E continuamos a perseguir o único objectivo que parece ser alcançável esta época, e que será um feito que se calhar será único na história do nosso clube: conseguir um pleno de derrotas nos jogos de uma época contra os outros dois. Até agora o percurso é imaculado: quatro jogos, quatro derrotas. Esta, quase previsível, valeu a perda de um troféu que, depois de dominarmos completamente nas primeiras épocas, já não conquistamos há meia dúzia de anos.
Inovação no onze para este jogo foi a entrada do Meïté. Infelizmente o escolhido para lhe ceder o seu lugar a titular foi o Paulo Bernardo e não o João Mário, que continuou a agraciar-nos com a intensidade que coloca sempre no jogo. Portanto, mesmo com três médios os dois do Sporting, sobretudo com o salvo-conduto que essa dupla continua a ter para arrear porrada em tudo o que lhes passe ao alcance sem consequências disciplinares, continuámos a perder quase sempre os duelos nessa zona do terreno. O Sporting entrou melhor no jogo, com mais bola e a pressionar mais no nosso meio campo - o que foi uma mudança em relação ao jogo do campeonato, no qual dominámos completamente a estatística da posse de bola sem que isso tenha servido para nada porque perdemos sem apelo. O futebol do Sporting é o que já conhecemos, muito físico e directo, com variações de flanco através de bolas longas para depois meter cruzamentos na área, ou então tentativas de passes longos para as costas da defesa adversária. Como o Benfica estava a jogar na retranca esta última hipótese foi menos utilizada, e era aos lançamentos longos para os laterais adiantados no terreno, sobretudo o Esgaio, a que recorriam mais. O ataque do Benfica já é o que sabemos nos últimos jogos, mas então sem o Rafa e o Darwin ainda foi menos do que o habitual. Ainda estou a tentar perceber a utilidade do Yaremchuk, o Diogo Gonçalves na direita nada fez, e sobrava o Everton para tentar desequilibrar quando colocado em situações de um para um. E foi mesmo o Everton quem, aproveitando o espaço entre o Esgaio e o central do lado dele (Neto) passou por este com facilidade e de pé esquerdo, no primeiro remate do Benfica no jogo, nos colocou em vantagem aos vinte e três minutos. O Sporting continuou a dominar, mas a verdade é que para toda aquela posse de bola apenas conseguiu produzir na primeira parte duas bolas na direcção da baliza: um cabeceamento para as mãos do Vlachodimos num pontapé de canto, e um cruzamento que saiu torto e foi na direcção da baliza (o Sarabia ainda acertou com uma bola nos ferros, mas o lance já estava invalidado por posição irregular do mesmo). Chegámos portanto ao intervalo em vantagem apesar do domínio do Sporting, mas se eles continuassem a atacar da mesma forma e nós a manter uma concentração mínima na defesa, nem antevia que fosse particularmente difícil segurar a vantagem.
Claro que mesmo estes mínimos já eram expectativas demasiado altas para ter sobre a nossa equipa. A segunda parte começou logo em grande: logo na primeira jogada o Palhinha confirmou que é inimputável, ao enfiar um sarrafo de todo o tamanho no João Mário (de carrinho, ceifou-o pela raiz quando se escapava pela esquerda) sem ser obviamente admoestado, o que basicamente confirmou o livre trânsito para andar alegremente e distribuir fruta por tudo o que mexia (e de forma incrível conseguiu mesmo chegar ao final do jogo sem um amarelo sequer para amostra). Depois, logo no primeiro canto da segunda parte a nossa defesa em grande a permitir o empate. Não foi um lance de laboratório, nem nada particularmente trabalhado. Uma bola enviada para o meio da área e o Inácio a conseguir ganhar nas alturas, sobre a linha da pequena área, para cabecear com o Yaremchuk a saltar sem chegar à bola e o Morato a ser pateticamente batido. Mas é justificável; afinal, quem é que poderia adivinhar que um defesa central adversário pudesse ser uma ameaça pelo ar? Aliás, o próprio canto foi cedido de forma patética, com o Vertonghen a chutar a bola contra o Weigl para