VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 29 de Setembro de 2024

Confiança

Quarto jogo após a mudança no banco, quarta vitória. Os números são algo exagerados e quem não viu o jogo até pode pensar que foram só facilidades. A vitória do Benfica é mais uma vez indiscutível, mas foi apenas nos minutos finais que construímos um resultado dilatado, frente a um adversário que conseguiu causar dificuldades.

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Surpresa na manutenção do onze do Bessa, porque pensei que com o Bah recuperado, ele regressasse à titularidade. O Benfica entrou mais uma vez forte e a tentar chegar ao golo cedo, rapidamente chegando à área do Gil Vicente e conquistando dois pontapés de canto, mas tal como no jogo de estreia do Bruno Lage, o adversário colocou-se em vantagem cedo, na primeira aproximação que fez à nossa baliza. O Gil Vicente mostrou ser uma equipa confiante com a bola nos pés, capaz de a trocar de forma segura, com o Fujimoto a jogar sem posição muito fixa e a revelar qualidade acima da média. Realce também para o facto de ser uma das poucas equipas que eu nos últimos tempos vi apresentar-se na Luz sem ser num esquema de três centrais - até estranhei. Aos oito minutos fomos surpreendidos num contra-ataque, no qual três jogadores adversários receberam a bola no espaço entre a nossa defesa e o meio campo - e se há alguma coisa a apontar à nossa equipa, é precisamente que achei o nosso meio campo demasiado permissivo, com alguma falta de agressividade e a conceder demasiado tempo e espaço ao adversário para ter a bola. Ainda conseguimos recuperar minimamente, mas com toda a gente desposicionada um grande passe do Fujimoto na direita, correspondido por uma grande desmarcação do extremo esquerdo, aproveitou o buraco que tinha sido deixado na defesa quando o Otamendi saiu da sua posição e o Gil Vicente colocou-se em vantagem. Tal como no jogo com o Santa Clara, a reacção do estádio foi como se nem tivéssemos sofrido um golo. Em vantagem, o Gil Vicente mostrou desde logo imensa vontade em baixar drasticamente o ritmo do jogo, mas não teve muito tempo para o fazer porque o Benfica demorou apenas nove minutos a igualar o jogo, e mais oito a colocar-se em vantagem. O empate surgiu num pontapé de canto marcado pelo Di María, no qual o Otamendi surgiu solto ao segundo poste para cabecear, e o segundo golo numa insistência do Aursnes pela direita, com o cruzamento a encontrar o Aktürkoglu demasiado à vontade no interior da área, com tempo para escolher onde queria colocar a bola de cabeça sem sequer ter que tirar os pés do chão. Depois de ultrapassado o principal obstáculo nestes jogos, que é colocarmo-nos na frente do marcador, o resto da primeira parte decorreu sem grandes sobressaltos.

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A segunda parte foi jogada num ritmo mais pausado. Não sei se os nossos jogadores já estavam a pensar no jogo da Champions que se segue, mas com uma vantagem de apenas um golo a forma como abordámos a segunda parte não me deixou confortável. O Gil Vicente ia-se mantendo vivo no jogo e em qualquer altura poderia surgir um lance que resultasse no empate, o que nos deixaria numa situação bastante desconfortável. Não que tenhamos visto a nossa baliza muitas vezes ameaçada, mas estar a ganhar por apenas um golo provoca sempre este tipo de desconforto. O jogo só animou a partir do meio da segunda parte, quando o nosso treinador decidiu fazer três alterações de uma vez. Entraram o Rollheiser, Amdouni e Cabral para os lugares dos dois turcos e do Pavlidis, e poucos minutos depois foi feita uma quarta substituição, entrando o Beste para o lugar do Di María e as coisas aqueceram. O Benfica arrumou o assunto a doze minutos do final, num grande remate do Amdouni bem de fora da área que colocou a bola a entrar junto ao poste. Confesso que na altura em que o vi armar o remate achei logo que não era uma boa opção, porque o Beste tinha arrastado o defesa com ele para a zona mais central e o Carreras entrava completamente solto pela esquerda. Mas o remate saiu muito bem - nem foi com muita força, mas a colocação foi perfeita. A partir daí a equipa ficou mais solta e descontraída, e voltámos a ficar perto do golo em mais ocasiões (incrível o falhanço do Carreras, por exemplo). O Rollheiser e o Amdouni trouxeram muita dinâmica à equipa e foi já a fechar o jogo que demos contornos de goleada ao resultado. Aos noventa, num pontapé de canto do Beste o Otamendi surgiu ao primeiro poste a desviar para o mergulho do mais uma vez improvável Florentino no coração da pequena área, a empurrar de cabeça para a baliza. E já nos descontos, período no qual o Prestianni ainda entrou para correr um bocadinho, o Rollheiser progrediu pelo meio e passou-lhe a bola na direita, para depois aparecer na área a aproveitar a fífia do guarda-redes, que largou a bola cruzada pelo Prestianni. Um resultado bem dilatado, a mandar toda a gente contente para casa.

