Só foi pena não termos resolvido a questão mais cedo, porque a superioridade do Benfica sobre o Braga foi demasiado evidente e a passagem às meias-finais da Taça de Portugal foi a conclusão lógica disso.
Depois da vitória contra o Boavista regressaram ao onze alguns jogadores (Tomás Araújo, António Silva, Pavlidis e Aktürkoglu) mas o Dahl manteve-se nos escolhidos, o que significou mantermos a mesma disposição táctica, na qual o Carreras é uma espécie de híbrido entre terceiro central e lateral. A história do jogo conta-se em poucas palavras: o Benfica entrou muito forte e assumiu o controlo completo do jogo desde o início, e o Braga pouco conseguiu fazer para nos contrariar. A primeira grande ocasião foi logo nos minutos iniciais, com o Aktürkoglu a acertar no poste depois de se libertar de um adversário e ficar completamente solto na área, e o Pavlidis a falhar a recarga. O Benfica pressionava alto, recuperava várias bolas em terrenos adiantados e o jogo disputou-se quase sempre no meio campo do Braga. Foi precisamente assim que chegámos ao golo, quando a pressão sobre a defesa do Braga resultou numa bola recuperada pelo Dahl. A bola seguiu para o Pavlidis que, em posição frontal, fez uma recepção orientada e ainda de fora da área desferiu um remate imparável. Foi aos trinta e nove minutos, e já foi demasiado tarde para aquilo que o Benfica tinha produzido numa primeira parte de grande nível. Mesmo antes do intervalo voltámos a desperdiçar de forma incrível, com o cruzamento/remate do Carreras a sair com demasiada força e nem o Bruma, nem o Kökçü conseguiram empurrar para o golo. A segunda parte começou com mais do mesmo, com o Bruma a desperdiçar mais uma ocasião flagrante e depois foi o Pavlidis que não conseguiu fazer o desvio em frente à baliza. O Braga só conseguiu respirar um pouco depois das primeiras alterações feitas no Benfica, em que trocámos o Bruma e o Tomás Araújo pelo Belotti e o Barreiro (o Aursnes passou para a lateral) e não me pareceu que tivéssemos funcionado bem em 442. Ainda assim, o Braga não conseguiu criar qualquer ocasião de golo, apenas foi capaz de ter mais bola no nosso meio campo. A dez minutos do final fizemos mais duas alterações (Amdouni e Schjelderup pelo Pavlidis e Dahl) e voltámos a tomar conta do jogo, desperdiçando mais ocasiões para fechar o resultado, em particular pelo Schjelderup.
Destaques, para mim, o Pavlidis, não só pelo golo que decidiu, mas também pela capacidade que teve de criar jogadas de muito perigo sempre que recebia a bola e distribuía o jogo nas alas, e também o Kökçü, o Aktürkoglu ou o Otamendi. O Aktürkoglu deve ter sido o jogador que mais criou e esteve envolvido em situações de perigo, mas pecou na finalização. O Otamendi esteve absolutamente intratável (como aliás tem estado ultimamente) e deve ter ganho praticamente todos os lances.
A forma como o Benfica dominou o Braga não foi de todo surpreendente para mim porque no jogo que perdemos contra eles para a Liga foi a mesma coisa. Na lógica resultadista, a crítica criou uma narrativa de um 'grande jogo' do Braga nessa ocasião, quando o Benfica dominou o jogo do princípio ao fim e o Braga marcou nos únicos dois remates que fez à nossa baliza (e quem não acredita, é só ir rever os dados desse jogo). Já no outro jogo que disputámos contra eles, na Taça da Liga, foi outro domínio completo da parte do Benfica. Portanto, este jogo foi mais do mesmo, ainda por cima estando o Benfica a atravessar uma fase positiva. Agora temos o caminho aberto para a final. Sem menosprezo pelo Tirsense, mas contra uma equipa que neste momento luta para se manter no Campeonato de Portugal, e ainda por cima a duas mãos, o Benfica é fortemente favorito e tem a óbvia obrigação de passar.
Foram mais uma vez várias as mudanças em relação ao que costuma ser o nosso onze mais habitual, mas isso não impediu o Benfica de dominar o jogo contra o Boavista do princípio ao fim, e obter uma vitória inteiramente merecida e escassa para tanto domínio e oportunidades criadas.
O Bruno Lage voltou a optar pela disposição táctica em que o Carreras actua como falso terceiro central, com o Dahl mais encostado sobre a esquerda. Do lado oposto, o Leandro Santos. A dupla de centrais foi constituída pelo Tomás Araújo e o Otamendi, o meio campo teve os dois únicos médios disponíveis Kökçü e Aursnes, e na frente jogaram desta vez o Amdouni, Belotti e Bruma. A fase inicial do jogo até foi algo morna, apesar do Benfica ter tomado imediatamente a iniciativa. Mas perante um Boavista fechado atrás e que deixava apenas o Bozenik na frente, o Benfica circulava a bola sem velocidade suficiente para desmontar e encontrar brechas na defesa adversária. Foi por volta dos vinte minutos que o Benfica resolveu aumentar a velocidade e aí o Boavista começou a mostrar ser incapaz de acompanhar o nosso ataque e a abrir buracos por todo o lado. A grande excepção, que acabou por se tornar na grande figura do jogo, foi o guarda-redes Vaclik, que só à sua custa terá evitado uma goleada das antigas. Nem posso estar aqui a enumerar todas as ocasiões de perigo que o Benfica criou, porque senão este post seria enorme - foram mais de 30 remates e duas mãos cheias de oportunidades flagrantes de golo. O marcador funcionou pela primeira vez apenas aos vinte e oito minutos, quando o Bruma na esquerda se livrou com facilidade do marcador directo e meteu a bola no centro da área para uma finalização de primeira do Belotti, que assim se estreou a marcar pelo Benfica. Depois foi ver as oportunidades a acumularem-se e o Vaclik e engatar para uma exibição épica. Só na primeira parte o Belotti poderia ter chegado ao hat trick, com o Benfica a descobrir que podia criar perigo com alguma facilidade se conseguisse colocar a bola rapidamente na área, onde o italiano conseguia quase sempre antecipar-se aos defesas. Acertou no poste numa ocasião, e viu o Vaclik negar-lhe o golo noutra, tudo em lances deste tipo. Quando o apito para o intervalo chegou, já o resultado era insatisfatório para aquilo que se tinha visto.
