VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 19 de Março de 2023

Rotina

O Vitória foi durante toda a semana apresentado e promovido como a primeira equipa a travar o Benfica de Roger Schmidt, e um difícil teste que o Benfica teria que ultrapassar. No final, uma goleada tão natural que para quem tenha assistido ao jogo foi como mais um dia no escritório. Quase que se pode considerar que aquilo que se passou não foi mais do que uma simples rotina.

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Já todos conhecemos o núcleo duro do plantel, por isso era óbvio quem seriam os onze escolhidos para iniciar o jogo. Sem o Aursnes disponível, mas com o Rafa novamente disponível, foi esta a troca óbvia. A novidade foi mesmo que ao contrário do habitual, o João Mário manteve-se sobre a direita e o Neres actuou do lado esquerdo, com o Rafa a ter o seu habitual papel de vagabundo nas costas do avançado. Da parte do Vitória, não sei se eles próprios acreditaram muito na promoção que lhes foi feita de serem uma equipa temível, porque se apresentaram com um estratégia muito clara: autocarro. Uma equipa que pode e sabe jogar futebol enfiou toda a gente atrás na expectativa de manter o nulo desde o apito inicial e nem contra-ataques faziam, porque o Chiquinho e o Florentino no meio campo limpavam tudo o que fosse tentativa de invadir a nossa metade do campo com maior perigo. Depois aconteceu aquilo que de pior pode acontecer a equipas que apostam forte nesta estratégia: sofrem um golo cedo e desmorona-se tudo. O Vitória teve o azar do Benfica, ao contrário do que tem acontecido muitas vezes, ter estado extremamente eficaz - fizemos até muito poucas finalizações para aquilo que nos é habitual. Foram treze os minutos que passaram até a bola entrar pela primeira vez na baliza do Vitória, quando depois do Neres a partir da esquerda levantou a bola, de pé direito, para a área, onde o Rafa deu um toque de cabeça para trás e permitiu ao Gonçalo Ramos aparecer solto na zona da marca de penálti para voar para a bola e cabecear para o golo. Sem reacção visível por parte do Vitória - foi o Benfica quem já tinha estado perto do segundo, quando o Gonçalo Ramos não conseguiu acertar na baliza vazia desde muito longe, depois de ter recolhido a bola após uma saída do guarda-redes da área para cortar um lance de ataque - o segundo golo apareceu aos vinte e oito minutos e nasceu de uma jogada muito simples. Pontapé de baliza do Vlachodimos, o Gonçalo Ramos ganhou no ar ao defesa e tocou para a desmarcação do Rafa nas suas costas, que seguiu isolado para a baliza. Foi derrubado por trás por um defesa e o respectivo penálti assinalado (achei que seria um lance claro para cartão vermelho, mas pelos vistos conseguiram considerar que o defesa tentou jogar a bola), que o João Mário converteu. E aos trinta e seis o terceiro (pouco antes o Otamendi tinha atirado uma bola ao poste) numa boa transição que é uma imagem de marca desta equipa. Tudo começa à saída da nossa área e depois, sempre em progressão e velocidade, Neres, João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos levaram a bola até à outra baliza, com o último a assistir para uma boa finalização de pé esquerdo do João Mário. São jogos assim que se querem, resolvidos cedo, sem causarem stress nem grandes correrias e a mostrar uma equipa bem entrosada, que sabe muito bem aquilo que quer e deve fazer em campo, e que depois sim, pode até dar-se ao luxo de gerir o esforço e os tempos de jogo.