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O melhor em campo, para mim, foi o Florentino, e já o seria mesmo sem o golo como a cereja em cima do bolo. Está muito confiante, continua extremamente eficaz nas tarefas defensivas, e agora está a tentar cada vez mais envolver-se também no processo ofensivo, com passes de grande qualidade - um exemplo foi o passe brilhante que fez para o Aktürkoglu ficar isolado, com a bola a ser cortada quase em cima da linha. O Aursnes não teria sido a minha escolha para melhor em campo, mas subiu bastante de rendimento da primeira para a segunda parte. Bom jogo também dos nossos centrais, com o Otamendi a fazer um golo e uma assistência, e boas entradas do Amdouni e do Rollheiser no jogo. Espero ver em breve o Bah de regresso - o Tomás Araújo cumpre, mas é completamente diferente jogar com a profundidade que o Bah oferece naquele lado.

 

O resultado é generoso para o futebol produzido durante boa parte do jogo, mas a confiança faz maravilhas. Depois de tantos jogos em sofrimento para vermos a nossa equipa marcar um golo, nos três que fizemos desde a mudança de treinador ainda não vencemos por menos de três golos de diferença. Foram doze golos marcados em três jogos, contra cinco marcados nos quatro jogos anteriores. Precisamos de resultados assim, não só para reforçar a confiança dos jogadores, como também dos adeptos. E obrigar os críticos crónicos a retorcer-se um pouco (por falar nisso, é impressão minha ou a Bola neste momento já se tornou em mais um pasquim de bajulação aos ladrões de bancos, ao mesmo tempo que faz constantes ataques e críticas ao Benfica? Há meses que já nem visito o site do jornal não oficial dos ladrões de bancos; parece-me que a Bola em breve passará a ter o mesmo tratamento da minha parte) e refugiar-se no sempre esperançoso 'Até agora foram jogos fáceis, quando apanharem um adversário a sério é que se verá'. O próximo jogo aliás será contra um sempre difícil Atlético de Madrid, que é um adversário que tem potencial para lhes dar uma alegria. Se por acaso ganharmos, obviamente que não jogam nada e o Simeone é um treinador que não sabe tirar partido dos jogadores que tem.

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publicado por D'Arcy às 21:42
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Terça-feira, 24 de Setembro de 2024

Clara

Vitória clara e indiscutível do Benfica na tradicionalmente difícil deslocação ao Bessa, mas que esta noite apresentou um desequilíbrio considerável de forças entre as duas equipas, sendo o desfecho do jogo a consequência natural disso mesmo.

