Uma vitória num jogo que acabou por nos correr de feição, desatado por um golo extraordinário do Rafa e no qual foi sobretudo depois de estarmos em vantagem que justificámos a vitória. O Estoril mostrou ser uma boa equipa e dificultou a nossa tarefa, e acredito que se por acaso se tivesse colocado em vantagem o jogo poderia ter tido um desfecho diferente.
Sem surpresas, Meïté e Yaremchuk nos lugares dos indisponíveis Taarabt e Darwin. Depois de mais uma indelicadeza da equipa visitante ter escolhido o campo ao contrário (isto está cada vez mais comum) o Benfica até pareceu ter entrado decidido no jogo, com dois remates perigosos do Gonçalo Ramos e do Grimaldo a obrigar o guarda-redes a defesas apertadas. Mas isto durou apenas alguns minutos, porque quando o Estoril subiu à área pela primeira vez, ao fim de nove minutos, acertou no poste e isto pareceu assustar-nos. A partir daí o Estoril começou a mostrar que é uma boa equipa, com princípios de jogo bem definidos e a ter mesmo períodos em que o controlo do jogo era seu. Construiu mesmo mais uma grande oportunidade para marcar, tendo o Vlachodimos correspondido com uma excelente defesa a um remate cruzado de trivela com selo de golo. O jogo andava nesta tendência dividida, com ocasiões de parte a parte, quando aos trinta e quatro minutos o Rafa partiu tudo e com um golo à Poborsky (não vou dizer à Maradona, porque Maradona só houve e haverá um) desequilibrou a nosso favor. Uma tentativa de lance de laboratório na marcação de um canto correu mal ao Estoril, deixando a bola nos pés do Rafa à entrada da nossa área. A partir daí foi vê-lo arrancar, correr até à baliza adversária deixando três adversários para trás (ele com a bola nos pés consegue ser mais rápido do que a maioria dos outros sem ela) e à saída do guarda-redes colocar a bola na baliza. Até ao intervalo, de mencionar que tivemos um golo anulado prontamente pelo árbitro (apitou antes da bola entrar na baliza, portanto não era lance de VAR) no seguimento de um canto, no qual o árbitro considerou ter havido carga pelas costas do Yaremchuk a um jogador do Estoril. Menciono o lance apenas pela ironia de todos nos lembrarmos de que forma este mesmo adversário conseguiu o golo do empate contra nós no último minuto do jogo da primeira volta.
Na segunda parte, o Benfica colocou-se muito cedo com uma vantagem mais confortável, mas só depois de um grande susto, pois o Estoril voltou a ter uma grande ocasião para marcar e só não foi golo porque o Vertonghen cortou a bola em cima da linha, com o Vlachodimos já batido. Mas com sete minutos decorridos, o Gonçalo Ramos deu seguimento a uma jogada entre ele, o Rafa e o Gilberto na direita, e aproveitou o passe deste último para marcar com um remate cruzado de pé esquerdo. Este segundo golo foi um golpe bastante forte para o Estoril, que não mais conseguiu voltar a ser o mesmo e foi o Benfica quem passou a dominar o jogo com relativa tranquilidade, construindo ocasiões para dilatar a vantagem. O Estoril por seu lado deixou de conseguir aproximar-se sequer da nossa baliza. A coisa estava tão tranquila que até deu para voltarmos a ver o João Mário jogar, tendo entrado para o lugar do Yaremchuk (que foi dos jogadores com pior rendimento), tendo o Gonçalo Ramos feito a mudança habitual para a frente de ataque. E se o ritmo já era pausado antes, com a entrada de um verdadeiro especialista em ritmos lentos mais pausado ficou ainda. Aquela meia hora final foi quase disputada em ritmo de treino, interrompida apenas por uma ou outra situação de maior perigo construída pelo Benfica - a melhor das quais um remate do Rafa com selo de golo que foi defendido pelo guarda-redes com a ponta dos dedos. Já depois da troca do Everton pelo Diogo Gonçalves, para os minutos finais entraram os miúdos Paulo Bernardo e Henrique Araújo, mais o graúdo André Almeida, permitindo os merecidos aplausos para o Rafa (sobretudo) mas também para o Gilberto. O Henrique Araújo ainda esteve muito perto de marcar, num cabeceamento a um cruzamento do André Almeida, mas já nos instantes finais foi dele o mau passe atrasado que o Paulo Bernardo não conseguiu recolher e permitiu ao Estoril reduzir.
