Uma vitória tão importante quanto complicada num jogo durante o qual me senti sempre desconfortável. Não fizemos uma boa exibição, e uma segunda parte excepcionalmente pálida - ao contrário do que por vezes fazemos, desta vez jogámos pior no regresso do intervalo - poderia ter deitado tudo a perder. Mas a verdade é que se me senti desconfortável a ver este jogo, a sensação agora é pelo contrário muito confortável.
Tendo em conta a habitual aversão do nosso treinador a mudanças, foi por isso surpreendente quando a constituição da equipa apresentou três alterações. O regresso (esperado) do Bah para o lugar do Gilberto, e as entradas do Gonçalo Guedes e do Neres para os lugares do Chiquinho e do Rafa, com o consequente regresso do Aursnes à sua posição de origem no meio campo. De início, assistimos ao tipo de jogo esperado. Muita posse de bola do Benfica, jogo quase sempre disputado no meio campo do Vizela, junto à sua área, e o Benfica a jogar um futebol suficientemente encorajador para que se pensasse que poderíamos chegar rapidamente ao golo. O problema foi quase sempre a altura da decisão - um pormenor que me conseguiu irritar, por exemplo, foi vero Gonçalo Guedes isolar-se por três vezes sobre a esquerda. Em duas delas, 'esperou' pelo defesa de forma a poder puxar para dentro e rematar, com o remate a acabar por bater num adversário. Na outra voltou a esperar, para depois fazer o passe para o Gonçalo Ramos que apareceu ainda mais pela esquerda, e o remate deste foi por sua vez também interceptado por um defesa. Mas apesar do Vizela ter passado a fase inicial quase toda enfiado na defesa, de repente descobriu que utilizando os processos mais simples conseguia criar perigo. E por processos mais simples, entenda-se 'chutão para a frente'. O que acaba por ser um atestado de ineficácia à nossa forma de defender, que nestas situações acabava quase sempre por deixar um ou dois jogadores do Vizela, no máximo, contra outros tantos defesas. Sempre sobre a direita da nossa defesa, onde o Bah voltou a assinar uma exibição muito pobre, a primeira tentativa resultou num amarelo para o Otamendi que só encorajou os da casa a entrar numa postura de contestação e pressão constante sobre a equipa de arbitragem. Na segunda tentativa, o adversário apareceu isolado à frente do Vlachodimos, que conseguiu defender com o pé. Vlachodimos que depois borrou a pintura ao controlar mal uma bola atrasada pelo António Silva, que resultou na recuperação de bola por parte do Vizela e só não acabou em golo porque o jogador do Vizela atirou disparatadamente para as nuvens. Quase de seguida, a sete minutos do intervalo, conseguimos chegar ao golo. Apesar do maior domínio territorial do Benfica, o golo surgiu de contra-ataque. A bola foi conduzida pela esquerda pelo Gonçalo Guedes, que demorou a soltar a bola na altura certa, mas a tentativa de corte do defesa fez a bola ressaltar nos seus pés e seguiu para o Neres. Este progrediu até à área e depois meteu a bola no meio, onde apareceu o quase inevitável João Mário para finalizar. E tivemos uma ocasião muito boa para chegar ao segundo golo já mesmo a terminar a primeira parte, em novo contra-ataque em igualdade numérica com a defesa do Vizela, mas mais uma vez o Gonçalo Guedes não soltou a bola na altura certa para o Neres e quando o fez, deixou a bola nos pés de um defesa.
A primeira parte não tinha sido completamente do meu agrado mas nem tinha sido desastrosa, por isso a minha ambição era que ao intervalo se corrigisse o que estava errado e, como tem acontecido diversas vezes esta época, voltássemos muito melhor. Puro engano, o que aconteceu foi exactamente o contrário e na segunda parte devemos ter feito uma das exibições menos conseguidas esta época, ao nível daquilo que tínhamos jogado em Guimarães. Não me consigo recordar de uma única ocasião realmente perigosa que tivéssemos criado durante a segunda parte. Para além de sermos quase inofensivos no ataque, fomos também incapazes de controlar o ritmo de jogo ou manter a posse de bola. Perdemos claramente no capítulo da agressividade, com quase todas as bolas divididas e segundas bolas a acabarem na posse dos jogadores do Vizela. Obviamente que o resultado disto foram situações de perigo a começarem a aparecer junto da nossa baliza. Jogámos mal, fomos inexistentes no ataque e inseguros na defesa, o que é normalmente uma receita certa para o insucesso. Do banco, a reacção que veio foi à hora de jogo trocar o Gonçalo Guedes pelo Chiquinho, devolvendo o Aursnes ao lado esquerdo e mudando o João Mário para a direita. Não resultou, não foi por isso que passámos a ter maior qualidade na gestão da posse de bola ou critério na organização atacante e pouco depois o Vizela teve a maior oportunidade de todas, quando na mesma jogada conseguiram acertar primeiro na barra e depois na recarga enviaram a bola ao poste, embora eu tenha ficado com a sensação de que se fosse golo talvez a jogada acabasse anulada por fora de jogo porque me pareceu que o jogador que fez o remate à barra estaria adiantado. Lá nos fomos aguentando - mas verdade seja dita que à medida que o jogo foi caminhado para o final o Vizela foi perdendo ímpeto e deixou de criar ocasiões - e a sete minutos do final fizemos uma dupla substituição que se veio a revelar decisiva. O Rafa e o Musa renderam o Gonçalo Ramos e o Neres, e o Musa acabou por ter um papel fundamental nos poucos minutos que restaram. Primeiro, ao sofrer a falta que resultou no segundo amarelo ao defesa do Vizela, que nos deixou em vantagem para os três minutos finais mais tempo de compensação. E é de notar que apenas quando ficámos em superioridade numérica é que me pareceu que a equipa acalmou e conseguiu fazer posse de bola com cabeça de forma a acalmar o ritmo de jogo. A segunda contribuição decisiva do Musa foi quando recebeu na área uma bola vinda de um lançamento de linha lateral do Bah e conseguiu segurá-la para depois a colocar na zona central. O Grimaldo apareceu solto, e quando se esperaria um remate de primeira preferiu puxar a bola para dentro, sofrendo penálti claro. O João Mário avançou para o converter sem tremer, selando assim uma vitória muito suada - daquelas que também fazem campeões. Na celebração do golo, o Roger Schmidt pelos vistos acabou por perder a compostura depois de passar o tempo todo a ser abusado pelos adeptos que estavam atrás do banco (que suspeito que se eram adeptos do Vizela, devem ter o Vizela como segundo clube) e foi expulso. O que seria bom era que também conseguissem pelo menos identificar o adepto que atirou a garrafa ao nosso treinador, de forma a bani-lo dos estádios.
