Um sábado muito agradável. Mais uma exibição portentosa do Benfica perante um Estádio da Luz quase cheio, vitória por números apropriados a essa exibição, e face aos resultados dos outros, alargamento da vantagem sobre os outros tradicionais candidatos.
O regresso do Neres ao onze era esperado, e quem saiu para lhe dar lugar foi o Florentino. O Aursnes deslocou-se para o meio e o João Mário regressou à esquerda. O Chaves apresentou como credenciais para este jogo vitórias em casa do Sporting e do Braga, e quis começar logo com a gracinha da escolha do campo ao contrário. A estratégia do Chaves para este jogo certamente seria a mesma que resultou nesses dois jogos: sobrepovoamento da zona central, evitar o golo adversário o maior tempo possível e depois aproveitar o pânico progressivo e o recorrer aos cruzamentos já que os seus defesas são fortes no jogo aéreo. A estratégia saiu imediatamente furada porque a entrada do Benfica no jogo foi avassaladora. Ainda não se tinha completado o primeiro minuto e o Benfica já tinha conquistado dois pontapés de canto. Pressão alta sufocante, bola rapidamente recuperada, e aos dois minutos o Neres foi por ali fora, progrediu pelo meio e largou uma bomba de pé esquerdo a uns vinte metros da baliza que fez a bola entrar junto ao ângulo. À molhada de jogadores do Chaves na zona central o Benfica respondia jogando a toda a largura do terreno, com variações rápidas de flanco nas quais o Enzo era quase sempre o fulcro e que invariavelmente iam encontrar um dos laterais completamente solto, obrigando a equipa do Chaves a bascular constantemente com os inevitáveis desequilíbrios e desposicionamentos a aparecerem. Aos dez minutos, falta sobre o Rafa à entrada da área e apesar do livre ser sobre a esquerda e 'pedir' mais um pé direito, foi o Grimaldo quem o marcou colocando a bola na gaveta. Depois do esforço a meio da semana, nada melhor do que ter o jogo praticamente resolvido ao fim de dez minutos. Sim, ainda havia muito futebol para jogar, mas o Benfica jogava de forma tão fluída e mostrava uma superioridade tal que todos nós devemos ter começado logo a fazer contas a quantos golos mais conseguiríamos marcar. Até porque os ataques e ocasiões do Benfica se iam sucedendo a um ritmo diabólico, sem que o Chaves mostrasse capacidade de resposta - destaque para uma ocasião em que o Gonçalo Ramos falhou por muito pouco, depois do cruzamento do Neres ter saído ligeiramente por alto. Se calhar por isso mesmo, pouco depois da meia hora, houve ali um período de três ou quatro minutos de desleixo da nossa parte e imediatamente o Chaves mostrou o que poderia acontecer caso nos descurássemos. Primeiro houve um contra-ataque de seis adversários contra os nossos quatro defesas, com o resto da nossa equipa a recuperar a passo - o remate saiu para as mãos do Vlachodimos. Logo a seguir, o Enzo cometeu o seu único erro no jogo e com um mau passe isolou um adversário, correspondendo o Vlachodimos com uma excelente defesa. E a seguir, nova perda de bola na zona defensiva terminou com um remate ao lado. Isto deverá ter sido suficiente para despertar-nos outra vez, e a resposta foi chegarmos ao terceiro golo ao trinta e sete minutos. Desmarcação do Aursnes pela direita, cruzamento junto à linha de fundo e o Gonçalo Ramos marcou quase sobre a linha e de ângulo apertado, depois de ter conseguido controlar a bola desviada pelo guarda-redes. Não mais voltámos a dar ao Chaves tanta liberdade, e até ao intervalo até deveríamos ter marcado mais, com realce para uma combinação de toques de calcanhar entre o Grimaldo e o João Mário, que terminou com um remate deste último por cima quando estava em posição para fazer bem melhor.
Viemos com um ritmo bem mais pausado para a segunda parte, mas sem nunca abdicar do controlo do jogo. O meu maior lamento neste jogo foi o golo que acabou por nos ser (bem) anulado aos dez minutos deste segundo tempo. Uma jogada fantástica de equipa, onde a bola passou por vários jogadores e que envolveu passes de calcanhar e toques de primeira até o Gonçalo Ramos tocar atrasado para a entrada da área, onde o Enzo rematou de primeira para meter a bola no ângulo. Infelizmente, um dos muitos passes apanhou o Aursnes em posição irregular na direita antes de meter a bola na área e assim o golo foi invalidado, mas seria um dos momentos mais altos do jogo. O Benfica continuou a gerir a posse da bola sem forçar grandemente e o jogo chegou a tornar-se até algo aborrecido, até ao momento das substituições. As entradas primeiro do Gilberto e do Florentino (saíram o Bah e o João Mário), e depois do Musa e do Diogo Gonçalves (saíram o Gonçalo Ramos e o Neres) vieram agitar bastante o jogo e nos quinze minutos finais assistimos a um assalto à baliza do Chaves como se o jogo não estivesse já mais do que resolvido e houvesse uma necessidade absoluta de marcar mais golos. As ocasiões começaram a suceder-se a um ritmo elevado - Otamendi, Rafa, Diogo Gonçalves - até que aos oitenta e um minutos o golo chegou mesmo. Combinação pela zona central entre o Enzo e o Diogo Gonçalves, com o argentino a escapar-se entre vários adversários para depois soltar a bola já na área para o Musa, solto sobre a direita. O remate rasteiro e forte fez a bola entrar junto ao poste, sem hipóteses de defesa para o guarda-redes. Mas porquê parar no quarto se ainda havia tempo para mais? O assalto continuou e o Rafa parecia estar particularmente determinado em não deixar acabar o jogo sem inscrever o nome na lista de marcadores. E no último minuto dos três de compensação, conseguiu-o. O maior destaque no lance vai para o remate de ressaca do Gilberto, de primeira à entrada da área e de pé esquerdo. O guarda-redes pareceu ainda tocar muito ligeiramente na bola, esta embateu com estrondo na barra, depois no chão, e o Rafa reagiu mais rápido do que toda a gente para fazer a recarga de cabeça. Ao contrário do que aconteceu a semana passada no Porto, onde a bola foi embater na barra, desta vez foi mesmo para dentro da baliza. E se querem uma demonstração do que é neste momento o estado anímico desta equipa, é ver a forma como o Rafa e o resto da equipa festejaram o golo. O quinto golo, no último minuto de um jogo que estava mais do que decidido, mas que foi festejado com uma alegria que até parecia que tínhamos acabado de marcar o golo da vitória.
Acho que toda a equipa se exibiu a um nível muito alto, incluindo os suplentes que entraram e que revitalizaram o nosso jogo. Quase que estranhamente, acho que nem sequer posso dizer que neste jogo tivemos uma exibição superlativa do Rafa ou do João Mário, dois jogadores que têm estado em grande destaque ultimamente. Mas acho que seria injusto não destacar o enorme jogo do Enzo - que pena aquele golo não ter valido. Eu ainda na primeira parte dei comigo a pensar que andámos anos à procura de um jogador assim, e que vários dos insucessos mais recentes se terão devido ao facto de não o termos conseguido encontrar. Um belíssimo jogo também do Grimaldo, o Neres muito bem na primeira parte, e mais uma vez o Aursnes excelente.
