Foi extremamente fácil para o Benfica vencer e golear o AFS. Ao intervalo o jogo já estava decidido, e se calhar se não tivéssemos jogado mais de metade da segunda parte com uma atitude de deixar andar, o resultado poderia ter sido ainda mais expressivo.
Com o Florentino e o Di María suspensos, optámos pelo Dahl e o Amdouni para os seus lugares. Apesar de um soluço logo no primeiro lance do jogo, em que houve um desentendimento entre o Trubin e a defesa, depressa ficou claro que o AFS não conseguiria ser um problema para o Benfica. Marcámos logo nos minutos iniciais, num remate do Aktürkoglu, mas o golo acabou anulado por posição irregular do Dahl no início da jogada. Mas não teve qualquer importância, porque aos oito já tínhamos marcado outra vez. Canto na direita marcado à maneira curta, cruzamento do Dahl para o segundo poste, e o Tomás Araújo a marcar na recarga ao primeiro cabeceamento do António Silva, que foi defendido pelo guarda-redes. Em vantagem, os espaços que já existiam para o Benfica atacar pareceram ficar ainda maiores. Cada ataque do Benfica causava perigo, com os três jogadores da frente muito móveis e a combinarem bem entre si - fiquei agradavelmente surpreendido com o Amdouni neste regresso ao onze. Foi portanto sem surpresa que chegámos ao segundo golo, aos vinte e três minutos. Novo canto na direita do ataque, marcado de forma curta, e o Dahl tabelou com o Kökçü para se libertar em direcção à linha de fundo e assistir o Pavlidis para um golo fácil. Três minutos depois, o terceiro. Novamente o Dahl na assistência, com um passe longo desde a esquerda para o Amdouni, que na zona central conseguiu evitar o marcador directo e já dentro da área marcar com um remate forte e rasteiro que fez a bola entrar junto ao poste. A ganhar por três aos vinte e seis minutos, o árbitro do jogo resolveu que seria melhor querer ser protagonista e tentar reduzir o ritmo de jogo, não fosse o Benfica lembrar-se de continuar a marcar. É preciso um talento muito especial para conseguir meter o público de uma equipa que está a ganhar por três antes da meia hora de jogo a chamá-lo de palhaço. Foram faltas claras em zonas perigosas não assinaladas a favor do Benfica, faltas assinaladas a beneficiar o infractor de forma a interromper ataques prometedores do Benfica, interrupções para esperar pela análise do VAR em lances completamente claros e inofensivos, valeu de tudo. Claro que o jogo sofreu com isso, e os jogadores do AFS aproveitaram para andar a distribuir gratuitamente umas pancadas sem grande receio de penalização disciplinar. Ainda deu para o Benfica marcar o quarto a cinco minutos do intervalo, num lançamento longo do Aursnes para as costas da defesa do AFS, que o Pavlidis captou e depois assistiu para o Aktürkoglu empurrar para a baliza.
