VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Louco

E num jogo louco, conseguimos mesmo ir ao Mónaco recuperar os três pontos perdidos em casa para o Feyenoord. Foi um jogo de altos e baixos, em que passámos muito depressa da euforia à depressão e vice-versa, mas a recompensa surgiu no final para o deleite de uma enorme quantidade de benfiquistas presentes (a maior parte do tempo mais parecia que estávamos a jogar em casa) e o cenário de apuramento volta a ser bem mais real.

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O onze apresentado foi aquele que neste momento parece ser o onze base em que o Bruno Lage assentou. Ao contrário do que tem sido habitual, entrámos bastante mal no jogo. Parecemos surpreendidos com a forma muito agressiva de pressionar por parte do Mónaco e fomos de imediato submetidos a uma intensa pressão, o que resultou numa quantidade enorme de passes errados da nossa parte e uma quase total incapacidade de sair para o ataque por causa disso mesmo - apenas uma situação de maior emoção num bom remate do Di María de fora da área, mas que saiu à figura do guarda-redes. A resposta do Mónaco foi uma situação perigosíssima, em que um jogador do Mónaco apareceu em boa posição em frente à baliza mas acabou por rematar para fora pressionado pelo Bah. Não foi surpresa portanto o golo do Mónaco ainda na fase inicial: aos treze minutos o Mónaco chegou à nossa área numa transição rápida em que conseguiram ultrapassar a nossa tentativa de pressão em zonas adiantadas. A bola mudou de flanco desde a esquerda até à direita e o Trubin ainda defendeu o primeiro remate cruzado, com a bola a seguir para a esquerda onde um Golovin, que tinha iniciado a jogada a captou e serviu o Ben Seghir em zona frontal para empurrar para o golo, perante alguma passividade da nossa defesa. Foi só após o golo sofrido que o Benfica pareceu despertar, respondeu bem ao golpe e foi melhorando progressivamente até passar mesmo a estar por cima no jogo. O Mónaco deixou de criar perigo e fomos nós quem teve as melhores ocasiões para marcar e empatar o jogo: Carreras, Di María, Otamendi e Aktrkoglu tiveram todos oportunidade para marcar. A melhor ocasião destas foi a do Di María. Depois de um mau atraso de um defesa, apanhou-se completamente isolado frente ao guarda-redes, mas acabou por permitir-lhe a defesa com a ponta do pé. Podemos também agradecer ao árbitro não ter expulsado o Carreras com um segundo amarelo nesta fase, tendo o Florentino também andado também muito tempo a arriscar depois de um primeiro amarelo forçado que viu logo aos quatro minutos, até porque os jogadores do Mónaco andaram claramente a forçar à procura de lhe arrancar o segundo amarelo. Mas acabaram por ser dois os jogadores do Mónaco a ver o amarelo por pedir o segundo amarelo para o Carreras.