Acho que se precisasse de encontrar uma só palavra para caracterizar o futebol que a nossa equipa neste momento pratica, teria que ser alegria. Há muito tempo que não via os nossos jogadores demonstrarem tanto prazer em jogar futebol e a desfrutarem cada minuto em campo e cada jogada que fazem com os colegas. Pode até ser um mero pormenor, mas é bom ver tanta gente com a nossa camisola em campo a sorrir. E isto ajuda em muito a explicar o nosso actual momento. Que o saibamos cultivar e prolongar o mais possível. É que neste momento o campeonato, e mesmo não se tendo ainda atingido um terço do mesmo, começa a tornar-se cada vez mais não um campeonato que outros possam ganhar, mas sim que só nós o poderemos perder.
O título pode parecer estranho para um texto a referir-se à exibição brilhante que o Benfica realizou frente à Juventus. Se, antes do jogo, tivessem perguntado a qualquer benfiquista se ficaria satisfeito com uma vitória por 4-3 frente à Juventus, julgo que não haveria um único a responder negativamente. No entanto, chegados ao final dos noventa minutos, creio que muitos de nós nos podemos dar ao luxo de dizer que este resultado acabou por saber mesmo a pouco, tal foi a superioridade evidente que o Benfica demonstrou durante largos períodos de tempo, ao ponto de uma goleada de contornos históricos ter sido uma perspectiva bastante realista.
O Benfica manteve a fórmula de Paris e do Ladrão, e o Neres continuou no banco com o Aursnes a manter a titularidade sobre a esquerda, movendo-se mais uma vez o João Mário mais para a direita. Os primeiros minutos do jogo só se podem descrever como um sufoco para a Juventus. A forma como o Benfica pressionou e remeteu a Juventus para perto da sua área foi simplesmente exemplar, e os italianos mal conseguiram respirar. Foi ataque atrás de ataque sem que a Juventus conseguisse sequer responder com algum contra-ataque, porque a bola era quase sempre recuperada ainda bem dentro do meio campo adversário. As tentativas de saída dos italianos eram invariavelmente pelo Kostic em acções individuais pela esquerda e pouco mais. O golo que surgiu aos dezassete minutos era por isso quase uma inevitabilidade. Repetindo uma fórmula que teve sucesso no início da época, um canto marcado de forma curta na esquerda do ataque terminou com um cruzamento do Enzo para o cabeceamento com sucesso do António Silva, que assim se estreou a marcar pela equipa principal. Infelizmente, quase não tivemos tempo para saborear a vantagem, já que praticamente na resposta, e se calhar na primeira vez que a Juventus chegou à nossa baliza, marcou. Foi também no seguimento de um pontapé de canto, e depois de duas defesas fantásticas do Vlachodimos em cima da linha a remates do Vlahovic, a bola acabou por sobrar para o Kean (que durante toda a jogada tinha estado plantado em fora de jogo quase encostado ao nosso guarda-redes, mas que quase por acaso depois do último toque do Vlahovic já estava atrás da linha da bola) que aproveitou para marcar. Este revés injusto poderia ter afectado a equipa mas isso não aconteceu, até porque também não tivemos que esperar muito para regressar à vantagem. Um penálti tonto cometido pelo Cuadrado, ao tocar a bola com o braço, permitiu ao João Mário uma conversão exemplar para nos devolver a liderança no marcador ainda antes de atingida a meia hora. Depois disso o festival ofensivo do Benfica continuou, e aos trinta e cinco minutos voltámos a marcar. Um pontapé longo do Vlachodimos, a bola a sobrar para o Aursnes, que a endossou ao Rafa. O Rafa correu com ela, passou-a ao João Mário na direita e correu de imediato para o interior da área, onde recebeu o passe perfeito do João Mário e marcou com um toque artístico de calcanhar. Dois golos de vantagem ao intervalo e uma demonstração de superioridade tão grande que poucos duvidariam que o apuramento para os oitavos não estivesse já selado.
E o regresso par a segunda parte encarregou-se de confirmar isso mesmo, porque o Benfica continuou a ser imensamente superior e a carregar na procura de mais golos. O Rafa era um autêntico demónio à solta e qualquer bola que lhe fosse parar aos pés significava problemas para a Juventus. O Aursnes e o Florentino levavam enorme vantagem nos duelos a meio campo e os ataques do Benfica sucediam-se. Bastaram cinco minutos para chegar ao quarto golo. A tentativa da Juventus sair pelo Bonucci resultou numa perda de bola graças a uma antecipação do Grimaldo, que depois viu bem a desmarcação do Rafa pelo espaço que tinha ficado aberto com a subida do defesa italiano, e o Rafa com toda a calma picou a bola sobre o guarda-redes. Neste momento já não era a vitória ou o apuramento que estavam em causa, mas sim que contornos esta goleada poderia assumir, porque com o volume ofensivo do Benfica era fácil pensar que iriam surgir mais golos. Do lado oposto, a Juventus nem sequer existia em termos ofensivos. As ocasiões para o Benfica sucediam-se e falhámos várias oportunidades para fazer o quinto golo, com o Gonçalo Ramos a destacar-se neste aspecto particular. O cenário era de tal forma desfavorável para os italianos que a vinte minutos do final pareceram literalmente atirar a toalha ao chão, substituindo dois jogadores nucleares como o são o Vlahovic e o Kostic. Indiferente a isto, o Benfica continuava por cima e voltou a falhar uma situação flagrante para marcar, quando o Rafa concluiu mais uma grande jogada do Benfica rematando de pé esquerdo por cima quando tinha a baliza completamente à sua mercê. Ironicamente, foi o miúdo inglês Iling-Junior, que tinha entrado para o lugar do Kostic, quem logo a seguir fez uma incursão pelo lado direito da nossa defesa e cruzou para um golo que a Juventus não justificava de todo. Marcou o Milik com um remate de primeira, deixado demasiado à vontade pelo Otamendi. Um minuto depois, o mesmo protagonista a entrar pelo mesmo lado, aproveitando um evidente cansaço do Bah, e novo cruzamento que terminou em golo do McKennie depois de alguma insistência na área. E quase do nada, pouco fazendo para o justificar, a Juventus voltava ao jogo. Respondeu o Benfica refrescando a direita e trocando o Bah pelo Gilberto, o que estancou as entradas por aquele lado. E voltou a desperdiçar, quando o Rafa se isolou e correu meio campo sozinho para depois acertar no poste à saída do guarda-redes. Foi substituído para a ovação juntamente com o Gonçalo Ramos logo a seguir, e já no período de descontos o Neres, que o substituiu, ainda teve tempo para desperdiçar nova ocasião de golo.
Homem do jogo obviamente o Rafa. Dois golos e ficou a dever-nos outros dois. Foi um quebra-cabeças para a Juventus sempre que a bola lhe chegava aos pés, sem que os italianos conseguissem encontrar soluções para ele. A diferença de velocidade para os defesas da Juventus fizeram-no quase impossível de travar. Está em grande forma e parece jogar com uma felicidade talvez nunca vista. Fez-lhe bem o adeus ao clube da FPF, e espero que seja inflexível nessa posição. Mais um grande jogo do Aursnes, mesmo a jogar numa posição que não parece ser a mais natural, encostado mais à esquerda. Creio que já não deixará dúvidas a ninguém o acerto da sua contratação. Muito bem também o João Mário, e mantenho a opinião que jogar mais pela direita do que pela esquerda parece beneficiar o seu jogo, mas naturalmente deverá abandonar esse posicionamento assim que o Neres regressar ao onze. Destaques também para mais um jogo enorme do Florentino e também do Grimaldo - não sei se me recordo de uma situação de perigo que a Juventus tenha criado pelo seu lado.