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Tivemos duas alterações no onze, o Tomás Araújo adaptado a lateral na ausência do Bah (e a ainda evidente falta de entrosamento do Kaboré) e o Aursnes no lugar do Rollheiser. O Benfica, perante um Boavista que, estranhamente, toda a gente parece ter descoberto precisamente antes de jogar contra o Benfica que é uma equipa debilitada, voltou a entrar forte no jogo, mais uma vez muito embalado pelos dois turcos, e chegou ao golo cedo, apenas com onze minutos decorridos. Uma iniciativa individual do Aktürkoglu pela esquerda, a entrar na área e a deixar toda a gente pelo caminho até chegar à linha de fundo e assistir de pé esquerdo para o Pavlidis empurrar quase sobre a linha de golo. É por jogadas destas que ele terá ganho a alcunha de Harry Potter. Sem ser muito bem jogado, o jogo teve praticamente um só sentido, com o Boavista a resistir o quanto podia (muito à custa de uma agressividade excessiva, perante a complacência da arbitragem). O segundo golo apareceu à passagem da meia hora, em mais um pormenor de classe do Kökçü. Recebeu a bola do compatriota e ainda bem de fora da área rematou rasteiro, com a bola a sair colocadíssima e a bater no poste antes de entrar. Tínhamos nós no plantel um médio defensivo que até sabe jogar como médio ofensivo e não sabíamos.  A segunda parte foi mais pobre na qualidade do futebol jogado, o Boavista continuou a bater forte e feio - podia quase dizer que só faltou arrancar olhos, mas até isso tentaram fazer ao Aktürkoglu (e agora que o Kökçü se vai destacando, parece-me que foi aberta a época de caça ao turco) e o Benfica foi desperdiçando ocasiões para aumentar a vantagem - mesmo sem encher o olho, a exibição do Benfica poderia ter resultado num resultado bem mais generoso. Destaque para a dupla defesa do guarda-redes do Boavista logo no início da segunda parte, a um primeiro cabeceamento do Tomás Araújo e à recarga do Otamendi, e para a ocasião flagrante do Aktürkoglu, que isolado perante o guarda-redes e com tempo para tudo, optou por uma tentativa de chapéu que saiu demasiado alta. Destaque também para os dois lances de possível penálti a favor do Benfica. No primeiro, para não o assinalar, o árbitro descortinou um bloqueio igual a tantos outros que nunca são assinalados. No segundo, sobre o Di María, só se percebe não ter sido assinalado quando reparamos que o VAR era o nosso velho amigo Tiago '5 Cent' Martins. Perante os penáltis ridículos que vamos vendo ser assinalados semana sim, semana sim a favor dos andrades e dos ladrões de bancos, o melhor é nem pensar muito mais no assunto. Antes do final, o recém-entrado Cabral (que eu sinceramente espero ver ter mais minutos, porque continuo a acreditar que a forma como jogamos agora é benéfica para o seu futebol) não desistiu de uma bola longa do António Silva, pressionou o defesa, ganhou e finalizou para o terceiro golo, dando uma expressão mais justa ao resultado.

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Os turcos voltaram a ser destaques na equipa, e a eles juntaria o Di María. O António Silva foi o melhor da defesa e parece estar a recuperar a confiança, o que só podem ser boas notícias para nós. O Carreras continua a evoluir e cada vez gosto mais de o ver jogar.

 

Três vitórias em outros tantos jogos, com dois deles jogados fora de portas, é o que queríamos (ainda não tínhamos ganho fora com o anterior treinador). Ainda há muito trabalho a fazer e muito para melhorar. Teremos agora uma semana inteira para preparar o próximo jogo, o que pode permitir solidificar mais os processos que o novo treinador pretende implementar.

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publicado por D'Arcy às 09:32
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Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024

Entrada

Uma sempre importante entrada a vencer na Champions, conseguida graças a uma vitória difícil mas merecida numa deslocação mais complicada do que tenho a impressão que querem fazer crer. Entrámos bem no jogo, construímos uma vantagem, e depois sofremos um pouco mas conseguimos geri-la quase sempre bem.