esta sair pela linha de fundo. Depois disto o jogo entrou num equilíbrio mau, em que ambas as equipas jogavam mau futebol e não se criavam ocasiões. Isto durou mais ou menos até meio da segunda parte, altura em que a nossa equipa deve ter achado que já era demais e estava na altura de recomeçar o disparate. Pouco antes de sofrermos o golo já eu comentava que a nossa defesa estava completamente descoordenada e que nem sequer conseguia manter uma linha de fora-de-jogo minimamente consistente. Disso se aproveitou o Sporting para fazer os típicos passes para as costas da defesa, e esteve perto de chegar ao golo quando o Paulinho acertou no ferro da baliza. Aliás, eu acho que o facto de contra nós até o Paulinho conseguir parecer um avançado minimamente decente diz muito sobre a qualidade com que defendemos. Nós trocámos o Yaremchuk pelo Gonçalo Ramos, sem resultados práticos, e a quinze minutos do final entrou o incompreensível Gil Dias, que esse sim, teve impacto quase imediato. Três minutos depois andava ele a recrear-se com a bola no círculo central e obviamente perdeu-a. Recurso imediato do Sporting a mais uma das suas jogadas elaboradas: chuto para a frente desde a linha do meio campo(!) que apanha o Sarabia sozinho na costas da defesa e golo. Futebol directo contra uma defesa digna dos infantis é o que basta. É só ver a linha (inexistente) formada pela nossa defesa nesse lance para perceber que estavam mesmo a pedir que uma coisa dessas acontecesse. Depois, a passividade do Lázaro e do Morato enquanto deixam o adversário fugir entre os dois é também uma coisa brilhante. A reacção do Benfica ao golo foi fazer entrar o Pizzi, o Taarabt e o Henrique Araújo (estreia) mas retirando o Everton, que era dos poucos que ainda podia criar algum desequilíbrio apesar de mais uma vez o terem deslocado para a direita onde se apaga sempre, e mantendo o estonteante João Mário em campo durante o jogo todo. Apesar de alguma pressão final não criámos ocasiões dignas desse nome, mas sobre os noventa minutos o Henrique Araújo caiu na área. Pareceu-me ter sido puxado, mas depois da grande campanha a que assistimos esta semana, na qual se recuperou um lance ocorrido há treze anos que ficou para a história por ter sido a primeira (e única) vez que em toda a história do futebol houve um penálti mal assinalado, de maneira alguma poderia ser assinalado um penálti contra o Sporting. Se normalmente já são beneficiados então neste caso, e com o conhecido amigo do Benfica Artur Soares Dias no VAR, a possibilidade disso acontecer era inferior a zero.
Não consigo fazer destaques. A nossa equipa joga tão pouco que me sinto demasiado desmotivado a ver os nossos jogos e, se por acaso não adormeço, só fico à espera que acabem rapidamente.
Não há evolução. Não há reacção. Todos os jogadores estão em sub-rendimento, a equipa joga mal, continua a jogar mal, e não vejo sequer capacidade da parte de quem quer que seja para inverter esta situação. A única resposta que vou vendo parece ser de negação perante tamanha enormidade que é o péssimo futebol praticado pelo Benfica. Dizem-me sempre que vamos trabalhar com afinco durante a semana para melhorar, mas depois vejo um jogo em que defendemos ao nível do futebol de formação, e das camadas mais jovens mesmo, que a partir de uma certa idade já não se cometem os erros que vi hoje. No ataque não há uma jogada que pareça ser trabalhada e estamos dependentes de acções individuais, o que se nota ainda mais quando dois dos principais desequilibradores nesse aspecto estão de fora. Quarta-feira lá estarei na Luz a antecipar mais hora e meia deste calvário.
Bem, a continuarmos por este caminho em breve começarão a faltar-me adjectivos negativos para classificar as exibições do Benfica e dar título aos meus posts. Passámos à final da Taça da Liga, eliminando o Boavista nos pontapés da marca de penálti, mas a exibição voltou a ser penosa e no cômputo dos noventa minutos parece-me que foi o Boavista quem mais fez para ganhar.
