VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Sábado, 30 de Outubro de 2021

Incompetência

Dois pontos perdidos que significam a perda da liderança, num jogo que não vencemos por incompetência pura. Entrámos no jogo a ganhar, o Estoril não teve uma ocasião de golo digna desse nome durante os noventa minutos, e depois não soubemos resolver o jogo a tempo e acabámos punidos por um golo do empate literalmente caído do céu.

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Onze habitual com a novidade do lado direito ter sido entregue ao Radonjic. Entrámos bem no jogo e antes de se completarem dois minutos já estávamos em vantagem: canto marcado do lado esquerdo pelo João Mário e o Lucas Veríssimo a cabecear para o golo. O mais difícil estava feito, já que o Estoril é uma equipa que normalmente defende bem e defende muito. Com a vantagem madrugadora, o Benfica conseguiu então controlar sempre o jogo sem grande dificuldade, sem que o Estoril fosse capaz de construir uma única situação de maior aperto para o Vlachodimos. Mas no que diz respeito ao ataque, voltámos a mostrar extrema incompetência. Fiquei desde logo com a sensação de que seria muito difícil matar o jogo de uma vez por todas e que a vantagem mínima estaria para durar, com os consequentes perigos que isso acarreta. Foi particularmente exasperante a progressiva incapacidade para fazermos transições ofensivas bem feitas. Ou os jogadores se agarravam demasiado à bola e o passe não saía, ou quando o passe saía, era mal feito, ou a opção de passe tomada era a errada. O Darwin sobre a esquerda foi simplesmente inútil, pois sempre que a bola lhe chegava o ataque parava e ele acabava a vir para dentro com um de dois desfechos possíveis: ou a perda da bola, ou um passe para trás quando já toda a equipa do Estoril se tinha reposicionado no terreno. Na direita, o Radonjic mostrava vontade mas praticamente todos os cruzamentos que tentou saíram-lhe mal. Isto não mudou na segunda parte, e as alterações feitas pelo nosso treinador pouco ou nada mudaram. Tivemos sempre mais bola, passámos mais tempo no ataque, mas o golo que colocaria um ponto final no jogo nunca surgiu. Depois vimos o cenário habitual nestas situações, em que à medida que o final do jogo se aproxima a outra equipa começa a acreditar que é possível ir buscar um ponto num jogo em que pouco ou nada fizeram. Já que em jogo corrido o Estoril era praticamente inofensivo, começaram a acumular-se os lances de bola parada nos quais aproveitavam uma falta em qualquer parte do nosso meio campo para despejar a bola para a área. Em termos de arbitragem, a coisa também começou a ter a tendência para se apitar sempre tudo a favor do Estoril e nada a nosso favor, e já sobre o final do jogo foi dado um lançamento de linha lateral ao Estoril no qual a bola claramente nos pertencia. Nós ficámos a reclamar, o Estoril marcou rapidamente e conseguiu ganhar um canto, na sequência do qual chegou ao golo de uma forma muito semelhante à do nosso golo. Não é uma questão de ser pessimista, mas era muito previsível que acabássemos por ser punidos desta forma.

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O melhor jogador do Benfica foi o Lucas Veríssimo, porque marcou o golo, tentou subir ao ataque sempre que possível, e limpou a grande maioria das bolas que o Estoril teimava em despejar para a área.

 

Desde a derrota muito injusta contra o Portimonense que me parece que a nossa equipa entrou numa espiral negativa incompreensível. Somos psicologicamente tão fracos assim que ao primeiro contratempo vem tudo abaixo? Já na quarta-feira conseguimos deixar o adversário empatar um jogo no qual também entrámos praticamente a ganhar e estivemos por duas vezes com dois golos de vantagem. Desde esse famigerado jogo com o Portimonense que não fizemos uma exibição convincente e que a nossa defesa passou a mostrar-se muito mais permeável. Conforme já escrevi, temo que a mentalidade negativa que a um dado momento da época passada caiu sobre a equipa e que acabou por nos custar tudo esteja de volta. E é preocupante que não saibamos resolver este problema.