Mais um objectivo da época fechado - depois do apuramento para a fase de grupos, a qualificação para os oitavos. Quando o sorteio nos ditou o PSG e a Juventus como adversários muitos dos nossos inimigos terão esfregado as mãos de contentamento e antecipado a nossa eliminação. Quem diria que com um jogo por disputar estaríamos ainda invictos e com a qualificação selada? A equipa continua a dar grandes mostras de confiança, a mostrar-se fiel a um plano de jogo, e a presentear-nos com grandes exibições. A desta terça-feira teve momentos brilhantes e só foi pena que aqueles dois golos de rajada da Juventus tenham dado uma expressão mentirosa ao resultado, porque a superioridade do Benfica sobre o seu adversário foi muito maior do que aquela que o resultado possa deixar adivinhar. Agora é manter a atitude contra o Chaves. Há muita gente ansiosa por nos ver escorregar.
Uma vitória muito importante e difícil para o Benfica, como costumam ser quase todas arrancadas no Porto, e que foi acima de tudo o resultado de um jogo feito com muita cabeça por parte do Benfica. Havia um plano para este jogo e ele foi posto em prática, com a nossa equipa a não se desviar dele mesmo quando os acontecimentos do jogo convidavam a fazê-lo. Foi uma exibição sóbria e uma vitória justa, deixando depois ao adversário o habitual papel de tentar inventar polémicas e vitimizar-se, coisa em que são peritos, mas o que não percebem é que só mesmo eles próprios é que acreditam nas fantasias que criam.
Durante todo o caminho para o estádio, no Metro, etc, nem um adereço do Benfica visível. Mas bastaram poucos minutos sentado no meu lugar para perceber que ao meu lado estava um casal de benfiquistas. Bom começo. O mesmo não se pode dizer da entrada do Benfica no jogo. Apresentando o mesmo onze de Paris, apesar do Rafa ter feito a primeira aproximação à baliza e ter conquistado o primeiro pontapé de canto, depressa o Porto assumiu o controlo do jogo. Uma pressão bastante agressiva, sobretudo sobre os nossos médios logo na saída de bola, foi algo com que não conseguimos lidar. Um pormenor interessante é que naquele estádio a pressão sobre a equipa de arbitragem começa ainda antes do apito inicial. Aos dois segundos de jogo então o povo já acha que está a ser espoliado. Urram de descontentamento com qualquer decisão tomada que lhes seja desfavorável, por mais evidente que seja, e exigem um cartão amarelo a cada falta assinalada a um adversário. Foi por isso que rejubilaram com o gatilho leve do árbitro na amostragem de cartões, que fez com que logo nos minutos iniciais e à primeira falta o Bah e o João Mário fossem logo amarelados (os amarelos pareceram-me justos, diga-se). O Benfica revelava grandes difuldades para acalmar e jogar o seu futebol, e a pressão agressiva pareceu afectar sobretudo o Enzo, a quem eu vi cometer mais erros na saída de bola só nos minutos iniciais deste jogo do que em toda a época até agora. Os amarelos aos nossos jogadores, aliás, resultaram de perdas de bola quando tentávamos sair, com muito maus passes. A pressão do Porto culminou com uma grande ocasião de golo à passagem do quarto de hora - que acabou por ser a melhor ocasião de golo de que dispuseram em todo o jogo - quando o Zaidu conseguiu o cruzamento em esforço sobre a linha de fundo e o Taremi cabeceou para uma defesa espantosa do Vlachodimos, daquelas defesas que valem pontos, voando para ir afastar a bola junto ao canto superior da baliza. Esta situação, curiosamente, foi uma espécie de canto do cisne para a pressão intensa do Porto. E não, ao contrário da fantasia que querem vender de que só após a expulsão é que o Benfica conseguiu começar a jogar, isso aconteceu antes, e mais precisamente neste momento. Logo na resposta o Rafa conduziu um contra-ataque perigoso que finalizou com um remate cruzado que infelizmente saiu frouxo, e depois disso o Benfica criou duas ocasiões perigosas. Na primeira o Grimaldo cruzou e o Rafa apareceu completamente sozinho no meio da área para cabecear directamente para as mãos do Diogo Costa, quando poderia ter feito muito melhor, e na segunda o Bah antecipou-se ao Zaidu e cabeceou em balão um cruzamento muito largo, fazendo a bola passar bastante perto do poste.
Esta tendência só se acentuou quando no espaço de três minutos o Eustáquio enfiou duas sarrafadas no Bah e viu dois amarelos, sendo excluído do jogo aos vinte e sente minutos. Amofinaram-se os da casa perante tamanho atrevimento - onde é que já se viu penalizar um jogador do Porto só por cravar uns pitons nas canelas de um adversário - e a partir desse momento o plano do Porto tornou-se óbvio. Liderados pelo Verme, e com o incentivo ululante das bancadas, dedicaram-se afincadamente a tentar fazer cumprir a longa tradição de meter um jogador do Benfica na rua. O Verme atirava-se para o relvado e contorcia-se a cada toque que levava, a turba urrava, e estava o espectáculo armado. O Benfica, em superioridade numérica, não cometeu o erro de se atirar desmioladamente para o ataque, o que certamente permitiria o tipo de jogo partido com transições rápidas de parte a parte que não só seria muito mais vantajoso para a equipa em inferioridade, como se tornaria propício a mais lances que permitissem ao Porto arrancar o tão almejado cartão amarelo. Jogando um futebol de paciência, com muita circulação da bola e variações rápidas de flanco para aproveitar o jogador que acabava sempre por 'sobrar' solto na ala, fomos esperando pela nossa oportunidade para ferir o Porto, e esta poderia ter aparecido a dez minutos do intervalo. Uma excelente iniciativa do Aursnes pela esquerda, na qual deixou o Taremi para trás, terminou com um remate já de ângulo apertado que levou a bola a embater em cheio no poste. Depois ressaltou nas costas do Diogo Costa e foi para a zona frontal da baliza, onde o Rafa se antecipou a toda a gente para cabecear, mas com tanta falta de sorte que levou a bola a embater na barra. Entretanto esta jogada acabou por motivar ainda o Porto na perseguição do seu plano, porque ao tentar rematar na recarga ao remate à barra o Enzo cometeu falta e viu amarelo. As fichas estavam todas colocadas em voltar a igualar as equipas em termos numéricos, mas o resultado prático foi apenas um amarelo patético ao Aursnes depois de uma queda do Taremi no meio campo. Já o Verme, tinha fixado o Bah como alvo e voltou a contorcer-se à procura do segundo amarelo ao dinamarquês, mas apesar de toda a pressão o árbitro lá achou que uma falta normal na zona lateral da área do Porto e outra na lateral da nossa área quando o adversário corria para trás não eram motivo para satisfazer a turba. Revoltou-se e contorceu-se o povo com saudades de um Soares Dias, mas lá fomos para intervalo.