Havia algumas ausências certas para este jogo, às quais se juntou o Rafa à última hora. Por isso o Benfica entrou em campo disposto num 4-3-3, no qual o Morato ocupou o lugar do Otamendi, o Diogo Gonçalves jogou na ponta direita em vez do Rafa, e o Yaremchuk foi o ponta-de-lança. A melhor forma de descrever o desempenho do Benfica ao longo de todo o jogo é que este foi quase sempre em declínio. Não entrámos muito mal, tivemos uma boa ocasião logo nos primeiros minutos e chegámos ao golo ainda cedo, pouco depois do primeiro quarto de hora. O Everton aproveitou uma atrapalhação disparatada entre dois defesas do Boavista para se isolar e finalizar sem hipóteses para o guarda-redes. Depois foi sempre a cair, a chegar cada vez menos à baliza adversária e a praticar um futebol horrível de se ver. Nos primeiros minutos da segunda parte o Boavista chegou ao empate através de um penálti anedótico cometido pelo Morato, que tentou sair da área a jogar, permitiu a carga e a recuperação da bola por parte de um adversário e acabou por derrubá-lo. Consentido o empate o declínio foi ainda mais acentuado e foi o Boavista quem mais ocasiões criou para chegar à vantagem, explorando quase sempre o nosso lado direito, onde o Lázaro nada conseguia fazer em termos defensivos, e obrigando o Vlachodimos a justificar a distinção de melhor jogador em campo. Com dois terços do tempo de jogo decorrido o Benfica tinha feito quatro remates e o Boavista tinha mais do triplo. O primeiro pontapé de canto de que o Benfica beneficiou foi aos oitenta minutos de jogo. Só mesmo nos minutos finais é que o Benfica melhorou, com as entradas do Meïté e do Radonjic para os lugares do João Mário (lamento, mas está a tornar-se uma embirração minha e dou sempre comigo a achar que só serve para empastelar ainda mais o nosso jogo) e do Everton. Aí o Boavista dedicou-se a queimar o tempo que restava, com os jogadores a deixarem-se ficar no relvado à menor oportunidade de forma a arrastar o jogo para os pontapés da marca de penálti, tendo o Benfica tido uma boa ocasião para evitar isso já sobre a hora num remate do Pizzi (tinha entrado instantes antes, presumivelmente já a pensar no desempate que se seguiria) que foi defendido com dificuldade pelo guarda-redes do Boavista. Aí chegados, o Boavista falhou os seus três primeiros (dois foram para fora e outro foi defendido pelo Vlachodimos) enquanto que o Benfica falhou o seu primeiro, pelo Pizzi, e marcou os dois seguintes pelo Grimaldo e o Meïté. A partir daí ficámos a uma falha do Boavista ou mais um penálti marcado por nós de nos apurarmos. O Vertonghen desperdiçou a sua ocasião acertando no poste, mas no último penálti o Weigl confirmou o apuramento.
O melhor do Benfica foi, mas a larguíssima distância, o Vlachodimos. O que num jogo contra o Boavista diz muito sobre a nossa exibição.
Mudam os treinadores, mudam os sistemas tácticos, mudam os titulares, até já mudou o presidente e as exibições miseráveis continuam. O futebol que o Benfica pratica não é consentâneo com a qualidade dos jogadores que compõem o nosso plantel. Não é de agora, mas a situação tem vindo a agravar-se e, pior ainda, com o novo treinador essa devolução é agora de tal forma galopante que é visível de jogo para jogo - cada jogo parece ser ainda pior do que o anterior. Não sei quem será o adversário na final, mas as perspectivas para a mesma não são as melhores.
Trouxemos os três pontos de Arouca mas a exibição foi francamente pobre, com alguns períodos em que chegou mesmo a ser confrangedora.