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Previsivelmente, jogámos com o mesmo onze que tinha sido utilizado na estreia do Bruno Lage. Entrámos no jogo da melhor maneira, a pressionar e ao ataque, deixando logo avisos ao Estrela Vermelha nos instantes iniciais, que se concretizaram mesmo logo aos nove minutos. Boa abertura do Rollheiser para o Di María na esquerda, que depois esperou pela entrada no Bah para soltar a bola no momento certo. O cruzamento deste, feito já sobre a linha de fundo, ainda desviou num defesa, e depois ao segundo poste o Aktürkoglu surpreendeu um defesa e antecipou-se para empurrar para o golo, com a bola ainda a tocar no poste antes de entrar. Dois golos em dois jogos são um bom cartão de visita para o novo reforço turco, que já tinha estado a mostrar-se bem no jogo até então. E a forma como o Benfica estava bem no jogo, não alterando a sua forma de jogar após a vantagem foi recompensada perto da meia hora de jogo. Uma recuperação alta da bola acabou com uma falta sobre o Kökçü na zona frontal da baliza, e o mesmo marcou o livre de forma perfeita para fazer um grande golo (para o inefável Lobo, foi porque a barreira estava mal formada). Dois golos dentro da primeira meia hora pareciam indicar que o Benfica tinha domado o inferno de Belgrado e caminhava para uma noite tranquila. Infelizmente tivemos um contratempo grande ainda na primeira parte, com a obrigatoriedade de substituir o Bah (que tinha estado muito bem até então) após uma entrada muito dura - e já nos instantes iniciais tinha sofrido uma pisadela bastante dura que nem amarelo deu. Para o seu lugar entrou o Kaboré, que fez assim a estreia pelo Benfica. O Estrela Vermelha foi praticamente inofensivo durante toda a primeira parte, não causando qualquer problema de maior à nossa defesa ou guarda-redes.

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A segunda parte foi completamente diferente. O Benfica recuou linhas e o Estrela Vermelha teve muito mais posse de bola, passando a maior parte do tempo no ataque. Insistiram muito sobre o nosso lado direito, onde o Kaboré mostrou ainda falta de entrosamento com a equipa e teve bastantes dificuldades, o que levou até à troca dos nossos extremos, já que o Aktürkoglu tem mais capacidade para ajudar nas tarefas defensivas em comparação com o Di María. Objectivamente, e apesar da pressão, o Estrela Vermelha não conseguiu criar grande perigo para a nossa baliza. Defendemos de forma consistente e organizada, e os remates que o nosso adversário ia acumulando eram quase todos feitos de fora da área sem levar grande perigo. Mas desaparecemos muito do ataque, o que convidou ainda mais a pressão do adversário. A primeira alteração feita foi a troca do Rollheiser pelo Aursnes, o que nos deixou com apenas mais uma interrupção e três substituições para fazer. O jogo foi-se arrastando neste cenário, com o Benfica a conseguir ter duas ou três saídas para o contra-ataque nas quais podeira perfeitamente ter posto um ponto final no jogo, mas houve pouco discernimento na altura de decidir. Até que a cinco minutos do final a nossa defesa falhou de forma crassa e permitiu que um adversário surgisse sozinho em frente ao Trubin para fazer o golo. Falharam os dois centrais - o António Silva ao permitir a rotação ao jogador que marcava directamente e o Otamendi ao sair da sua posição e marcação para ir a um lance que não era dele - e falhou o Kaboré, que não fechou bem no meio e deixou demasiado espaço entre ele e o central, o que costuma dar mau resultado. Animados pelo golo os sérvios lançaram-se de forma ainda mais desesperada no ataque e ainda deu para sentirmos alguma ansiedade, até porque pareceu que a nossa equipa nos minutos finais já acusava bastante desgaste físico, mas fomos capazes de aguentar bem o assalto final do nosso adversário e garantir os três pontos, depois de termos refrescado a equipa com as entradas do Beste, Amdouni e Barreiro, tendo o suíço tido azar pela segundo jogo consecutivo, ao ver o seu remate devolvido pela barra no que seria um grande golo.

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Destaques maiores no Benfica, para mim, Kökçü, Florentino e Otamendi. O turco parece um jogador renascido nestes dois jogos, e mesmo tendo em conta o apagamento na segunda parte, na qual foi obrigado a defender muito mais, consegue ser outra vez um dos jogadores em maior evidência. O Florentino claramente beneficia em ser um seis puro, actuando à frente da defesa sem outro médio ao lado, e fez aquilo que lhe é habitual com diversas recuperações de bola e grande acerto no passe - parece muito confiante e até o vi sair em condução, com sucesso, mais do que uma vez. O Otamendi foi um pronto-socorro na defesa, com diversos cortes importantes, jogando quase sempre em antecipação. O Bah estava a fazer um jogo muito bom e a sua lesão foi má para nós. Esperemos que não o deixe de fora por um período prolongado, porque conforme vimos o Kaboré ainda parece estar longe da forma e entrosamento ideais.