Infelizmente, no regresso do intervalo aconteceu aquilo que eu mais ou menos esperava, que foi o Benfica a jogar de forma muito mais passiva. O jogo estava resolvido, a tarde era de calor, mais golo menos golo aconteceria, e por isso nem valia muito a pena estarem a correr demasiado. Também continuo a não perceber a insistência do nosso treinador no Tomás Araújo. O jogo estava de facto resolvido, qual foi a necessidade de estar a obrigar um jogador que claramente continua sem estar nas melhores condições físicas - e isso foi várias vezes evidente durante a segunda parte, em que não conseguia acompanhar em velocidade o jogador do seu lado - a fazer mais minutos? Não dava para o poupar um pouco? O AFS aproveitou para jogar um bocadinho e até conseguiu obrigar o Trubin à melhor defesa do jogo. Só arrebitámos um pouco novamente quando aos sessenta e oito minutos fizemos as primeiras substituições. Saíram o Carreras (que já tinha visto o amarelo que o deixa de fora do Estoril) e o Amdouni, para entrarem o Belotti e o Schjelderup, voltando o Benfica ao esquema de dois avançados que foi testado contra o Tirsense na taça, sem muito sucesso. Os dois que entraram vieram com vontade de agitar e o italiano nem demorou muito tempo a marcar, porque três minutos depois de estar em campo aproveitou uma boa combinação com o Aktürkoglu e na cara do guarda-redes fez o quinto golo. Animado, o Benfica pareceu perceber que mais golos estavam ali à mão de semear e voltou a tomar completamente conta do jogo e a carregar sobre a baliza adversária. Mais três alterações aos setenta e sete minutos (Prestianni, Cabral e Barreiro pelo Aktürkoglu, Pavlidis e Tomás Araújo) deram ainda mais energia à equipa, e o sexto golo apareceu aos oitenta e dois minutos. Remate do Kökçü num livre em posição frontal mas ainda muito longe da área (falta sobre o Belotti, que definitivamente veio agitar o jogo) com a bola a desviar num adversário e a obrigar o guarda-redes a uma defesa de recurso. O António Silva chegou primeiro à bola e conseguiu fazer um excelente cruzamento, de primeira, para o poste oposto, onde o Otamendi surgiu à vontade a cabecear. Uma bela combinação entre os nossos centrais. Nesta altura o Benfica estava entusiasmado, com os adeptos a empurrar a equipa para procurar mais golos (uma vez mais, que pena que não tenhamos jogado assim durante toda a segunda parte, porque o resultado poderia ter sido histórico) e o senhor do apito deve ter achado que já era demais. Não fosse o Benfica lembrar-se de marcar mais, deu uns míseros e injustificáveis dois minutos de compensação, e não contente com isso conseguiu arranjar uma confusão que assegurou que mesmo esses dois minutos praticamente não fossem passados a jogar futebol, mas sim em discussões e quezílias, acabando mesmo por expulsar alguém do banco do Benfica. Depois acabou imediatamente o jogo assim que os dois minutos se esgotaram. Foi mais um árbitro de qualidade muito duvidosa a deixar a sua marca em nossa casa.
Gostei bastante do trio da frente neste jogo. O Aktürkoglu e o Pavlidis estão num momento de forma muito bom, e a eles junto-lhes o Kökçü, que está talvez a atravessar o seu melhor momento desde que chegou ao Benfica. Menção para o Dahl, que fez duas assistências e ainda esteve envolvido em mais um golo, mostrando a sua utilidade nas bolas paradas (prefiro tê-lo a marcar cantos de forma a colocar a bola em condições na área em vez de ver o Di María sucessivamente a tentar marcar cantos directos durante todo o jogo) e também para a nossa dupla de centrais, com o António Silva a conseguir ir à frente para ter intervenção directa num golo e assistir noutro.
Faltam agora apenas três jogos e está tudo nas nossas mãos. Não trocaria a nossa posição com ninguém, porque prefiro ter a vantagem de receber o principal adversário em casa. Temos apenas que saber ser competentes e abordar cada jogo sempre com a máxima seriedade - e menciono isto porque mais uma vez fiquei com uma sensação de facilitismo da nossa parte no regresso do intervalo. Isso não pode acontecer. São noventa minutos para levar completamente a sério nos quatro jogos que faltam até a época acabar, sem dar qualquer margem para interferências - o artista de hoje, se tivesse tido a oportunidade, teria feito exactamente o mesmo que o outro fez no jogo com o Arouca.
A eliminatória já estava decidida e o jogo foi para cumprir calendário. Foi também uma pequena recompensa para o feito do Tirsense ter conseguido chegar tão longe na prova, mas o jogo, apesar do esforço do nosso adversário, teve o desfecho esperado. O Benfica ganhou e passou, povo de Santo Tirso fez a festa na mesma, e o Tirsense terá desfrutado da experiência de jogar na Luz, fazendo-o de forma descontraída e sem apostar em futebol ultra-defensivo ou tácticas anti-futebol.