Não tendo eu gostado particularmente da qualidade da nossa exibição, tenho dificuldade em fazer grandes elogios individuais. Mas tendo o João Mário marcado os dois golos, surgindo mais uma vez no local certo na altura certa, ele é o maior destaque. A mencionar outros, o Vlachodimos, o Grimaldo ou o Neres estiveram num nível aceitável.
Numa semana em que o Benfica foi mais uma vez selvaticamente atacado e as tentativas de destabilização foram incessantes, esta vitória foi importantíssima. É curioso que bastou o processo no qual o Benfica está envolvido ter sido transferido para a comarca de Palermo do Norte para que as fugas de informação se multiplicassem exponencialmente. Mas é como já escrevi, em Portugal a violação do segredo de justiça só é crime se for o Paulo Gonçalves a fazê-la. O resultado de todas estas manobras foi, após o jogo que acabou de terminar no Ladrão, nulo. Entramos em Março e a cáfila está exactamente aos mesmos oito pontos a que estava no início de Novembro, quando fomos lá ganhar e eles colocaram em marcha mais esta investida. E é esclarecedor que neste momento estejamos quase todos estupefactos por termos visto uma arbitragem quase normal no Ladrão (o Pepe voltou a escapar impune, mas é o Pepe por isso acaba por ser quase a normalidade também, além de que até ficaria mal expulsar alguém que tanta porrada e violência gratuita distribuiu com classe pelos relvados do mundo no dia do seu 40º aniversário). É o que dá 40 anos 'disto'. 'Isto' é um fenómeno quase impossível de explicar racionalmente, no qual o maior clube do país (Benfica) é quem mais investe na sua equipa de futebol, montou um monstruoso e intrincado esquema de corrupção e influências para controlar os bastidores do futebol, e mesmo assim consegue ganhar muito menos do que o clube que se diz sempre perseguido. É caso único no mundo, um espectacular diploma de competência de uns e um fabuloso atestado de incompetência de outros. Enfim, é continuarmos imperturbáveis pelo caminho que sabemos ter que percorrer.
Foi um jogo um pouco sofrido, mas o sofrimento foi sobretudo auto-infligido. Foi necessária uma mudança de atitude da primeira para a segunda parte para que no final a qualidade do nosso jogo acabasse por se impor, permitindo-nos somar mais três preciosos pontos que nos mantêm tranquilos no topo da tabela.
O nosso treinador não é adepto de grandes revoluções no onze, por isso não houve qualquer surpresa quando apresentámos apenas uma alteração em relação à equipa que entrou em campo no jogo da Champions, e esta foi forçada: Gilberto no lugar do Bah. A entrada no jogo até pareceu indicar que estaríamos perante mais uma exibição típica do Benfica em casa, com uma situação perigosa logo na primeira jogada, mas foi puro engano. O Boavista apresentou-se muito fechado atrás e o Benfica fez uma primeira parte muito abaixo daquilo que seria necessário para desmontar uma estratégia assim. Perante uma equipa que defendia com nove, deixando apenas um jogador na frente, e que desde o apito inicial se dedicava a queimar tempo em qualquer reposição de bola em jogo, o Benfica mostrou um futebol muito pouco incisivo, jogado a baixa velocidade e demasiado complicativo, com muitas lateralizações e aquele tipo de jogo enervante que recentemente jogávamos quando tínhamos o Jorge Jesus como treinador. Passávamos largos minutos a circular a bola em redor da área adversária, mas não se tentavam passes ou movimentos de rotura, e a bola raramente era metida para zonas de finalização. Uma coisa boa que fizemos foi pressionar bem assim que perdíamos a bola, pelo que o Boavista nem sequer conseguia contra-atacar - chegaram ao intervalo com zero remates feitos - mas para tanta posse de bola e tempo passado no ataque, a nossa produção ofensiva não foi particularmente mais meritória. Houve muito pouca largura no nosso jogo - com o Grimaldo pouco em jogo e o Gilberto desastrado, o facto de jogarmos com o Aursnes e o João Mário nas alas e sem nenhum extremo puro acho que se fez notar perante uma equipa tão fechada. O primeiro remate que o Benfica fez à baliza surgiu já no tempo de compensação, e por acaso até foi uma enormíssima ocasião de golo. Talvez na primeira vez que o Gilberto conseguiu ter uma boa iniciativa pela ala, o cruzamento saiu na perfeição e sobrevoou o guarda-redes para que o Gonçalo Ramos surgisse na pequena área a cabecear, mas acabou por fazê-lo sem muita força permitindo a defesa ao guarda-redes. A recarga em esforço foi depois interceptada por um defesa quase em cima de golo, com a bola a ser afastada quase em desespero de causa.