Ou o Roger Schmidt já está informado sobre como é que as coisas funcionam normalmente em Portugal, ou alguém o terá avisado, porque ao intervalo substituímos imediatamente três dos quatro jogadores amarelados. Enzo, João Mário e Bah saíram, Neres, Draxler e Gilberto entraram. O Aursnes foi formar a dupla do meio campo com o Florentino, e os outros dois foram ocupar os lugares nas alas. E logo aí a estratégia do Porto ficou esvaziada. Era óbvio para todos que mais cedo ou mais tarde, mais mergulho menos mergulho, mais grito e espernear do Verme, e o desejado amarelo surgiria. Assim sendo, tudo o que o Porto podia fazer era tentar resistir. Até porque o Benfica veio para a segunda parte com um jogo muito paciente, escondendo a bola do Porto e esperando por uma oportunidade com a confiança de que ela acabaria por surgir. Depois, a entrada do Neres para a direita veio causar bastantes desequilíbrios, obrigando mesmo o Verme a vir ajudar a fechar esse lado e assim impedindo-o de ir para o meio tentar arrancar um amarelo ao Aursnes, o único amarelado que permanecia em campo. Durante mais de vinte minutos, desde o reinício do jogo, o Porto limitou-se a cheirar a bola enquanto o Benfica fazia o seu jogo paciente, com o desequilíbrio na estatística da posse de bola a atingir níveis raramente vistos em jogos entre estas duas equipas. A maior obrigação de vencer o jogo pertencia ao Porto e um empate não seria nunca um mau resultado para o Benfica, mas esta era uma oportunidade demasiado boa de ganhar para ser desperdiçada, pelo que convinha que o Benfica conseguisse causar mais desequilíbrios para chegar ao golo. Pela direita era o Neres quem causava problemas, pela esquerda era sobretudo o Grimaldo, sobrando para o Rafa o papel de arrancar com a bola para cima dos defesas sempre que possível.
O Draxler só durou pouco mais de quinze minutos, e infelizmente o nosso treinador decidiu-se pela entrada do Musa (acho que será muito difícil eu ser um admirador dele), o que fez com que a equipa se reorganizasse com o Gonçalo Ramos como segundo avançado e o Rafa mais encostado à esquerda - a vantagem disto foi que o Grimaldo passou a ter alguém com quem combinar. Entretanto o Porto trocou o Evanilson pelo Veron e conseguiu agitar o jogo, voltando-se a ver algumas transições rápidas. Ironicamente, foi numa delas que o Benfica chegou ao golo. Depois de uma boa iniciativa individual do Pepê pelo nosso lado esquerdo ter terminado num cruzamento a quem ninguém deu sequência, a bola foi ter com o Neres, que a deixou no Rafa. O Rafa fez a condução pela esquerda aproveitando a ausência do Pepê, combinou com o Neres e apesar do passe do Neres desde a linha de fundo ter saído demasiado atrasado, o Rafa ainda conseguiu recolher a bola no meio da área e rodar para fazer o golo com um remate colocado junto ao poste. O auxiliar levantou a bandeirola, o povo rejubilou, mas como o lance foi mesmo à minha frente eu estava com bastante confiança que o golo acabaria por ser validado, o que acabou por se verificar. Entretanto o Verme aproveitou os festejos do golo para tentar agredir o Gonçalo Ramos e obviamente passar impune. Depois, estranhamente, perdemos um bocado o controlo que tínhamos tido até então e permitimos que o Porto recuperasse mais bolas e com isso conquistasse bolas paradas para despejar para a área. Não passámos por grandes apuros, é verdade - os lances de maior perigo foram um cabeceamento do Toni Martínez solto na área, mas que foi direito às mãos do Vlachodimos, e um mau passe atrasado do António Silva que obrigou o Gilberto a fazer um atraso já apertado por um adversário e que acabou por ser mais um remate para a própria baliza - mas isto não nos permitiu um final de jogo tranquilo. Da nossa parte, o maior destaque para um lance em que na direita da área o Neres deixou o Verme sentado e centrou, com a bola a desviar no Carmo para depois o Diogo Costa fazer uma grande defesa para retirar a bola de dentro da baliza, aproveitando para emular mais um pouco o Vítor Baía, e outro lance no qual quase à vontade junto da pequena área o Musa fez aquilo que eu esperaria dele, atirando a bola para a bancada. Final do jogo, a peixeirada habitual, o Verme a agitar o dedo ao árbitro, o cão raivoso a reclamar e a ser expulso, o mergulhador a tentar provocar os nossos adeptos que, ignorando-o, celebravam, a turba ululante a acreditar na fábula de que tinham de alguma forma perdido por causa da arbitragem, e os nossos a festejar tranquilamente a vitória. Foi bonita a festa.
A minha escolha para o melhor jogador do Benfica vai para o Rafa. Não apenas pelo golo, mas também por ter sido sempre o jogador mais perigoso do Benfica durante o jogo. Foram as suas arrancadas que causaram maiores problemas à defesa do Porto e era dele que se esperavam os necessários desequilíbrios para chegarmos à vitória. Felizmente que se auto-excluiu do bando do Santos, e só tenho pena que não haja mais jogadores do Benfica a fazer o mesmo - especialmente tendo que partilhar o balneário com o Verme, o que por si só já deveria ser motivo de auto-exclusão para qualquer jogador do Benfica. Foi bem acompanhado como jogador desequilibrador pelo Neres, cuja entrada na segunda parte foi decisiva. Grande jogo também do Aursnes, que apesar do amarelo arrancado pelo Taremi nunca perdeu a compostura e foi um pêndulo do princípio ao fim; está jogo a jogo a provar o acerto da sua contratação. Gostei também do Grimaldo, em especial na segunda parte. O Vlachodimos foi um guarda-redes sólido, e aquela defesa no início do jogo foi decisiva, porque se o Porto tem marcado nesse lance duvido que o Benfica tivesse conseguido reentrar no jogo.
Vamos em dezanove jogos sem conhecer a derrota (apesar de ainda não termos enfrentado um teste a sério) mas nada está ganho. A atitude e personalidade mostradas no Porto têm que ser mantidas até ao último dia da época. Termos sabido manter a cabeça fria e sermos fiéis ao plano elaborado foi decisivo para esta vitória num jogo em que eles simplesmente aplicaram a fórmula bafienta do costume. Provocações e faltas de respeito antes e durante o jogo, pressão sobre os árbitros, quezílias e tentativas de levar o jogo para o clima conflituoso que sempre os favoreceu, a tudo isso os nossos jogadores foram incólumes. Nada de euforias desmedidas ou triunfalismos - ganhámos um jogo importante no caminho para os nossos objectivos, num campo e ambiente tradicionalmente difíceis, nada mais do que isso. E tenho poucas dúvidas que tudo poderia ter sido diferente se, por exemplo, o árbitro tivesse cedido à pressão que colocaram sobre ele - bastaria por exemplo ter tido um pasteleiro a arbitrar que não sairíamos dali com a vitória. Os dados continuam viciados, como sempre têm estado nas últimas quatro décadas. E é por isso mesmo que não nos podemos descuidar ou desviar um milímetro do caminho traçado.
Quase que houve surpresa na Taça. Ao fim de duas horas de futebol e penáltis acabámos por seguir em frente, mas devemos sentir-nos envergonhados por ter permitido que um escândalo ficasse tão perto de poder acontecer.