A segunda parte, para a qual o Boavista regressou com considerável atraso, foi a continuidade da primeira. O Benfica ameaçou o golo pelo Aursnes e a seguir pelo Bruma, e neste último lance o VAR alertou o árbitro para uma falta anterior ao remate do Bruma que levou à amostragem do cartão vermelho a um jogador do Boavista. A inferioridade numérica nada mudou, porque seria difícil o Boavista ser ainda mais dominado do que já estava a ser, mas a falta de jeito à frente da baliza e a inspiração quase absurda do Vaclik continuavam a retardar o segundo golo. Depois de mais uma defesa a uma situação do Amdouni isolado (passe magnífico do Carreras) e a seguir outra defesa a mais um remate do Belotti, confesso que comecei a ficar enervado com a possibilidade remota de um golo fortuito do Boavista acontecer completamente contra a corrente do jogo. No entanto, aos sessenta e oito minutos trocámos o Amdouni e o Belotti pelo Aktürkoglu e o Pavlidis, e bastaram dois minutos para esta dupla construir o segundo golo: passe do Kökçü a desmarcar o compatriota sobre a direita da área, e passe deste para o Pavlidis, completamente à vontade à frente da baliza, empurrar para o golo. Finalmente alguma tranquilidade no marcador, que aumentou sete minutos depois (com mais uma defesa incrível do guarda-redes do Boavista pelo meio, a um remate à queima-roupa do Kökçü), altura em que o Dahl foi puxado na área e o Kökçü converteu o penálti - teve que colocar a bola bem junto ao poste para evitar a defesa do Vaclik. Para os minutos finais, o Benfica fez entrar o Cabral e o Nuno Félix, mudando para um 442 clássico (saíram o Carreras e o Kökçü), e depois ainda deu para vermos a estreia oficial do Diogo Prioste pela equipa principal. O resultado, esse, não voltou a mexer apesar do Benfica nunca ter deixado de carregar à procura de mais golos.
Quanto aos melhores do Benfica, começo pelo Belotti. Não é um portento técnico, mas é muito forte fisicamente e foi sempre um perigo para a baliza do Boavista. Se calhar com um guarda-redes que não estivesse em modo super-herói, poderia facilmente ter feito um hat trick. Kökçü também muito bem como cérebro do jogo ofensivo do Benfica. E estou muito bem impressionado com o Dahl. Bom pé esquerdo, muito disciplinado tacticamente, e é muito inteligente a movimentar-se sem bola - acho que quando a equipa estiver mais familiarizada com ele, podemos tirar muito partido disso. Com ele a jogar naquela posição, quando temos bola o Carreras deixa de ser central e pode explorar terrenos mais interiores, com o sueco a manter-se mais sobre a linha. O lado esquerdo funcionou muito bem com estes dois mais o Bruma em combinações constantes. Do outro lado, o Leandro jogou demasiado pelo seguro e não conseguiu ser tão incisivo como o Dahl.
Mesmo dando o desconto de ter sido um jogo contra o último classificado, que está praticamente a recomeçar do zero, gostei bastante daquilo que o Benfica fez, principalmente tendo em conta que apresentámos uma equipa tão diferente do habitual. Os reforços de Janeiro estão a mostrar que podem ser ajudas preciosas para enfrentar a fase final da época. Tendo em conta o cada vez mais evidente nervosismo do Sporting, esperemos que consigamos manter o bom momento e continuar aproveitar a quebra do outro lado. A desvantagem pontual para o primeiro lugar, para já, está anulada.
Num jogo que foi uma autêntica montanha-russa e no qual o Mónaco foi a melhor equipa durante a maior parte dos noventa minutos, ainda arranjámos forças para arrancar um empate que acabou por nos permitir a passagem aos oitavos-de-final da Champions.