As diferenças entre as duas equipas eram demasiado grandes, por isso nem com uma equipa completamente diferente da habitual o Benfica deixou de dominar completamente o jogo. Sobre o futebol jogado, não há muito a dizer. O Benfica jogou num esquema táctico diferente, com dois pontas-de-lança, mas sempre num ritmo bastante pausado e sem grande urgência. Deu no entanto para perceber que mesmo contra uma equipa do campeonato de Portugal, jogar com um meio campo Florentino/Barreiro é um mau conceito. E jogar com dois pontas-de-lança quando raramente se consegue criar jogo ofensivo para os servir com um mínimo de qualidade também não resultou muito bem. O jogo só animou um pouco mais quando a meia hora do final entrou o Prestianni e se desfez a dupla inicial do meio campo, trocando o Florentino para promover a estreia do João Veloso, provavelmente não sendo também alheia a maior incapacidade física dos jogadores do Tirsense. Para a história, ficam os golos, que foram quatro. Um a fechar a primeira parte, do António Silva a desviar à boca da baliza um remate do Barreiro, na insistência de um pontapé de canto, e três na segunda parte, já depois das alterações feitas. Dois deles, o segundo e quarto, novamente na sequência de pontapés de canto, um do Bajrami, que apareceu exactamente na mesma zona onde o António Silva tinha marcado o primeiro, desta vez para desviar um primeiro cabeceamento do Cabral, e o outro do Barreiro mesmo a fechar, mais uma vez exactamente no mesmo sítio dos outros dois, desta vez para fazer a recarga a um cabeceamento do António Silva que tinha desviado num defesa do Tirsense e foi depois defendido pelo guarda-redes. Pelo meio, um golo de bola corrida, marcado pelo Belotti, que surgiu sozinho em frente ao guarda-redes bem no meio da área depois de assistido pelo Tiago Gouveia, o nosso lateral direito neste jogo. Essa jogada fica marcada sobretudo pelo estupendo passe longo do Samuel Soares, que isolou o Tiago na direita. Menção também para as outras estreias na equipa principal para além do João Veloso: o André Gomes (que eu gostaria muito que fosse o futuro da baliza do Benfica) e o Hugo Félix. Finalmente, o pormenor bizarro de vermos o Prestianni acabar o jogo como lateral direito.
Estamos de regresso ao Jamor após demasiados anos sem lá ir, agora é tentar vencer os piscineiros da banca para juntar finalmente mais uma Taça de Portugal ao nosso historial. Segue-se a recepção ao AFS para a liga, e conforme já escrevi antes, estes jogos teoricamente mais fáceis parecem ser aqueles que conseguem deixar-me mais apreensivo. Conseguimos empatar contra esta equipa na primeira volta porque não abordámos o jogo com a devida seriedade durante os noventa minutos. É preciso não cometer o mesmo erro uma segunda vez.
O jogo esteve muito longe de ser tão fácil quanto o resultado pode fazer crer, mas com uma mentalidade muito forte conseguimos quebrar a malapata em Guimarães (onde tínhamos empatado nas três últimas épocas) e conquistar uma vitória muito importante, por números que não deixam dúvidas. Foram três golos em casa de uma equipa que não sofria golos como visitada há cinco jogos consecutivos.
