Pela primeira vez esta época senti vergonha do futebol apresentado pela nossa equipa. Um absoluto zero, que começou na péssima abordagem táctica ao jogo, continuou num tenebroso início e depois se prolongou durante uma agoniante hora e meia. Nada se aproveitou.
Comecei a temer que iria acontecer o que se concretizou assim que soube que o Neres não estaria disponível para o jogo. E concretizou-se mesmo: a inacreditável opção de entrar a jogar sem qualquer extremo de raiz, entregando as alas ao Aursnes e ao João Mário (e já havendo escassez de extremos no plantel, a opção de vender o Diogo Gonçalves, que mal ou bem pelo menos era uma opção para a função, menos compreensível se torna). Depois entrámos no jogo às três pancadas, sofrendo um golo ridículo, no qual uma rosca ao calhas para as costas da defesa vai encontrar o avançado do Braga completamente sozinho. E sofrido este golo, a reacção foi zero. Durante meia hora andámos a trocar a bola de um lado para o outro sem fazer um remate ou criar uma situação de perigo, enquanto que o Braga se limitava a explorar o contra-ataque com três ou quatro jogadores e conseguia sempre criar perigo. Depois o Braga subiu a pressão e a nossa equipa começou a acumular erros atrás de erros, que acabaram por resultar num segundo golo adversário, num lance no qual oito jogadores do Benfica dentro da área contra três do Braga não conseguiram evitar o remate do Ricardo Horta - à figura do Vlachodimos, que mesmo assim deixou a bola entrar. Na segunda parte entrou o Musa, claro que entrou o Musa, porque o Musa é sempre a primeira opção seja em que circunstâncias for, que acrescentou zero ao nosso futebol. Quão mau tem que ser o Henrique Araújo nos treinos para que um jogador tão fraco tenha que ser sempre o escolhido? A segunda parte foi simplesmente correr atrás do prejuízo, mais com o coração do que com a cabeça e com zero resultados, colorida com mais um golo absurdo, sofrido a partir de um pontapé para a frente do guarda-redes e com a preciosa colaboração do atroz Bah. Fomos maus do princípio ao fim, e foram todos os jogadores maus sem excepção - se algum potencial interessado no Enzo tiver assistido a este jogo, então acho que a cotação dele caiu uns 25%.
Isto mais pareceu um jogo de pré-época do Benfica, com jogadores sem ritmo, sem ligação e sem jeito. Volto a dizer: no Benfica parece que não têm a menor noção de como é que as coisas funcionam e das armadilhas que nos atiram ao caminho nas alturas críticas. Quando temos oportunidade para matar, em vez disso damos é motivação aos nossos inimigos. Não foi hoje que isto começou, isto não veio do nada. Este resultado começou a desenhar-se em Moreira de Cónegos. Não é normal o enquadramento que fazem deste jogo, inventando uma suposta 'pressão' porque uma equipa que está a oito pontos ganhou. E depois o pior é que nós sucumbimos mesmo a essa pressão inventada. Falhámos estrondosamente e em toda a linha. Na táctica, na atitude, na entrega e no talento. Quando se exigia o melhor Benfica fizemos a pior exibição de toda a época e fomos uma equipa completamente banal. As camisolas não ganham jogos - e muito menos quando elas são amarelas. Que bela forma de terminar o ano.
Tanto desperdício acumulado na Taça da Liga acabou por resultar na eliminação por um golo da mesma. Depois de termos falhado goleadas nos dois jogos anteriores, o que nos levou à situação desta noite em que estávamos obrigados a ganhar, mais um festival de oportunidades desperdiçadas resultou num empate extremamente frustrante e consequente eliminação desta edição da Taça da Liga.