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publicado por D'Arcy às 21:14
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Segunda-feira, 25 de Outubro de 2021

Indolente

Foi já depois da hora que a vitória nos caiu no colo e permitiu manter o primeiro lugar da tabela, depois de um jogo francamente desinspirado da nossa equipa que poderia perfeitamente ter acabado muito mal.

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Na ressaca do Bayern, entrámos em campo quase com a mesma equipa, sendo a única alteração a entrada do Diogo Gonçalves para o lugar do André Almeida na direita. Passando directamente ao jogo, a primeira parte do Benfica foi lamentável. Rapidamente me apercebi que estávamos a assistir ao que de pior tinha visto esta equipa fazer diversas vezes a época passada. Jogadores sem chama, a jogar quase a passo, circulação de bola sem objectividade ou velocidade, repetindo diversas vezes aquela rotina fantástica de levar a bola até às imediações da área adversária para depois fazer a bola voltar para trás e recomeçar todo o processo sem que se tentasse sequer um passe de ruptura, um cruzamento ou um remate, tudo feito com uma tranquilidade tal que me levou a duvidar se a minha televisão não estaria avariada, e em vez do resultado de 0-0 que mostrava o Benfica estaria na verdade já tranquilamente na frente do marcador e portanto estava já a gerir o resultado. Um exemplo concreto disto é o facto do primeiro remate do Benfica no jogo ter sido feito aos 31 minutos de jogo. Foi, por sinal, um grande remate do Diogo Gonçalves e que até poderia ter dado golo, valendo ao Vizela a grande defesa do seu guarda-redes, mas é inadmissível fazer-se o primeiro remate apenas ao fim de tanto tempo num jogo em que era obrigatório ganhar, de forma a manter a liderança. Antes disso já o Vizela tinha dado bastantes mais sinais de perigo, que incluíram mais um exemplo da atitude indolente com que os nossos jogadores pareciam estar a abordar o jogo, quando o Vlachodimos demorou tanto tempo a aliviar uma bola que permitiu a intervenção de um adversário, sendo depois obrigado a uma boa intervenção para evitar o golo. Nada justifica uma primeira parte tão fraca da nossa parte, nem mesmo um eventual cansaço causado pelo jogo da Champions.

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Na segunda parte tentámos atacar mais, mas a qualidade continuou a faltar. Acho que a melhor jogada que conseguimos foi quando o Rafa conseguiu libertar o Diogo Gonçalves para fazer um cruzamento largo da direita que foi encontrar o Darwin sozinho ao segundo poste, para este cabecear de forma a permitir uma defesa mais apertada ao guarda-redes, mas ele estava tão à vontade que acho que tinha obrigação de ter finalizado bem melhor. É verdade que houve um bocado mais de velocidade no nosso jogo, mas isso não se traduziu numa melhoria visível nem na percepção de que o golo estaria mais perto. Fomos lançando jogadores mais ofensivos - abdicámos dos laterais para colocar o Everton e o Radonjic nas alas, por exemplo - depois foram também lançados o Pizzi e o Taarabt, mas a produção ofensiva continuava a ser escassa e era até o Vizela, nas cada vez mais raras saídas para o ataque, quem conseguia dar a sensação de estar mais próximo de chegar ao golo. A jogada de maior perigo que criámos foi um golo anulado ao Rafa, a oito minutos do final. Sobre este lance, gostaria de perceber exactamente que regras é que andamos a seguir. O Radonjic remata e um defesa do Vizela tenta claramente o corte, com a bola a ressaltar neste e a seguir para o Rafa, que estava adiantado e marcou. A questão é que ainda recentemente tivemos um exemplo bem menos flagrante, na final da Liga das Nações entre a França e a Espanha, em que um golo foi validado e toda a gente se apressou a dizer que a regra era estúpida mas que face à mesma o golo tinha sido bem validado. Por isso mesmo não sei até que ponto é que o nosso golo ontem terá sido bem anulado. E já que estamos na questão de arbitragem, digo também que me ri quando o árbitro transformou um penálti sobre o Lucas Veríssimo, no qual ele é pontapeado por um defesa dentro da área do Vizela, numa falta ofensiva contra nós. Eu já perdi a conta aos penáltis assinalados a favor dos nossos adversários por lances bem menos descarados do que este. Voltando ao jogo, foram dados sete minutos de compensação dado que os jogadores do Vizela já há bastante tempo que andavam a ser atacados por maleitas que os deixavam prostrados (e inclusivamente os dois primeiros minutos do tempo de compensação foram gastos em mais uma destas situações). Mas durante este período extra de forma alguma parecia ser provável que o Benfica marcasse, porque a bola esteve quase sempre na posse do Vizela, e em zonas próximas da nossa área. Mas já mesmo sobre a hora, e quando o Vizela em vez de manter a posse de bola tentou sair para o ataque, uma escorregadela deixou-a na posse do Radonjic, que soltou o Pizzi na direita para que este fizesse um cruzamento milimétrico que permitiu ao Rafa surgir na área para se antecipar à defesa e dar-nos os três pontos.