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E foi mesmo isso que fizemos na segunda parte. Foi notório o menor ritmo com que reentrámos, e como mencionou o nosso treinador no final, por vezes talvez até o tenhamos feito em excesso, embora seja compreensível. O resultado era confortável, o adversário estava completamente manietado - e mesmo a perder por três, não abandonava o autocarro e mantinha uma linha de cinco defesas, com outra linha de quatro colocada imediatamente à frente - e mesmo a jogar num ritmo baixo ainda assim mantinha-se a expectativa de poderem surgir mais golos, porque embora em menor quantidade as oportunidade iam surgindo. A primeira foi até uma séria ameaça de autogolo: livre do Grimaldo na direita, bola cruzada tensa para a área e o desvio de cabeça de um defesa levou a bola a passar a centímetros do poste. Da ameaça passou-se à concretização, e aos sessenta e nove minutos foi mesmo através de um autogolo que o Benfica aumentou a vantagem. Mais uma boa transição ofensiva com o Rafa a soltar a bola na altura certa para o João Mário, e quando já na área este tentou fazer o passe atrasado para o Neres, que aparecia solto na zona frontal, o Dani Silva interceptou a bola na direcção da baliza. Um outro defesa ainda conseguiu fazer o corte no limite em cima da linha, mas fê-lo na direcção do mesmo Dani Silva, com a bola a embater nele e a entrar na baliza junto ao poste mais distante. Pouco depois, a quinze minutos do final, entraram os dois do costume, João Neves e Musa, para os lugares do Florentino e do Gonçalo Ramos, mas com o extra de termos também trocado o Otamendi pelo Morato, que precisa de ganhar minutos para estar mais bem preparado para o jogo da Champions. O Vitória aproveitou para ter um assomo de brio e ir à frente, chegando mesmo ao golo num lance em que o recém-entrado Morato não ficou muito bem na fotografia, já que foi ele quem deixou escapar o Safira para fazer a assistência para o golo do André Silva, com o Grimaldo a não conseguir chegar a tempo para interceptar o passe. Mas a um minuto do final, já com o Gilberto em campo, o Benfica repôs a diferença no marcador. Foi mais um canto marcado à maneira curta na direita, entre o Chiquinho e o Neres, com o cruzamento deste último a seguir para a zona do segundo poste onde o Musa cabeceou para o chão, com a bola a seguir para o poste oposto onde o António Silva cabeceou com toda a calma do mundo para a baliza. Nos minutos de compensação, oportunidade para a estreia pela equipa principal do Cher N'Dour. Espero que seja sinal que a renovação está bem encaminhada.

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Acho que no Benfica poderíamos destacar praticamente qualquer um dos jogadores da frente, o que é indicativo da forma como jogamos como equipa. Toda a gente parece entender-se quase de olhos fechados, jogam com alegria e sempre para a equipa, sem sinais de egoísmo. Por exemplo, o João Mário voltou para a frente da lista dos melhores marcadores a passe do seu concorrente mais directo, o Gonçalo Ramos. Mas também a dupla do meio campo poderia perfeitamente ser destacada. O Florentino voltou a fazer um grande jogo e a sua ausência dos convocados da selecção (não que eu me queixe disso) parece-me uma injustiça. O Chiquinho não é o Enzo mas também joga e faz a equipa jogar, e mostra um enorme compromisso com as tarefas defensivas. Eu até acho que o Florentino se sente ainda mais à vontade para subir um pouco mais com ele a seu lado.

 

Mais um passo dado e agora a vantagem para o segundo classificado passou para dez pontos. Significa isto que se vencermos seis dos nove jogos que faltam nos sagraremos campeões. Não sei o que irão inventar agora para manter a 'pressão', mas pode ser que a informação contida nos envelopes da acusação que nos foram entregues abertos e rasgados seja útil. Da minha parte eu sugeriria por exemplo investigar o motivo pelo qual uma equipa que já mostrou saber jogar futebol se apresentou na Luz completamente enfiada na defesa e sem um traço de futebol positivo. Vem agora mais uma indesejada pausa para as selecções jogarem, cuja única vantagem é dar mais um bocadinho de tempo para a recuperação do Gonçalo Guedes. E se calhar também deixar os nossos adversários a ruminar os dez pontos, porque deve ser frustrante anunciar em Dezembro que vamos ser campeões, passar meses a repetir isso e a fomentar uma campanha imunda de tentativas de desestabilização à espera de uma anunciada quebra, e chegar a este ponto ainda mais longe do primeiro lugar do que estávamos.

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publicado por D'Arcy às 22:38
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Segunda-feira, 13 de Março de 2023

Pressão

Mais uma vez havia quem depositasse esperanças numa escorregadela do Benfica nesta visita ao Funchal, mas mais uma exibição categórica deixou frustradas quaisquer expectativas de um desaire. O Benfica não deu quaisquer hipóteses e não fosse o desperdício até poderia ter resolvido tudo ainda mais cedo e construído uma goleada ainda maior.