O melhor em campo é inevitavelmente o Rafa. Só o golo dele já justificaria esta distinção, mas ele foi mesmo o jogador a fazer a diferença, aparecendo mais frequentemente em zonas centrais em vez de estar tanto tempo encostado à linha. Mal festejou o golo, porque imagino que golos daqueles marcam-se todos os dias e jogadores como ele há por aí a rodos, a ponto do brilhante seleccionador da equipa da FPF nem precisar dele para confrontos decisivos. Eu como benfiquista agradeço a poupança, já que ele é dos mais utilizados da nossa equipa. Destaque também para o Gonçalo Ramos, que por acaso também marcou, mas o destaque para mim é por aquilo que ele trabalha na posição que ocupa. Eu quase que fiquei cansado ao ver aquilo que ele corre durante todo o jogo, desdobrando-se entre as tarefas de ser um terceiro médio e um segundo avançado, e procurando constantemente pressionar os adversários quando não temos a bola. Tenho gostado bastante das últimas exibições do Vertonghen, e por último, creio que nesta altura ninguém terá dúvidas que a única opção válida no plantel para a lateral direita é o Gilberto.
Ganhámos, não deslumbrámos, mas acho que já nenhum de nós espera que esta equipa consiga fazer exibições de elevada nota artística. Os pormenores artísticos não são dados pela equipa mas pelas individualidades que a constituem, e enquanto forem resolvendo jogos, como foi o caso do golo do Rafa, menos mal. Fiquemo-nos por esperar que consigam fazer o exigível, que é ganhar os seus jogos de forma competente. Fizeram-no desta vez, é continuar assim.
Uma vitória para a história, obtida com muito trabalho defensivo e contra todas as probabilidades. Foi preciso fazer ao Ajax aquilo que já vimos muitas equipas ditas pequenas fazer-nos na Luz, mas a táctica resultou em pleno e estamos de regresso a uns quartos de final da Champions, com tudo aquilo de positivo que isso traz, em termos de prestígio e de dinheiro.
O onze inicial do Benfica foi o esperado, sem nenhumas surpresas especiais para um jogo desta importância. Até o Taarabt, apesar dos erros nos últimos jogos, manteve a titularidade. A primeira parte foi basicamente um monólogo do Ajax. O jogo disputou-se quase exclusivamente no nosso meio campo, sem que conseguíssemos esboçar qualquer tipo de saída para o contra-ataque que colocasse o Ajax em sentido. A inspiração dos jogadores mais defensivos não encontrou eco nos nossos jogadores mais atacantes, que no entanto ajudaram sempre que possível na defesa - em especial o Gonçalo Ramos. Convém no entanto referir que o domínio territorial avassalador por parte do Ajax não se reflectiu numa chuva de ocasiões de perigo para eles. A nossa equipa conseguiu defender quase sempre de forma eficaz e apesar de ter naturalmente sofrido por estarmos a ser constantemente pressionados, foram poucos os sobressaltos. Houve espírito de entreajuda na defesa, com toda a gente a correr sempre muito para fechar espaços e os dois centrais praticamente a não terem falhas. Quando foi necessário, a linha do fora de jogo foi eficaz e isso ficou provado num golo anulado ao Ajax ainda nos primeiros minutos do jogo. A segunda parte, para a qual regressou o Meïté no lugar do Taarabt, foi pouco diferente. Sempre o Ajax a ter a iniciativa do jogo e o Benfica a resistir, mas fiquei com a sensação de que o Ajax ainda foi menos perigoso do que tinha sido na primeira parte - a entrada do Meïté teve alguma influência nisto, porque me pareceu que ele veio para o jogo com instruções específicas para estar mais em cima do Gravenberch, por que uma boa parte do jogo ofensivo do