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A segunda parte teve um início de loucos. Resumindo rapidamente: o Mónaco acertou no poste, a seguir o Benfica empatou o jogo, na resposta o Mónaco voltou a marcar e o golo foi anulado por fora-de-jogo, e depois foi o Benfica a ter uma grande ocasião para marcar numa cabeçada do Pavlidis, defendida pelo guarda-redes, e a seguir a marcar e a ver o golo ser anulado também por fora-de-jogo. Tudo isto em apenas nove minutos. O remate do Mónaco ao poste ocorreu mal a segunda parte começou, num bom trabalho do Embolo na área. O golo do empate foi marcado pelo Pavlidis, que antecipou bem a decisão do defesa de atrasar a bola para o guarda-redes e ganhou a dividida para depois empurrar para a baliza deserta. Literalmente na resposta, o Mónaco marcou numa bola metida nas costas da nossa defesa, mas havia fora-de-jogo. Depois, o Di María trabalho muito bem dentro da área pela esquerda e colocou a bola na boca da baliza, onde o Bah se antecipou a um adversário para marcar, mas o golo foi também anulado por um fora-de-jogo milimétrico no início da jogada. Estava bem lançado o jogo, e ainda antes do primeiro quarto de hora o Singo viu o segundo amarelo e foi expulso. Agora o cenário parecia ser-nos muito favorável, e poucos minutos depois fizemos as primeiras alterações, mais ou menos expectáveis: troca de pontas-de-lança, entrando o Cabral para o lugar do Pavlidis, e saída do Florentino, ainda em risco do segundo amarelo, para a entrada do Amdouni, passando o Benfica a jogar no esquema táctico que tinha testado na fase final do jogo contra o Estrela da Amadora (4-2-3-1). Paradoxalmente, quando se esperava um domínio do Benfica à procura da vitória, foi o Mónaco quem renasceu e tomou completamente conta do jogo. A saída do Florentino criou um vazio muito grande no meio campo defensivo que nem o Aursnes, nem o Kökçü pareciam capazes de compensar, e o Mónaco chegou mesmo ao golo aos sessenta e sete minutos quando uma bola colocada precisamente desde a linha de fundo para a cabeça da área foi encontrar um jogador do Mónaco (Magassa) completamente à vontade para escolher onde colocar a bola. Seguiu-se a isto um período de completo desnorte do Benfica, onde se notava cada vez mais a ausência de um médio de cobertura. Apesar de reduzidos a dez, o Mónaco até parecia ter mais jogadores. Aproveitando o facto da equipa do Benfica estar completamente partida, assim que recuperavam a bola faziam rapidamente a transição e surgiam frequentemente em situação de igualdade numérica ou às vezes mesmo em superioridade perante a nossa defesa. E estava o jogo neste pendor, com o cenário bastante pesado para nós, até que nos minutos finais surgiu o génio do Di María. Aos oitenta e quatro minutos, sobre a esquerda, fez o cruzamento para uma entrada fulgurante de cabeça do Cabral no centro da área empatar. O Mónaco acusou muito o golpe, e acho que a imediata reacção do Benfica, que trocou o esgotado Aursnes pelo Barreiro também ajudou, já que parecemos recuperar o controlo do meio campo. A partir daqui o Mónaco pareceu perdido em campo e encostado às cordas, enquanto que o Benfica finalmente fazia a superioridade numérica notar-se e carregou em busca da vitória. O Di María, de regresso à direita, atirou às malhas laterais, para depois, a dois minutos do final, daquela zona arrancar um cruzamento perfeito para o Amdouni se antecipar à defesa e aparecer na zona frontal a cabecear para a vitória. E só não chegámos ao quarto golo porque o Amdouni, mesmo a terminar, conseguiu rematar contra o guarda-redes depois de correr meio campo isolado.

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Mais uma vez, destaque maior para o Di María. Inventou os dois cruzamentos que nos deram os dois golos da reviravolta, já tinha oferecido o golo ao Bah que foi anulado. Dos pés dele surgiram a maior parte das situações de maior perigo que criámos. Desta vez não foi possível fazer a gestão física, teve mesmo que ficar em campo quase até final até construir a vitória, mas o esforço foi recompensado. Para atingir a perfeição só faltou mesmo ter marcado naquela ocasião flagrante que teve na primeira parte. As mudanças feitas a partir do banco acabaram por ser decisivas, com o Cabral e o Amdouni a marcarem e mesmo apesar de ter jogado poucos minutos, a entrada do Barreiro reequilibrou a equipa na fase final e permitiu o assalto em busca da vitória.

 

Estes três pontos significam que se conseguirmos vencer o Bolonha em casa na próxima jornada ficaremos com o apuramento praticamente garantido, e poderemos encarar os dois jogos finais com maior tranquilidade. Estamos a atravessar uma fase boa e a equipa parece bastante motivada, apesar de neste jogo termos tido períodos preocupantes, em especial aqueles minutos que se seguiram à expulsão do jogador do Mónaco. Agora é levar esta atitude para Arouca.

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publicado por D'Arcy às 22:38
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Domingo, 24 de Novembro de 2024

Sete

Na noite em que se homenageou o Nené pelos seus 75 anos, não havia melhor forma de honrar aquele que continua a ser o maior ídolo que tive no Benfica (e que considero ser talvez o principal responsável por me ter tornado benfiquista) do que arrasar completamente o Estrela da Amadora por sete golos sem resposta, precisamente o número que preferencialmente utilizava na camisola.