Uma óptima surpresa no onze inicial com o regresso do Aursnes, que pensava que teria um tempo de ausência mais prolongado. De regresso também o Tomás Araújo. O início de jogo foi repartido pelas duas equipas, mas depressa saltou à vista que o Mónaco estava a conseguir sempre jogar com demasiado à vontade no meio campo. Os seus médios conseguiam quase sempre criar situações de superioridade numérica, que lhes permitiam manobrar e receber com espaço, e depois encontravam sempre alguém solto entre a nossa defesa e meio campo. Este foi um daqueles jogos em que se notou, e muito, a ausência do Florentino. Quanto a nós, perdíamos muito rapidamente a bola devido sobretudo à má qualidade no passe. Numa opção algo estranha, que se calhar teve a ver com a sua condição física, sem bola o Aursnes colocava-se mais sobre a direita ou até mesmo mais próximo do avançado, enquanto era o Aktürkoglu quem acabava por vir tentar fechar no meio. Em termos de ocorrências no jogo, começámos logo com uma grande ocasião do Barreiro, que cabeceou à figura do guarda-redes. Respondeu o Mónaco também com uma grande oportunidade, negada por uma grande defesa do Trubin. O Mónaco foi ganhando cada vez mais ascendente no jogo. Fisicamente pareceram sempre muito mais fortes do que nós. Chegavam primeiro às bolas e ganhavam quase todas as divididas e segundas bolas, com o Akliouche a aproveitar tanta liberdade para encher o campo. E quando o Mónaco parecia ficar cada vez melhor, foi o Benfica a marcar, aos vinte e dois minutos. O lance nasce numa insistência do Barreiro, que foi pressionar um defesa e conseguiu recuperar a bola, com esta a sobrar para o Pavlidis. O grego não conseguiu seguir para o golo mas trabalhou muito bem sobre a esquerda da área, colocando a bola no lado oposto para o Aktürkoglu aparecer sozinho para empurrar para o golo. Ficávamos assim com dois golos de vantagem na eliminatória, o que poderia permitir uma noite mais tranquila, mas a situação não durou muito tempo. Com o Mónaco a não acusar o golo e a manter-se por cima no jogo, o empate chegou dez minutos depois. Primeiro veio um aviso sério, com um cabeceamento do Embolo ao poste, e quase de seguida veio o golo. Que nasce num lançamento de linha lateral a nosso favor, na nossa zona defensiva. Como acontece demasiadas vezes, perdemos rapidamente a bola e esta foi colocada nas costas da nossa defesa, onde o Otamendi se esqueceu de subir e colocou o Embolo em jogo, perdendo depois o duelo individual dentro da área para este. A bola sobrou para o Minamino, que sobre a esquerda rematou de primeira fazendo a bola entrar entre o Trubin e o poste, num golo muito consentido pelo nosso guarda-redes. A isto seguiu-se provavelmente o pior período do Benfica no jogo, em que o Mónaco dominou completamente e o Benfica foi inexistente no ataque, acumulou erros e maus passes, e só não chegámos a perder ao intervalo porque o Embolo teve uma finalização completamente disparatada para a bancada mesmo a acabar a primeira parte, quando tinha tudo para marcar depois de mais uma perda de bola nossa no ataque que resultou numa transição ofensiva do Mónaco em superioridade numérica de três jogadores para apenas dois defesas nossos.
Sem qualquer mudança para a segunda parte, pensei imediatamente que face ao que tinha acontecido na primeira após o golo do Mónaco não iria demorar muito até que eles chegassem ao segundo golo. Infelizmente, não estava enganado, porque a segunda parte continuou mesmo como tinha acabado a primeira, e bastou pouco mais de um minuto para o Mónaco criar mais uma situação de perigo, num remate que obrigou o Trubin a uma boa defesa. E após seis minutos lá surgiu o golo. Lance pela direita do ataque monegasco, o Otamendi foi atraído por uma movimentação de um médio e perdeu completamente a posição, enquanto a bola foi colocada para a entrada da área, onde depois de uma simulação do Embolo a deixar a bola passar apareceu à vontade o Ben Seghir para colocar a bola onde quis, com ela a entrar bem junto à base do poste. Acusámos, e bem, o golpe, e teve mesmo que ser o estádio da Luz a acordar a equipa e a empurrá-la para a frente, o que começou a acontecer perto da hora de jogo, depois de termos trocado os dois alas de uma vez. Saíram o Schjelderup e o Aktürkoglu, entraram o Amdouni e o Dahl. O norueguês fez um jogo para esquecer, completamente inconsequente, e o turco, tirando o golo, pouco mais fez. Os recém-entrados não melhoraram muito a qualidade do nosso jogo, mas pelo menos trouxeram mais energia à equipa, e finalmente voltámos a jogar com mais regularidade perto da área adversária. Foi preciso esperar até quinze minutos do final para chegarmos ao golo, numa jogada confusa de insistência em que os jogadores do Mónaco não foram eficientes a afastar a bola da sua área e o lance acabou com o Aursnes a conseguir antecipar-se a um defesa e a ser pontapeado por este. O Pavlidis converteu e voltámos a ficar na frente da eliminatória. Mas com cerca de quinze minutos por jogar e face ao que tinha assistido até então, nunca me senti seguro de que conseguíssemos segurar o resultado. Foram cinco os minutos até que o Mónaco voltasse a marcar, num lance completamente inconsequente. É um alívio desde a defesa, em que a bola, depois de disputada pelo ar entre o António Silva e um adversário, vai cair na zona do Otamendi, perto do círculo central, onde dos adversários está apenas o recém entrado Ilenikhena. Sem qualquer necessidade, o Otamendi resolveu meter o corpo e tentar antecipar-se, e o resultado foi que o adversário foi mais forte e ele acabou no chão. Com terreno para progredir, foi até à área onde, já apertado pelo Carreras, acabou por rematar como podia, rasteiro e à figura do Trubin. E depois saiu um frango monumental do Trubin, que neste remate perfeitamente defensável deixa a bola passar debaixo do braço. Pior ainda do que o espectro da eliminação era o de um eventual prolongamento, que tendo em conta o estado físico que a nossa equipa aparentava atravessar seria certamente desastroso para nós. Felizmente lá arranjámos forças para num último fôlego irmos lá à frente e três minutos depois, num movimento completamente inesperado nele, o Kökçü se antecipar à defesa e ao guarda-redes e com um toque subtil desviar um cruzamento do Carreras para o golo. O esforço foi tal que o Kökçü deu o estoiro e foi imediatamente substituído. Com o João Rego e o Belotti em campo, lá acabámos por conseguir segurar o resultado até final, incluindo um long período de compensação durante o qual vimos um penálti ser assinalado a nosso favor e surpreendentemente revertido, já que o lance me pareceu falta clara.
Oficialmente o homem do jogo foi o Kökçü, mas não concordo com a escolha e até tenho dificuldade em percebê-la. Só se foi por ter marcado o golo decisivo, porque esteve bastante discreto a maior parte do jogo e foi completamente engolido pelo meio campo do Mónaco. Para mim o melhor foi o Pavlidis. Criou o primeiro golo e marcou o segundo, e no ataque conseguiu ser sempre uma referência para segurar a bola e tentar trazer os colegas para o jogo. O Trubin esteve desastroso, para mim com culpas directas em dois dos golos.