Tivemos algumas mudanças no onze depois do péssimo jogo contra o Moreirense. Lázaro, Vertonghen e Yaremchuk surgiram nos lugares do Gilberto, Morato e Seferovic, com o Benfica a apresentar-se de início num 4-4-2 no qual, ao contrário do último jogo, era o João Mário quem aparecia mais sobre a esquerda e o Paulo Bernardo pelo meio. O início de jogo até nem fazia prever que a coisa fosse muito má, com o Benfica por cima e a aproximar-se da baliza do Arouca. Tivemos uma grande ocasião para marcar quando um mau corte de um defesa deixou o Darwin sozinho sobre a esquerda e só com o guarda-redes pela frente, mas depois de ganhar o ressalto e passar por ele ficou com o ângulo demasiado apertado, e a tentativa de remate (que seria mais um passe para o Rafa) foi cortada quase em cima da linha por um defesa. O problema é que a partir daí o Benfica começou a mastigar cada vez mais o jogo e depressa nos vimos completamente embrenhados naquele estilo de futebol que criámos e que eu gosto de chamar de tiki-treta. Muito passe curto, muita circulação de bola, mas nenhuma objectividade, zero profundidade, e criatividade nem vê-la. A expressão prática disso foi o Benfica passar mais de vinte minutos, a jogar contra o penúltimo classificado (e uma das equipas em pior forma neste momento) sem fazer um único remate. Isto só foi interrompido por um penálti que foi assinalado sobre o Darwin (ainda demorou um bom bocado até perceber que aquilo era real e tinham mesmo assinalado um penálti a nosso favor), que o próprio Darwin depois converteu de forma exemplar, colocando a bola bem junto ao poste enquanto o guarda-redes caía para o outro lado. Pensei eu ingenuamente nesta altura que em vantagem no marcador a equipa serenasse e conseguisse mostrar um pouco mais de qualidade, mas estava redondamente enganado. Continuou tudo exactamente na mesma, com futebol mastigado e desinteressante. A cinco minutos do intervalo o Arouca, que até aí nem sequer tinha existido em termos de ataque, foi à frente, conseguiu isolar um jogador sobre a nossa esquerda que depois de ganhar um primeiro ressalto e ultrapassar o Vlachodimos, já sobre a linha de fundo resolveu atirar-se para cima do nosso guarda-redes e assim sacou um penálti. Na marcação, o jogador do Arouca encarregue de o fazer resolveu imitar o tísico do Manchester United e marcou de forma horrível, praticamente à figura do Vlachodimos, que defendeu com os pés.
Para a segunda parte teria forçosamente que haver alguma mudança. Sem surpresas, saiu o Yaremchuk, um ponta-de-lança que durante toda a primeira parte não fez um único remate ou teve qualquer situação de perigo, embora ele seja sobretudo uma vítima do mau jogo do Benfica e da forma como não parece saber atacar. Para o lugar dele entrou o Everton, e o Benfica passou a jogar num 4-3-3 declarado, com Everton/Darwin/Rafa como trio atacante, e Weigl/João Mário/Paulo Bernardo no meio campo. Inicialmente a alteração pareceu surtir efeito, pois o Benfica mostrou-se um pouco mais dinâmico e activo, com sobretudo o Paulo Bernardo a subir de rendimento. O Everton teve um remate perigoso depois de vir da esquerda até ao meio, e o Rafa viu uma óptima ocasião para marcar ser-lhe negada pelo guarda-redes depois de servido pelo João Mario, apesar da irritante tendência deste para engonhar e de fazer 90% das recepções orientadas para trás. Mas o Benfica não fez o segundo e não sei se por nervosismo foi-se encolhendo progressivamente, com a qualidade do futebol a cair a pique. A partir dos setenta minutos atingimos o tal nível confrangedor, com o Arouca a conseguir ser dominador no jogo. Não foi nenhum massacre, até porque o Arouca não pareceu ter capacidade para isso, mas a bola estava quase sempre na posse deles, com o Benfica a ser absolutamente incapaz de construir uma jogada de ataque que fosse. As trocas feitas (Rafa pelo Diogo Gonçalves, Darwin pelo Gonçalo Ramos, e Paulo Bernardo pelo Taarabt) nada trouxeram de novo, e foi o Arouca quem teve uma ocasião mais perigosa, quando o recém entrado Antony se escapou pela esquerda e já perto da linha de fundo, à falta de opções na área acabou por rematar de ângulo apertado para uma defesa do Vlachodimos. Nos minutos finais a nossa equipa pareceu conseguir serenar um pouco, mas quando foram anunciados oito minutos de compensação preparei-me mentalmente para mais algum sofrimento (não deixa de ser interessante que a semana passada, perante a vergonha de anti-jogo praticado pelo Moreirense, com o Benfica empatado tenham sido dados seis minutos, e neste jogo com o Benfica com a vantagem mínima no marcador, no qual apenas houve uma paragem mais prolongada para dar assistência ao Weigl e a um jogador do Arouca que chocaram de cabeça, tenham sido dados oito minutos). Felizmente acabou por não ser necessário sofrer porque logo no segundo minuto de compensação o Everton fugiu pela direita, foi derrubado, e no livre resultante o Grimaldo colocou a bola no centro da área onde o Gonçalo Ramos se antecipou a toda a gente para marcar.