O jogo antevia-se complicado, e a chuva forte que deixou o campo pesado e encharcado não ajudou. O Benfica entrou em campo com o mesmo onze pela terceira jornada consecutiva, e de imediato se viu aquilo que era esperado: uma entrada muito forte por parte do Vitória, que veio com tudo para cima do Benfica e que logo no segundo minuto teve uma ocasião flagrante para marcar. Valeu-nos que o desvio do Telmo Arcanjo, que surgiu solto ao segundo poste, saiu ao lado da nossa baliza. O Vitória pressionava de forma extremamente agressiva, com quase toda a equipa metida no nosso meio campo e três, quatro, até cinco jogadores em cima da nossa área a morder as canelas aos nossos jogadores sempre que tentávamos sair a jogar. Passámos por isso por dificuldades nos primeiros vinte minutos, durante os quais praticamente não conseguimos fazer uma jogada com mais de três passes certos seguidos. E a exemplo do que já aconteceu no jogo anterior, a nossa ala direita, com o Tomás Araújo e o Di María, foi muito pouco útil e quando conseguíamos sair era pelo lado oposto, onde o Carreras e o Aktürkoglu assumiam as despesas. Mas acabou por ser a pressão alta do Vitória a resultar no nosso golo inaugural - pressionar assim tão alto tem sempre os riscos associados quando a equipa pressionada consegue ultrapassar essa linha de pressão. Aos vinte e um minutos, numa jogada em que cheguei a ver o caso muito mal parado, com o Tomás Araújo, o António Silva e o Florentino a serem muito apertados sobre a direita da nossa área, o passe deste último acabou por conseguir sair paralelo à linha lateral até aos pés do Pavlidis sobre a linha do meio campo, que rodou e de imediato soltou para o Aktürkoglu do lado oposto do campo. Depois foi uma jogada de contra-ataque perfeitamente desenhada, com o turco a progredir para a área e a soltar na altura certa para o Kökçü, que já na área rematou para uma defesa do Varela que deixou a bola para o Pavlidis empurrar para a baliza deserta (um lance quase igual ao que aconteceu a semana passada contra o Arouca, em que o Aktürkoglu rematou para defesa do guarda-redes e depois o Di María não conseguiu fazer o mesmo que o Pavlidis). Um golo muito importante para abanar o ímpeto do Vitória, que nos minutos seguintes acusou de forma notória o golpe e isso permitiu finalmente ao Benfica respirar e jogar de forma mais controlada. Ao ponto de até termos conseguido marcar mais uma vez. Sem surpresa nenhuma, nova jogada pelo lado esquerdo, onde o Aktürkoglu solicitou a entrada do Carreras que colocou a bola à frente da baliza para o Pavlidis empurrar, mas desta vez o grego foi demasiado rápido e adiantou-se à linha da bola, ficando em posição irregular. Mas o nosso adversário voltou a ganhar novo ânimo para os minutos finais da primeira parte, motivado por um livre marcado para a área do qual resultou um cabeceamento para uma defesa por instinto do Trubin, que de forma quase inacreditável evitou um golo que parecia quase certo. Mas conseguimos suster o novo ânimo do Vitória até ao intervalo com segurança.
Não mudámos nada ao intervalo e o jogo voltou com o Vitória ainda por cima do jogo e a assumir as despesas do ataque. Ao fim de poucos minutos, no entanto, o Di María acusou problemas físicos e acabou por ser substituído pelo Schjelderup, que se foi colocar sobre a esquerda, mudando o Aktürkoglu para a direita. Gosto muito do Di María, mas há males que vêm por bem. Ele não estava a ter qualquer utilidade neste jogo, e com esta alteração a nossa equipa ficou mais equilibrada e passou a ter capacidade para sair a jogar pelos dois flancos. Apesar do Vitória continuar por cima, pareceu-me que estivemos bastante mais seguros na segunda parte e não permitimos que o Vitória conseguisse causar tantos problemas à nossa defesa. O que não podíamos controla era a vontade de inventarem livres perigosos à entrada da nossa área, mesmo ao jeito do Tiago Silva. Foram dois quase na mesma posição, e ambos completamente inventados. Felizmente