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Sem Gonçalo Guedes e sem Rafa, o onze titular era fácil de adivinhar. A novidade, se é que se pode chamar-lhe assim porque ele já tinha passado diversas vezes pela posição, foi o David Neres a fazer de Rafa, actuando de forma mais solta nas costas do avançado, mantendo o Aursnes e o João Mário mais sobre as alas. O Marítimo até pareceu entrar cheio de vontade, a querer manter as linhas de pressão altas para não deixar jogar o Benfica, mas mesmo nesses primeiros minutos melhorzinhos deles o Benfica assim que chegou à frente construiu e desperdiçou uma enorme ocasião de golo, com o João Mário a dar o mote para a sua exibição nos minutos seguintes e a atirar para a bancada quando tinha tudo para marcar. Pressionar alto e impedir o Benfica de impor o seu jogo é tudo muito bonito, o mais complicado é conseguir fazer isso de forma consistente ao longo de um jogo. Porque o Benfica esta época é uma máquina diabólica de eficiência, com todos os jogadores a saberem muito bem o que fazer, onde estar e como se movimentar. Não é fácil acompanhar o nosso ritmo, e nem é tanto porque os nossos jogadores corram mais do que os outros (apesar de achar que talvez nunca tenha visto uma equipa do Benfica tão forte fisicamente como esta) mas sim porque não precisam de correr tanto como os outros devido à eficácia dos processos de jogo. O ímpeto do Marítimo deu para uns dez minutos e pouco mais, e a partir daí só deu Benfica. E nos minutos que se seguiram, só deu também desperdício em frente à baliza, sobretudo pelo João Mário, mas também pela inspiração do guarda-redes do Marítimo, que chegou a dar a impressão de estar numa daquelas tardes inspiradas que às vezes os guarda-redes têm. O desacerto do João Mário na finalização foi de tal forma que até um penálti desperdiçou à meia hora de jogo, atirando para a bancada - o penálti resultou de uma falta sobre o Aursnes, já depois do guarda-redes ter defendido o primeiro remate dele. Destaque ainda para uma defesa quase impossível do guarda-redes aos pés do David Neres - e foi este o momento em que pensei que poderíamos estar perante uma daquelas exibições inultrapassáveis, porque nem percebi como é que ele defendeu aquilo. Até que no período de descontos finalmente chegou o merecido golo. Já que o João Mário não parecia estar em dia de acertar na baliza o melhor era assistir, e foi isso que ele fez (honestamente, fê-lo já depois de ter 'estragado' mais uma jogada em que o Chiquinho o colocou em situação de seguir para a baliza e finalizar). O passe para a boca da baliza foi encontrar o David Neres, que finalizou sem dificuldade. E antes do intervalo poderíamos mesmo ter chegado a um segundo golo, mas mais uma vez o guarda-redes correspondeu de forma inspirada a um remate com selo de golo do Grimaldo, depois de uma assistência de calcanhar do Aursnes.

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A segunda parte pode resumir-se ao facto do Benfica ter querido e conseguido resolver o assunto rapidamente. Ao contrário do desperdício da primeira parte, bastaram doze minutos para que o Benfica marcasse mais dois golos e colocasse uma pedra sobre o assunto. Ao fim de cinco minutos, o João Mário redimiu-se de todos os falhanços da primeira parte e aproveitou uma indecisão entre o defesa e o guarda-redes num cruzamento rasteiro do Grimaldo para ainda conseguir aparecer ao segundo poste e marcar de ângulo já apertado, atirando a bola para a baliza deserta. Depois, o terceiro golo surgiu numa das melhores jogadas de todo o encontro, que começa ainda na nossa área e toda desenvolvida pela esquerda. A bola é recuperada pelo Otamendi e depois é sempre em progressão com Chiquinho - Neres - Grimaldo - Neres - Aursnes - Grimaldo, toque de calcanhar deste já dentro da área e finalização de primeira do Neres. Dezoito segundos com a bola sempre me movimento e os jogadores em progressão, de uma baliza até à outra. O exemplo perfeito da máquina bem oleada que é esta equipa do Benfica neste momento. A partir daqui, com tudo resolvido, o Benfica basicamente meteu o jogo no congelador. Sem grandes correrias mas mantendo sempre o adversário bem controlado, foi uma questão de ir gerindo o tempo e o esforço até final - não me recordo de uma única ocasião de verdadeiro perigo criada pelo Marítimo, tendo o Vlachodimos tido um final de tarde perfeitamente descansado. Só a oito minutos do final é que o Roger Schmidt mexeu na equipa, com as habituais entradas do João Neves e do Musa, e ambos tiveram ocasiões para marcar, o primeiro depois de um passe do Aursnes o ter deixado na cara do guarda-redes, que foi muito rápido a sair da baliza para lhe negar o golo, e o segundo num remate feito com pouco ângulo que o guarda-redes defendeu com o pé. Mesmo, mesmo a acabar, finalmente a estreia dos reforço nórdicos de Inverno, que ainda foram a tempo de pelo menos tocar na bola. A parte negativa foi que perto do final o Aursnes - que estaria precisamente para ser substituído - acabou por ver um amarelo que o retira do próximo jogo. Alguma vez teria que o ver, antes assim para que não fiquemos com ele e o Florentino à beira da suspensão, e já sabemos que se chegarmos às vésperas da recepção aos perseguidos de Contumil com jogadores em risco, o perigo deles ficarem efectivamente suspensos será muito maior.