Sem brilhar a grande altura numa exibição tão cinzenta, acho que jogadores como o Paulo Bernardo, o Otamendi ou o Vlachodimos foram dos menos maus. O Everton não entrou mal e foi dos poucos a dar alguma dinâmica à equipa na segunda parte.
A adaptação a um novo sistema não pode justificar de todo uma exibição tão má, até porque a coisa parece estar a piorar. Contra o Moreirense jogámos pior do que tínhamos jogado contra o Paços, e contra o Arouca jogámos ainda pior do que tínhamos jogado contra o Moreirense. Além de que estes jogadores não são propriamente uns novatos que nunca tenham jogado nos sistemas que estamos a implementar. E continuamos a ver a questão da falta de intensidade/agressividade no nosso futebol. Não consigo deixar de pensar que na próxima terça-feira vamos defrontar, sem o Otamendi e o Darwin, um Boavista treinado pelo Petit, cujas equipas fazem da agressividade uma imagem de marca.
Um jogo que foi doloroso de assistir, porque voltámos a ver tudo aquilo que de mau tem acontecido regularmente nos nossos jogos esta época. Futebol previsível e repetitivo, falta de ideias no campo e no banco, um adversário exclusivamente dedicado ao anti-jogo e para o qual não soubemos encontrar antídoto, e um VAR que tem sempre critérios variáveis consoante o resultado da sua avaliação favoreça o Benfica ou qualquer outra equipa. No final, a frustração de vermos uma equipa tão asquerosa como este Moreirense que se apresentou na Luz ser recompensada com um ponto, ainda por cima graças a um autogolo ferido por uma ilegalidade gritante.
Notas de destaque na equipa inicial foram a manutenção do Morato como titular, a entrada do Paulo Bernardo para o lugar do Everton, e a troca do Gonçalo Ramos pelo Darwin na frente. O jogo foi aquilo que se esperava. Desde o seu início que foi disputado quase exclusivamente no meio campo do Moreirense, que se mostrava feliz a enfiar toda a gente à frente da área, saindo de vez em quando com dois ou no máximo três jogadores para o contra-ataque para tentativas de finalização rápidas, que nunca trouxeram qualquer perigo à nossa baliza. Depois, o arsenal completo do anti-jogo: simulação frequente de faltas, com os jogadores a deixarem-se ficar o máximo de tempo possível deitados no relvado, demora excessiva em qualquer reposição de bola em jogo, tudo isto sempre com o beneplácito do árbitro Rui Costa - o guarda-redes do Moreirense, por exemplo, conseguiu só ver o amarelo já no período de compensação após os noventa minutos. O Benfica criou uma grande ocasião de golo ainda relativamente cedo, numa das raras ocasiões em que um jogador nosso (Rafa) conseguiu receber a bola com espaço na área adversária e depois fez um remate cruzado demasiado colocado que enviou a bola ao ferro da baliza. Mas isso foi uma excepção, porque a maior parte do nosso jogo resumiu-se a um infindável número de cruzamentos feitos para a área, onde os oito jogadores do Moreirense dedicados exclusivamente a defender acabavam quase sempre por tratar do assunto com relativa facilidade. Com o passar do tempo a impaciência foi tomando conta da nossa equipa e o discernimento foi sendo cada vez (ainda) menor.