Creio que já fizemos até mais do que o mínimo exigível na Champions. Tudo o que vier agora é um bónus, e na próxima eliminatória já sabemos que teremos pela frente um dos favoritos a conquistar a prova. A minha preocupação agora é mesmo o próximo jogo contra o Boavista. A equipa pareceu-me cansada, tivemos vários jogadores com queixas durante e no final do jogo (Dahl, Kökçü, Barreiro) e pela frente teremos uma equipa que apesar de estar no último lugar contratou agora vários jogadores muito experientes e foi buscar um treinador que é especialista no antijogo. Não espero um jogo fácil.
Uma ode à hipocrisia. É aquilo a que tenho vindo a assistir desde sábado. Não só uma tentativa ridícula de beatificar uma personagem tenebrosa, como a falsa e hipócrita indignação pela falta de reacção do Benfica (e Sporting). A morte não é uma espécie de esponja mágica, que apaga tudo aquilo que uma pessoa foi em vida. Em primeiro lugar, convém recordar que Benfica e Sporting estão de relações institucionais cortadas com o FC Porto há anos, precisamente por causa dessa personagem. Alguém que construiu a sua presidência assente num clima de ódio por ele inventado e introduzido no futebol português. Que extravasou esse ódio para além das fronteiras do futebol, expandindo-o a uma suposta guerra Norte-Sul, apenas porque servia os seus propósitos. Que enquanto vivo desrespeitou sempre que podia o Benfica e os benfiquistas, gozou com a 'morte' do Benfica, classificou-nos de 'inimigos' e não adversários, queria ver 'Lisboa a arder', apadrinhou bolas de golfe, ataques organizados a adeptos e atletas adversários sempre com sorrisos boçais e 'fina ironia'. E agora pedem respeito da nossa parte? Respeito já é o que estão a ter, é por isso que estamos em silêncio. Se não tens nada de bom para dizer, ficas calado. Isso é respeito. Qualquer nota de pesar da nossa parte seria profundamente hipócrita.
Que numa lógica maquiavélica seja admirado e idolatrado pelos adeptos do Porto, posso compreender. Agora não esperem é que qualquer tipo de idolatria se estenda aos benfiquistas. O seu desaparecimento agora serve para opinadeiros e jornaleiros subirem a um pedestal qualquer que inventaram e lá de cima tecerem considerações moralistas sobre a atitude dos clubes de Lisboa, e tudo o resto aproveitar a boleia para atacar e criticar o Benfica. O sarrafeiro do Rodolfo, um parte-pernas enquanto jogava e um caceteiro enquanto comenta, chama-nos estúpidos. Cheguei ao ponto de ver o Inácio dizer, com a maior cara de pau, que a maioria dos benfiquistas não se revê neste silêncio. Claramente não tem a menor noção do sentir benfiquista. Quem semeia ventos, colhe tempestades. Pinto da Costa tem, na hora do seu desaparecimento, aquilo para que trabalhou toda uma vida: uma admiração infindável de uma reduzida região, e um até mais respeitável do que merecia desprezo da zona do país que constantemente atacou e vilipendiou. Fechou-se num feudo em vida, não podiam estar à espera que o resto do país lhe abrisse os braços em veneração na morte. Ao desaparecer deixa ao país, e em especial ao futebol português, a sua marca indelével: o legado do ódio.
Tivemos um teste muito duro nos Açores mas a resposta foi, para mim até de uma forma algo inesperada, bastante boa. Acabámos por conseguir rodar a equipa, poupando titulares para a Champions, e conquistámos os três pontos em casa de uma das equipas que têm estado a fazer uma campeonato muito acima das expectativas esta época.
Quando olhei para o onze escolhido, que significava uma autêntica revolução, não consegui evitar desconfiança. Veio-me imediatamente à memória o que fizemos no jogo contra o Casa Pia, também com o objectivo de nos pouparmos para a Champions, com o péssimo resultado de que todos nos lembramos. Para o onze foram escolhidos o Leandro Santos, que já tinha sido anunciado para lateral direito neste jogo, e ainda Dahl, Barreiro, Amdouni, Belotti e Bruma. De fora ficaram, por opção, Pavlidis, Kökçü, Aktürkoglu, Tomás Araújo ou Schjelderup, lançando também a dúvida sobre como é que o Benfica se apresentaria sobre o terreno. Acabou por parecer que a intenção era que o Carreras se juntasse mais aos centrais, fazendo uma defesa a três, com o Leandro e o Dahl como laterais mais ofensivos. O Florentino e o Barreiro formavam a dupla do meio campo, sem ninguém no apoio directo aos três da frente. O estado do relvado começou por ser o primeiro obstáculo, parecendo estar bastante pesado e afectando a qualidade de jogo. Na fase inicial o Benfica tentou imediatamente controlar o jogo e mostrou uma atitude competitiva muito boa. Vi a nossa equipa a recuperar muitas bolas ainda em zonas adiantadas e a disputar todos os lances, o que em jogos disputados nestas condições é sempre um factor de peso. Mas o Santa Clara espreitava sempre o contra-ataque e conseguiu criar perigo num par de em lances nos quais mais uma vez o Trubin mostrou estar a atravessar um bom momento. A melhor ocasião de toda a primeira parte foi nossa e ainda na fase inicial, num mau corte de um defesa do Santa Clara depois de um livre marcado pelo Dahl para a área. A bola caiu à frente do Belotti, cujo desvio na bola permitiu a defesa ao guarda-redes, para depois já no chão e com o guarda-redes batido não ter conseguido tocar bem na bola para a recarga, enviando-a ao lado. Ainda tivemos uma bola a tocar no ferro da baliza adversária, num desvio de cabeça do António Silva, mas o golo estava difícil.