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O melhor em campo, mesmo apesar dos dois golos do Neres, foi o Aursnes. É mesmo uma das melhores contratações da época, porque ele parece incapaz de fazer o que quer que seja mal feito. Neste jogo, para além de ter enchido o campo, só não acabou com uma mão cheia de assistências porque os colegas não conseguiram aproveitar as bolas que ele lhes ofereceu - foi inclusivamente sobre ele que foi cometido o penálti. Depois, os óbvios destaques para o David Neres com os seus dois golos e o Grimaldo com mais duas assistências - e que bem que ele cada vez mais se entende com o Aursnes, cuja disciplina táctica lhe parece dar ainda mais liberdade para atacar. O João Mário ainda consegue acabar com mais um golo e uma assistência, mas aquele desperdício todo na primeira parte foi demasiado.

 

Falta menos uma jornada para o final e a almofada de oito pontos mantém-se. Foi extremamente agradável ver a nossa equipa não acusar quaisquer sinais da 'pressão' que a vitória prévia do Porto poderia causar - e nesta nota, adorei a resposta do nosso treinador quando lhe perguntaram mais uma vez sobre o assunto. Também o jogo europeu a meio da semana não deixou qualquer sequela e a nossa equipa apresentou-se no ritmo habitual. Conforme escrevi antes, acho que esta é das equipas do Benfica com melhor preparação física que eu já vi, e é um contraste enorme para tempos relativamente recentes em que por esta fase da época víamos os nossos jogadores, sobretudo os mais utilizados, em evidentes dificuldades físicas. É continuar neste registo, que consistentemente frustra e esvazia a motivação dos que tentam a todo o custo criar instabilidade.

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publicado por D'Arcy às 11:42
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Quarta-feira, 8 de Março de 2023

Atropelo

Uma exibição de gala, uma mão cheia de golos, quase todos eles grandes golos individuais ou colectivos, um ambiente incrível na Luz e a passagem aos quartos de final da Champions pela segunda época consecutiva carimbada. Assistimos a um verdadeiro atropelo ao Brugges, que nada conseguiu fazer para parar um Benfica que se apresentou ao nível do melhor que já tínhamos visto na primeira fase da época.

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Perante um estádio da Luz tecnicamente esgotado, o Benfica entrou em campo com uma alteração no onze: regresso do Chiquinho à titularidade, o que implicou a saída do Neres e a colocação do Aursnes novamente sobre a esquerda. É incrível como um jogador que foi contratado em teoria para fazer a posição seis já nos parece uma escolha natural para actuar nesta posição. A entrada do Benfica no jogo mostrou logo ao que vínhamos. A melhor maneira de gerir uma vantagem trazida da primeira mão era mesmo alargá-la, e ainda mal se tinha completado o primeiro minuto de jogo e já o João Mário, de calcanhar, concluía da melhor forma uma excelente jogada de equipa pela direita e inaugurava o marcador - até que o VAR descobriu um fora de jogo do Gonçalo Ramos no início da jogada e anulou o golo. Foi pena, mas nada que deixasse a equipa abalada, porque a tónica continuava a mesma. O jogo foi valorizado porque o Brugges, sem nada a perder, também fez o que podia para tentar chegar ao primeiro golo no jogo, que lhes abriria novas e boas perspectivas para se recolocarem na discussão da eliminatória. Fosse o adversário uma equipa portuguesa e, mesmo tendo perdido a primeira mão por dois golos, certamente se apresentaria na Luz a jogar fechadinha atrás e a jogar em contra-ataque. Assistimos assim a duas equipas a tentar pressionar muito alto no terreno e a vir para a frente sempre que possível, e neste aspecto gostei bastante de ver a forma como o Benfica lidou com a pressão alta do adversário e conseguiu quase sempre sair a jogar com qualidade, mesmo em situações em que os nossos defesas e guarda-redes chegaram a ter que andar a trocar a bola dentro da nossa área enquanto pressionados. Um sinal de muita, muita confiança por parte dos nossos jogadores. Jogo do Benfica sem uns falhanços quase épicos já quase que nem parece normal, e por isso foi quase com naturalidade que vimos primeiro o Florentino atirar ao lado quando tinha tudo para marcar (embora tenha ficado com a sensação de que se marcasse, o golo acabaria novamente invalidado por fora de jogo do João Mário no início da jogada) e a seguir o João Mário a rematar já no interior da área naquilo que parecia um golo quase certo e a ver um defesa do Brugges cortar a bola em cima da linha de golo, com o guarda-redes já batido. É costume dizer-se que ao mais alto nível falhanços destes costumam pagar-se caro, mas a forma como o Benfica jogava dava-nos quase a certeza de que muitas mais ocasiões para marcar se seguiriam. Num verdadeiro carrossel ofensivo, com o Rafa de regresso ao melhor que já lhe vimos e constantes movimentações e trocas de bola e posições no ataque entre literalmente toda a equipa à excepção dos centrais, os belgas tinham a vida muito complicada. Foi aliás só por boa vontade (chamemos-lhe assim) do árbitro turco que não ficaram reduzidos a dez pouco depois da meia hora, porque o Lang enfiou uma sarrafada no Bah à entrada da área que lhe deveria ter valido o segundo amarelo, mas o árbitro acabou por assinalar uma falta que cometida imediatamente a seguir por um colega sobre o Rafa. Por falar em faltas à entrada da área, uma do Otamendi valeu-lhe também um amarelo que o retira do primeiro jogo dos quartos de final - tínhamos quatro jogadores em risco, um deles acabou por não escapar.