 

Duas vitórias nos dois primeiros jogos era a melhor forma do Bruno Lage começar. Vão-se notando diferenças na equipa, e esperemos que com o tempo estas sejam ainda mais evidentes e consolidadas. A vitória neste jogo não terá tido uma nota artística alta e por isso mesmo dá espaço para a tradicional campanha de destacar apenas os pontos menos positivos da mesma. Para mim qualquer vitória fora na Champions é uma boa vitória e, repito, esta vitória não foi assim tão trivial quanto isso - o nosso adversário não perdia em casa desde Dezembro do ano passado, quando o Manchester City lá foi ganhar por 3-2. Segue-se mais uma deslocação tradicionalmente complicada ao Bessa, de onde será importantíssimo trazer nova vitória.

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publicado por D'Arcy às 20:01
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Domingo, 15 de Setembro de 2024

Alegria

Bastou a mudança no banco do Benfica para que a alegria regressasse ao Estádio da Luz. Aos jogadores dentro do campo, e aos adeptos nas bancadas. Já há algum tempo que não sentia a Luz assim, e acima de tudo, tinha saudades de ver jogos do Benfica em que de cada vez que recuperávamos a bola e partíamos para o ataque eu acreditava que teríamos uma boa probabilidade de marcar.

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O ambiente na Luz é o primeiro factor de destaque. Apesar da campanha incessante a que temos vindo a assistir na comunicação social para manter o Benfica sobre brasas - não sei se houve alguma coisa no Benfica que conseguiu não ser alvo de críticas ferozes - e que certamente ambicionaria fazer da (re)estreia do Bruno Lage no banco um momento carregado de pressão pelos piores motivos, os adeptos benfiquistas reagiram da melhor forma possível e encheram as bancadas (mais de sessenta mil adeptos), apoiando a equipa do princípio ao fim e em particular o treinador, que tanta força vi fazerem para no-lo apresentar como a pior opção possível. O fim do período Schmidt pareceu trazer um sentimento de alívio e liberdade a toda a gente, que já tinha percebido há algum tempo que não seria por ele que passaria a solução para o futebol do Benfica. Obviamente que não podemos dizer que houve algum tipo de dedo mágico da parte do nosso treinador, e que de um momento para o outro tudo está resolvido e o nosso futebol é maravilhoso. Mas, pelo menos para mim, o plantel do Benfica este ano é forte, tem talento a rodos, e temos pelo menos dois jogadores para cada posição. Tem valor mais do que suficiente para produzir muito mais do que aquilo que vimos até agora, e acho que para conseguir isso basta não inventar muito e devolver a confiança aos jogadores (e já agora aos adeptos, que contagiam os jogadores). O que me parece que terá acontecido ontem. O onze que apresentámos dispôs-se num esquema mais próximo do 4-3-3, com o Florentino como médio mais recuado, o Kökçü como médio de ligação e com tendência a cair mais sobre a esquerda, e o Rollheiser mais próximo do avançado e a cair mais sobre a direita. Dois extremos bem abertos (Di María e o estreante Aktürkoglu) e o Pavlidis como ponta-de-lança. Na defesa, não houve mexidas. O bom ambiente na Luz, que já era palpável ainda antes do jogo, confirmou-se logo após o início do mesmo. É que logo na primeira jogada o Santa Clara colocou uma bola em profundidade, o Otamendi teve uma péssima abordagem ao lance e com um erro monumental deixou um adversário isolar-se e fazer golo. Estavam decorridos pouco mais de vinte segundos. A reacção por parte do público foi excelente, praticamente não se ouviram assobios e o apoio foi imediato. Tenho poucas dúvidas de que se não tivesse havido a alteração no comando técnico da equipa o ambiente se tornaria rapidamente insuportável pela negatividade, e nos seria extremamente difícil dar a volta ao resultado da forma como o fizemos.