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Difícil fazer destaques na mediania geral que foi o nosso jogo, por isso escolho o Rafa por ter sido o autor do golo e por ainda ter conseguido dar alguns raros safanões no ataque. O Radonjic entrou bem no jogo e trouxe alguma verticalidade que estava a faltar.

 

Acho que sobre este jogo só posso mesmo dizer que literalmente nos safámos. Não jogámos aquilo que se exigia para reagir à pesada derrota com o Bayern, e pareceu-me que a nossa equipa não compreendeu o quão importante era este jogo em termos psicológicos. Não ganhar significaria a perda da liderança e sermos ultrapassados pelos dois rivais mais directos, com a consequente dose de motivação que daí viria. Isto para não falar da possibilidade de assanhar ainda mais a matilha que ronda o Benfica em busca de uma crise. Por isso irritou-me de sobremaneira a atitude indolente com que o Benfica entrou neste jogo, oferecendo mais uma vez uma parte ao adversário, para depois ter que andar a correr atrás do prejuízo com o tempo a escassear. Este tipo de mentalidade foi um dos principais motivos para os insucessos da época passada, e é preocupante vê-la regressar.

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publicado por D'Arcy às 10:31
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Quinta-feira, 21 de Outubro de 2021

Derrocada

Resistimos durante setenta minutos, mas acabámos por sucumbir frente a uma equipa que nos é (muito) superior em todos os aspectos. A possibilidade de um resultado positivo era à partida muito remota, mas depois de termos conseguido aguentar aquele tempo foi pena termos claudicado com estrondo no período final da partida.