Mudanças houve, mas já deu para perceber que o nosso treinador não é fã de mudanças radicais, e portanto quando é para rodar muda no máximo metade da equipa. Por isso mantiveram-se no onze o António Silva, Grimaldo, Florentino, Enzo e João Mário e entrou o Helton para a baliza, e depois Gilberto, Brooks, Aursnes, Pinho e Draxler. Os problemas do Benfica começaram pela forma como entrámos no jogo. Contra um adversário mais fraco eu acho que é para entrar para matar completamente à partida quaisquer veleidades, não é deixar o tempo passar e a confiança deles aumentar. E o Benfica entrou no jogo a jogar de smoking, naquela atitude de 'isto há-de se resolver'. O que ficou evidente nos muitos lances em que perdíamos a bola porque os nossos jogadores ficavam parados à espera que a bola lhes chegasse aos pés, e entretanto os jogadores do Caldas corriam e antecipavam-se. Criámos muito poucas situações de golo e houve excesso de individualismo da parte da maioria dos jogadores. A melhor ocasião de golo foi mesmo do Caldas, num remate de fora da área que o Helton desviou para o poste. Para a segunda parte entraram o Musa e o Diogo Gonçalves para os lugares do Florentino e do Pinho, e o Benfica melhorou. Chegámos então ao golo quando o Musa se enganou e fez um bom golo, com um remate rasteiro e colocado a fazer a bola entrar junto do poste. Escrevi que ele se enganou porque no espaço de poucos minutos que se seguiram ele se encarregou de mostrar que o golo tinha sido obra do acaso. Duas vezes isolado à frente do guarda-redes, finalizou sempre de forma destrambelhada, com a agravante de que na segunda, depois do guarda-redes defender o primeiro remate, a bola foi cair-lhe nos pés outra vez. Com o Draxler e o João Mário ao seu lado e o guarda-redes em cima dele, bastando por isso passar-lhes a bola para que eles pudessem rematar para a baliza sem guarda-redes, preferiu tentar finalizar outra vez e obviamente voltou a acertar no guarda-redes.
Apesar da exibição cinzenta, a superioridade do Benfica era evidente e parecia que iríamos seguir em frente, mas um raro erro do António Silva, ao não conseguir controlar uma bola, permitiu a um avançado do Caldas recuperar a bola e marcar com um remate por entre as pernas do Helton. E ficou o caldo entornado. A partir daí o jogo passou a disputar-se em apenas trinta metros de terreno, mas o que foi preocupante foi a falta de imaginação do Benfica para ultrapassar uma equipa que defendia com quase toda a gente à frente ou dentro da área. Criámos poucas situações de golo, mas mesmo a acabar o jogo o prolongamento até poderia ter sido evitado quando um defesa do Caldas, sem que ninguém lhe tocasse, quando a bola ia sobrar para o Musa em frente ao guarda-redes (OK, era o Musa, a probabilidade de dar golo era reduzida) caiu e 'acidentalmente' os seus braços foram precisamente tirar a bola dos pés do nosso avançado. Pelos vistos isto não é penálti. Siga para prolongamento, mais do mesmo, o Enzo ainda acertou nos ferros da baliza mas houve muito pouca inspiração do Benfica frente à muralha do Caldas. Nos penáltis, o Caldas falhou logo o primeiro e nós marcámos todos os nossos cinco (Enzo, Ristic, Aursnes, Chiquinho e João Mário). Seguimos em frente apesar da má exibição mas honestamente, em futebol jogado, seria uma enorme injustiça se fosse o Caldas a passar. É certo que se bateram bem, mas o Benfica dominou praticamente todo o jogo enquanto que eles passaram a maior parte do tempo enfiados na sua área, marcaram numa das duas ocasiões de perigo que criaram (que surgiu de um erro individual nosso) e ainda viram um penálti claríssimo não ser assinalado mesmo a fechar o jogo, de forma incompreensível. Merecem elogios pela forma como se bateram com tamanha desigualdade de meios, mas também não vamos entrar em exageros.
O único destaque que consigo fazer é ao Enzo. Contra o Caldas, contra o PSG, contra o Rio Ave, contra a Juventus, joga sempre da mesma maneira. Acho que é o jogador mais fundamental da nossa equipa e parece-me que irá jogar até não se aguentar de pé. Ontem foram mais 120 minutos num jogo que até deveria ter servido para poupar algumas energias, tivéssemos nós sabido ser minimamente competentes. O António Silva cometeu o erro individual que resultou no golo do Caldas, mas só acontece a quem lá anda e de resto fez um jogo perfeitamente ao nível a que nos tem habituado. Não é pelo erro que vamos cair em exageros apesar de, como era previsível, o jornal da lagartagem já ter aproveitado a oportunidade para iniciar a sua campanha. O Musa marcou um bonito golo, mas praticamente tudo o que fez a seguir ao golo parecia ser uma confirmação de que o lance do golo foi puro acaso. Não me conseguiu convencer até agora. Esforça-se, dá trabalho aos defesas, tudo bem, mas é tecnicamente atroz e é pouco inteligente na forma como se posiciona e movimenta. Honestamente não consigo deixar de me interrogar como raio pode estar à frente do Henrique Araújo nas prioridades para aquela posição. Antes dele, o Rodrigo Pinho foi uma nulidade completa.
Espero bem que esta quase repetição do episódio com o Gondomar sirva de aviso para que nunca baixem a guarda ou relaxem. O Benfica é e sempre foi o maior alvo em Portugal, o prémio mais apetecido que todos querem exibir na sua sala de troféus. Dar menos do que tudo é meio caminho andado para que nos tornemos a presa. A resposta ao que se passou nas Caldas tem que ser uma atitude completamente diferente no jogo que se segue, que é dos quase impossíveis de ganhar todas as épocas. É o jogo em que nos é atirado tudo o que é possível arranjar, porque sabem que saindo de lá sem perder é sempre meio caminho andado para o sucesso no final. São nomeações cirúrgicas, é intimidação onde quer que seja possível fazê-la, são adversários dentro e fora do campo a espumar da boca e com línguas azuis, tudo vale para nos tentar abater. Muito da nossa época joga-se na próxima sexta-feira. Se ainda não têm noção disso, ganhem-na. Senão já estamos em desvantagem ainda antes do apito inicial.
Repetição do resultado frente ao PSG, o que nos deixou ainda mais perto do apuramento e prolongou a série invencível deste início de época. Não foi um jogo tão aberto como o disputado na Luz, foi muito mais táctico e teve muito menos ocasiões de golo, mas mais uma vez conseguimos bater-nos olhos nos olhos com os franceses e conquistar um resultado inteiramente justo, já que ambas as equipas acabaram por se anular uma à outra.
Devido à ausência forçada do Neres, foi necessário mexer no onze e o Roger Schmidt apostou numa estratégia mais conservadora, colocando mais um médio - o Aursnes foi o escolhido. Isto significou jogar sem extremos, pois o Aursnes jogou mais pela esquerda e o João Mário pela direita, fechando no meio sempre que necessário. Quem esperasse um qualquer massacre do PSG desde o apito inicial depressa terá ficado desiludido. As equipas encaixaram uma na outra e o jogo foi, pode mesmo dizer-se, aborrecido. Muito poucas chegadas à baliza, e nem sequer os desequilibradores mais óbvios conseguiam criar grandes problemas às defesas adversárias - acho que durante o jogo houve dois remates à nossa baliza e um à baliza do PSG, incluindo os dois penáltis, e não me recordo de nenhuma defesa mais apertada por parte dos guarda-redes. O golo do PSG apareceu a cinco minutos do intervalo num penálti cometido pelo António Silva, que chegou atrasado ao lance e acabou por derrubar o Bernat, e convertido pelo inevitável Mbappé. Na segunda parte, fiquei com a sensação de que os dois médios-ala, em especial o Aursnes, apareceram a jogar mais junto dos dois médios centro, dando-nos superioridade numérica no meio campo. Se calhar o raciocínio do nosso treinador pode ter sido sufocar o génio Vitinha, que um pseudo-jornal da nossa praça descobriu que é o verdadeiro responsável pelo facto do Messi, o Mbappé ou o Neymar serem estrelas mundiais. Mas passou a ser frequente vermos sobretudo o Enzo com bastante liberdade para receber a bola e decidir como dar seguimento às jogadas, enquanto que o Verrati andava por ali a correr desenfreadamente para acudir a todos o os fogos. Numa dessas situações entrou de forma mais impetuosa ao lance e já não conseguiu evitar o toque no Rafa. Como não estamos em Portugal, o VAR fez o seu trabalho e alertou o árbitro sobre a falta (é simplesmente absurdo comparar a frequência de penáltis assinalados a nosso favor nos jogos europeus - nos quais nem sequer habitualmente submetemos os adversários a pressão tão intensa e portanto não temos tantas jogadas na área deles - com aquela que ocorre nos jogos das competições nacionais). O João Mário não tremeu e marcou o penálti de forma bastante semelhante à que tinha feito contra a Juventus. A partir daqui não vou dizer que ambas as equipas se conformaram com o resultado, mas pelo menos não me pareceram particularmente incomodadas com ele e portanto não pareciam muito dispostas a correr riscos desnecessários para voltar a marcar. A situação mais perigosa para o Benfica foi uma na qual o recém entrado Draxler andou à procura de espaço para rematar na área, mas acabou por ter o remate bloqueado por um defesa.