Era muito fácil adivinhar qual a substituição que seria feita ao intervalo, e acertei em cheio. Regressou o Neres no lugar do Florentino, o que significou o recuo do Aursnes para o meio campo e a passagem do João Mário para a esquerda. A diferença foi notória assim que o jogo se reiniciou, com o Benfica a criar imediatamente uma situação de perigo pelo Neres, que se isolou após uma tabela com o Rafa mas viu o seu remate ser defendido. Logo a seguir foi o Rafa quem se isolou e foi carregado pelas costas, numa jogada que me pareceu que seria penálti, mas como ele não caiu imediatamente e ainda tentou finalizar, o quer o árbitro quer o VAR acabaram por não decidir assim. O assalto do Benfica à baliza do Boavista era agora constante e a consequência acabou por ser óbvia. Com dez minutos passados na segunda parte, o golo surgiu mesmo após uma jogada de insistência em que a bola viajou desde a direita até à esquerda para a entrada do Grimaldo. O cruzamento saiu para a pequena área onde o Rafa apareceu completamente sozinho a cabecear, para mais uma defesa de recurso do guarda-redes, mas o Gilberto estava lá para fazer a recarga vitoriosa. A jogada é exemplificativa de quanta gente o Benfica colocava agora nas zonas de finalização. Sentiu-se um suspiro de alívio colectivo na Luz, porque face à réplica inexistente do Boavista no ataque julgo que quase todos nós devemos ter pensado que o assunto estaria mais ou menos resolvido e que a partir daí seria uma questão de acrescentar mais uns golos ao resultado e termos um final de jogo tranquilo. Puro engano: bastou um pequeno relaxar para voltar tudo à estaca zero. Praticamente na resposta, e no primeiro remate feito no jogo (aliás, deve ter sido a primeira vez que o Boavista chegou sequer à nossa área) o Boavista empatou. Foi um lance em que me pareceu haver demasiado relaxamento dos nossos jogadores, primeiro na direita da defesa, onde o Gilberto, o Neres e o Aursnes deram demasiada liberdade aos jogadores do Boavista para andarem ali a trocar a bola enquanto os marcavam sobretudo com os olhos, e depois na área, onde apesar do Yusupha ser o único jogador do Boavista para vários do Benfica, ainda assim a bola passou por todos até lhe chegar, para uma finalização com um remate de primeira a fazer a bola entrar quase a meio da baliza, com o Vlachodimos a ser apanhado na viagem desde o primeiro poste. Novamente o Boavista a fechar-se atrás, mas isto não era o Benfica da primeira parte e portanto a dor de cabeça não era tão grande, já que as situações de perigo iam aparecendo e era mais provável chegarmos a novo golo. Tivemos uma ocasião soberana para isso aos setenta e dois minutos, quando num momento raramente visto o VAR interveio a nosso favor para assinalar um penálti por pisão ao Rafa. O João Mário desta vez, talvez por ter estado perto de falhar contra o Brugges, mudou a forma de marcar o penálti e o Bracalli defendeu. Mas a equipa não pareceu afectada e o apoio do público não esmoreceu. Trocámos o Rafa pelo Gonçalo Guedes e o ataque continuou, até que a oito minutos dos noventa um pormenor de génio do Gonçalo Ramos desatou o nó. Solicitado por um passe do Gilberto, entrou na área descaído sobre a direita, puxou a bola para dentro deixando o seu marcador directo no chão, e com a ponta da bota colocou a bola junto ao poste mais distante. Um golo de enorme classe a fazer explodir a Luz, agora com ainda maior certeza de que a vitória já não fugiria. O Gonçalo Ramos deu o lugar ao Musa para os minutos finais ao mesmo tempo que um esgotado Gilberto também tinha que sair, e dado que não havia um lateral direito no banco quem entrou foi o Lucas Veríssimo, obrigando o António Silva a terminar o jogo a fechar o lado direito da defesa. Não foi propriamente um sucesso estrondoso, ainda que tenha conseguido um corte fantástico em esforço que também animou as bancadas, mas o momento mais alto até final foi o golo do Musa já no período de compensação. Um cruzamento com régua e esquadro do João Mário na esquerda, com o Musa a ler muito bem o lance e a antecipar-se ao marcador directo para cabecear para o golo.
Acho que escolho o Gonçalo Ramos como destaque, porque aquele golo de pura classe acabou por resolver o assunto. A entrada do Neres foi extremamente importante, e parece-me que ele já está de regresso a um nível suficiente para justificar a titularidade. Até porque contra equipas muito fechadas (que são quase todas as que jogam contra nós) o Benfica não se deve dar ao luxo de jogar sem um extremo puro e ficar dependente exclusivamente das subidas dos laterais para dar largura ao seu jogo. O Aursnes é muito bom jogador, mas não é um extremo ou um médio ala. O Gilberto acabou por ser um jogador fundamental neste seu regresso à titularidade, mas acusou a falta de ritmo. Teve uma primeira parte muito fraca, e depois melhorou muito na segunda, acabando com um golo e uma assistência, mas fica também ligado ao golo do Boavista (embora tivesse tido pouco apoio quando confrontado por três adversários) e a falta de ritmo acabou por culminar no estoiro que não lhe permitiu completar os noventa minutos.