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Foram cinco as poupanças no onze: o Trubin, os dois turcos, que tinham feito os dois jogos pelas suas selecções, o Pavlidis, e o Tomás Araújo. A história do jogo é breve: ficou imediatamente resolvido. O Benfica entrou muito forte perante um Estrela que repetiu a deselegância do Porto no último jogo na Luz e não respeitou a tradição na escolha de campo, e o Di María deixou tudo resolvido em pouco mais de um quarto de hora. Ainda muitos deveriam andar à procura do seu lugar e já o marcador funcionava. Uma tentativa de cruzamento de letra fez a bola voltar aos pés do Di María, e saiu o tradicional remate colocado de pé esquerdo ao poste mais distante. Um aperitivo para o que se seguiu aos cinco minutos, altura em que na área o Di María levantou a bola sobre um adversário e com um pontapé de bicicleta executado de forma perfeita fez o segundo golo. Muito provavelmente estes dois golos madrugadores fizeram ruir completamente qualquer estratégia defensiva que o Estrela pudesse ter. Pareceram jogar de forma demasiado aberta e tentar discutir o jogo olhos nos olhos, e isso custou-lhes naturalmente muito caro. Aos dezoito minutos a pressão alta do Benfica, efectuada pelo Bah, Aursnes e Di María, deu frutos, com o argentino a surpreender e a deitar os adversários ao ameaçar rematar com o pé esquerdo e a puxar para um pouco habitual remate cruzado de pé direito, completando o hat trick. O jogo estava resolvido, mas com três golos em apenas dezoito minutos a pergunta que ficava era até onde poderia o Benfica chegar. Pareceu-me haver um certo relaxamento da parte do Benfica - natural, já que teremos um jogo importante a meio da semana - mas as ocasiões continuaram a surgir. O Estrela também conseguiu aparecer esporadicamente no ataque, e o Samuel Soares teve oportunidade para mostrar que se pode contar com ele. No ataque, o Cabral ia dando uma master class sobre como falhar golos, apesar de ter visto um golo quase certo negado ao ser-lhe assinalada uma falta não existente após uma colisão entre o guarda-redes e um defesa do Estrela que o deixaria à frente da baliza aberta. Mas ainda pior foi o falhanço do Beste mesmo a fechar a primeira parte, quando atirou para a bancada precisamente de baliza aberta.

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Para a segunda parte veio o Aktürkoglu no lugar do alemão e pouco mudou, com o Benfica a dominar o jogo quase por completo. O Cabral somou mais duas perdidas inacreditáveis, em ambas isolado em frente ao guarda-redes e a finalizar atirando para fora. Redimiu-se parcialmente pouco depois, na jogada do quarto golo. Foi ele quem deu início à jogada, recebendo ainda no nosso meio campo e lançando o Di María na direita, e depois movimentou-se até ao centro da área, onde tabelou com o argentino para este assistir o Aktürkoglu sobre a esquerda, que fez aquilo que o Cabral não tinha conseguido fazer poucos minutos antes, colocando a bola no poste mais distante. O Benfica fez pouco depois três alterações, aproveitando para poupar jogadores importantes (Bah, Aursnes e Di María) e promovendo a estreia do lateral direito Leandro Santos, que entrou juntamente com o Kökçü e o Amdouni. Mas só no quarto de hora final é que as coisas voltaram a animar verdadeiramente, com o Benfica a marcar três golos nesse período. Foi interessante que tal tenha acontecido numa altura em que o Benfica trocou o Rollheiser pelo Schjeldrup e mudou a organização táctica da equipa, passando do 4-3-3 com o Florentino como médio mais recuado para um 4-2-3-1, apenas com dois médios e o Amdouni no apoio ao ponta de lança. Passando aos golos: o quinto aos oitenta e um minutos, num lance simples, em que o Samuel colocou a bola directamente para o Kökçü e este, de primeira e de pé esquerdo sobre a linha de meio campo inventou um passe absurdamente bom que deixou o Amdouni isolado para fazer o golo. O sexto foi aos oitenta e seis, e se calhar se não fosse o hat trick e golo de bicicleta do Di María, teria sido o momento alto da noite. O Bruno Lage tinha tomado a decisão de manter o até então desastrado Cabral em campo e acabou por ser recompensado. O Cabral queria marcar, o público queria que ele marcasse e a equipa queria claramente que ele o fizesse também. Uma iniciativa na área, pelo lado esquerdo, do Schjeldrup resultou numa tentativa de cruzamento interceptada que fez a bola subir e o Cabral, depois de tanto golo fácil falhado, marcou da forma mais difícil, de pontapé quase de bicicleta. E para acabar em beleza, na última jogada do encontro (o árbitro já nem deu descontos) o Florentino rematou de fora da área, o guarda-redes não conseguiu segurar a bola e largou-a para a frente, e o Cabral foi mais rápido que toda a gente para fazer a recarga para o golo.