Num jogo que não foi tecnicamente brilhante, achei que os maiores destaques terão sido os argentinos Otamendi e Enzo, bem acompanhados pelo João Mário, que atravessa um momento de grande confiança. Aliás, a confiança é tanta que por mais de uma vez o vi tentar ganhar lances em velocidade aos adversários. Quando o fez com o Hakimi, achei piada. Quando o fez com o Mbappé, ri-me mesmo.
Com uma sorte descomunal, continuam a atravessar-se no nosso caminho adversários que estão na sua pior forma de sempre, e portanto a invencibilidade vai-se prolongando. Aqueles que esfregavam as mãos de contentes na altura do sorteio quando viram os nomes da Juventus e do PSG no nosso grupo entretanto já chegaram à conclusão que eles são, na verdade, fracos. Já vi inclusivamente lançada a teoria de que as estrelas do PSG se estão a poupar para o Mundial. Indiferentes a isto, a conjugação de resultados significa que em princípio um empate num dos dois jogos que restam deverá ser suficiente para assegurar a passagem, mas tal até poderá não ser necessário - para não passarmos, uma das outra duas equipas terá forçosamente que vencer o Benfica e o PSG nos dois jogos que faltam, o que não sendo impossível, é pelo menos pouco provável. A seguir, Caldas para a Taça, para abordar com exactamente a mesma seriedade que este duelo com o PSG o foi.
Num jogo em que houve mesmo rotatividade a sério, a equipa não se ressentiu disso e acabou por realizar uma exibição de alto nível que incluiu não se deixar afectar por um golo sofrido logo a abrir o jogo e, tranquilamente, dar a volta ao resultado para construir uma diferença tão confortável no marcador que até deu para relaxar um pouco em demasia no final.
Foi meia equipa que mudou em relação ao jogo da Champions: Bah, Grimaldo, Florentino, Neres e Rafa de fora, com os seus lugares ocupados pelo Gilberto, Ristic, Aursnes, Diogo Gonçalves e Draxler. As alterações não pareceram afectar o Benfica, que entrou no jogo a todo o gás e imediatamente começou a causar perigo junto da baliza do Rio Ave. Com uma ala esquerda (constituída pelo Ristic e o Diogo Gonçalves) bastante dinâmica - o João Mário hoje actuou mais sobre a direita, tendo o Draxler jogado atrás do avançado - o Benfica jogava de forma agradável e fluída. Mas depois do Ristic falhar um golo de forma incrível, acertando mal na bola depois de um passe fantástico do Enzo sobre a defesa do Rio Ave o ter deixado em frente ao guarda-redes, da primeira vez que o Rio Ave chegou à nossa baliza, marcou. Estavam decorridos seis minutos de jogo quando o Samaris (merecidamente aplaudido neste seu regresso à Luz) conduziu a transição ofensiva depois do Enzo não ter conseguido fazer a intercepção ainda no meio campo defensivo do Rio Ave e depois com um bom passe encontrou o Aziz com imenso espaço, aproveitando o adiantamento excessivo do Otamendi. O António Silva ainda foi à esquerda tentar compensar, mas isto deixou o espaço aberto no meio, para onde a bola seguiu para os pés do Fábio Ronaldo, que bateu o Vlachodimos sem grande dificuldade. Mas a equipa não pareceu acusar nada este contratempo. A resposta foi uma verdadeira avalanche ofensiva, que não demorou muito tempo a inverter o resultado e, como começa a tornar-se quase rotina, a levar-nos para o intervalo a pensar que apesar da vantagem confortável, poderíamos ter marcado o dobro dos golos. O empate surgiu aos treze minutos, numa jogada simples e bonita: tabela entre o João Mário e o Enzo na direita que libertou o primeiro, e este limitou-se a fazer o passe para o meio da área, onde o Gonçalo Ramos surgiu à vontade para marcar. A reviravolta ficou consumada aos dezanove minutos, num golo caricato em que apesar de haver mérito na pressão feita pelo Diogo Gonçalves sobre o defesa que faz o atraso e depois sobre o guarda-redes, a culpa total é mesmo do Jhonatan, que introduziu a bola na própria baliza quando tentou tocá-la de primeira para o lado de forma a sair a jogar. Com a vantagem no marcado obtida, o sufoco continuou - não houve mais nenhum remate do Rio Ave durante a primeira parte, enquanto que o Benfica continuava a acumular finalizações e situações de perigo, dando ao Jhonatan oportunidades para se redimir do erro tremendo que nos tinha colocado em vantagem. A resistência só acabou já no minuto de compensação que foi dado na primeira parte: mais um grande passe do Enzo para as costas da defesa, onde surgiu o Gonçalo Ramos para finalizar com grande classe, controlando a bola com a coxa direita para depois finalizar com um remate de pé esquerdo.
Com o jogo completamente controlado e um resultado que dava tranquilidade aproveitámos o intervalo para dar repouso a mais dois jogadores, trocando o Gonçalo Ramos e o Enzo pelo Musa e o Florentino. O ritmo imposto pelo Benfica foi manifestamente inferior ao da primeira parte, mas continuámos a ter o controlo quase completo do jogo e a ameaçar o quarto golo, que surgiu pouco depois da hora de jogo. Um grande cruzamento, rasteiro e tenso, do Ristic na esquerda foi encontrar o Musa sozinho perto da marca de penálti, que marcou facilmente o seu primeiro golo pelo Benfica. Já depois do momento bonito que foi a substituição do Samaris, em que ele saiu do campo emocionado debaixo de uma chuva de aplausos, o Benfica aproveitou para dar descanso ao João Mário e trocou-o pelo Rodrigo Pinho, o que obrigou a uma reorganização no ataque: o Pinho foi jogar mais atrás do Musa, passando o Diogo Gonçalves para a direita e o Draxler para a esquerda. O Benfica continuou a dominar, a pressionar e a procurar mais golos até cerca de dez minutos do final, altura em que o Diogo Gonçalves obrigou o Jhonatan a mais uma defesa. Depois baixámos claramente o ritmo durante os últimos dez minutos, o que o Rio Ave aproveitou imediatamente para avançar no terreno e até mesmo rematar à nossa baliza. E como habitualmente as equipas que jogam contra nós arranjam sempre inspiração para não precisarem de ameaçar muito para a chegar ao golo, mais uma vez o cenário se repetiu. Foi um momento de suprema inspiração do Guga, que a cinco minutos do final rematou de primeira de fora da área sobre a direita e colocou a bola no canto oposto, completamente fora do alcance do Vlachodimos. Sendo um jogador formado no Benfica e que por cá passou muitos anos, teve a atitude bonita de não festejar o golo, o que só lhe ficou bem - aliás, jogadores com passado no Benfica houve vários em campo: para além do Guga e do Samaris, o Pedro Amaral e o Miguel Nóbrega foram formados no Seixal. Mesmo a terminar o jogo o Draxler ainda se escapou pela esquerda e serviu o Rodrigo Pinho para marcar, mas nem sequer me levantei da cadeira porque me pareceu imediatamente óbvio que o alemão tinha partido de uma posição irregular.