Ajax tinha passado na primeira parte. Acho que apenas um cabeceamento do Antony foi um momento mais tenso, e não me recordo do Vlachodimos ter sido obrigado a fazer qualquer defesa mais apertada (fez uma no último lance do jogo, que acabou por ser invalidado por fora-de-jogo). Só quando o Benfica trocou o Everton pelo Yaremchuk, com a já cada vez mais habitual passagem do Darwin para a esquerda, é que começámos a conseguir aparecer algumas vezes no ataque, e numa dessas situações o Gonçalo Ramos sofreu uma falta no lado direito do nosso ataque, na zona lateral da área. Em quase todos os lances de bola parada o Ajax já tinha mostrado ser vulnerável, com os nossos jogadores a conseguirem frequentemente ganhar a bola pelo ar. E isso acabou por confirmar-se neste lance: o cruzamento do Grimaldo saiu perfeito para a zona central da pequena área, onde o Darwin ganhou ao seu marcador directo e antecipou-se à saída desastrada do guarda-redes para marcar. Faltavam treze minutos para o final, e apesar de ser previsível sofrimento até final, tendo em conta a forma como o jogo tinha decorrido até então era bastante previsível que este golo tivesse decidido a eliminatória. O que se veio a confirmar; o Ajax continuou a atacar mas nem sequer me pareceu que a pressão fosse mais intensa, e a nossa defesa foi conseguindo lidar com eficácia com aquilo que lhe iam atirando (eu tenho a impressão que o Weigl foi quase mais defesa central do que médio neste jogo). Como referi antes, houve grande espírito de entreajuda e toda a gente correu até à exaustão - na fase final havia vários jogadores no limiar da exaustão. Os sete minutos de compensação correram muito mais rápido do que eu esperava, com apenas aquele sobressalto no lance final do jogo e o momento mais tenso foi mesmo a nosso favor, quando o Yaremchuk se isolou mas depois não teve velocidade suficiente para seguir até à baliza e fazer o golo que poria imediatamente um ponto final na eliminatória.
Acho que foi uma vitória de toda a equipa, na qual sobretudo os defesas estiveram bem. Os centrais cometeram muito poucos erros, e mesmo os laterais, que nem sempre são sólidos a defender, fizeram um trabalho muito positivo - basta ver o quão pouco influentes acabaram por ser o Tadic e o Antony (que contra a lagartagem tinha praticamente desfeito a defesa deles sozinho). E mais um golo decisivo para o Darwin. Por mim podem criticá-lo à vontade. É verdade que ainda tem vários defeitos e muito para melhorar, mas para mim é já um avançado de topo e aquilo que pagámos por ele está mais do que justificado.
Depois de no playoff termos deixado de fora um PSV que nos iria certamente golear (e que passou a ser fraquíssimo mal foi eliminado), eliminámos agora a equipa que teve o melhor rendimento na fase de grupos, num jogo muito semelhante à segunda mão dessa eliminatória com o PSV, com a diferença que agora éramos obrigados a marcar para o fazer e conseguimo-lo. Aguardo obviamente agora que o Ajax passe a ser classificado como uma equipa banal. Agora é voltarmos à Liga portuguesa e focar-nos em vencer o Estoril. Já agora, tendo em conta a quantidade de pedidos de penáltis por parte dos jogadores e público do Ajax neste jogo, tenho quase a certeza que com um VAR português teríamos sido eliminados.
Não sei qual teria sido o resultado deste jogo se o Benfica não tivesse ficado reduzido a dez logo aos sete minutos, mas tendo em conta que a quantidade de ocasiões criadas e desperdiçadas seriam em condições normais mais do que suficientes para ganhar o jogo, se calhar com onze o resultado nem seria diferente.