Como não prestei particular atenção às regras e ao sorteio, fiquei sem perceber porque motivo o Benfica foi o único dos grandes a ter que jogar dois jogos fora de casa nesta fase. Não houve obviamente poupanças e entrámos com o onze mais forte possível nesta altura, face às ausências forçadas do Otamendi, Enzo, João Mário e Neres. Morato no centro da defesa, Chiquinho, Aursnes e Draxler foram as restantes escolhas. O jogo foi, previsivelmente, quase de sentido único. Posse de bola esmagadora por parte do Benfica, mas logo nos primeiros minutos o guarda-redes do Moreirense mostrou que estava numa noite anormalmente alucinada e evitou o golo ao Gonçalo Ramos. Com o jogo a disputar-se quase exclusivamente no seu meio campo, o Moreirense jogava declaradamente em contra-ataque, mas quando conseguia, saía bem a jogar e da primeira vez que chegou com algum perigo à nossa baliza acertou na barra. Na segunda, caiu-lhe no colo um penálti vindo do nada por mão do Florentino (e que se tivesse sido assinalado a favor do Benfica não tenho dúvidas de que daria brado) e apanhou-se à frente no marcador. O Benfica acelerou um pouco - até aí, apesar do quase completo domínio territorial, tinha produzido muito pouco em termos ofensivos - e viu novamente o guarda-redes do Moreirense negar-lhe o golo, num livre do Grimaldo, mas ainda conseguimos chegar ao empate antes do intervalo, numa iniciativa individual do Rafa pela direita a ganhar a linha de fundo e com um passe rasteiro a deixar ao Gonçalo Ramos o trabalho de empurrar para a baliza. Na segunda parte, ainda mais Benfica, que empurrou o Moreirense ainda para mais junto da sua área. Mas o guarda-redes continuou exasperantemente inspirado e também nos faltou uma ponta de sorte. O guarda-redes encarregou-se de tirar o golo ao Rafa isolado e de defender um grande remate do Chiquinho para o poste. Depois o Gonçalo Ramos acertou na barra. Já nos minutos finais, com o Diogo Gonçalves já em campo, defendeu um remate forte deste à entrada da área (que provavelmente poderia ter saído um pouco mais desviado dele). E mesmo a acabar, numa altura em que há largos minutos que o Benfica tinha perdido a compostura e não só atacava de forma descontrolada como também descurava muito a defesa, o Diogo Gonçalves conseguiu, completamente à vontade na área, cabecear para fora. Antes disso, e aproveitando os muitos espaços dados na defesa pelo Benfica, o Moreirense tinha dado um ar da sua graça no contra-ataque e também acertou um remate enrolado no poste. Achei que o nosso treinador foi excessivamente conservador, não fazendo alterações até demasiado perto do final quando era claro que o Draxler, por exemplo, nada estava a contribuir - em dez minutos em campo o Diogo Gonçalves criou mais situações de perigo do que o Draxler nos anteriores oitenta, mesmo que me tenha feito perder a compostura com aquele falhanço no final. Depois a primeira alteração que fez foi para fazer entrar o Musa, o que só aumentou a minha irritação. E retirar o Gonçalo Ramos quando precisávamos de marcar foi algo que me custou a aceitar.
Às vezes parece-me que as pessoas no Benfica têm alguma dificuldade em perceber algumas coisas que são previsíveis no nosso futebol. Este jogo era importantíssimo. Porque foi mais do que óbvio, em toda a antecipação do mesmo, o quão importante era para os nossos inimigos que o Benfica não passasse. Será que não perceberam que o golpe tem que ser dado agora? Alguém achou normal o destaque que foi dado à derrota no jogo amigável com o Sevilha? Eu quase que fiquei surpreendido por o Roger Schmidt ainda estar no banco hoje, porque depois de todo aquele ruído até pensei que ele pudesse ter o lugar em risco. O Benfica não pode regressar à competição na mesma forma e registo com que estava na altura em que foi interrompida. Senão depois é tarde demais para inverter o rumo das coisas. Muitas, se não quase todas as fichas, estão a ser colocadas em travar o Benfica imediatamente no recomeço. Neste jogo, e no jogo em Braga, depositam-se as maiores esperanças dos nossos inimigos em inverter uma situação que para eles se começa a tornar irreversível. E ao não o termos ganho e assim perdermos o primeiro objectivo da época, só lhes estamos a dar moral.
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