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Apresentando um onze previsível no qual a presença do André Almeida na direita foi talvez o único pormenor mais inesperado, desde o apito inicial que se assistiu ao cenário esperado. O Bayern completamente por cima no jogo, com o Benfica a tentar resistir para depois explorar algum contra-ataque através da velocidade do Rafa ou do Darwin. O Bayern não tem apenas muito bons jogadores, como acontece com outras equipas fortes. Eles próprios como equipa são muito fortes. A pressão que exercem sobre o adversário quando este tem a bola torna muito difícil fazer o que quer que seja: um ou mais jogadores caem em cima do portador da bola e os outros cortam-lhe quase todas as linhas de passe mais óbvias - cheguei a ver defesas nossos com a bola a serem pressionados de tal forma que nem sequer tinham a possibilidade de se voltarem para trás para atrasar a bola ao guarda-redes, porque essa linha de passe também estava cortada. A forma como cada jogador parece saber que zona deve ocupar sem bola, como antecipar o apoio que um colega deverá precisar faz com que seja quase impossível apanhá-los descompensados. Por isso o Benfica teve muito pouca bola, e quando tentava sair de forma organizada acabava por ter que recorrer quase sempre a uma bola longa na tentativa que o Yaremchuk a conseguisse ganhar para depois a endossar ao Rafa ou ao Darwin. Logo aos dois minutos apareceram três jogadores do Bayern sozinhos em frente ao Vlachodimos, que fez uma defesa estrondosa mas o lance acabou anulado por fora-de-jogo que deve ter sido tirado mesmo no limite - aliás, o fora-de-jogo deve ter sido a arma mais eficaz que tivemos para travar o Bayern durante muito tempo. Mas o jogo era quase de sentido único e sentia-se que o melhor que poderíamos fazer era aguentar o mais possível e esperar por um lance fortuito que nos favorecesse. Pela direita da nossa defesa o Coman fazia o que queria do André Almeida e entrava por aquele lado como queria - estar ali alguém ou não pouca diferença fazia, o que se comprovou quando o André Almeida saiu lesionado ainda na primeira parte e o Coman continuou a fazer exactamente o mesmo com o Diogo Gonçalves pela frente. O lance fortuito até aconteceu mesmo, quando o Darwin sobre a esquerda conseguiu ganhar o duelo individual ao Süle (talvez o elo mais fraco do Bayern devido à falta de velocidade) e fez um remate cruzado que se calhar na maioria dos casos daria golo, mas na baliza estava o Neuer e isso fez toda a diferença. Não foi esse lance que intimidou o Bayern, que continuou sempre muito por cima e a criar ocasiões de perigo, chegando mesmo a introduzir a bola na baliza já quase sobre o intervalo, mas o lance foi anulado pelo VAR porque o Lewandowski tinha utilizado o braço para marcar.

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Na segunda parte, mais do mesmo, com o Bayern logo aos dois minutos a criar mais uma grande ocasião de perigo, num remate do Pavard que o Vlachodimos desviou para os ferros da baliza. Pouco depois, a bola voltou a entrar na nossa baliza, mas o VAR voltou a salvar-nos ao detectar a posição irregular do Coman no início da jogada, antes dele fazer a assistência. Logo a seguir foi o Muller a acertar mais uma vez no ferro, mas o lance acabou por ser invalidado por fora-de-jogo. Com o Bayern sempre por cima, voltámos a criar uma rara situação de perigo numa saída para o contra-ataque na qual o Rafa conseguiu libertar o Diogo Gonçalves para subir pelo seu lado. Junto à área ele flectiu para dentro e de pé esquerdo fez um bom remate cruzado que mais uma vez poderia ter dado golo, não estivesse o Neuer na baliza. Teve pouco trabalho, mas das poucas vezes que foi chamado foi decisivo - e a segurança que mostra a sair da área e a jogar com os pés é também excepcional, permitindo sempre ao Bayern fazer superioridade na zona defensiva para trocar a bola e assim dar a volta às nossas tentativas de pressionar a saída de bola deles. A meio da segunda parte o Bayern retirou o lateral direito Pavard para colocar o Gnabry daquele lado, e foi de imediato previsível que aquilo que o Coman andava a fazer pelo lado direito da nossa defesa, o Gnabry viria agora fazer também para o outro lado. O canto do cisne do Benfica no jogo aconteceu pouco depois numa arrancada do Yaremchuk pela direita, em que conseguiu aguentar as cargas do Upamecano até entrar na área e depois fazer um remate cruzado em esforço, com a bola a passar muito perto do poste. Depois veio o pior. A vinte minutos do final o Otamendi fez uma falta desnecessária sobre o Lewandowski em zona proibida e o Sané, que na primeira parte já tinha tido um livre naquela zona que atirou para a bancada, desta vez marcou-o de forma irreprensível e fez cair finalmente a nossa resistência. Talvez como reacção à entrada do Gnabry o nosso treinador decidiu fazer entrar o Everton para aquele lado, substituindo o Yaremchuk e deslocando o Darwin para o meio. O resultado foi péssimo, porque o Darwin pareceu ser muito mais eficaz a estancar aquele lado do que o Everton, e acabámos por sofrer mais três golos que nasceram todos por ali. Três minutos depois de entrar, o Everton fazia autogolo, ao desviar de cabeça um cruzamento do Gnabry feito sobre a linha de fundo. O autogolo pode acontecer a qualquer um, o que o Everton fez de errado naquela jogada foi o péssimo acompanhamento defensivo ao Gnabry - ainda o passe não tinha sido feito para ele e já o Everton estava parado de braço no ar, em vez de marcá-lo. Depois fizemos três substituições de uma assentada - saíram o Rafa, o Darwin e o João Mário para entrar o Gonçalo Ramos, o Pizzi e o Taarabt e o descalabro consumou-se. Entendo que os jogadores em questão já deveriam estar esgotados, porque é muito difícil aguentar o ritmo que o Bayern impõe no jogo, mas sobretudo com a saída dos dois da frente perdemos os jogadores que ainda poderiam manter o Bayern em algum sentido. Pior ainda, entraram o Taarabt e o Pizzi - juro que o comentário que fiz na altura foi mesmo 'Com o Taarabt e o Pizzi em campo eles ainda conseguem chegar aos quatro'. E foi isso mesmo que aconteceu. Não que ache que estes jogadores tenham tido influência directa nos golos, simplesmente acho que se já é muito difícil jogar contra o Bayern, com jogadores que têm a intensidade e disciplina táctica destes dois tudo se torna ainda mais difícil. Aos quatro chegaram mesmo, marcando dois golos com excessiva facilidade em que apareceram em superioridade numérica bem no centro da área, em lances criados pelo lado esquerdo da nossa defesa.