Conforme escrevi no início, achei que muito do sofrimento neste jogo foi auto-infligido. O Benfica não pode dar-se ao luxo de entrar para os jogos com uma espécie de sobranceria ou excesso de confiança, de que a nossa qualidade acabará por se impor naturalmente e o golo será uma inevitabilidade. Aquela primeira parte foi demasiado pobre e quando se desperdiça metade de um jogo às vezes o que sobra pode já não ser suficiente. Não podemos facilitar o que quer que seja, porque os nossos inimigos continuam a utilizar todas as armas que têm, Todos vimos o que se passou no Estádio do Ladrão no fim-de-semana. Uma equipa que pouco ou nada joga, remendada por todos os lados, continua a ser arrastada e empurrada atrás de nós para a manterem viva na luta pelo título. Enquanto isso, fora do campo, os ataques continuam, porque apesar de todo o arsenal utilizado, a verdade é que estamos quase em Março e continuamos em primeiro, tendo a cáfila conseguido apenas recuperar três pontos. Por isso mesmo ontem lá surgiu mais uma notícia de encomenda para tentar desestabilizar, vinda do sítio do costume. É lamentável que da cabeça de uma única criatura fanática, que fez do seu objectivo de vida deitar abaixo o Benfica, se continuem a inventar teorias lunáticas às quais um MP claramente instrumentalizado continua a dedicar tempo e recursos. É que já nem se trata de encontrar indícios e chegar a uma conclusão. Neste momento parte-se da conclusão que desejamos e depois fabricam-se indícios. E depois lançam-se as notícias incendiárias nas alturas convenientes (e que se lixe o segredo de justiça; neste país a violação do segredo de justiça só é crime se for o Paulo Gonçalves a perpetrá-la). Em relação ao caso de ontem, acho que ainda vão 'suspeitar' que o Benfica subornou o Rui Patrício para frangar na Madeira de forma a que o Sporting perdesse e assim o Benfica pudesse subir ao segundo lugar (é que só ganhar ao Moreirense não era suficiente; era necessário também que o Sporting não ganhasse ao Marítimo).
Uma vitória importante na Bélgica, que nos deixa bem encaminhados para os quartos de final da Champions. O Benfica mostrou ser uma equipa claramente superior ao Brugges neste jogo, mas nem tudo foram facilidades. Mantendo o nível apresentado, deverá ser possível fechar a eliminatória sem grandes sobressaltos no próximo dia sete.
Desta vez houve mudanças no onze, e foram duas: Rafa e Gonçalo Ramos regressaram, para os lugares do Gonçalo Guedes e do Neres. A entrada do Benfica no jogo não foi a melhor. Durante os primeiros vinte minutos o Benfica teve dificuldades para impor o seu jogo, com o Brugges a entrar com ímpeto e motivação e a conseguir empurrar o Benfica mais para trás do que aquilo a que está habituado. Não é que tenham causado grandes calafrios à nossa baliza - a melhor ocasião foi uma em que o canadiano Buchanan se escapou pela direita da nossa defesa, ganhou a linha de fundo e acabou por obrigar o Vlachodimos a defender o remate desferido quase sem ângulo - mas o Benfica durante essa fase foi incapaz de sair eficientemente quer em ataque organizado, quer em transição, parecendo que os belgas chegavam quase sempre primeiro às bolas e ganhavam quase todas as divididas. Mas a partir dos vinte minutos o Benfica começou a assentar o jogo, ganhou o controlo do mesmo e nunca mais o largou até ao apito final. E com isso vieram as ocasiões de golo, pois com um pouco mais de acerto teríamos saído para intervalo já com um resultado bastante favorável. As oportunidades de maior relevo foram desperdiçadas pelo Gonçalo Ramos, que cabeceou por cima em frente à baliza, pelo Rafa, que acertou na esquina da baliza no seguimento de um 'lance de laboratório' na marcação de um livre, e acima de todas pelo António Silva: depois de um cruzamento largo do Rafa, o Otamendi ganhou a bola de cabeça ao segundo poste e colocou-a na zona central, onde o António Silva estava completamente à vontade (teve até que se baixar para cabecear) e atirou a bola por cima. Mesmo a acabar, o Brugges ainda chegou a marcar na sequência de um livre marcado do nosso lado esquerdo, mas foi anulado por posição irregular do marcador do golo.