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O Benfica acabou por chegar ao primeiro golo aos trinta e oito minutos (mais tarde do que o futebol que apresentou justificava) num excelente exemplo de como sair a jogar sob pressão, conforme referi. A jogada começa num lançamento de linha lateral a favor do Brugges, sobre a esquerda da nossa área, em que toda a equipa belga subiu no terreno para pressionar. O Aursnes recupera a bola, mete no Rafa, este deixa-a no João Mário e começa imediatamente a correr na direcção da área. A bola é depois metida no Gonçalo Ramos, que sobre a esquerda a leva desde a linha do meio campo até perto da área, flecte para dentro e coloca-a na área, onde o Rafa já chegou. Poderia ter tentado o remate de primeira, mas preferiu controlá-la e até nem correu muito bem, pois pareceu que isso tinha dado tempo aos defesas para recuperar a posição, obrigando-o a virar-se de costas para a baliza. E quando a opção mais óbvia até seria um ligeiro passe atrasado para o remate do João Mário, que aparecia solto à entrada da área, o Rafa decidiu-se por um 'passe' de trivela para a baliza, que colocou a bola bem juntinha à base do poste. Um grande golo, a assinalar o regresso do Rafa ao seu melhor nível e a fazer finalmente a Luz explodir com a merecida vantagem, que nos colocava cada vez mais firmemente na próxima eliminatória. E se este foi um grande golo, o que dizer então do segundo, que surgiu no segundo minuto de compensação? O mérito vai quase todo para o Gonçalo Ramos, mas a jogada que lhe coloca a bola nos pés começa num fantástico passe do Chiquinho para o Aursnes, a rasgar linhas. A bola seguiu depois para o João Mário, que sobre a esquerda a colocou na área para o Gonçalo. Depois o Gonçalo fez o que quis não de meia, mas de quase toda a defesa do Brugges. Flectiu para o meio e serpenteou entre um, dois, três, quatro adversários até fuzilar a baliza com um remate rasteiro de pé direito. A forma perfeita de fechar a primeira parte.

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A segunda parte trouxe-nos um Benfica ainda mais dominador no jogo, mas com menos correrias. Se na primeira parte o Brugges ainda foi tentando responder no ataque, na segunda isso quase não aconteceu e o Benfica fez um jogo de muito mais posse e circulação de bola, sem no entanto ter alguma vez deixado de procurar mais golos. E é este o Benfica que o Roger Schmidt trouxe de volta e que tanto nos entusiasma, e a principal razão pela qual ele é já, ao fim de poucos meses, tão popular. Durante demasiados anos fomo-nos habituando a um Benfica que mesmo sendo superior aos adversários, normalmente quando conseguia chegar à vantagem tirava o pé do acelerador e entrava numa toada de 'gestão' do resultado, o que tantas vezes resultava em dissabores. E quando não acabava mal, deixava pelo menos uma sensação desagradável nos adeptos porque esse não é o ADN do Benfica, não é o chamado 'Benfica à Benfica'. O Roger Schmidt arrisca-se neste momento a ter no futebol do Benfica um impacto comparável ao que há quarenta anos atrás teve o Eriksson. Esperemos que consigamos, nós e ele, ser tão ou mais felizes como o fomos na altura. Voltando ao jogo, foram doze os minutos que tivemos que esperar para o marcador voltar a funcionar, e em mais uma boa jogada de equipa. Eu não sei dizer quantos passes é que a jogada envolveu, mas trocámos a bola durante um longo período de tempo, com ela a circular por quase toda a equipa até chegarmos à fase final, na qual o Chiquinho abriu no Aursnes sobre a esquerda, este esperou a entrada do Grimaldo para lhe colocar a bola, e dali saiu mais uma assistência, com o Gonçalo Ramos a fazer o movimento típico de se antecipar a toda a defesa (não creio que existam neste momento muitos avançados tão eficazes neste tipo de movimentação) surgindo na zona do primeiro poste para rematar de primeira de pé esquerdo. Pouco depois, as primeiras substituições, saindo o Chiquinho e o Bah para dar os seus lugares ao Neres e ao aniversariante Gilberto. Creio que o motivo para a sua saída terá sido mesmo o facto de terem recuperado recentemente de lesões, e não por alguma estratégia de prevenir um amarelo, no caso do Bah, que também o deixaria suspenso, porque os outros dois jogadores em risco fizeram os noventa minutos. Vimos também uma mudança táctica pouco habitual na qual o Benfica jogou com dois extremos puros, colocando o Neres na esquerda e deslocando o Rafa para a direita, com o Aursnes a recuar para o meio campo.