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Os nossos jogadores lutaram enquanto puderam e não os podemos acusar de não terem dado tudo. Na minha opinião o Rafa e o Darwin foram dos melhores, e o Vlachodimos fez o que podia, sem ter quaisquer hipóteses nos golos sofridos.

 

De uma forma fria, empatar ou perder significaria exactamente o mesmo no que diz respeito às contas para o apuramento. Estas resumem-se a vencer o Dínamo em casa e a não perder em Barcelona, assumindo que ninguém conseguirá fazer frente a este Bayern e tirar-lhes pontos. Mas um empate, ou mesmo uma derrota por números menos expressivos, contra o Bayern teria um efeito psicológico importante. Em vez disso tivemos uma derrocada nos minutos finais que pode ser preocupante e que importa esquecer rapidamente. Foi bom voltar a estar no Estádio da Luz praticamente cheio e sentir o apoio constante dos adeptos à nossa equipa, que não esmoreceu sequer com o avolumar do resultado. Acho que toda a gente reconheceu que os nossos jogadores deram o que tinham, simplesmente o Bayern é de outro planeta, e por isso mesmo o aplauso à equipa no final. Agora é mesmo muito importante limpar as cabeças para o próximo jogo e regressar rapidamente ao caminho das vitórias.

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publicado por D'Arcy às 12:46
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Quarta-feira, 6 de Outubro de 2021

Absurdo

Um resultado absurdo num jogo igualmente absurdo, no qual o Benfica acabou fortemente penalizado pela falta de eficácia (e também de sorte) na finalização, e onde o Portimonense acabou por sair com três pontos que pouco fez por justificar.