Apesar do espírito combativo da equipa, faltava criatividade e o Bruno Lage viu isso, trocando o Florentino pelo Kökçü ao intervalo. Até foi um pouco surpreendente, tendo em conta que o Florentino estará suspenso do jogo da próxima terça. Mas a entrada do Kökçü teve um efeito positivo no nosso jogo, e ele esteve directamente envolvido no lance que nos deu o golo da vitória. Foi as cinquenta e cinco minutos, quando após uma triangulação entre o Kökçü, o Leandro e o Amdouni na zona lateral direita da área o passe do turco desmarcou o suíço para ganhar a linha de fundo, e o cruzamento saiu tenso e rasteiro para o Bruma, de forma um tanto ou quanto atabalhoada, empurrar a bola para a baliza quase em cima da linha. Estava dado um passo muito complicado, que era chegar ao golo. Mas depois fiquei com a sensação de que reduzimos demasiado depressa a intensidade e isso permitiu ao Santa Clara equilibrar mais o jogo em termos de posse de bola, embora sem criar grandes situações de perigo. Só quando a vinte minutos do final fizemos mais duas substituições é que voltámos a criar um lance de verdadeiro perigo, quando uma bola sobrou para o Barreiro à entrada da área a o remate deste passou muito perto do poste. Logo a seguir, um jogador do Santa Clara foi expulso e pensei que isso seria determinante para termos um final de jogo tranquilo, mas estava enganado. De forma inesperada o jogo ficou mais partido e isso foi aproveitado pelo Santa Clara para se aproximar mais da nossa baliza, tendo os açorianos tido uma situação de bastante perigo em que depois de um cruzamento a bola foi afastada pelo Pavlidis directamente para os pés de um adversário, que demasiado à vontade acabou por atirar para fora. Só a cinco minutos do final, depois de mais duas trocas que permitiram a estreia ao Nuno Félix pela equipa principal é que me pareceu que voltámos a ter o jogo controlado. Para além do Félix entrou também o João Rego, e saíram o Bruma e o Leandro, com o Dahl a terminar o jogo na lateral direita. Ainda deu tampo para, já em período de descontos, o Pavlidis estar muito perto de marcar, mas o bom remate que fez de pé esquerdo ainda de fora da área foi muito bem defendido para canto pelo guarda-redes.
Foi um jogo de muito trabalho e pouca arte. Achei que a entrada do Kökçü acabou por se revelar decisiva. O Otamendi continua a atravessar um momento de forma muito bom, e o Trubin voltou a demonstrar muita segurança, sendo importante para manter a nossa baliza a salvo nos minutos iniciais. Dos estreantes a titulares, o Leandro cumpriu mas ainda mostrou algum nervosismo, achei que o Dahl, sem deslumbrar, cumpriu com segurança, o Bruma foi decisivo pelo golo e foi sempre dos mais incómodos no ataque, e o Belotti lutou mas foi demasiado atabalhoado no ataque, mostrando pouca qualidade técnica (o que não é grande surpresa para quem já o conhecia).
Numa jornada em que havia o perigo de vermos aumentar a distância para o primeiro lugar, acabou por correr tudo de forma perfeita. Poupámos alguns titulares, ganhámos numa deslocação difícil, e acabámos por ver acontecer o contrário do esperado e ficar mais perto da liderança, passando novamente a depender exclusivamente de nós próprios para lá chegar. Uma boa motivação para nos ajudar a aturar os próximos dias, dedicados à tentativa de beatificação de uma das personagens mais sombrias da história do futebol português.
Se antes do jogo me oferecessem uma vitória por um golo de diferença, aceitá-la-ia de olhos fechados. Depois do jogo, o resultado acaba por saber a pouco e fica a sensação de que poderíamos ter aproveitado para deixar a eliminatória bem mais inclinada para o nosso lado.
Com o Benfica a presentar o onze esperado - o Di María começou no banco e continuou a ser o Aktürkoglu a jogar na direita - a primeira parte foi muito morna. Foi um jogo bastante diferente daquele que vimos na fase regular, pois desta vez nenhuma das equipas pareceu disposta a correr grandes riscos. As ocasiões de perigo foram poucas, mas até foi o Benfica a ter mais. A primeira delas como que deu o mote para o resto do jogo: a má definição das jogadas. Depois de uma perda de bola comprometedora, o Pavlidis correu em direcção à baliza numa situação de 2x1, com o Aursnes a acompanhá-lo. Chegados à área, o passe do Pavlidis para o Aursnes foi péssimo (muito pouca força) e a jogada perdeu-se, quando um passe em condições teria deixado o norueguês na cara do guarda-redes. A resposta do Mónaco foi a melhor ocasião que criaram durante todo o jogo, mas o Trubin respondeu com uma dfesa incrível ao remate cruzado. O intervalo chegou depois de mais algumas ameaças do Benfica, por parte sobretudo do Carreras. No regresso do intervalo, o jogo acabou por ficar completamente nas nossas mãos. Marcámos logo aos três minutos: passe longo do Tomás Araújo na direita para as costas da defesa, o Pavlidis no um para um com o defesa aguentou a carga deste, e quase sobre a lonha de fundo e de ângulo muito apertado teve uma finalização fabulosa, a meter a parte de fora do pé como uma colher na bola e a dar-lhe efeito, de forma a fazê-la passar sobre o ombro do guarda-redes. Logo a seguir, o Al Musrati foi expulso com um segundo amarelo por pedir amarelo para o Carreras. Certamente maus hábitos dos seus tempos em Portugal, em que pedir amarelos para jogadores do Benfica é rotina. A parte mais positiva disto foi que o Benfica, ao contrário do que tinha acontecido no jogo anterior, aproveitou a vantagem numérica para controlar e dominar completamente o jogo. O Mónaco não voltou a ter mais nenhuma ocasião de golo e julgo que apenas fez mais um remate em todo o jogo, enquanto que o Benfica passou a ameaçar regularmente o segundo golo. A parte negativa, foi que apesar de todas essas ameaças não conseguimos mesmo voltar a marcar, acumulando oportunidades flagrantes desperdiçadas (Pavlidis, Amdouni) com decisões completamente erradas em situações nas quais tínhamos tudo para definir melhor e chegar ao golo. Negativo também o amarelo ao Florentino, que o retira do segundo jogo, e as saídas com queixas físicas do Tomás Araújo e do Di María, este poucos minutos depois de ter entrado e queixando-se da mesma zona de que se tinha queixado quando saiu do jogo na Amadora.