morreram ambos na barreira, mas ficou bem patente o perigo a que estávamos sujeitos (o indivíduo do apito é aquele que teve uma exibição arbitral épica na Amadora quando o clube dos bancos lá jogou). A vinte minutos do final lá tivemos a repetição de um cenário tantas vezes visto esta época, em que o Tomás Araújo já não conseguiu aguentar mais e teve mesmo que ser substituído. Eu honestamente não sei se aquilo que o Tomás Araújo consegue oferecer à equipa a jogar na lateral direita durante 60-70 minutos é assim tanto que justifique termos que queimar sempre uma substituição em todos os jogos, mas o treinador é o Bruno Lage, ele lá saberá. Mas mais uma vez, há males que vêm por bem e com a entrada do Barreiro para o meio campo e o desvio do Aursnes (que nem estava a ter um jogo particularmente bem conseguido) para a direita achei que a nossa equipa ficou mais uma vez melhor. E enquanto as equipas se ajustavam, aproveitou o Carreras para dar mais um golpe decisivo no jogo. Deixado na esquerda no um para um com o lateral direito do Vitória, ultrapassou-o numa iniciativa individual de classe, e já de ângulo apertado rematou a bola entre o Varela e o poste mais próximo para um grande golo. Não digo que o jogo ficou resolvido porque se há equipa que eu acho que nunca desiste é o Vitória, e quase na resposta esteve muito perto de voltar à discussão do resultado. Valeu-nos mais uma defesa estrondosa do Trubin, literalmente o segundo golo que ele defendeu neste jogo, com uma estirada de reflexos espantosos. Não voltou o Vitória ao jogo, aproveitou o Benfica para o matar a seis minutos do final. O Schjelderup foi travado em posição frontal à área do Vitória, ainda um pouco longe dela, e no livre resultante o Kökçü rematou para uma defesa incompleta do Varela (tentou agarrar a bola e deixou-a fugir para a frente). No sítio certo lá estava mais uma vez o Pavlidis, que de pé esquerdo empurrou para o terceiro golo. Só aí é que o Vitória finalmente se entregou, com o Benfica a colocar o Bruma, Dahl e Belotti em campo para os minutos finais.
A figura do jogo pode ser o Pavlidis pelos dois golos, mas o homem do jogo para mim foi o Trubin. Esteve sempre seguríssimo e fez duas defesas estrondosas que evitaram dois golos certos. Outros destaques foram para mim o Florentino, que começou mal o jogo mas foi sempre subindo de rendimento até acabar por ser um dos melhores, e o Carreras. Os dois turcos também estiveram num bom nível. O Aktürkoglu está de regresso à boa forma e é sempre uma das opções mais válidas para fazer as transições ofensivas, e o Kökçü é o organizador de jogo por onde passam quase todas as bolas quando saímos para o ataque.
Tal como há duas semanas no Porto, havia muita gente a salivar e a apostar muitas fichas na perda de pontos por parte do Benfica neste jogo. Eu confesso que nesta altura até me sinto menos preocupado com os jogos teoricamente mais difíceis. Por norma preparamos bem os jogos e os nossos jogadores apresentam-se com a atitude competitiva que se exige. E quando os nossos jogadores estão ao seu melhor nível, nenhuma equipa em Portugal consegue fazer-nos frente. São os jogos mais fáceis que por vezes me deixam mais apreensivo, porque eu acho que nós temos uma irritante tendência para a sobranceria neles. Já tivemos diversos exemplos esta época do que pode acontecer nesses jogos, e é por isso que eu espero que o cenário não se repita uma vez mais com o AFS. Somos claramente favoritos, mas temos que entrar em campo com a atitude que justifique esse favoritismo, e não ficar à espera que sejam as camisolas a ganhar o jogo.
A nossa equipa é, já o sabemos, capaz do melhor e do pior. E tenho sempre receio dos jogos a seguir ao melhor, porque inevitavelmente há a tendência para a sobranceria e depois pagamos por isso. Foi assim que, a seguir à brilhante exibição no Dragão, consentimos um empate embaraçoso em casa contra uma equipa que em condições normais deveria ter saído goleada da Luz.