E como as coisas não estavam a correr suficientemente mal, a cerca de vinte minutos do final ficaram ainda pior. Numa das raras vezes que o Moreirense foi à frente, apanhou-se em vantagem graças a um autogolo do Gilberto, no qual o Otamendi teve o papel principal. Primeiro falhou o cabeceamento, tendo a bola seguido para um jogador adversário sobre o lado direito da nossa defesa. Esse jogador fez um cruzamento rasteiro e inofensivo que iria morrer nas mãos do Vlachodimos, mas o Otamendi decidiu antecipar-se ao nosso guarda-redes e fazer o corte, enviando a bola contra os pés do Gilberto para depois ressaltar para a baliza. A questão é que no início da jogada o cruzamento foi feito para dois jogadores do Moreirense que estavam em posição claramente ilegal, sendo que um deles tentou claramente jogar a bola. À letra da lei, isto invalida imediatamente o golo resultante da sequência da jogada. Mas a lei é uma coisa altamente variável para o VAR quando se trata do Benfica. A única certeza que temos é que se for possível a decisão ser desfavorável ao Benfica, sê-la-á. Que foi o caso. Confesso que apesar de esperar sempre o pior do VAR, mesmo assim fiquei chocado com a validação do golo, porque achava que ainda haveria uma réstia de pudor, mas estava obviamente enganado. A coisa só não foi pior para nós porque praticamente na resposta o Darwin empatou, na recarga a um primeiro remate já da sua autoria. Mas com mais de vinte minutos para jogar nada mudou no jogo, foi apenas despejar ainda mais bolas para a área da nossa parte e ainda mais anti-jogo da parte do Moreirense. No final, depois da longa ida ao VAR para validar o golo ilegal do Moreirense, depois de dez substituições, depois de demoras na reposição da bola e de lesões simuladas a exigir a entrada da equipa médica (até assistimos a uma reedição do velho episódio do Paulinho Santos em Alvalade, com o jogador do Moreirense a ser apanhado a piscar o olho de satisfação para o seu banco depois de mais uma destas simulações), mais uma vez o crime compensou e o árbitro Rui Costa deu seis minutos de compensação que são quase o standard para qualquer jogo onde não há tanta perda de tempo. Não que eu achasse que mais tempo faria alguma diferença tendo em conta a forma como o Benfica estava a jogar, mas é uma questão de princípio.
Não consigo fazer destaques na equipa num jogo em que a qualidade foi tão pobre.
Já tinha escrito antes que não alimentava quaisquer ilusões em relação ao título, por isso não foi este resultado que mudou alguma coisa. Mas não podemos perder pontos por jogarmos tão pouco contra equipas tão más como o Moreirense, que ainda por cima não querem jogar futebol. Espero sinceramente uma varridela no plantel, porque há jogadores que não podem, sob quaisquer circunstâncias, continuar no Benfica e não sofrer nenhuma consequência da situação que criaram com o anterior treinador. Não fazer nada em relação a isto é pior do que dar um tiro no pé; é dar um tiro na cabeça. Por outro lado, é muito preocupante continuarmos a ver que até nestes jogos os critérios do VAR continuam sempre a ser-nos desfavoráveis. Qualquer golo do Benfica é sempre escrutinado ao pormenor, à procura de qualquer coisa que dê para o anular. Quando é um golo contra nós, ou um possível penálti a nosso favor, os critérios tornam-se de súbito absurdamente lassos e é sempre preciso 'dar o benefício da dúvida'. É por isso que nos últimos 52 jogos para a Liga nós beneficiámos de três penáltis, sendo que um deles foi naquela fantochada contra a B SAD, em que obviamente não tinha qualquer influência. Em contrapartida, os nossos adversários mais directos beneficiaram de cerca de seis vezes mais. Em termos estatísticos, a isto chama-se uma aberração.
No primeiro jogo da era pós-Jorge Jesus na Luz o Benfica venceu de forma inequívoca o Paços de Ferreira mas continuou a mostrar os habituais defeitos na finalização, que desta vez atingiram níveis quase exasperantes.
