos a uma defesa mais apertada. De resto, o Benfica foi mantendo o perigo longe da sua baliza com alguma eficácia.
O maior destaque neste jogo foi o Lucas Veríssimo. Marcou o primeiro golo, fez o passe que deu início à jogada do segundo golo, e na defesa esteve praticamente inultrapassável. Ganhou todos os duelos, quer pelo chão, quer pelo ar, e aventurou-se frequentemente em terrenos mais adiantados, aparecendo bem dentro do meio campo adversário a recuperar bolas em antecipação. Foi uma óptima contratação que o Benfica fez em Janeiro passado, e parece-me que temos nele um digno sucessor do Luisão. O Meïté mostrou bons pormenores e deverá ser um jogador muito útil para dar mais músculo no meio campo, acrescentando também argumentos no jogo aéreo. Além disso não parece ser propriamente um tosco. Bom jogo também do Gonçalo Ramos, que trabalhou muito e a quem só ficou a faltar um golo.
Duas vitórias nos dois primeiros jogos oficiais da época é algo que até é raro no Benfica com o Jorge Jesus. Pode ser um bom augúrio - eu gostei do que vi em Moscovo, e também do que vi ontem até à expulsão. Ainda há obviamente muito a corrigir, e jogadores a integrar mais e melhor na equipa, mas parece-me que temos mais soluções do que o ano passado. Até ver, acho que no entanto continuamos com um problema do lado esquerdo da defesa, já que o Gil Dias não me convence como alternativa ao Grimaldo. O que me parece normal, já que não me recordo de o ter visto alguma vez jogar como lateral esquerdo. Pode ser uma questão de adaptação às novas funções, mas se houver tempo e oportunidade até ao fecho do mercado, investir num jogador para essa posição era capaz de ser uma boa opção.
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