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Obviamente que o homem do jogo é o Di María. Três golos madrugadores, um deles mágico, a embalarem a equipa para uma noite tranquila, somou-lhes ainda mais uma assistência e saiu pouco depois da hora de jogo, com o dever mais do que cumprido. Sem os jogos da selecção, a ter uma gestão física mais cuidada e a não ser obrigado a carregar a equipa às costas em todos os jogos como na época passada, estamos a assistir ao melhor que o Di María ainda tem para oferecer. Acho que por vezes as pessoas esquecem-se que ele não é simplesmente um grande jogador, é mesmo um dos melhores jogadores da história do futebol, e é uma honra e um privilégio podermos vê-lo novamente com a nossa camisola vestida. Toda a equipa esteve na generalidade bem, o Aursnes e o Carreras continuam a mostrar o bom momento de forma, o Kökçü entrou para em poucos minutos revitalizar todo o nosso jogo ofensivo, e o Cabral com dois golos conseguiu parcialmente redimir-se do que até então estava a ser uma exibição desastrosa para um avançado. Espero que os dois golos lhe recuperem a confiança. Uma palavra ainda para o Samuel Soares, que teve pouco trabalho mas foi guarda-redes de equipa grande: as poucas intervenções que teve foram de qualidade, e a defesa que ele faz na segunda parte é fabulosa, daquelas que se podem mesmo dizer que defendeu um golo. Para além disso mostrou quase sempre qualidade e velocidade na decisão na altura de soltar a bola para que saíssemos em contra-ataque.

 

Foi uma vitória arrasadora da parte do Benfica, que poderia até facilmente ter chegado ou mesmo ultrapassado os números daquele jogo contra o Nacional - só o Cabral falhou uns quatro golos feitos. Acabou por ser o jogo ideal antes da deslocação ao Mónaco, onde creio que poderemos ter uma boa oportunidade para tentar recuperar os três pontos perdidos em casa contra o Feyenoord.

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publicado por D'Arcy às 18:15
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Segunda-feira, 11 de Novembro de 2024

Simples

Quando o Bruno Lage pegou na equipa, logo no primeiro jogo os maiores elogios foram para o facto dele ter mantido as coisas simples. Ao contrário do seu antecessor, colocou os jogadores nas suas posições naturais e organizou a equipa num esquema que melhor se ajustava às suas características. Depois da enorme invenção de Munique, ontem voltámos às coisas simples. O onze apresentado foi praticamente igual ao do primeiro jogo com o Bruno Lage (a única diferença foi o Tomás Araújo no lugar do António Silva) e o resultado foi uma vitória expressiva e completamente natural sobre o Porto.