Mesmo onze do Porto, e bastaram alguns minutos para perceber que a atitude trazida para este jogo era muito a de 'isto vai resolver-se'. Somos (muito) melhores, e inevitavelmente a qualidade acabará por se impor. Por isso a sensação com que fiquei foi a de que jogámos a uma velocidade algo reduzida, que deu no entanto para dominar completamente a primeira parte, mas que dificultava a chegada ao golo porque os nossos jogadores teimavam em adornar lances e serem pouco expeditos na altura de rematar - é só ver a quantidade de remates bloqueados, porque com o tempo que demorávamos até o fazer já estava um adversário na frente da bola. Excepções foram dois pontapés de canto em que foram defesas a substituir o guarda-redes em cima da linha, e um trabalho individual do Pavlidis a fazer a bola esbarrar no poste. Mas mesmo com um domínio total da primeira parte, os nossos jogadores já deviam ter ficado avisados: o Arouca demorou vinte minutos até chegar à nossa baliza, mas quando o fez foi precisa uma defesa fantástica do Trubin para evitar o golo num remate de fora da área. Outro pormenor que ficou evidente durante a primeira parte: a quase inexistência do flanco direito na nossa equipa. O Tomás Araújo é central, por muito que jogue na direita, mas num jogo em que temos que passar a maior parte do tempo a atacar isso torna-se ainda mais evidente. Não tem velocidade suficiente para ganhar a linha, raramente ou nunca consegue centrar uma bola (nem sequer parece ter grande vontade para arriscar fazê-lo) e demora demasiado a recuperar, porque ainda por cima sabemos que não está nas melhores condições físicas - não sei quantas vezes vi a bola ser-lhe colocada a solicitar a corrida dele e ele a desistir imediatamente e a nem sequer tentar lá ir, porque terá certamente a noção das suas limitações. Depois tivemos um Di María que veio para este jogo com o complicador no máximo e que não conseguiu fazer quase nada de produtivo. Perdeu diversos lances por se agarrar à bola e complicar, passou e cruzou mal e foi sempre um jogador à parte do jogo. Nulo ao intervalo e mais uma vez aquela sensação de termos desperdiçado metade do jogo.
Esperava mudanças logo ao intervalo, mas não. Nenhuma reacção por parte do nosso treinador, que continuou impávido e sereno sentado no banco a assistir, ao melhor estilo Roger Schmidt, às coisas a ficarem ainda piores devido ao Arouca ter uma boa entrada na segunda parte e começar a perceber que conseguia quase sempre ter um ou dois jogadores com imensa liberdade no meio campo, e conseguia até chegar com perigo à nossa área. O nosso flanco direito continuava pavoroso, ao ponto do treinador ter percebido isso mesmo e preparar-se finalmente para mexer nas alas, com a entrada do Schjelderup (e do Belotti). Só que precisamente nesse momento, aos sessenta minutos de jogo, o Benfica marcou. Foi precisa uma iniciativa individual do Carreras pela esquerda, que arrancou desde o nosso meio campo defensivo, deixou tudo e todos para trás e já na área colocou a bola atrasada para a entrada da mesma, onde o Aursnes lateralizou para um remate em arco, de primeira, do Kökçü a colocar a bola ao ângulo. O nosso treinador arrependeu-se e fez as substituições andar para trás. Imediatamente a seguir, grande ocasião para o Benfica, com o Aktürkoglu a rematar para a defesa do guarda-redes e depois o Di María, de baliza aberta e com tudo para marcar, conseguiu de forma incompreensível embrulhar-se com a bola e atirar ao lado. Aos sessenta e sete minutos veio a palhaçada do jogo. Com o Otamendi já no chão dentro da área, um jogador do Arouca literalmente mergulhou para cima dele e o árbitro imediatamente apitou para penálti. Avisado pelo VAR para ir rever as imagens, manteve de forma incompreensível a decisão e disse que o Otamendi tinha 'rasteirado com a cabeça' o mergulhador (um conceito