Fizemos um jogo sólido. A dupla de centrais esteve muito segura, com o Otamendi em destaque. O Trubin não teve muito trabalho, mas esteve seguríssimo em tudo o que fez - e aquela defesa ainda na fase inicial da primeira parte evitou um golo certo. O Florentino foi outro jogou a bom nível enquanto esteve em campo. Os nossos laterais, sobretudo depois de ficarmos em vantagem numérica, também jogaram muito e até achei que o Aursnes subiu de nível quando passou para a lateral. O Barreiro entrou bem no jogo - é daqueles que sempre que entra vem com tudo e dinamiza sempre a equipa. O Pavlidis marcou um golo absolutamente fabuloso, e só não lhe dou mais destaque porque falhou um golo feito. Mas eu passei os primeiros seis meses a criticá-lo, e agora elogiá-lo-ei sempre que ele mostrar que eu estava errado.
Estamos em vantagem no intervalo da eliminatória e foi um bom resultado. Mas a eliminatória está muito longe de estar decidida. Acho que todos - incluindo a própria equipa - ficámos com a noção de que neste jogo poderíamos ter dado um passo bem mais decisivo para passarmos, porque fomos bastante superiores ao Mónaco e não convertemos a maior parte das situações que construímos. Faltou-nos o tal killer instinct de que o Bruno Lage falou antes do jogo, mas isso já não é novidade, porque estamos mais do que habituados a ver o Benfica perdoar o golpe que atiraria o adversário ao tapete quando tem oportunidade para o fazer. Resta esperar que consigamos dar sequência a isto na segunda mão, e que pelo meio se mantenha o nível na deslocação que se adivinha muito difícil aos Açores. Eu estive em Alvalade na terça (aproveito qualquer oportunidade para ver o Borussia) e, sinceramente, se conseguirmos perder o campeonato para aquela equipa é porque somos profundamente incompetentes.
Conseguiu-se a vitória exigida, que nos permitiu ganhar pontos à frente e atrás, mas mais uma vez o Benfica voltou a revelar uma quase irresistível atracção pelo abismo, que o leva a ressuscitar adversários moribundos e a complicar desnecessariamente jogos que tem controlados e que podiam ser muito mais fáceis. Foi quase uma fotocópia daquilo a que tínhamos assistido a semana passada na Amadora.
Apresentámo-nos com o Bah de regresso à lateral direita e com o Tomás Araújo no centro, o que empurrou o António Silva para o banco. No meio campo, o Manu manteve-se no onze, e no ataque foi o Aktürkoglu quem ocupou o lugar do ausente Di María. Melhor início era difícil, num jogo em que a equipa visitante voltou a repetir a falta de cortesia, que começa a tornar-se hábito na Luz para as equipas visitantes, de não respeitar a tradição na escolha de campo. Devem achar que lhes dá uma vantagem psicológica qualquer. Na primeira subida à área adversária (uma boa combinação, para cruzamento do Carreras) penálti assinalado por mão na bola. Depois de largos minutos de análise por parte do VAR e revisão pelo árbitro de campo, um Pavlidis cheio de confiança converteu-o de forma exemplar. Imediato relaxamento, como não podia deixar de ser, e uma boa reacção do Moreirense significaram que nos minutos seguintes foram os visitantes a ter mais bola e a controlar o rumo do jogo, pressionando alto e dificultando as progressivamente mais ridículas tentativas do Benfica sair a jogar desde a defesa. Mas ao quarto de hora de jogo o Benfica beneficiou de um canto na direita do ataque, depois de um bom remate do Aktürkoglu. Foi ele mesmo quem se encarregou da marcação, e depois de um ressalto entre dois jogadores do Moreirense a bola sobrou para o Tomás Araújo, que de costas para a baliza conseguiu dar um toque na direcção da mesma de forma a que a bola fosse encontrar o Pavlidis solto nas costas da linha defensiva adversária. Controlo de bola com o corpo, e remate imediato a fuzilar a baliza. Um bom golo, à ponta-de-lança e cheio de oportunidade. Portanto, dois golos de vantagem à passagem do quarto de hora e tudo parecia que ia ser fácil. Mas uma mão cheia de minutos depois, passividade na defesa depois de um lançamento de linha lateral a favor do Moreirense no enfiamento da área, pelo nosso lado direito, e o remate do jogador deles, tal como na Amadora, desviou no Otamendi de forma caprichosa, fazendo a bola sobrevoar o Trubin e entrar do lado oposto, depois de ainda bater no ferro da baliza. Seguiu-se um período de pouca qualidade da nossa parte, em que continuámos a mostrar má saída de bola, e mais preocupante, demasiada incapacidade para ter bola e atacar de forma organizada com qualidade. O Benfica preferiu guardar a bola em zona recuadas, na esperança de chamar o adversário, para depois jogar em transição. Tendo em conta a referida falta de qualidade a sair, isto foram conceitos incompatíveis. Não sofremos o empate à meia hora de jogo porque na sequência de um pontapé de canto, depois de um desvio de cabeça ao primeiro poste, um jogador do Moreirense conseguiu ao segundo atirar para a bancada quando apareceu solto e poderia ter feito bem melhor. Pouco depois, três minutos de muito azar para nós, durante os quais ficámos sem o Bah e sem o Manu por lesão de ambos e tendo que queimar duas substituições - entraram o António Silva e o Florentino. Mas para nossa felicidade, perto do intervalo beneficiámos de novo pontapé de canto, desta vez na esquerda do ataque. O Kökçü marcou de forma larga, a fazer a bola ir cair na zona do segundo poste, onde apareceu o Otamendi sozinho para colocar a bola de cabeça a entrar junto do poste oposto. Um bom cabeceamento, sem muita força mas a colocar a bola de forma perfeita. Repostos os dois golos de diferença antes da saída para o intervalo, não sem que antes ainda tivéssemos passado por mais um susto, quando a nossa defesa foi batida pelo ar após um cruzamento, obrigando o Trubin a duas defesas quase à queima-roupa, ao cabeceamento e à recarga que se lhe seguiu.