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O Gilberto é um jogador que conseguiu ganhar o apreço dos adeptos pela forma como se entrega ao jogo, e não foi preciso muito tempo para dar mais uma prova disso mesmo porque aos setenta minutos foi uma insistência sua na área que lhe permitiu conquistar um penálti - volto mais uma vez a assinalar o facto de aparentemente os árbitros estrangeiros não terem qualquer problema em assinalar penáltis a nosso favor quando os lances assim o justificam. Por cá, jogar basquetebol dentro da área continua a não ser motivo suficiente para se marcar um penálti a nosso favor. Mas diga-se sobre este lance que mais uma vez o árbitro turco deve ter tido pena dos belgas, porque a falta do Sylla sobre o Gilberto (uma tesoura por trás, sem qualquer possibilidade de jogar a bola, e ainda por cima cometendo penálti) era claríssima para cartão amarelo, que no caso dele seria o segundo. É que nem há explicação lógica para que ele não tenha sido advertido (se fosse um árbitro cá do burgo até saberia a razão, mas a questão nem se colocaria porque teria sido o Gilberto a ver amarelo). Tinha quase a certeza absoluta que depois do susto da primeira mão o João Mário iria desta vez marcar o penálti para o lado esquerdo do guarda-redes (ainda pensei se seria dada ao Gonçalo Ramos a possibilidade de fazer um hat trick, mas com o Roger Schmidt não há brincadeiras dessas) e foi exactamente isso que aconteceu, com o guarda-redes a lançar-se para o lado oposto. Logo a seguir mais duas substituições, nas quais o nosso treinador voltou a mostrar a sua faceta de 'chato'. Mesmo a ganhar por quatro e com a eliminatória resolvida, continua a não facilitar. Não há cá estreias de jovens ou reforços, ou poupanças a jogadores em risco de suspensão: saíram o João Mário e o Otamendi, entraram o João Neves e o Morato (provavelmente para dar já minutos à dupla de centrais que irá ter que alinhar na primeira mão dos quartos). O João Neves teve um impacto quase imediato, já que três minutos depois de ter entrado fez a assistência para o quinto golo. Mais uma jogada de equipa simples, bonita e eficaz. Passe rasteiro ainda antes da linha do meio campo do António Silva para o Gonçalo Ramos, já no último terço do campo, e depois a bola a viajar da direita para a esquerda num toque de calcanhar do Ramos para o Rafa, que controlou no peito e tocou de primeira para o João Neves na zona central, que por sua vez abriu para a entrada do Neres na área pela esquerda. Depois o remate saiu cruzado, rasteiro e colocado ao poste mais distante. O auxiliar anulou inicialmente a jogada por fora de jogo, mas o VAR corrigiu e valeu mesmo. Nos últimos dez minutos, nos quais houve mais uma substituição 'chata' do nosso treinador (Lucas Veríssimo no lugar do António Silva) achei que a equipa finalmente relaxou um pouco e tentou recrear-se com a bola, o que foi aproveitado pelo Brugges para dar um arzinho da sua graça e foi recompensado com um golaço de honra mesmo a fechar a partida: o lateral esquerdo Meijer surgiu solto pelo seu lado à entrada da área e enviou um autêntico míssil teleguiado ao ângulo do lado oposto, deixando o Vlachodimos sem qualquer possibilidade de reacção.