No geral quase todos os jogadores estiveram a um bom nível, mas para mim o melhor em campo deve ter sido o João Mário. Atrevo mesmo a dizer que terá sido o melhor jogo que o vi fazer desde que está no Benfica. Fez a assistência para o primeiro golo, esteve na jogada do terceiro e em grande parte das jogadas mais perigosas do Benfica. A mudança para a direita pareceu ser-lhe benéfica. Outros destaques foram o Gonçalo Ramos e o Enzo (assistência e participação decisiva no primeiro golo), apesar de terem jogado apenas uma parte. Tinha bastante interesse em ver o Ristic a titular pela primeira vez, e fiquei bastante agradado. É forte fisicamente e rápido, integrando-se bem no ataque e com um pé esquerdo muito interessante. Falhou de forma clamorosa o golo logo nos minutos iniciais, mas foi o autor da assistência para o quarto golo, e na memória fica o incrível centro de trivela para oferecer uma oportunidade flagrante de golo ao Gilberto, que só não marcou por mérito do guarda-redes. A julgar apenas por este jogo, parece ser uma alternativa segura ao Grimaldo. Gostei também do Diogo Gonçalves e achei que o Aursnes subiu de produção a jogar ao lado do Florentino - durante a primeira parte achei-o descuidado em termos defensivos, já que o autor do golo do Rio Ave frequentemente recebia a bola demasiado à vontade entre linhas. A maior excepção e até mesmo desilusão para mim foi o Draxler. Parece-me claramente sem ritmo e sem grande confiança. Escondeu-se do jogo sempre que possível (basta pensar no que é o Rafa naquela posição, constantemente em jogo, e quantas vezes vimos o Draxler) e quase sempre que recebeu a bola limitou-se a devolvê-la imediatamente para trás. Raramente ou quase nunca arriscou uma finta, uma arrancada ou um remate. Espero que recupere rapidamente a forma para que possa ser-nos útil.
É uma boa sensação pensar que podemos rodar um pouco o plantel sem que o rendimento da equipa possa ser afectado. Eu confesso que a minha maior preocupação para este jogo era que o Rafa não fosse utilizado. Tendo em conta quem era o árbitro, tinha o pressentimento que à menor oportunidade ele seria amarelado e ficaria de fora da nossa visita ao Porto. Como isso não aconteceu, já foi motivo de satisfação. Internamente, segue-se um jogo para a Taça de Portugal contra o Caldas, que terá teoricamente um grau de dificuldade menos elevado. Pode ser uma oportunidade para dar mais minutos a alguns dos jogadores que actuaram hoje - e dar mais repouso a alguns dos mais utilizados esta época e que certamente serão novamente utilizados em Paris.
É certo que muito provavelmente teremos apanhado pela frente o pior PSG dos últimos cinquenta anos, que ainda por cima se apresentou na Luz a jogar com uma equipa de reservas. Mas a verdade é que apesar das enormes diferenças orçamentais conseguimos jogar olhos nos olhos com o adversário desta noite, e o empate final é um resultado que não deslustra e nos mantém a via aberta para o apuramento. Foi uma exibição muito positiva da nossa equipa esta noite, e a reacção que se esperava à desilusão de Guimarães.
Depois do mau resultado e exibição em Guimarães, um sinal muito forte de confiança apresentando exactamente o mesmo onze para este embate. Do outro lado, os milionários de Paris com o seu tridente atacante de luxo e, para mim, o privilégio de poder voltar a ver o Messi ao vivo, passados que estavam dez anos desde a última vez - aquela em que no final ele foi pedir a camisola ao Aimar. Considero o argentino um extra-terrestre e o segundo melhor jogador que vi jogar (o melhor será sempre o Maradona). Perante um estádio da Luz lotado e com um ambiente fantástico, vimos o Benfica entrar no jogo fiel a si próprio. A jogar para ganhar, a pressionar alto e a criar dificuldades à saída de bola do PSG e a não se deixar intimidar perante os nomes que se apresentavam do outro lado. E isto só não deu frutos durante os primeiros vinte minutos porque na baliza do outro lado estava um guarda-redes chamado Donnarumma, que evitou o golo em duas ocasiões flagrantes. A primeira quando o Gonçalo Ramos lhe surgiu pela frente, depois de desmarcado por um excelente passe longo do António Silva, e a segunda num remate do Neres, que também lhe apareceu solto na frente após passe do Rafa. Por esta altura o PSG ainda não tinha criado uma única situação de perigo ou sequer rematado à nossa baliza, e de certeza que eu não seria o único a pensar que depois do nosso desperdício seria muito provável que à primeira oportunidade, o PSG marcasse. Que foi mesmo o que aconteceu, numa triangulação pela esquerda entre os três do ataque que foi finalizada com um remate de primeira em arco do Messi para o poste mais distante. Nem com asas o Vlachodimos lá chegaria. Assim que o PSG se apanhou em vantagem, tivemos um vislumbre daquilo que eles poderiam fazer querendo colocar o jogo no congelador. Porque durante o quarto de hora seguinte andámos literalmente a cheirar a bola, com os franceses (usar o plural aqui parece descabido, porque havia apenas um francês na equipa) a manterem a bola em seu poder e a circularem-na com grande à vontade. Só na fase final da primeira parte é que o Benfica conseguiu voltar a dar sinal de si, e já depois do António Silva ter desperdiçado mais uma ocasião flagrante para marcar - rematou à vontade na área, mas infelizmente fê-lo precisamente na direcção do Donnarumma - acabámos por ser recompensados a três minutos do intervalo. Um cruzamento do Enzo na esquerda enviou a bola em arco para a área, o Gonçalo Ramos não conseguiu desviá-la de cabeça e ela ainda roçou no Danilo, acabando por entrar junto ao poste mais distante. Um golo que repunha alguma justiça no resultado, e que chegou na altura certa.