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Quando vi o onze inicial fiquei satisfeito, porque era aquele que eu gostaria de ver, que incluía o regresso do Florentino, sempre importante nestes jogos para dar solidez ao meio campo e soltar mais o Kökçü e o Aursnes. Depois da psicologia barata de terem invertido a escolha habitual de campos, apesar do Porto ter dado um aviso nos minutos iniciais com um remate do Galeno, foi o Benfica quem assumiu a iniciativa de jogo. Pressão alta e muita dinâmica no meio campo significou desde logo uma coisa que não é muito comum vermos: o Benfica ter uma superioridade clara sobre o Porto na luta do meio campo. Tenho até alguma dificuldade em lembrar-me de defrontar um Porto tão vulnerável pela zona central. Outro ponto vulnerável deles foi a sua ala direita, que nós explorámos frequentemente. Claro que o mais óbvio seria esperar que muito do perigo viesse do outro lado pelo Di María, mas cedo se verificou que o jovem Martim Fernandes não estava preparado para lidar com o Aktürkoglu e com as subidas do Carreras, ainda por cima com o Pavlidis a cair frequentemente para aquele lado e não tendo grande apoio da parte do Fábio Vieira, que surpreendentemente apareceu a jogar naquela ala. Foi por ali que fomos criando sucessivos lances de perigo, e foi por ali que vimos o árbitro João Pinheiro errar ao não dar a lei da vantagem num lance em que o Pavlidis ficaria em posição privilegiada para marcar (e marcou mesmo, com uma grande finalização de ângulo apertado, mas o jogo já estava interrompido). Mas à meia hora de jogo o golo surgiu mesmo por ali. Em terrenos bem adiantados, o Tomás Araújo fez o passe para o Carreras, que puxou a bola do pé esquerdo para o direito e vindo para dentro tirou o defesa da jogada e rematou cruzado com o pé mais fraco para o golo. Que nessa altura já se justificava. Eu nestes jogos tenho sempre o receio que quando nos colocamos em vantagem imediatamente nos retraímos, mas foi precisamente o contrário que aconteceu. Depois do golo fomos ainda mais para cima do Porto à procura do segundo. E imediatamente após uma jogada em que o Pavlidis, num remate a partir da esquerda, atirou a bola ao poste, uma dos grupos organizados de adeptos resolveu fazer uma tochada e atirar tochas para dentro do terreno de jogo, levando à interrupção do mesmo. Tínhamos o Porto completamente encostado às cordas, sem capacidade de reacção, e à custa disto foi-lhes dada uma oportunidade para respirar fundo e recuperar o fôlego, quebrando completamente o ritmo de jogo. Coincidência ou não, mal o jogo foi reatado o Porto aproximou-se da nossa área, coisa pouco vista nos minutos anteriores, e em cima do intervalo chegou a um empate que, de todo, não justificava. Um cruzamento rasteiro e aparentemente inofensivo por parte do Moura na esquerda deles, parecia que o Otamendi iria lidar facilmente com ele, e de forma incompreensível deixou a bola passar para o Samu apenas ter que empurrar a bola a um metro da linha de golo. Já são mesmo demasiadas as falhas grosseiras que o nosso capitão tem acumuladas esta época, e esta nem sequer tem qualquer tipo de explicação lógica.