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A parte difícil de fazer destaques quando a nossa equipa faz um jogo quase perfeito é mesmo a escolha. Posso referir os suspeitos do costume, como mais um jogo brilhante do Gonçalo Ramos, que deve ter feito a sua cotação subir ainda, ou do Rafa (seja muito bem vindo de volta, Rafa pré-lesão) ou ainda do Grimaldo. Ou ainda o que o Chiquinho jogou em cerca de uma hora que esteve em campo - e um dos maiores elogios que lhe podemos fazer é referir que se notou claramente o salto qualitativo no futebol jogado pela equipa em relação aos últimos jogos com ele na equipa. Ou a fantástica exibição do Florentino, que por vezes me parecia estar simultaneamente em todo o lado. Ou o operário Aursnes, que dispensa floreados e faz tudo de forma sóbria e eficaz, raramente fazendo o que quer que seja mal feito. Muito por onde escolher, felizmente.

 

Não querendo ser desmancha prazeres, a minha opinião é que com a chegada aos quartos de final os serviços mínimos exigíveis ao Benfica estão cumpridos. Daqui para a frente, tudo o que vier será um bónus. Não me agrade nem consigo alinhar naquilo que eu considero exageros e excessos de confiança de falar já em idas à final e afins, até porque nunca foi essa a postura da nossa equipa e há outros factores imprevisíveis como a sorte a ter em conta. É natural que exista ambição, mas o que temos que fazer agora é simplesmente olhar para o próximo jogo. O que me parece evidente é que, face ao que temos feito esta época na Champions, tenhamos pelo menos a confiança que venha quem vier, a nossa equipa tem pelo menos a capacidade para jogar um futebol que nos permitirá encarar a eliminatória com possibilidades de a discutir. Seja qual for o adversário. Mas por agora, olhos só para o Marítimo.

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publicado por D'Arcy às 09:59
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Domingo, 5 de Março de 2023

Pragmática

Mais uma vitória, mais um passo na direcção certa. Mais uma vez a exuberância não marcou presença no relvado, mas fomos uma equipa muito pragmática, que controlou o jogo praticamente do primeiro ao último minuto e obteve uma vitória que não oferece possibilidade de qualquer contestação. Em retrospectiva, talvez me tenha sentido mais enervado na bancada durante o jogo do que aquilo que seria justificável, mas quando uma vantagem mínima se arrasta mesmo até ao final do jogo é impossível evitar o receio de algum golpe do destino.

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Foi quase um regresso à formula inicial desta época, porque face às ausências certas, com a excepção do Aursnes no lugar do Enzo, jogámos com a equipa que foi mais habitual durante esses primeiros meses. O Benfica abordou o jogo com uma calma aparente que chegou a parecer excessiva, mas a estratégia foi fortemente condicionada por um Famalicão muito fechado e bem organizado atrás. O ala direito Sanca estava particularmente atento às subidas do Grimaldo por aquele lado, passando uma boa parte do tempo a jogar quase como se fosse um lateral, o que fazia com que o nosso bem conhecido Alexandre Penetra acabasse por regressar à sua posição de origem no centro da defesa para formar uma linha de cinco. Não era possível criar a avalanche de situações perigosas a que estamos mais habituados, e eram sobretudo o Rafa e o Grimaldo a tentar mais acelerações, mas o Rafa voltou a ser um alvo preferido de faltas da equipa adversária. Sobretudo durante a fase inicial do jogo, o Famalicão abusou das faltas para travar logo à nascença as transições do Benfica, beneficiando de uma excessiva liberdade disciplinar para o fazer. Foi por isso precisa muita paciência para furar a muralha defensiva do Famalicão, que no ataque quase não existia. A constante circulação de bola sem grande progressão por parte do Benfica chegava a ser enervante, mas era difícil jogar com mais velocidade e passes de ruptura frente a um adversário que não saía lá de trás. Mas apesar das cautelas específicas do Famalicão em relação ao Grimaldo, foi mesmo por ali que, aos trinta e seis minutos, o golo surgiu. O lance começa num grande passe em profundidade do Otamendi para o Grimaldo, que ganhou em velocidade ao marcador directo e fez o cruzamento rasteiro e de primeira para a zona frontal da baliza. Um defesa do Famalicão tentou cortar para canto mas a bola foi ter aos pés do Grimaldo, que voltou a colocar a bola de primeira na mesma zona, onde o Gonçalo Ramos apareceu a antecipar-se a toda a gente para fazer o golo com um remate rasteiro e colocado junto do primeiro poste. O mais difícil estava feito, e esperava que este golo fizesse o Famalicão sair lá de trás. A verdade é que, quase como aconteceu no jogo com o Boavista, quase na resposta o Famalicão foi à frente e criou uma situação de algum perigo, mas durante o resto do jogo vimos que isso não de uma situação pontual.