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O golo foi um balde de água fria, mas apesar de se notar alguma ansiedade natural nos jogadores, a equipa reagiu muito bem. Os jogadores pareceram jogar de forma mais solta e com intensidade, que levou a que o Santa Clara ficasse remetido ao seu meio campo e sujeito a uma pressão quase constante da parte do Benfica. Muitas bolas recuperadas em posições avançadas, e uma diferença gritante em relação aos tempos mais recentes: vimos muito mais jogadores do Benfica em zonas de finalização, e muito mais vezes a bola a andar dentro da área adversária. Com dois extremos bem encostados às linhas vi também muitas vezes triangulações entre o extremo, lateral e o médio que caía para esse lado, o que imediatamente oferece muito mais possibilidades à equipa que ataca e cria maiores dúvidas a quem defende. E quando não se inventa muito e se colocam os jogadores nas suas melhores posições, tudo fica mais fácil. Não sei se não terá sido a primeira vez que vimos o Kökçü jogar onde se sente mais à vontade, e a recompensa terá sido um dos melhores jogos que fez desde que chegou ao Benfica. Foi dos pés dele que saiu a assistência para o compatriota Aktürkoglu igualar o marcador, ainda antes da meia hora. No estádio até me pareceu que tinha sido um golo algo feliz, mas a repetição mostra que o desvio foi mesmo completamente intencional, e com um toque subtil colocou a bola junto ao poste mais distante. E apenas sete minutos depois o Benfica já estava na frente. Num pontapé de canto na direita trabalhado entre o Kökçü e o Di María, o pé esquerdo do argentino colocou uma bola longa para a zona do poste mais distante, onde o Otamendi apareceu para de cabeça se redimir do erro inicial e fazer a assistência para o altamente improvável Florentino aparecer junto ao outro poste a mergulhar para fazer o golo de cabeça. O mais difícil estava feito, e o Benfica continuou a controlar o jogo até ao intervalo, ainda que com um grande susto mesmo a terminar a primeira parte, altura em que um jogador do Santa Clara surgiu à entrada da área com demasiado espaço e rematou ao poste.

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A vontade para resolver cedo no regresso para a segunda parte foi imediatamente recompensada. O Benfica foi para cima do adversário, conquistou um pontapé de canto, e na sequência do mesmo, marcado pelo Kökçü, o António Silva antecipou-se a todos na pequena área e cabeceou para o terceiro golo. Dois golos na sequência de pontapés de canto, provavelmente após meses sem sequer criarmos perigo neste tipo de lances. Continuámos a praticar um futebol alegre e agradável de se ver, e o ponto alto da noite apareceu aos cinquenta e oito minutos. Bola longa do Bah desde a nossa zona defensiva a solicitar a corrida do Di María, que arrancou sobre a linha do meio campo, e ao ver o guarda-redes adiantado fez-lhe um chapéu perfeito com um toque de primeira, feito com a parte de fora do pé ainda bem descaído sobre a direita. Um enorme golo, a levantar o estádio, com o Di María através de gestos a festejar pedindo união. Não é segredo para ninguém, estando unidos somos incomparavelmente mais fortes, e é por isso que há tantos esforços constantes para semear a desunião no Benfica - infelizmente, por vezes da parte dos próprios benfiquistas, que poupam o trabalho aos nossos inimigos. A maior crítica que terei a fazer ao jogo de ontem foi o que me pareceu algum relaxamento em demasia após este golo do Di María. Afrouxámos a pressão e permitimos espaço e tempo ao Santa Clara para respirar e até mesmo para se chegar à frente, conseguindo algumas finalizações. As progressivas substituições que foram sendo feitas no entanto voltaram a revitalizar a equipa, e mostraram a quantidade de opções que temos disponíveis no plantel. Amdouni, Prestianni, Schjelderup, Barreiro e Cabral entraram no decorrer do jogo com vontade de mostrar serviço e trouxeram uma nova energia no ataque, tendo nos últimos minutos o Benfica desperdiçado ocasiões flagrantes para construir um resultado ainda mais dilatado. O Amdouni, sozinho e em posição frontal na área, atirou por cima após assistência do Cabral. O Schjelderup depois apareceu completamente isolado em frente ao guarda-redes após um corte defeituoso de um defesa, mas permitiu a defesa. E na marcação de um livre directo à entrada da área, o Amdouni acertou em cheio na barra com o guarda-redes sem possibilidade de chegar à bola.