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O golo sofrido no fecho de uma primeira parte em que tínhamos sido claramente a melhor equipa foi um murro no estômago, mas que a nossa equipa não acusou. Voltámos para a segunda parte ainda mais fortes e decididos e fomos para cima do Porto. Com excepção talvez daquele jogo disputado logo a seguir à morte do Eusébio, não me recordo de muitos outros em que nos tenhamos imposto de forma tão evidente em campo ao Porto, que se limitava a resistir o máximo que podia e era completamente inofensivo no ataque. A pressão cedo deu frutos, e no espaço de apenas cinco minutos, entre os cinquenta e seis e os sessenta e um, resolvemos o jogo. E digo que resolvemos logo aí o jogo porque não consegui ver neste Porto qualquer capacidade para dar a volta à situação - seria necessário que o Otamendi estivesse numa noite particularmente desastrada para que isso acontecesse. O nosso segundo golo nasce numa recuperação de bola do Aktürkoglu sobre a esquerda, onde se antecipou ao Martim Figueiredo. Fez de imediato a bola seguir para o Aursnes na zona central - onde estava completamente à vontade para a receber - que progrediu um pouco em direcção à área e fez o passe no espaço entre o central e o lateral esquerdo do Porto, isolando o Di María sobre a direita. E apanhando-se numa situação destas, ele raramente perdoa: a bola foi colocada no poste mais distante quando o Diogo Costa lhe saiu aos pés. Cinco minutos depois, foi novamente por ali que construímos o terceiro golo. Novo passe metido no espaço entre central e lateral, desta vez pelo Tomás Araújo, para a desmarcação do Bah. O cruzamento saiu rasteiro para a zona frontal da baliza e o Pavlidis, a meias com o Pérez, fez o desvio para o golo. A partir desse momento a questão era apenas se o Benfica aproveitaria para construir um resultado poucas vezes visto nestes jogos, porque a reacção do Porto ficou-se por um remate do Fábio Vieira à figura do Trubin. Só a quinze minutos do final mexemos pela primeira vez na equipa, o que até foi compreensível dado as coisas estarem a correr tão bem. Íamos ameaçando mais um golo, e ele apareceu a oito minutos do final. Depois de um livre na esquerda (por um lance que podia perfeitamente ter dado um vermelho directo para o João Mário após entrar com os pitons no joelho do Beste) a bola seguiu até a direita, de onde o Florentino tirou um longo cruzamento por alto para o lado oposto, onde surgiu o Otamendi em boa posição e acabou por ser atingido na cara pelo pé alto do Varela. Penálti, e também incompreensível como é que o Varela escapou ao segundo cartão amarelo nesse lance. O Di María transformou com classe, deixando o Diogo Costa cair para um lado e colocando a bola para o outro, e o jogo acabou com a Luz em festa a pedir mais um golo.

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Com dois golos, o destaque vai sempre cair sobre o Di María, mas houve muitos jogadores a exibir-se a um nível muito alto. O Tomás Araújo foi enorme, e para além de ter estado quase perfeito na defesa ainda conseguiu estar directamente envolvido em dois golos, com uma assistência. Jogo enorme do Florentino, sem surpresas - surpresa foi quando ele não foi escolhido para o onze em Munique. O Aursnes foi mais uma vez o motor do meio campo, somou mais uma assistência, e a cada jogo que o vejo fazer ali não consigo evitar pensar no desperdício que foi tê-lo tanto tempo a jogar como lateral. O Carreras continua a mostrar ser um dos jogadores em melhor forma actualmente no Benfica, e não será exagero começarmos a preocupar-nos com um mais do que provável assédio já em Janeiro. O Aktürkoglu foi fundamental na pressão alta que conseguimos fazer sobre o Porto durante a maior prate do jogo, e o segundo golo nasce precisamente de uma bola recuperada por ele. E uma menção final para o Pavlidis. Já o critiquei algumas vezes, mas achei que trabalhou muito e bem neste jogo e merecia um golo - já que aquele que marcou a meias com o defesa do Porto acabou por ser considerado autogolo.

 

Foi a melhor reacção que poderíamos ter à enorme decepção de Munique. Este era um jogo em que só a vitória interessava, e jogámos desde o primeiro minuto à procura dela. Mandámos em nossa casa, como se exigia, e não deixámos dúvidas sobre quem é neste momento a melhor equipa. O que nos falta agora é consistência. Não podemos ser um Benfica quase imparável contra o Porto ou o Atlético de Madrid, e depois fazer jogos como o de Munique ou contra o Farense.

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publicado por D'Arcy às 12:48
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Quarta-feira, 6 de Novembro de 2024

Zero

Fomos para Munique jogar para o zero a zero. Mostrámos zero ambição, fizemos zero remates à baliza, marcámos zero golos, jogámos pouco mais do que zero, e voltámos de lá com zero pontos. Tudo consistente.