A segunda parte iniciou-se literalmente com um livre igual ao que tinha dado o golo anulado ao Brugges, mas a noss favor, e no qual o Gonçalo Ramos voltou a desperdiçar de forma incrível, desviando para fora quando surgiu mais uma vez sozinho em posição frontal. Mas não foi preciso ficar a lamentar o falhanço por muito tempo, porque aos cinco minutos foi ele quem sacou o penálti que nos deu vantagem no jogo. Numa jogada que parecia perdida, já que o defesa se preparava para a aliviar, ele acreditou e conseguiu antecipar-se, sendo ele a levar com o pontapé em vez da bola. O respectivo penálti foi devidamente assinalado e o João Mário converteu-o da forma do costume. Literalmente, porque marcou-o exactamente da mesma maneira que marcou todos os penáltis esta época na Champions: por alto, ligeiramente para a direita do guarda-redes. O Mignolet deve ter estudado isto, porque quase que lá chegou - ainda tocou na bola, mas ela acabou por bater na barra e entrar. Com vantagem no marcador e o jogo completamente controlado, passou a ser uma questão de saber se conseguiríamos trazer um resultado mais confortável para Lisboa. Para os últimos vinte e cinco minutos contámos com o Neres e o Gonçalo Guedes em vez do Rafa e do Gonçalo Ramos, e à medida que o tempo caminhava para o final o que víamos era o Benfica cada vez mais próximo da baliza adversária, e não qualquer tipo de reacção dos belgas à procura do empate. O segundo golo apareceu só a dois minutos do final, mérito da insistência do Neres. O lance começa numa bola recuperada pelo Chiquinho junto à linha lateral sobre a esquerda, depois o Aursnes tentou colocar a bola no Gonçalo Guedes na zona central com um passe longo e o Gonçalo apenas conseguiu desviar ligeiramente a bola, que seguiu na direcção dos defesas. A tentativa de controlar a bola não saiu bem e o Neres conseguiu meter o pé, isolando-se e marcando com um remate rasteiro à saída do guarda-redes. E nos descontos, o Gonçalo Guedes ainda poderia ter ampliado mais o resultado, mas o remate cruzado que ele fez à entrada da área acabou por passar ao lado.
Fizemos mais um jogo sólido como equipa, no qual após a dificuldade inicial em impor o nosso jogo acabámos por conseguir jogar da forma que nos é familiar e obrigar o adversário a submeter-se à nossa forma de jogar. Em termos de destaques, gostei muito do jogo do Florentino e do Aursnes, e o Chiquinho voltou a estar num nível muito agradável. A nossa dupla de centrais esteve também muito sólida, e só tenho pena que o António Silva não tivesse marcado aquele golo que resultaria de uma jogada entre os dois.
Em Portugal o mais provável é que o lance sobre o Gonçalo Ramos ou não fosse nada, ou até que fosse mostrado amarelo ao Ramos por entrar de pé em riste. Aliás, o cenário mais expectável até seria que nessa altura o Benfica já estivesse a perder, porque de alguma forma o artista de serviço ao VAR conseguiria encontrar uma linha que validasse aquele golo a fechar a primeira parte. Mas como isto era a Champions e o árbitro não era cá do burgo, tivemos direito ao que merecíamos. O nosso rácio de penáltis por jogo na Champions quando comparado com o que temos nas competições internas provavelmente daria um caso de estudo, ou até de polícia. Como as coisas se passaram com normalidade, regressamos a Lisboa com a eliminatória a pender fortemente para o nosso lado, em vez daquilo a que vamos ficando habituados a ver por cá. Agora é regressar à realidade que vai ser a liga portuguesa até final, talvez a única competição no mundo onde a equipa que segue com vários pontos atrás consegue dizer que vai ser campeão com toda a certeza, porque sabem muito bem que quem segue à frente tem outros adversários para derrotar para além dos que se apresentam em campo para jogar.
Muito duro ser eliminado da taça num jogo que parecia estar completamente controlado. Mas é com isto que temos que lidar. Ontem, hoje, e em todos os jogos de uma época. Caímos nos penáltis, reduzidos a nove e espoliados de um penálti flagrante que nos poderia dar o 2-0 pelo mesmo árbitro que, então no VAR, conseguiu descortinar um penálti no teatro do Paulinho na Luz.
O mesmo onze dos últimos jogos, e um jogo completamente diferente daquele do campeonato. Para colocar as coisas de uma forma simples: não fomos melhores do que Braga na primeira parte do jogo, fomos muitíssimo melhores. Chegámos ao golo na sequência de uma jogada clássica esta época na marcação de um pontapé de canto, em que a bola acabou por tabelar num jogador e sair enrolada para a cabeçada do Gonçalo Guedes. Depois disso, banalizámos o Braga. Não é uma figura de estilo, a pressão que fizemos foi tão adiantada e tão eficiente que o Braga passava largos minutos sem sequer conseguir sair do seu meio campo. Foi nesse período que o Tiago '5 cents' Martins fez vista grossa a um penálti evidente sobre o Gonçalo Guedes, no que foi acompanhado pelo compincha da Associação de Futebol do Porto que estava no VAR (um tal de Fábio Melo). Este mesmo recuperou a visão à meia hora de jogo para alertar o 5 cents que deveria alterar o amarelo ao Bah para vermelho, e o jogo mudou completamente a partir daí. Até porque o Braga, sem nada ter feito que o justificasse, teve a felicidade de chegar ao empate na sequência de um canto, no qual o Gilberto (que após a expulsão tinha entrado para o lugar do Gonçalo Guedes) ficou a dormir ao segundo poste. Não gostei da opção do nosso treinador de retirar o Gonçalo Guedes para deixar o Neres sozinho na frente, preferia que tivesse feito o contrário. Acho até que a saída do Neres ao intervalo é uma prova de que a opção não terá sido a mais acertada. Nessa altura retirámos também o Florentino (outra opção que não me agradou) e fizemos entrar o Gonçalo Ramos e o Morato, passando a jogar com três centrais. Percebi que a opção seria por um lado reforçar a defesa perante o previsível assédio do Braga, e por outro lado talvez conseguir libertar mais os laterais, mas essa parte não funcionou. Já defensivamente estivemos bem, e as melhores ocasiões que o Braga conseguiu criar foram quase todas através de remates de fora, mas ofensivamente não fizemos nada. Tivemos apenas uma ocasião de maior perigo, num remate cruzado do Aursnes de fora da área, e pouco mais. O Gonçalo Ramos andou a servir de saco de pancada a segunda parte toda e quando fomos para prolongamento acabou mesmo por ser trocado pelo Rafa. Durante a segunda parte aquele rapaz do VAR voltou a perder a visão, e já não achou que o pisão do Racic no tornozelo do Chiquinho merecesse o mesmo tratamento do Bah. São critérios, e como sempre, 'há que dar o benefício da dúvida ao árbitro'. O prolongamento teve pouco a assinalar, a não ser a burrice da expulsão do Morato já perto do final. Nos penáltis, o Aursnes - que voltou a fazer um óptimo jogo - falhou e fomos eliminados.