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Concordei com a escolha do Kökçü para homem do jogo, gostei muito daquilo que vi e espero que possamos continuar a vê-lo jogar naquele posição e funções, e a corresponder às expectativas criadas quando o contratámos. O compatriota dele, em estreia, deixou boas indicações e pode ser que consiga fazer esquecer o Neres. Gostei dos nossos laterais, claramente a beneficiarem de terem extremos à sua frente com quem combinar. Muito contente com a exibição do António Silva, em especial por ter marcado, porque como já escrevi antes é um jogador que me parece estar a ser alvo de um ataque cerrado com o objectivo bem definido de o desvalorizar. Para mim já é o melhor central do Benfica, e ainda pode ser melhor. E gostei muito de ver o Di María bem encostado à linha e a jogar da forma mais natural para ele, para a equipa, em vez de ter a equipa constantemente a carregar tudo em cima dele à espera que dali saísse o rasgo que resolvesse os nossos problemas.

 

Foi uma noite agradável de que quase todos nós sentíamos a falta. Há ainda um longo caminho a percorrer, e basta um tropeção no próximo jogo para que certamente tudo se volte a abater sobre a equipa e as dúvidas e negatividade regressem. Mas pelo menos há a sensação de que um dos principais obstáculos a que esta equipa começasse a mostrar o valor que tem foi removido. Agora é esperar que as coisas possam seguir o seu rumo natural. Uma vez mais, é não inventar muito, e fazer a confiança regressar. Depois o talento inerente tratará do resto.

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Sexta-feira, 13 de Setembro de 2024

Degradante

Absolutamente degradante. Para o próprio - a começar pelo facto de se ter ido queixar e chorar que 'lhe deram cabo da vida' precisamente na fossa séptica televisiva que se auto-intitula de canal que mais o vilipendiou e atacou, e ao Benfica (e continua a fazê-lo constantemente, porque é um modo de vida) - para o Benfica, e para a actual direcção do Benfica, que obviamente não pode sair incólume do lavar de roupa suja que se fez. Ir para ali apelar à unidade dos benfiquistas e dizer que só com união é que poderemos atingir os nossos objectivos enquanto dá aquela entrevista absolutamente fracturante deve ser uma das maiores contradições a que já assisti. E alguém que lhe faça um 'reality check'. Se o nosso ex-presidente julga que ganharia qualquer eleição a que se candidatasse, então está num nível de lunatismo e desfasamento da realidade que rivaliza com o de um Bruno Costa Carvalho.

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Quinta-feira, 5 de Setembro de 2024

Bruno Lage ou o prego no caixão

Mais logo deverá ser oficialmente anunciado o nome de Bruno Lage como o próximo treinador do Benfica. Armei-me em Zandinga no final de Maio e, infelizmente, quatro meses depois a realidade veio dar-me razão. Mas também convenhamos que não era muito difícil acertar naquele vaticínio. Toda a gente antecipou aquele desfecho logo na altura... menos o presidente do Benfica. Pois, bem, o nome que o Rui Costa escolheu agora foi aquele que na anterior passagem pelo Benfica em 2020, terminou-a com um registo de duas vitórias em 13 jogos(!) e cinco jogos seguidos sem ganhar na Luz, coisa que não acontecia desde ... 1931! Portanto (e muito prazer me daria, lá para Maio, vir aqui fazer o mea culpa e dizer que estava redondamente enganado), esta contratação possivelmente vai representar o triste fim do percurso do Rui Costa como presidente do Benfica, porque ou muito me engano ou teremos mais uma época completamente falhada e que se irá arrastar penosamente até final. E para o ano haverá eleições, onde duvido muito que isto seja perdoado.