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Isto porque a segunda parte foi ainda mais dominada pelo Benfica. O Famalicão não fez um único remate, nem sequer para fora, durante todo o segundo tempo. Mas o ritmo continuou a não ser entusiasmante. O Benfica apostou mais em remates de fora, já que continuava a ser difícil desmontar as duas linhas defensivas do Famalicão, mas geralmente sem grande sucesso - o mais perto do golo que estivemos foi num remate espontâneo do Gonçalo Ramos, que obrigou o guarda-redes a uma boa intervenção. O momento de maior emoção chegou perto do minuto setenta, quando um bom passe do Grimaldo por cima da defesa encontrou o Rafa sozinho, e o cabeceamento deste me balão fez a bola passar por cima do guarda-redes e ir embater na barra da baliza. No seguimento da jogada, mais um momento para juntar ao currículo do Artur Soares Dias nos jogos do Benfica, quando bem à frente dele um jogador do Famalicão, na disputa da bola com o Otamendi na área, teve um momento digno de basquetebol. Um penálti do mais claro que poderia haver, que o Artur Soares Dias ignorou. Mas se ainda consigo imaginar eventualmente que ele não tenha tido a melhor visão do lance, já o facto do VAR não ter intervindo já é muito mais incompreensível para mim. Provavelmente estaria com receio que daqui a alguns meses viessem especular que ele teria intencionalmente beneficiado o Benfica, e lhe fossem vasculhar as finanças pessoais. É que é assim que condicionam árbitros e se assegura que eles em qualquer momento de decisão acabem por se sentir pressionados a decidir preferencialmente contra o Benfica. Na sequência do lance, os justos protestos do Otamendi valeram-lhe um cartão amarelo. Conforme escrevi, objectivamente não me parece que a vitória alguma vez tivesse estado em causa, porque o Famalicão não conseguiu jogar de forma a causar-nos qualquer tipo de problema, mas o resultado era suficiente para me deixar enervado com receio de algum azar. O Benfica fez apenas duas substituições, ambas já dentro dos últimos dez minutos de jogo, entrando o Musa e o João Neves para os lugares do Neres e do Rafa, e estes dois jogadores acabaram por estar envolvidos na jogada do golo, já em período de descontos (antes o Musa já tinha tido mais um remate de fora da área, que poderia ter levado melhor direcção). A jogada começa no Musa, que consegue descobrir o João Neves solto na área sobre a direita. A tentativa de cruzamento deste não levou a melhor direcção e a bola foi afastada para a entrada da área, onde o Bah a ganhou e colocou no Grimaldo na zona frontal. E mais uma vez (creio que foi a terceira vez que ele apareceu ali durante o jogo a tentar o remate) ele tentou o remate de fora, a bola desviou ligeiramente num defesa e obrigou o guarda-redes a uma defesa de recurso, largando a bola para a frente. Depois o Gonçalo Ramos foi mais rápido do que todos a chegar ao ressalto e finalizou com muita calma.

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O Gonçalo Ramos é evidentemente o homem do jogo pelos dois golos. A acompanhá-lo nos lugares de destaque coloco, quase de forma surpreendente, dois defesas: o Grimaldo e o Otamendi. O Grimaldo foi dos que mais tentaram criar desequilíbrios pelo seu lado, e como resultado disso esteve directamente envolvido nas jogadas dos dois golos. O Otamendi tentou sempre empurrar a equipa para a frente, tendo várias vezes até avançado ele no terreno com a bola controlada, e foi de um passe de ruptura dele que nasceu o primeiro golo (depois tentou mais vezes durante o jogo, sem o mesmo sucesso).

 

Mais uma jornada passou e estamos mais perto do nosso objectivo. Faltam agora nove vitórias, mas enquanto for matematicamente possível, os ataques selvagens vão continuar. Já perderam qualquer tipo de vergonha ou noção do ridículo e atiram com o que quer que lhes passe pela cabeça cá para fora. Acho que ainda vou ver notícias sobre suspeitas de que o Artur Soares Dias foi pago para beneficiar o Benfica. Agora a táctica é ainda mais agressiva, e já mandam cá para fora notícias sobre árbitros no activo. Imagino que este tipo de comportamentos em nada os pressione ou afecte a sua capacidade de decisão em jogos que envolvam o Benfica. A mensagem é clara: se decidirem a favor do Benfica e por acaso tiverem o azar de se enganarem, qual é explicação? Foram subornados, obviamente. Qual é a forma de se protegerem? Em caso de dúvida (e às vezes até quando poucas dúvidas há) é decidir contra o Benfica. Já ignorar murros ou chapadas do Pepe dentro da área ou entradas assassinas de qualquer jogador do Porto, isso não tem consequências. Que condições têm estes árbitros para arbitrar jogos do Benfica?

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publicado por D'Arcy às 22:33
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