Não vou escolher melhores em campo, acho que fomos obrigados a jogar de uma forma pouco típica para nós e fomos sólidos como equipa, mas demasiado curtos para ameaçar consistentemente no ataque. Conforme disse, não gostei muito das opções tomadas pelo Roger Schmidt (incluindo a substituição mesmo antes dos penálltis do Chiquinho pelo Veríssimo, quando o Chiquinho é um bom marcador de penáltis) mas nada me diz que as coisas pudessem ter corrido de outra forma se tivessem sido tomadas outras opções.
Daqui até final da época as coisas vão continuar a ser assim. A cada nomeação e posterior decisão que vemos ser tomada dentro do campo e nas cabines do VAR percebemos o quanto as coisas estão controladas pelos nossos inimigos. Sabíamos que esta nomeação do '5 cents' só poderia trazer problemas, e acho que ninguém terá ficado surpreendido com a nomeação do pasteleiro para o jogo dos ladrões contra a outra metade da sociedade do Altis. No final, o que fica é mais uma competição perdida, na qual conseguimos o azar de ser sorteados para jogar fora em todas as eliminatórias. Não sei se o Benfica tomará alguma posição face ao que se passou hoje, mas também não tenho dúvidas de que se alguém disser alguma coisa será imediatamente corrido a castigos. Enfim, ao menos para os jogos da Champions ainda não conseguem nomear gente cá de dentro.
Assistimos a uma exibição muito sólida e consistente por parte do Benfica, que chegou a ser sufocante para o Casa Pia. A vitória tranquila surgiu com toda a naturalidade, sem que o Casa Pia pudesse fazer o que quer que fosse para a contestar - o Benfica controlou e dominou o jogo desde o apito inicial até ao final e somou o quarto jogo consecutivo sem sofrer golos.
Antes do jogo assistimos a uma merecida homenagem ao André Almeida, que terminou uma ligação de onze anos ao Benfica. Para o jogo, o nosso treinador escolheu os mesmos onze de Arouca, assinalando-se os regressos do Draxler e do Rafa aos convocados. O Benfica entrou no jogo disposto a não dar qualquer tipo de esperança ao Casa Pia. Ainda mal se tinha cumprido o primeiro minuto de jogo e já o João Mário desperdiçava uma grande ocasião de golo, atirando para a bancada depois de aparecer solto de marcação na área. O Benfica foi sufocante para o adversário, exercendo sempre uma pressão muito alta que não deixava tempo ao Casa Pia para se organizar e fazer a transição. O Florentino, que é dos melhores recuperadores de bola, jogou quase sempre mais adiantado no campo do que o Chiquinho, que assumiu diversas vezes a organização desde terrenos mais recuados. O Casa Pia foi uma decepção. Anunciado como uma equipa que pratica um futebol positivo e que não aposta no autocarro, o que eu vi desde o primeiro instante foi uma equipa completamente defensiva, a tentar queimar tempo em qualquer reposição de bola (incluindo lançamentos de linha lateral) e que se limitava a tentar meter bolas longas para a velocidade do Godwin - que o António Silva meteu completamente no bolso. O Benfica foi uma equipa muito parecida à que tinha sido em Arouca. Ao contrário do futebol apresentado muitas vezes no início da época, não tivemos tanta explosividade e correrias nas transições (também seria difícil frente a uma equipa que não saía lá de trás) e em vez disso foi um futebol mais paciente, com muitas trocas de bola e que privilegiou a posse - que chegou a ter números avassaladores na primeira parte. Confesso que isto chegou a enervar-me um pouco em algumas situações, em que parece que os nossos jogadores exageram e querem sempre adornar ainda mais os lances com mais um passe - ou como se costuma dizer, parece que querem entrar com a bola na baliza. O carrossel ofensivo que apresentámos na frente, com os quatro jogadores mais adiantados quase sem posição fixa e em trocas constante, num processo ofensivo que diversas vezes chega a envolver oito jogadores devido às subida dos médios e dos laterais, também acaba por proporcionar várias opções de passe ao portador da bola, o que encoraja este jogo. Voltámos a estar perto do golo quando o guarda-redes Ricardo Batista defendeu por instinto, com o pé, um desvio de calcanhar do Gonçalo Guedes, mas só conseguimos inaugurar o marcador aos trinta e cinco minutos, pelo cada vez mais inevitável João Mário. E ao contrário daquelas jogadas todas elaboradas, foi num lance bem simples: passe em profundidade do Grimaldo para o Neres ganhar a linha de fundo, sobre a esquerda, e depois fazer o passe atrasado para o João Mário marcar um penálti em andamento. Cinco minutos depois, novo golo do João Mário, novamente a nascer na esquerda: abertura do Chiquinho à entrada da área para o Grimaldo, e cruzamento rasteiro a fazer a bola atravessar toda a área sem que a defesa do Casa Pia conseguisse o corte, para o João Mário entrar de carrinho e marcar ao segundo poste. E poucas dúvidas restantes sobre o desfecho do jogo.