O onze inicial foi mais uma confirmação do abandono dos três centrais, com o Benfica a alinhar num 4-4-2 em que a dupla avançada foi formada pelo Seferovic, a actuar mais metido entre os centrais, e o Gonçalo Ramos em funções com maior liberdade. O onze aliás não teve surpresas: face às ausências conhecidas, a baliza foi entregue ao Helton e a dupla de centrais foi formada pelo Otamendi e o Morato, tendo o resto da equipa sido constituída pelas escolhas mais previsíveis. Desde o início que ficou evidente que o Paços vinha para defender e retardar ao máximo o nulo. Raríssimas saídas para o ataque, muita gente atrás da bola e pouca vontade de acelerar o jogo, tendo alguns jogadores como um tal de Delgado passado mais tempo no chão do que em pé. Da parte do Benfica, achei que se notou uma atitude um pouco melhor. Os jogadores mostraram mais agressividade a pressionar e a meter o pé, o que permitiu mais recuperações de bola dentro do meio campo adversário. A surpresa maior na primeira parte é capaz de ter sido o Everton, que esteve num nível bastante bom e foi mesmo dos melhores jogadores do Benfica nesse período, ultrapassando com frequência o seu marcador directo e até mesmo múltiplos adversários para ganhar a linha e oferecer oportunidades de finalização aos colegas - uma agradável mudança em relação à tendência quase invariável dele para vir sempre para dentro e tentar rematar cruzado. De qualquer maneira, ninguém conseguiu aproveitar essas ofertas. O Benfica pecou, e muito, na finalização, permitindo que o Paços fosse levando a sua avante e o nulo se arrastasse teimosamente até perto do intervalo. Algumas das ocasiões falhadas pelo Benfica, como aquela em que o Gonçalo Ramos, sozinho em frente ao guarda-redes, acertou na barra foram gritantes. O momento decisivo do jogo surgiu mesmo a finalizar a primeira parte: o Denilson entrou de pé alto e em riste a uma bola, atingindo o Grimaldo no ombro e foi expulso. Logo a seguir, no período de compensação, o Benfica marcou. O passe inicial foi do Weigl, o Seferovic recebeu na área em posição frontal e isolou o Ramos, que mais uma vez em frente ao guarda-redes não conseguiu finalizar com sucesso, mas depois de um ressalto num defesa a bola acabou por sobrar para a recarga do João Mário.
Na segunda parte o Benfica entrou bem e com vontade de resolver cedo o assunto, mas continuou na senda do desperdício e depressa foi perdendo fulgor. Ao fim de dez minutos o Paços fez duas substituições e o Diaby, um dos jogadores que entraram, teve logo de seguida a melhor ocasião de golo do Paços em todo o jogo. Sobre a esquerda, de alguma forma conseguiu passar pelo meio de três jogadores do Benfica (ninguém meteu o pé, talvez por receio de cometer penálti) e valeu-nos a defesa do Helton para evitar o empate. O Benfica nesta fase parecia demasiado relaxado no jogo, tendo perdido a intensidade que mostrara na fase inicial e permitindo que o Paços, reduzido a dez, conseguisse ter a bola na sua posse durante vários períodos de tempo. O Benfica trocou o Gonçalo Ramos pelo Darwin ao fim de quinze minutos, mas pouco mudou na partida, e foi só quando a vinte minutos do final trocámos o Everton, que na segunda parte foi uma sombra do que tinha sido na primeira, pelo Paulo Bernardo (e também fizemos a troca directa do Gilberto pelo Lázaro) e passámos a jogar em 4-3-3 que recuperámos o controlo completo do jogo. A partir desse momento foi um desfilar de ocasiões de golo perdidas pelo Benfica, sobretudo depois do Grimaldo ter deixado o jogo resolvido a quinze minutos do fim, com um grande golo num remate de fora da área que fez a bola descrever um arco 'ao contrário' e entrar bem junto ao ângulo superior da baliza. O Paulo Bernardo esteve bastante envolvido nos lances de ataque, com bons passes para os colegas tentarem finalizar. A entrada do Diogo Gonçalves para o lugar do Seferovic nos minutos finais também contribuiu para aumentar o caudal ofensivo do Benfica, com várias bolas a serem cruzadas para a zona de finalização. O Darwin ainda marcou uma vez, mas o golo foi anulado por posição irregular do uruguaio, e pouco depois falhou de forma incrível, acertando na barra quando estava à boca da baliza sem qualquer oposição - o passe foi mais uma vez do Paulo Bernardo.
O melhor do Benfica foi para mim o Grimaldo. O João Mário também esteve num bom nível, e o Everton esteve bastante bem durante a primeira parte, não se percebendo muito bem o apagão na segunda, quando ainda por cima o adversário estava reduzido a dez. Gostei da entrada do Paulo Bernardo no jogo e da consequência disso, que foi a equipa passar a jogar em 4-3-3.
Já estamos um bocadinho melhor do que na semana passada. Eram catorze pontos a recuperar para os dois da frente, agora passaram a ser onze. Mas creio que a prioridade do Benfica deve ser, como o nosso treinador afirmou, ganhar os seus jogos sem se preocupar com o que se passa com os outros. Somos claramente outsiders na luta do título e mais do que poder ganhá-lo, são os outros quem o podem perder.
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