A segunda parte foi durante os primeiros minutos um aborrecimento completo. O Benfica optou por tentar congelar o jogo e gerir o resultado, coisa que todos nós sabemos que costumamos ser muito bons a fazer. Mas como o Moreirense pouco ou nada conseguia fazer no ataque, nada acontecia também. O Benfica tentava a referida estratégia de trocar a bola na zona defensiva para chamar o Moreirense, que raramente respondia, e por isso os minutos iam-se arrastando sem que nada de relevante se passasse junto das duas balizas. Uma quebra na monotonia apenas aconteceu depois de decorrido o primeiro quarto de hora: um mau passe do Moreirense na saída de bola a partir do guarda-redes (para não sermos só nós a fazer isso mal) deixou a bola nos pés do Aursnes, que em boa posição rematou para defesa do guarda-redes. Pouco depois foi o Schjelderup (muito pouco feliz hoje na tomada de decisão) a atirar à malha lateral, depois de um passe fantástico do Kökçü. A vinte minutos do final, e tendo o Benfica apenas mais uma interrupção disponível para fazer substituições, optámos por fazer as três que faltavam. Estreias para o Bruma e o Belotti, a que se lhes juntou o Barreiro, saídas dos dois alas, Schjelderup e Aktürkoglu, e do Pavlidis - o Aursnes passou para a direita. E pouco depois tivemos a possibilidade de dar a machadada final no jogo, quando o Bruma recuperou uma bola e deixou o Barreiro completamente isolado para ir para o golo. Em vez de rematar (ou passar para o lado para o Aursnes, que estava completamente sozinho no meio) ele preferiu tentar passar pelo guarda-redes e o lance perdeu-se. Lamentou-se a oportunidade perdida, mas a verdade é que a vitória não parecia de todo estar em risco porque o Moreirense na segunda parte foi inofensivo. Só que como nós parecemos gostar definitivamente de sofrer, a cinco minutos do final lá rsolvemos dar vida ao adversário. Em mais uma saída de bola o Carreras optou pela iniciativa individual (que na maior parte das vezes acaba mesmo por ser a solução de recurso, dada a falta de opções de passe que conseguimos invariavelmente disponibilizar quando saímos a jogar) transportando a bola para o meio. Quando tentou variar o flanco de jogo para a direita, colocou a bola nos pés de um adversário, e depois de uma tabela o Moreirense meteu um jogador completamente sozinho em posição frontal, só com o Trubin pela frente (os nossos centrais estavam abertos para a saída de bola, mas achei que praticamente não reagiram e ficaram quase estáticos dentro da área, não fechando a zona central e colocando os adversários em jogo) e este finalizou facilmente. Eu não sei bem quantos erros mais teremos que cometer para que se perceba que não podemos continuar a tentar sair a jogar desta forma, porque simplesmente não o sabemos fazer. Um exemplo: o número assustador de vezes em que um dos centrais ou o guarda-redes colocam a bola nos pés do médio mais recuado, à entrada da área, quando este está voltado para a baliza e tem um adversário a marcá-lo e a pressioná-lo nas costas. Os centrais ou o guarda-redes estão de frente para o jogo e de certeza que conseguem ver o colega pressionado, mas mesmo assim passam-lhe a bola quase de forma automática. Qualquer perda de bola ali quase de certeza resultará em golo adversário. Com o resultado em 3-2, obviamente que o Moreirense acreditou e o Benfica ficou nervoso, pelo que se seguiram uns minutos finais tensos, nos quais a nossa prioridade foi simplesmente segurar o resultado até final, o que conseguimos fazer com mais um período de pouca qualidade no futebol jogado, mas felizmente sem sustos de maior.
O Pavlidis volta a ser o destaque do jogo. Este não é o mesmo avançado que vimos nos primeiros seis meses de Benfica. Está com muito mais confiança e isso nota-se; aproveita as ocasiões de que dispõe e combina bem com os colegas, e poderá assim ser finalmente o avançado de que andamos à procura. Gostei do Kökçü e também estava a gostar do Carreras, que era dos poucos que tentavam acelerar o jogo nos períodos de maior desinspiração, mas depois estragou tudo com a oferta a cinco minutos do final que ressuscitou o Moreirense.
É daqueles jogos em que acabamos satisfeitos com os três pontos, mas preocupados com aquilo que vimos. Sobretudo porque já o vimos antes, e por mais do que uma vez, com a agravante de neste caso acontecer pelo segundo jogo consecutivo. Continuamos a cometer os mesmos erros, e continuamos a ter apagões ou períodos em que os nossos jogadores desligam do jogo, e pagamos por isso. É uma inconsistência que quem quer lutar para ser campeão não pode permitir-se ter. Entretanto, vamos esperar que as lesões do Bah e do Manu não sejam graves.