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Muitas alterações, no onze e tácticas, para este jogo. Apresentámo-nos num esquema de três centrais, tendo entrado na equipa o Kaboré, o António Silva, o Renato e o Amdouni. Deixámos o Di María e o Pavlidis de fora, e jogámos sem avançado fixo na frente, deixando o ataque entregue ao Aktürkoglu e ao Amdouni. Acho que entre a falta de ambição e o desejo de poupar algo para o jogo de domingo (não me parece que algumas das opções tomadas o tivessem sido caso não se seguisse esse jogo, de extrema importância para quaisquer ambições que ainda queiramos manter em relação ao campeonato) nada mais conseguimos fazer senão, como qualquer das equipas pequenas que nos visitam, retardar ao máximo o nulo. Foi um jogo horrível de seguir, com o Bayern a ter quase sempre a bola, nós a não conseguirmos tê-la mais do que alguns segundos em nosso poder, e a não conseguirmos alinhar muito mais do que três passes seguidos. Toda a gente acumulada em frente à baliza e resistir o mais possível, sem conseguir assustar nada em contra-ataque. Creio que conseguimos chegar à meia hora de jogo com zero remates feitos de parte a parte. Mas o Bayern for aumentando a pressão na fase final do primeiro tempo, e a tendência continuou na segunda parte - ao intervalo retirámos os inexistentes Kaboré e Amdouni para colocar o Beste (que foi jogar a lateral direito) e o Pavlidis, e pouco depois entrou o Di María para o lugar do Aktürkoglu, mas nada mudou. Era apenas uma questão de tempo, e a nossa resistência durou até aos sessenta e sete minutos, altura em que o Kane ganhou no ar ao Tomás Araújo e colocou na zona frontal da baliza para o Musiala finalizar de cabeça. A partir daí era mais do que certo que o jogo estava perdido (não gouve qualquer tipo de reacção da nossa parte, como o comprovam os zero remates feitos até final do jogo). Não sofremos mais nenhum golo, acho que foi a única coisa que se aproveitou. Foi uma exibição patética da nossa parte, e embora tenha presente que não temos boas memórias de nenhum jogo em Munique, sei que já vi o Benfica perder por mais naquele estádio mas jogar algo mais do que aquilo que fez hoje. No fundo parecemos um alegre grupo excursionista que aproveitou para ir a Munique e ver, de uma posição privilegiada (dentro do relvado), o Bayern jogar.

 

Uma exibição destas é o pior tónico para o jogo que se segue. Espero que consigamos limpar a cabeça e nesse jogo limpar também a péssima imagem deixada neste jogo. Mesmo tendo noção da força do Bayern, com os jogadores que temos é inadmissível jogarmos tão pouco - isto foi mesmo das mais pobres exibições europeias que eu tenho memória de ver o Benfica fazer. Não teve ponta por onde pegar. Exige-se uma reacção imediata e uma vitória no próximo jogo, sob pena de ficarmos com a época irremediavelmente comprometida.

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publicado por D'Arcy às 23:57
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Domingo, 3 de Novembro de 2024

Longe

Vitória mais sofrida do que o desejável frente ao último classificado. Fomos melhores e merecemos os três pontos, como seria natural e exigível frente ao último classificado, mas a qualidade do nosso futebol esteve longe do que melhor sabemos fazer.

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A principal novidade no onze foi o regresso do Florentino, passando a equipa a jogar no esquema que o Bruno Lage começou por apresentar quando pegou na equipa. Significou isto a saída do Beste. Já escrevi aqui diversas vezes que há jogos que conseguem dar-me uma má sensação logo pelos primeiros minutos, e este foi um deles. Neste caso, pela forma quase displicente como a nossa equipa atacava. O Farense depressa mostrou porque motivo ocupa o último lugar da tabela, concedendo imenso espaço atrás e cometendo erros crassos na defesa. No entanto a nossa equipa nunca soube aproveitar estas ofertas, sendo o exemplo mais evidente uma bola que foi oferecida directamente ao Di María, que progrediu em direcção à área e finalizou mal, isto quando tinha dois colegas em óptima posição a quem passar a bola - estávamos numa situação de 3x1 na zona frontal da área. Achei que os primeiros minutos mostraram uma equipa desastrada e quase displicente na definição das jogadas de ataque, e para piorar voltámos a conceder um golo ainda numa fase inicial, numa das primeiras vezes que o adversário chegou à nossa área. Qunze minutos, e depois de ganhar uma bola dividida ao Carreras o cruzamento surgiu daquele lado e um adversário antecipou-se facilmente ao Bah para marcar quase à vontade. Preocupante que o pior ataque da liga nos consiga marcar um golo com aquela facilidade. Felizmente para nós, a resposta surgiu em pouco mais de cinco minutos. Obra sobretudo do Aktürkoglu, que progrediu pelo meio e à entrada da área soltou a bola para a esquerda, onde encontrou o Carreras completamente sozinho. A finalização do nosso lateral foi de classe, colocando a bola entre o guarda-redes e o poste. O resto da primeira parte foi sobretudo enervante de ver. O Benfica a ter bola o tempo quase todo, mas a qualidade de jogo a ser muito pobre. O Kökçü esteve particularmente desinspirado, somando perdas de bola e sobretudo maus passes, numa exibição completamente atípica da parte dele.