Não, eu não tenho memória curta. Estarei eternamente agradecido ao Bruno Lage pelo milagre de 2018/19. Como estou eternamente agradecido ao Jorge Jesus pelos três campeonatos que ganhou. Ou ao Rui Vitória pelo tri e pelo tetra. Mas não os quero agora de volta ao Benfica. Tal como não queria o Bruno Lage. Acho que é um erro enorme, por estas razões:

1) Porque, se é verdade que aconteceu o tal milagre em 2018/19, aconteceu uma verdadeira hecatombe em 2019/20. Será que toda a gente já se esqueceu disto? É que não são só os registos que referi no parágrafo inicial. É o facto de termos dado cabo de sete pontos de vantagem à 3ª jornada da 2ª volta, em apenas quatro jornadas (três aqui, outros três aqui e dois aqui). É o facto de, quando voltámos da pandemia, termos tido oportunidade de passar novamente para a liderança isolada e não o termos conseguido, porque não ganhámos em casa ao... Tondela!

2) Escrevi o seguinte no seu penúltimo jogo pelo Benfica, na derrota em casa contra o Santa Clara: “Claramente a mensagem do Bruno Lage deixou de passar e ele não consegue dar a volta à situação”. OK, o seu percurso depois de sair do Benfica poderia desmentir-me e ter dados provas da indiscutível valia como treinador, mas o que temos? Um 10º lugar pelo Wolverhampton em 2021/22 e o despedimento no início de Outubro da época seguinte, depois de uma vitória em 15 jogos(!) para a Premier League (contabilizando ainda a temporada anterior, claro). Três meses no Botafogo em 2023, em que encontrou a equipa no 1º lugar com 13 pontos de vantagem sobre o 2º classificado, mas só teve cinco vitórias em 16 jogos e deixou-se com a vantagem reduzida para sete pontos (vira a perder o campeonato). Teve assim tanto sucesso nos clubes em que treinou depois de sair do Glorioso para justificar o seu regresso agora ao Benfica...?!

3) Porque, da mesma maneira que não se ligou nenhuma ao histórico do Schmidt (foi despedido dos dois clubes em que começou uma terceira época a meio desta), agora também não se está a dar atenção ao facto de que os regressos de treinadores vitoriosos poucas vezes tem resultado na história do Benfica (a tal história do “nunca voltes a um lugar onde foste feliz”...) e temos o Jesus como o último exemplo (o enorme Eriksson foi um caso à parte, mas mesmo a sua saída no final do quinto ano, em 1991/92, era inevitável e não foi muito chorada na altura).

Não, infelizmente, não espero nada bom desta contratação. Obviamente que não tenho nada contra o Bruno Lage enquanto pessoa (antes pelo contrário), mas ainda não ultrapassei o trauma da parte final da sua passagem pelo Benfica. E acho que ele não deu provas nenhumas posteriores que me levem a superar isso.

Por outro lado, em relação ao Rui Costa, tenho de dizer que é um dos dois únicos jogadores do Benfica dos quais tenho uma camisola personalizada (o outro é o grande Nuno Gomes), adquirida aquando do seu regresso ao Benfica. Admirava-o profundamente enquanto jogador e essa admiração será sempre imutável. Mas o seu percurso enquanto presidente está a deixar muito a desejar e em queda vertiginosa de popularidade. O final do seu mandato tem uma grande probabilidade de ser muito agonizante.

P.S. – Em relação a treinadores, eu teria optado de caras pelo Leonardo Jardim, que está livre, já foi campeão em três países e ganhou uma competição continental. Quanto a quem achava que o inenarrável Sérgio Conceição seria (sequer) um nome a considerar, deixo-vos uma sugestão: vão estudar a história do clube, para perceberem o que é o ser do Benfica! Caso, mesmo assim, achem que era uma hipótese... eh pá, mudem de clube, porque vocês claramente não percebem NADA sobre os valores que se devem ter para representar o Benfica!

publicado por S.L.B. às 00:53
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