Algumas alterações no onze, onde surgiram o Lázaro, Morato e Diogo Gonçalves como titulares. Como é óbvio, o jogo ficou indelevelmente marcado pela expulsão madrugadora do Taarabt. Depois da co-responsabilidade no golo do Portimonense na última jornada, esta expulsão volta a mostrar os perigos que acabam por contrabalançar os pontos positivos que a sua imprevisibilidade traz ao nosso futebol. Não creio que tenha sido intencional, mas a forma impetuosa como entrou de sola a uma bola dividida fez com que, ao não lhe acertar, atingisse o adversário e a expulsão (que aconteceu após intervenção do VAR) fosse uma consequência inevitável. A superioridade numérica não fez com que o Vizela abandonasse a postura cautelosa com que entrou, com toda a gente atrás da linha da bola, mas o Benfica teve naturalmente mais dificuldades para conseguir desmontar a defesa adversária. Em termos tácticos, reorganizámo-nos com o recuo do Gonçalo Ramos para o meio campo e o Rafa a passar a ter mais liberdade para ocupar zonas mais centrais, no apoio directo ao ponta-de-lança Darwin, deixando a ala direita entregue quase exclusivamente ao Lázaro. Achei que o Benfica acusou o golpe da expulsão e demorou algum tempo até conseguir estabilizar, mas a exibição na primeira parte foi em crescendo e nos minutos finais estivemos muito mais perigosos, construindo três boas situações para marcar. O Weigl e o Morato finalizaram mal as suas situações, atirando para fora, e o guarda-redes do Vizela fez o primeiro milagre da noite ao negar o golo a um cabeceamento do Darwin, depois de um grande cruzamento do Lázaro (a defesa mais pareceu à guarda-redes de andebol, com a bola por acaso a acertar-lhe num braço).
O que eu não esperava depois disso foi o mau regresso do Benfica para a segunda parte. Literalmente andámos metade da segunda parte a ver jogar, ou dito de uma forma mais clássica, a 'pôr-nos a jeito', permitindo ao Vizela muito mais tempo de posse de bola e raramente criando situações que assustassem o adversário. O Darwin era um jogador demasiado isolado na frente para conseguir colocar o Vizela em sentido, e eu esperava eu mais cedo ou mais tarde viesse do banco a decisão de passarmos a jogar com apenas três defesas, fazendo entrar mais um avançado. Como habitualmente, sempre que o Benfica baixa o rendimento não tarda muito até sermos penalizados, portanto foi sem grande surpresa que o Vizela chegou à vantagem. Numa altura em que já tínhamos mexido na equipa trocando o Diogo Gonçalves pelo Meïté (o Gonçalo Ramos subiu no terreno e o Darwin foi encostar-se à esquerda) uma simples tabela pelo lado esquerdo da nossa defesa, seguida de cruzamento para o meio da área onde o Morato perdeu completamente a marcação ao único avançado do Vizela, permitiu-lhe marcar com facilidade. O cenário era agora bastante preocupante, mas o Vizela teve mentalidade pequena e assim que marcou desistiu de jogar e apostou imediatamente no anti-jogo grosseiro - isto foi inclusivamente visível nos festejos do golo, onde queimaram tempo de forma absurda. Foi um erro. A revolta acordou a Luz, que empurrou a equipa para a frente e daí até final foi um verdadeiro massacre sobre o Vizela. O Benfica também mexeu novamente, tomando a decisão lógica de sacrificar um defesa (Morato) para entrar mais um avançado (Henrique Araújo), que ajudou ao sufoco. O Meïté deu início ao massacre com um remate de primeira à entrada da área que levou a bola à barra da baliza. Mas no início desse lance houve um penálti que deveria ter sido evidente pelo menos para o VAR. Até consigo dar de barato que o árbitro de campo não se tenha apercebido do corte com a mão de um defesa do Vizela, mas em relação ao VAR, a única conclusão que posso retirar é que não assinalou o lance porque não quis. É impossível não o ter visto, é impossível que, tendo-o visto, pudesse arranjar qualquer justificação para não o considerar penálti, portanto o que resta é mesmo que não o quis assinalar. Apenas mais um exemplo da forma inquinada como o VAR tem funcionado nos nossos jogos. O Benfica não se deixou abalar pelo roubo e logo a seguir chegou mesmo ao empate, numa recarga oportuna do Henrique Araújo a um remate cruzado do Gonçalo Ramos. Faltavam quinze minutos para os noventa, e durante esse tempo mais os oito minutos (que acabaram por ser dez) de compensação o Benfica deu tudo pela vitória. Ocasiões flagrantes para isso não faltaram: o Rafa viu uma bola ser tirada em cima da linha de golo, depois de um raide individual fantástico; o Henrique Araújo viu o guarda-redes fazer outro milagre e negar-lhe o segundo golo naquilo que seria um trabalho brilhante no meio da área, rodeado de adversários; e mesmo no suspiro final o Darwin encontrou forças para fugir pelo lado esquerdo até à linha de fundo, entrar na área, vir para dentro e rematar cruzado, com o guarda-redes do Vizela a fazer outro milagre. Mas se o Darwin tem levantado a cabeça, tinha o Vertonghen completamente sozinho no meio para receber o passe.