Mais um jogo em que voltámos a ver as duas faces do Benfica, a que domina os jogos de forma irresistível e leva tudo à frente, e a relaxada e desconcentrada que comete erros e dá vida a adversários moribundos. Da Amadora trouxemos os três pontos porque o Benfica é muito superior ao Estrela, mas não nos livrámos de alguma dificuldade perfeitamente evitável e desnecessária.
Em relação a Turim, três alterações no onze: Carreras, Manu e Aktürkoglu saltaram para a titularidade, saíram o Bah, Florentino e Schjelderup. Entrada arrasadora e dois golos nos primeiros dez minutos, resultado de duas bolas paradas. No primeiro, aos seis minutos, canto do Kökçü na esquerda do nosso ataque, desvio do Pavlidis ao primeiro poste e emenda do Otamendi ao segundo. O golo não foi inicialmente considerado porque o guarda-redes ainda defendeu a bola, mas o VAR viu que a bola já tinha ultrapassado completamente a linha de baliza. No segundo, aos dez, livre marcado pelo Di María novamente a partir da esquerda, mais uma vez o Pavlidis a aparecer ao primeiro poste a desviar e depois foi um defesa do Estrela quem acabou por empurrar a bola para a própria baliza. Tudo muito fácil. Tão fácil que, se calhar já sem surpresa, o Benfica começou a relaxar e, também sem surpresa, foi punido por isso. Ainda antes da meia hora de jogo, subida do lateral direito do Estrela, que flectiu para meio e fez um remate que parecia ser de fácil defesa para o Trubin, mas a bola desviou no pé do Otamendi e acabou por traí-lo. O golo serviu de despertador para o Benfica, que voltou a pegar no jogo e a forçar. Jogámos de uma forma algo diferente, com o Di María a ter mais liberdade para vaguear pelo ataque e o Aursnes mais preso à direita para ajudar o Tomás Araújo. Não demorámos muito a repor a diferença de dois golos no marcador: aos trinta e quatro minutos, numa insistência após um pontapé de canto o Manu conseguiu fazer o corte, o Otamendi, que estava em posição irregular, alheou-se do lance, e o Pavlidis, vindo de trás, atirou um pontapé fulminante cruzado a partir da direita e sobre a linha da área, que só parou no fundo da baliza. Provavelmente foi o melhor golo que ele já marcou desde que chegou ao Benfica. Mesmo a acabar a primeira parte ainda poderíamos ter chegado ao quarto golo, quando o Aktürkoglu aproveitou um mau passe atrasado para se antecipar aos defesas, mas a tentativa de chapéu ao guarda-redes fez a bola cair sobre a barra.
A segunda parte tinha tudo para ser tranquila, mas logo aos quatro minutos oferecemos um golo ao Estrela. O Trubin fez um passe desde a nossa área para o Pavlidis, que estava perto do círculo central, mas a bola vinha tensa e com tal força que a tentativa deste a controlar,. pressionado por um defesa nas costas, acabou por resultar num atraso que colocou a bola directamente num adversário, que com a defesa completamente aberta por estar posicionada para a saída de bola apenas teve que ultrapassar o Trubin e atirar para a baliza vazia. Estava relançada a incerteza no resultado, até porque o Benfica abanou com o golo e não conseguiu produzir muito futebol de qualidade durante largos minutos - julgo que as excepções terão sido um passe de trivela do Di María que certamente acabaria em golo do Pavlidis, mas um defesa conseguiu ainda desviar ligeiramente a bola no último instante, e um remate do Aursnes quase sobre a linha de fundo e à queima-roupa (depois de mais um passe do Di María, entre as pernas de um defesa) que o guarda-redes defendeu com a cabeça. A parte menos má foi mesmo que o Estrela nunca teve capacidade para causar grande perigo, e não se viram nenhumas jogadas que ameaçassem a nossa baliza. Mas se já tínhamos consentido dois golos vindos literalmente do nada, era perfeitamente plausível que isso pudesse voltar a acontecer. A vinte e um minutos do final, numa altura em que o Di María apresentou queixas físicas, trocámo-lo a ele e ao Kökçü pelo Schjelderup e o Barreiro e, sobretudo pela nova dinâmica que o Barreiro trouxe ao meio campo, pareceu-me que voltámos a controlar o jogo. E nos minutos finais, como Cabral e o Amdouni já em campo (saíram o Pavlidis e o Aktürkoglu) tivemos ocasiões para ampliar o resultado, a mais flagrante das quais um penálti a nosso favor, por mão de um defesa do Estrela depois de um bom trabalho individual do Cabral. Chamado a marcá-la, o Cabral atirou fraco e quase para o meio da baliza, permitindo a defesa ao guarda-redes e não deixando assim que chegássemos mais descansados ao final.
O destaque volta a ser o Pavlidis. Esteve nos três golos - marcou um, fez a assistência para outro, e foi dele o desvio que acabou no autogolo - e no geral esteve bem, movimentando-se bem no ataque. Não o culpo muito pelo segundo golo do Estrela, porque a bola vinha muito tensa do Trubin e ele estava pressionado por um defesa. Acho que passes verticais na zona central quando estamos a sair para o ataque são sempre uma opção muito arriscada e pagámos por isso. O Manu esteve bastante bem na sua estreia, e agora sim, temos um verdadeiro número seis como alternativa ao Florentino. Gostei também do Aursnes, a jogar numa função um pouco diferente, e o Barreiro teve uma entrada muito boa no jogo.
Com maior ou menor dificuldade, a tarefa foi cumprida. A distância para o primeiro lugar já não é pequena e não podemos dar-nos ao luxo de deitar fora mais pontos contra adversários que não são do nosso campeonato. Foi bom também ver que o Manu foi uma compra acertada, já que tenho reservas em relação à utilidade ou mesmo lógica de algumas das outras contratações que resolvemos fazer neste fecho de mercado.
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