A segunda parte foi mais monótona. O Casa Pia pouco alterou a sua forma de jogar, e o Benfica também não, por isso foi mais uma vez muita posse de bola, muita circulação, mas poucas situações de finalização. Acho que a grande novidade foi o facto do Casa Pia ter feito um remate, que acabou por acertar no seu próprio jogador, para depois a recarga ir para a bancada - acabaram, tal como o Arouca, com zero remates à nossa baliza. A estratégia deles continuou a ser mais ou menos a mesma, com a diferença de terem feito entrar o armário do Clayton para o ataque, e portanto passaram a tentar esticar o jogo com bolas longas para ele em vez do Godwin. Já que a velocidade do segundo não tinha dado grandes resultados, talvez o físico do primeiro tivesse melhor sorte (não teve). O primeiro grande momento de perigo na segunda parte foi uma cabeçada do Aursnes ao segundo poste depois de um cruzamento largo do Neres na direita, com a bola a passar perto da baliza. Só na segunda metade é que as coisas animaram um pouco mais, com o mote a ser dado pelo terceiro golo, da autoria do Bah. Num raro assomo de atrevimento, o Casa Pia apareceu a pressionar em bloco junto à nossa área. Desde a bandeirola de canto, o Grimaldo conseguiu colocar a bola no Chiquinho, que a fez seguir para a zona central para o João Mario, e este abriu na direita para a corrida do Bah. Numa rara ocasião para uma transição rápida, o Bah correu dois terços do campo com a bola, numa situação de três para três, e ao chegar à entrada da área adversária flectiu para o meio. Quando se esperava que passasse a bola para o Gonçalo Guedes, que aparecia solto mais à esquerda, decidiu-se pelo remate com o pé esquerdo, que saiu forte e fez a bola desviar ligeiramente no pé de um defesa, só parando no fundo da baliza. Um bonito golo, que veio animar mais as bancadas de um Estádio da Luz praticamente cheio e dar nova vida aos minutos finais do jogo. O Benfica aproveitou para trocar o Gonçalo Guedes e o Neres pelo Draxler e o Musa imediatamente a seguir ao golo e logo a seguir o Aursnes voltou a desperdiçar uma boa ocasião de cabeça, depois de um grande cruzamento/passe do João Mário. A cinco minutos do final a oportunidade para assistirmos ao regresso do Rafa, que não precisou de muito tempo para dar sinal de si: desmarcado por um passe do Grimaldo para as costas da defesa, isolou-se e só não marcou porque o guarda-redes defendeu com a cara quando o Rafa lhe tentou picar a bola por cima. E foi com o Benfica em cima do adversário que o jogo chegou ao final, em clima de festa.
Dois golos e uma assistência (tecnicamente o golo do Bah foi uma assistência dele) o João Mário foi o homem do jogo. Por vezes parece-me jogar sem a intensidade que eu aprecio normalmente num jogador, mas ele compensa isso com a inteligência para ler o jogo e saber aparecer no sítio certo quando é preciso, ou para trazer os colegas para o jogo. Achei também que o Florentino fez um grande jogo, aparecendo muitas vezes até junto da área adversária a envolver-se no jogo ofensivo da equipa - um aspecto em que ele tem evoluído bastante esta época. O Grimaldo não esteve tanto em jogo como habitualmente, mas foi decisivo na mesma, participando nas três jogadas de golo (e quase ofereceu mais um ao Rafa). Uma menção também para o Aursnes. Acho que é um luxo para qualquer equipa ter um jogador assim no plantel. Seja qual for a posição ou função que lhe peçam para assumir, ele cumpre com eficiência, e tem sempre uma enorme entrega ao jogo. Acho que a época não acaba sem o vermos a jogar a defesa central. Por último, o Chiquinho voltou a cumprir no papel que era anteriormente do Enzo, e não foi por aí que a equipa acusou qualquer fraqueza.
Mais um pequeno passo dado na direcção certa. Com este resultado garantimos que quando o compadrio do Altis entrar em campo para disputar o próximo jogo, os nossos perseguidores mais directos estarão com oito pontos de desvantagem, com ambas as equipas a precisar desesperadamente dos três pontos. Mas o mais provável é termos mais um encontro rijamente disputado, com pouco futebol, muita quezília e discussão, e no final quando for para desempatar entre quem será mais ajudado, a balança penderá como habitualmente para os ladrões mais experimentados, que eles já têm muitas décadas disto. Depois acabam ambos a acusarem-se mutuamente de terem sido beneficiados e a queixarem-se de terem sido os mais prejudicados. Quanto a nós, o bom de exibições como esta (e as dos jogos anteriores) é que esvaziam completamente de argumentos os nossos inimigos. Não têm nada a que se agarrar para criar polémica, e até a esperança de aproveitar e prolongar a novela da saída do Enzo está a sair furada, também por culpa dos desempenhos do Chiquinho. O Chiquinho não é o Enzo, nem vamos fingir que ele é. Mas os benfiquistas tudo farão, como ontem o Estádio da Luz o mostrou, para pelo menos o fazer acreditar que ele pode ser tão bom como ele.