O melhor jogador do Benfica foi claramente o Rafa. A partir do momento em que começou a poder pisar os terrenos centrais, as suas arrancadas criaram quase todos os lances de perigo do Benfica. Sozinho deve ter conseguido fintar todos os jogadores da equipa adversária pelo menos duas vezes durante todo o jogo, e deu tudo o que tinha, acabando esgotado. Gostei do Vertonghen e da atitude com que o Henrique Araújo entrou.
Este jogo foi um bom teste à resiliência actual da nossa equipa, e foi parcialmente passado - faltou o resultado. A reacção ao golpe que foi a expulsão madrugadora foi boa e voltei a ver nos jogadores vontade de combater a adversidade e lutar pela vitória - por isso mesmo no final, apesar do mau resultado, a equipa foi aplaudida porque a Luz sabe reconhecer quando a equipa se esforça. O ponto mais negativo foi o regresso para a segunda parte, e a demora da parte do banco a reagir a essa situação. Por outro lado, ficou mais uma vez evidente os critérios do VAR com que o Benfica tem que lidar. É que nem consigo imaginar de que forma é que alguém conseguirá racionalizar o que se passou, porque a má vontade foi de tal forma evidente que não há defesa possível. Repito: não foi penálti porque o VAR não quis.
Pela segunda vez sob a orientação do Nélson Veríssimo conseguimos ganhar dois jogos seguidos. A exibição voltou a não ser brilhante, mas aos poucos continua a ir-se notando uma diferença na atitude da equipa, que não se deixou abater com um golo sofrido contra a corrente do jogo e conseguiu dar a volta ao resultado.
Com o Otamendi e o Weigl de regresso após cumprida a suspensão, o Morato e o Meïté saíram do onze para lhes dar lugar. A outra alteração foi a saída do Darwin, que já não tinha treinado durante a semana, entrando o Yaremchuk. O jogo descreve-se de forma simples: domínio territorial quase absoluto por parte do Benfica, nem só por mérito do Benfica mas também porque essa foi a postura do Portimonense desde o apito inicial. Jogou-se quase sempre exclusivamente no meio campo dos algarvios, que se acantonavam em frente à sua área e esperavam pelo Benfica para eventualmente explorar alguma oportunidade para contra-atacar. Diga-se que esta estratégia resultou em pleno na primeira volta, já que conseguiram arrancar uma vitória no Estádio da Luz, mas qualquer um que se recorde minimamente desse jogo sabe que a vitória do Portimonense nesse jogo caiu literalmente do céu e não foi qualquer resultado de uma estratégia de sucesso, mas sim do absurdo desperdício do Benfica. E aqui até chegou a dar a ideia que a coisa poderia acontecer outra vez, porque aos vinte e cinco minutos de jogo, e numa altura em que ainda não tinha feito absolutamente nada, o Portimonense apanhou-se em vantagem no primeiro remate que fez. O golo nasce numa asneira monumental do Taarabt, que regularmente nos recorda que aquilo de positivo que ele oferece à equipa como titular é contrabalançado pelo perigo que também causa. Um passe suicida no meio campo meteu a bola directamente nos pés de um adversário e apanhou a equipa completamente descompensada. Mas ainda assim, também ficaram muito mal no lance os nossos centrais, porque o Portimonense estava completamente enfiado na defesa e na altura em que recuperou a bola tinha apenas um único homem na frente, para os nossos dois centrais. Nenhum deles se incomodou em marcar em cima o único adversário que tinham pela frente, que se escapou facilmente entre os dois e marcou à saída do Vlachodimos. Não é que até à altura o Benfica também tivesse produzido muito em termos ofensivos, mas era a única equipa a ter a iniciativa no jogo. Pouco depois a nossa claque resolveu assinalar o seu aniversário atirando tochas para dentro do campo, o que resultou numa interrupção de longos minutos durante a qual o árbitro chegou a ordenar a saída das equipas do campo. A somar a isto uma outra interrupção anterior devido a uma lesão de um apanha-bolas, no total tivemos 15 minutos de tempo de compensação adicionados. E foi até durante esse período que o Benfica se tornou mais perigoso no ataque, acabando por chegar ao empate no sétimo minuto de compensação. Numa insistência após um pontapé de canto a bola sobrou para o Grimaldo à entrada da área, que com um remate rasteiro de primeira fez o golo que já era mais do que justificado na altura. São só pequenas coisas, mas a simples reacção dos nossos jogadores nos festejos do golo do empate foi suficiente para perceber a mudança de atitude que mencionei anteriormente.