A segunda parte foi quase ao contrário da primeira. Foi o PSG quem entrou bem mais forte, e foi a vez do Vlachodimos brilhar na baliza. Logo nos primeiros minutos, teve que defender um remate cruzado do Hakimi, com o Neymar a seguir a fazer um pontapé de bicicleta que ainda fez a bola raspar na barra. Logo a seguir o nosso guarda-redes teve que voltar a empenhar-se para safar um erro enorme do Otamendi, que perdeu a bola para o mesmo Hakimi. O PSG esteve quase sempre com o controlo no jogo, com o Benfica na expectativa de conseguir explorar o contra-ataque através de bolas no Rafa ou no Neres. Tal como já tinha acontecido na primeira parte, grande parte do perigo causado pelo PSG resultava das descidas do Messi para vir recolher a bola no meio campo mais recuado, o que estranhamente acontecia com demasiada frequência e ainda por cima deixando-o receber quase sem pressão. Depois já se sabe, embalado com a bola é quase impossível desarmá-lo - recordo-me de um lance em que o Enzo tentou fazê-lo e ainda nem tinha acabado de meter o pé e já tinha ficado para trás. A ocasião seguinte para o PSG surgiu num livre do Neymar, embora tenha a sensação de que o Vlachodimos defendeu mais para a fotografia do que outra coisa qualquer, porque a bola foi ao meio da baliza. Para a fotografia já não foi a defesa seguinte, mais uma vez a um remate cruzado do Hakimi depois de (mais uma) iniciativa individual do Messi. Foi também de bola parada que o Benfica respondeu, numa cabeçada do Otamendi que fez a bola passar perto do poste. Logo a seguir, o melhor momento da noite do nosso guarda-redes: um remate cruzado do Mbappé, que veio da esquerda para o meio (foi praticamente a única vez que o vimos aparecer no jogo, o que só revela o mérito da nossa defesa em tirar-lhe o espaço de que necessita para as suas tradicionais arrancadas) e o Vlachodimos voou para ir impedir a bola de entrar junto ao ângulo superior. A resposta do Benfica foi dada pelo Rafa, que depois de uma bola recuperada no círculo central pelo João Mário levou tudo à frente até o Donnarumma defender o remate dele já quase na pequena área. Faltavam dez minutos para o final, e logo a seguir a este lance saiu o Messi e eu senti-me um pouco mais aliviado. À medida que o final se aproximava fiquei com a sensação de que ambas as equipas se iam mais ou menos conformando com o resultado, e apesar de uma maior insistência do PSG o único lance digno de registo foi um remate de fora da área que passou muito por cima da baliza.
O Vlachodimos é um dos destaques do Benfica esta noite. Era impossível fazer o que quer que fosse no golo do Messi, mas de resto defendeu tudo o que havia para defender. Toda a equipa trabalhou e correu muito, mas para não variar gostei da exibição do Rafa, que foi sempre uma ameaça, e do Florentino. E obviamente, destaque grande para o nosso ainda júnior António Silva. Para ele, jogar na Youth League ou na Champions não parece fazer diferença nenhuma. Joga com a memsa personalidade e atitude quer tenha outro miúdo pela frente, ou jogadores como o Mbappé ou o Neymar (mas eu confesso, e não é por causa deste jogo, que acho o Neymar um palhaço - um malabarista com imensa qualidade técnica, mas cheio de tiques de vedeta e a anos-luz de um Messi). Parece completamente imperturbável e não se deixa intimidar por ninguém. Acho que mesmo com todos os centrais recuperados já ninguém o vai conseguir tirar da equipa.
A verdade é que temos que admitir que estamos oficialmente em crise: já são dois jogos consecutivos sem ganhar, e sabemos que não é preciso mais do que isso para nos arranjarem uma crise. Mas mais a sério, este empate acaba por ser um resultado importante, porque se a lógica imperar, isto obriga a Juventus a não perder o seu jogo com o PSG para alimentar esperanças de disputar a qualificação connosco. Acho que no início desta fase de grupos qualquer um de nós aceitaria sem pensar duas vezes sete pontos no final dos três primeiros jogos. Mas o que é importante agora é vencer o Rio Ave já no sábado e acabar com esta 'crise'.
E ao décimo quarto jogo não ganhámos. Foi um jogo de zeros: no final dos noventa minutos em Guimarães ficou tudo a zeros, e o que nós produzimos enquanto equipa neste jogo foi também zero, quer no campo, quer no banco. Por isso o resultado só pode surpreender quem não viu o jogo, porque na verdade nada fizemos para justificar outro desfecho.
Neste momento a maior dúvida que há em relação ao onze do Benfica para um jogo é quem ocupará a direita da defesa. O Bah parece estar a levar vantagem nesta altura e foi por isso ele quem ocupou esse posto, com o resto da equipa a ser a esperada. E quase que posso parar aqui no que diz respeito à primeira parte. Porque a verdade é que não fizemos absolutamente nada durante a mesma. Se às vezes se utiliza a expressão 'dar uma parte de avanço', então ela aplica-se perfeitamente ao que aconteceu. Foi com toda a certeza a pior exibição que eu vi o Benfica fazer esta época; uma nulidade tão grande que o primeiro remate que fizemos foi do Enzo, aos quarenta e dois(!) minutos, de fora da área e para a bancada. Foi essa a produção ofensiva do Benfica no primeiro tempo, durante o qual não conseguimos produzir qualquer jogo ofensivo pelas alas, pressão alta não existiu, o Rafa foi controlado e mantido fora do jogo pelo adversário, o João Mário fez-me insultar diversas vezes a minha televisão (das poucas vezes que criámos desequilíbrios, infelizmente era sempre aos pés dele que a bola ia parar e invariavelmente ele decidiu mal, fazendo passes para os defesas adversários) e foi até o Vitória quem mais vezes se aproximou da nossa área. Perante uma tão pobre primeira parte esperava uma reacção imediata e enérgica no banco logo ao intervalo de forma a alterar o rumo dos acontecimentos, mas não houve quaisquer alterações. Voltámos de facto mais pressionantes e conseguimos empurrar o Vitória mais para junto da sua área, mas sem qualquer evolução no que diz respeito à produção ofensiva. Muito sinceramente, não me recordo de qualquer lance de perigo da parte do Benfica, ou do Varela ter feito uma única defesa. Achei que o nosso treinador foi lento a reagir perante uma produção tão pobre dentro do campo, e quando finalmente (a vinte minutos do final) fez três alterações de uma vez, nada alterou tacticamente. Foram trocas directas - Florentino/Aursnes, Gonçalo Ramos/Musa, Neres/Draxler - e passou o João Mário para a direita. Irritou-me em particular a troca de avançados pois teria preferido passar a jogar com dois, já que durante todo o jogo me pareceu que tivemos muito pouca presença na área. A coisa só não ficou pior porque numa rara demonstração de utilidade, o VAR ajudou a reverter o Taremi que o árbitro tinha assinalado a favor do Vitória. Ainda fizemos nova troca directa, entrando o Diogo Gonçalves para o lugar do João Mário, e já no período de descontos fizemos uma última substituição que me deixou profundamente desiludido. Trocar o Rafa pelo matacão Brooks, para meter o central americano a jogar na frente para o chuveirinho (que nem sequer aconteceu) foi para mim um sinal claro da completa desinspiração também do nosso treinador ontem à noite - foi o equivalente à estratégia habitual da malta do Lumiar quando manda o Coates lá para a frente, porque já não têm mais ideias. O único efeito prático disto foi ver o Brooks a atirar-se para cima dos adversários e a conseguir fazer faltas em praticamente todas as bolas que tentou disputar.
É difícil fazer qualquer destaque num jogo tão cinzento da nossa equipa. Acho que os dois médios foram dos que mais se empenharam para alterar o rumo do jogo, e talvez o Grimaldo a espaços e o Rafa na segunda parte, depois de estar praticamente ausente em parte incerta durante a primeira. Em sentido oposto, os dois alas (Neres e João Mário) fizeram um jogo péssimo, tal como o Bah, pelo que passei bastante tempo a desejar que o Gilberto entrasse para o lugar dele.
Na prática entrámos nesta jornada com dois pontos de vantagem sobre o segundo classificado e agora temos três. Mas isto não pode servir de motivo de satisfação, porque interrompemos a série vitoriosa e a frutaria nos recuperou dois pontos. Pior ainda, mais do que o resultado, uma exibição tão pobre assim é que pode mesmo fazer regressar velhos fantasmas que não queremos de todo ver. Foi a primeira vez esta época em que cheguei ao final de um jogo extremamente insatisfeito com toda a equipa, do relvado ao banco. O próximo jogo vai ser de dificuldade extremamente elevada, mas espero ver já uma reacção forte ao que vi ontem à noite.
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