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Alteração imediata ao intervalo, com o Benfica a deixar o Bah no balneário e a trocá-lo pelo Beste, passando a jogar com três defesas - mas em momento defensivo (que foram raros) era o Aursnes quem recuava para fechar o lado direito. Melhorámos, quanto mais não fosse por darmos um pouco mais de velocidade e intensidade no nosso jogo, mas a exibição continuou a estar longe do desejável. Mas pelo menos o perigo passou a rondar mais a baliza do Farense, com o seu guarda-redes a ter oportunidade para brilhar e negar o golo ao Pavlidis. À segunda, já não o conseguiu. Felizmente este golo apareceu com apenas nove minutos decorridos na segunda parte, porque tenho a certeza que se o empate se tivesse arrastado durante muito mais tempo iríamos ter sérios problemas, entre o cansaço, a motivação do adversário, e o nervosismo crescente. O golo apareceu numa rara transição em contra-ataque, na qual a bola foi recuperada na zona do meio campo e o Kökçü teve um raro momento de acerto, colocando a bola na direita para a corrida do Di María. Este depois de chegar à área esperou pela entrada do Aktürkoglu para lhe colocar a bola, e o turco progrediu até perto da linha de fundo para depois fazer o passe para a zona frontal da baliza, onde apareceu o Pavlidis a finalizar. Obtida a vantagem, nunca me pareceu que o Benfica se esforçasse muito para marcar o golo da tranquilidade, optando por gerir a posse de bola e jogar a um ritmo mais baixo. Não sei se o jogo com o Bayern já pesou no pensamento, mas foi uma opção arriscada, porque uma vantagem magra alimenta sempre a esperança do adversário. Foi por isso que nos cinco minutos de tempo de compensação, período no qual estranhamente, depois de termos passado o jogo quase todo a guardar a bola, parecemos incapazes de o fazer, o Farense conseguiu tê-la e até fazer uns cruzamentos para a área e tudo. Isto até levou a que o treinador dos algarvios, num acesso de lunatismo, tenha ficado convencido que foi um jogo equilibrado, em especial nas oportunidades, e no qual o empate seria o resultado mais ajustado (apesar de todos os dados estatísticos sobre o jogo contrariarem esta teoria).

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O Carreras foi o escolhido para melhor em campo e julgo que foi uma boa escolha. É neste momento um dos jogadores em melhor forma no Benfica e marcou um golo importante, revelando uma calma na finalização que se calhar outros jogadores atacantes não teriam. Outro destaque tem que ser o Aktürkoglu, porque fez as assistências para os dois golos. O Aursnes não sabe jogar mal, e desfeito o jejum de golos, o Pavlidis voltou a aparecer no sítio certo e fez aquilo que se espera dele.

 

O próximo jogo é daqueles que costuma ser um pesadelo para o Benfica. Não temos boas memórias de Munique. Poderíamos ir lá com uma tranquilidade adicional de nove pontos nos primeiros três jogos caso não tivéssemos desperdiçado os três pontos em casa contra o Feyenoord, e este definitivamente não será o jogo ideal para pensarmos em recuperá-los. Uma coisa é certa: teremos que defender muito melhor se quisermos ter alguma hipótese de o fazer.

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publicado por D'Arcy às 18:33
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