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Começando com um onze no qual, em relação ao que tinha defrontado o Barcelona, apenas se registou a troca forçada do Lázaro pelo Gilberto, o Benfica demorou a entrar no jogo frente a um portimonense que não demorou nada a mostrar ao que vinha. Perdas de tempo constantes, jogadores a deixarem-se ficar no relvado de cada vez que caíam, tentativas de arranjar quezílias, contestação a quase todas as decisões da equipa de arbitragem, enfim, foi o catálogo completo do antijogo por parte de uma equipa que parecia fazer de não perder este jogo uma questão de sobrevivência. Somado a isto, o autocarro firmemente estacionado em frente à baliza - que é obviamente perfeitamente legítimo, cabendo ao Benfica a responsabilidade de encontrar soluções para lhe dar a volta. E nisto não fomos particularmente eficientes desde o início, já que demorámos meia parte até conseguirmos finalmente fazer o primeiro remate à baliza. Mas esse primeiro remate até poderia perfeitamente ter dado logo golo, não fosse o guarda-redes do Portimonense dar logo aí início a uma exibição quase inacreditável, defendendo por puro instinto o remate à queima-roupa do Yaremchuk. O Portimonense ainda deu resposta num remate forte de meia distância do Boa Morte que obrigou o Vlachodimos a uma boa defesa, mas isso foi uma excepção no jogo, já que rapidamente se evidenciou a tendência para o Benfica somar oportunidades de golo desperdiçadas. Ou por aselhice, como foi o caso do Darwin, ou por inspiração quase divina do guarda-redes algarvio, que continuou a negar-nos o golo mesmo em situações em que isso parecia quase impossível - o Grimaldo ou o Rafa que o digam. O nulo ao intervalo já de alguma forma deixava no ar a sensação de que isto podia ser mesmo um daqueles dias em que corre tudo mal.

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A segunda parte depressa acentuou essa sensação, pois o Benfica até marcou cedo - num lance também algo caricato, em que o Yaremchuk rematou ao poste e a bola depois bateu nas costas do guarda-redes e entrou - e o golo acabou por ser prontamente anulado pelo VAR, devido à posição irregular do ucraniano. Parecia estar mesmo escrito que não teríamos vida fácil, e o resto do jogo descreve-se de forma simples: sentido praticamente único, com o Benfica a ver as oportunidades a esbarrarem sempre num dos inúmeros adversários que se acumulavam em frente à baliza. Só faltava o inevitável golpe de teatro do golo do Portimonense numa das raríssimas ocasiões em que elese se aproximassem na nossa baliza, mais previsivelmente nalguma bola parada, e foi isso mesmo que aconteceu aos sessenta e seis minutos. Num pontapé de canto do nosso lado direito um jogador deles saltou no meio de um cacho de jogadores e conseguiu cabecear a bola quase à figura do Vlachodimos, com esta ainda a bater no chão e a passar por baixo do corpo do nosso guarda-redes. Face à forma como o jogo tinha decorrido até aí, confesso que fiquei imediatamente com a sensação de que já não o conseguiríamos vencer. O resto do tempo encarregou-se de confirmar esta sensação. O Benfica continuou a carregar e fez tudo para chegar ao golo, mas era uma daquelas situações em que se calhar poderíamos ficar ali toda a noite a tentar que a bola não entraria. Ou passava ao lado, ou ia ao ferro, ou batia em alguém, ou o guarda-redes defendia, ou um jogador do Portimonense esticava-se em desespero e conseguia o desarme no último instante. O Otamendi conseguiu ver um defesa tirar a bola sobre a linha com o guarda-redes já batido, e já sobre o final do jogo acertar no ferro com o guarda-redes pregado ao relvado. Foi uma derrota amarga e injusta, mas o futebol tem sempre destas coisas.

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Acho que o Otamendi pode ser destacado por ter dado um exemplo de luta contra a adversidade e liderado a equipa na procura por um resultado mais justo. O Rafa também foi um dos que mais lutou.

 

É sempre mau perder, mas é importante não deixarmos que este resultado nos afecte. Há jogos em que ganhamos e no final podemos dizer que ganhámos, mas que a jogar assim nos arriscamos a perder. Depois há jogos como este, em que perdemos mas que no final sabemos que a jogar assim é muito difícil perder outra vez. E julgo que terá sido isso mesmo que o público da Luz reconheceu pela forma como se despediu da equipa. Se há coisa de que não podemos acusar a equipa desta vez é de não ter dado tudo pela vitória. As coisas acabaram por não correr bem, mas não foi por não terem tentado. E quando assim é, é muito difícil correr mal uma segunda vez.

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publicado por D'Arcy às 12:04
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