Entrámos muito bem na segunda parte, a dar sequência ao bom final da primeira (na qual ainda estivemos perto de voltar a marcar, num livre do Grimaldo que fez a bola passar muito perto da baliza com o guarda-redes já completamente batido) a carregar sobre o Portimonense, e rapidamente fomos recompensados. Foram apenas necessários cinco minutos para consumarmos a reviravolta no marcador e ficarmos em vantagem. O lance nasceu novamente num pontapé de canto, no qual uma insistência do Everton permitiu-lhe recuperar a bola à entrada da área. A bola passou pelo Yaremchuk e seguiu para o Rafa que entrou pela direita, rematou cruzado e o guarda-redes apenas conseguiu sacudir a bola, com esta a sobrar para o Gonçalo Ramos empurrar para a baliza quase em cima da linha de golo. Houve protestos em barda da parte do Portimonense, sem qualquer razão, e confesso que achei no mínimo interessante esta atitude que eles tiveram durante os noventa minutos. Qualquer decisão por parte do árbitro, assinalada a favor ou contra, resultava imediatamente em protestos, com diversos jogadores do Portimonense a rodearem o árbitro aos gritos e o banco a saltar para ajudar a festa - já no primeiro golo que marcámos esta atitude resultou na expulsão do forcado que orienta o Portimonense devido aos protestos por uma ilegalidade qualquer que na realidade alternativa em que vivem terão visto, mas que na nossa não existiu. Após ficar em desvantagem o Portimonense foi obrigado a abandonar a postura defensiva e tentou ser mais agressivo no ataque, tendo ainda provocado um susto grande quando o Wellington esteve perto de bisar, mas rematou por cima quando apareceu em boa posição para fazer bem melhor. Mas no geral o Benfica conseguiu controlar o jogo relativamente bem, e as substituições que foram feitas ajudaram a consegui-lo, com as entradas primeiro do Meïté e depois do Paulo Bernardo. Ao contrário daquilo que foi feito no Bessa, onde quando quisemos controlar o resultado não reforçámos o meio campo e pagámos caro por isso. A entrada do Darwin apenas para os minutos finais ainda assim contribuiu para deixar o Portimonense mais em sentido, pelo que nem sequer passámos por qualquer aperto daqueles que costumam ser típicos dos instantes finais dos jogos em que o resultado ainda está por decidir.
Sem jogadores que se destacassem muito dos demais, ainda assim escolho o Grimaldo e o Rafa como os melhores. O Grimaldo, para além de ter marcado o golo do empate, deu sempre profundidade ao nosso ataque pelo lado esquerdo, tendo o Rafa feito o mesmo pelo outro lado. Continuo a achar que o Rafa perdeu protagonismo ao jogar mais encostado à linha ao invés de explorar mais os terrenos centrais, como fazia com o JJ, mas nos últimos jogos tem vindo a subir de rendimento e neste jogo voltou a ser importante.
Levamos agora quatro vitórias nos últimos cinco jogos para a Liga - não fosse aquela segunda parte lamentável contra o Boavista teríamos cinco vitórias consecutivas - e mantemos acesa a esperança de chegarmos ao segundo lugar. Mas ainda há um longo caminho a percorrer e muito a melhorar para que essa possibilidade possa ser encarada de forma mais concreta. Mas pelo menos parecemos estar orientados para o caminho certo.
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