Adversário complicado, terreno difícil (relvado em muito más condições), situação teoricamente complicada, e o Benfica deu-nos uma exibição muito cerebral e conseguida, ultrapassando mais uma jornada com uma aparente facilidade que se calhar poucos esperariam, numa noite marcada por uma, acho que posso dizê-lo, estranhíssima e até atípica eficácia em frente à baliza.
Nem apareceu o Musa na frente de ataque, nem se estreou o Tengstedt. Em vez disso apostámos na mobilidade do Gonçalo Guedes, promovendo o regresso do David Neres à titularidade para formar com o Aursnes e o João Mário o trio de apoio ao avançado. Mais atrás, o Chiquinho voltou a fazer de Enzo dos pobres e substituiu o protagonista da novela desta janela de transferências. Pela frente, apanhámos o autocarro do Arouca muito bem estacionado, apostado em retardar ao máximo o nulo no marcador, e depois explorar o contra-ataque ou alguma bola parada para surpreender. No segundo aspecto, o falhanço foi completo, porque o Arouca nunca conseguiu incomodar minimamente a nossa defesa e o Vlachodimos chegou ao final do jogo sem ter feito uma única defesa. No primeiro, a estratégia ruiu aos vinte e cinco minutos quando o Benfica inaugurou o marcador, isto já depois de uma grande ameaça dada pelo Gonçalo Guedes, que acertou na malha lateral. Foi o primeiro remate feito à baliza do Arouca, numa boa jogada de equipa na qual o Neres, depois de uma combinação com o Grimaldo, desmarcou o Aursnes na área sobre a esquerda com um excelente passe entre os defesas do Arouca, e o norueguês colocou a bola rasteira para a entrada do João Mário no poste oposto, que finalizou com facilidade. O Arouca não teve capacidade para responder a este golo, e limitou-se a ficar satisfeito em ir contendo o Benfica o melhor que podia. Acho que a partir desse momento o objectivo deles passou a ser meramente perder por poucos. Foi só na segunda parte, aos cinquenta e quatro minutos, que o Benfica desfez todas as dúvidas com o segundo golo, novamente da autoria do João Mário. E foi mais uma grande jogada de equipa. Uma tabela em progressão entre o João Mário e o Gonçalo Guedes, com o primeiro a deslocar-se depois para o meio da área enquanto o Gonçalo Guedes entrou na área sobre a direita, atraiu os defesas para si e soltou a bola para o Aursnes, que de calcanhar a fez seguir para o João Mário. Depois foi uma finalização com calma e classe, colocando a bola rasteira sem possibilidade de reacção do guarda-redes. Segundo remate do Benfica à baliza do Arouca, segundo golo. Trocámos o Gonçalo Guedes pelo Musa, que acabou por marcar o terceiro golo. Novamente o Aursnes na jogada, que pouco depois da linha do meio campo fez um grande passe a rasgar a defesa do Arouca para o Neres. O Neres foi claramente derrubado em falta sobre a linha da área (seria lance para vermelho, duvido é que o árbitro o tivesse assinalado) mas a bola acabou por ressaltar para o Musa, que finalizou bem com um remate cruzado. Terceiro remate do Benfica à baliza do Arouca, terceiro golo. Melhor eficácia seria impossível. Antes do final, o António Silva levou uma cotovelada na cara e ficou a sangrar, aproveitando o Benfica para fazer algo raramente visto, que foi trocar de uma assentada três dos quatro defesas: Gilberto, Ristic e Veríssimo nos lugares do Bah, Grimaldo e António Silva, entrando ainda o João Neves para o lugar do Neres.
Se o João Mário acaba por ser o homem do jogo numa exibição muito bem conseguida pelo colectivo, devido aos dois golos marcado, o Aursnes, mais uma vez a aparecer muitas vezes sobre a esquerda, merece também grande destaque. Esteve nas jogadas dos três golos, fazendo mesmo as duas assistências para os dois golos do João Mário. Realce também para o facto do David Neres ter cumprido praticamente todo o jogo e mesmo que não ao mesmo nível com que nos presenteou na fase inicial da época e antes de se lesionar, esteve pelo menos bastante melhor do que nos últimos jogos, participando em duas das jogadas dos golos - o passe dele na jogada do primeiro golo foi genial.
Nunca será demais realçar a importância desta vitória. Entrámos em campo, contra um adversário complicado, sem Rafa, Gonçalo Ramos e Enzo. A equipa cumpriu a missão na perfeição e com eficácia e profissionalismo. Uma daquelas exibições que esvazia de argumentos os nossos inimigos e os deixa a olhar cada vez mais para cima. Em relação ao Enzo, saiu finalmente, venha o dinheiro e de resto é como disse o Roger Schmidt no final: só interessa quem quer cá estar. Muito obrigado por estes seis meses e um último conselho: cuidado com o degrau. Com a vitória desta noite, os mais directos adversários entrarão agora em campo olhando para a tabela e vendo um atraso de dez, onze e dezoito pontos, com dois jogos entre eles nas próximas jornadas. Mas tenho a certeza que não haverá cá conversas na comunicação social sobre pressão sobre eles. Pressão é só sobre o Benfica, quando quem vem bem atrás ganha um dos seus jogos. Quase que nos deixa a invejar a posição deles.
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