verdadeiramente inovador). Um penálti absolutamente ridículo e fabricado, mais ao estilo daqueles que normalmente têm sido sistematicamente assinalados a favor dos ladrões de bancos. O Arouca aproveitou para empatar e voltámos a ter um problema. Só aos setenta e seis minutos de jogo é que o nosso treinador decidiu finalmente mexer na equipa, trocando o Di María (que entretanto já tinha tido uma queda na área que de certeza absoluta teria dado penálti por suposto empurrão nas costas caso tivesse um equipamento às riscas) e o Florentino pelo Belotti e o Schjelderup, mas mantendo o Tomás Araújo em campo, e por lá ficaria o jogo todo. Mas conseguimos voltar à vantagem a dez minutos do final, num canto à maneira curta no qual o Kökçü colocou a bola de régua e esquadro na cabeça do Pavlidis, que surgiu solto ao segundo poste. O assunto parecia resolvido, até porque estávamos nesse momento completamente por cima no jogo. Tivemos mais ocasiões para colocar uma pedra sobre o assunto e até marcámos mesmo o terceiro golo, pelo Schjelderup, que acabou anulado por fora-de-jogo. Falhámos, falhámos e falhámos, e depois para os últimos minutos colocámos o Bruma e o Barreiro em campo (saíram o Aktürkoglu e o Pavlidis) e com o nervosismo habitual associado a uma margem mínima recuámos nos últimos minutos. Acabámos por sofrer o empate no quinto minuto dos sete de compensação que foram dados, em que uma bola cruzada a partir da esquerda encontrou um adversário completamente solto na área para finalizar. Houve ainda tempo para mais uma substituição, na qual entrou o Cabral e mais uma vez foi mantido em campo um lateral direito incapaz de subir no terreno e cruzar a bola para a área, com a agravante de ter saído o Aursnes, que até é capaz de fazer a posição. Não foi por aí que acabámos por empatar, simplesmente não consegui compreender a insistência num central, com problemas físicos, durante 99 minutos como lateral num jogo em que queremos e precisamos de atacar.
Melhor em campo o Kökçü, correu que se fartou, marcou um golo, assistiu outro. Mas quando se empata em casa com o Arouca não é possível andar a fazer muitos elogios aos jogadores.
Já tinha escrito que qualquer relaxamento seria sempre fatal, e tivemos a prova provada disso. É por demais evidente qual é a equipa a quem estão a tentar a todo o custo oferecer o título de campeão desde o início da época, e é escusado estarmos a facilitar a tarefa. A motivação extra e a vantagem que conseguimos a semana passada, deitámo-las hoje imediatamente fora. Jogo menos conseguido do Benfica, aliado ao que me pareceu uma leitura menos boa por parte do nosso banco e uma decisão muito difícil de compreender da arbitragem, resultaram nisto.
Tudo normal. Exigia-se uma vitória folgada do Benfica, mesmo sabendo que apresentaríamos uma equipa muito diferente da habitual. Mas o Tirsense, que teve o mérito de conseguir chegar a esta fase da Taça, está três escalões abaixo, não é uma equipa profissional e ainda por cima tinha que jogar numa casa emprestada, lotada com uma enorme maioria adeptos benfiquistas, por isso a goleada que acabou mesmo por acontecer era facilmente previsível.
Do último jogo sobreviveram apenas dois jogadores no onze, António Silva e Florentino. Samu, Leandro, Bajrami, Dahl, Barreiro, Rego, Amdouni, Schjelderup e Belotti completaram a equipa, que se dispôs num 4231, em que o Rego jogou mais pela direita e o Amdouni atrás do ponta-de-lança. Nem vale muito a pena falar sobre o jogo, porque foi o esperado. Teve sentido praticamente único, mesmo que não tenha sido nenhum massacre ou uma pressão sufocante por parte do Benfica, que nem imprimiu um ritmo muito elevado ao jogo. Mas o Tirsense mal conseguiu passar do meio campo, e era apenas uma questão de esperar para ver quanto tempo duraria a sua resistência. Durou pouco mais de um quarto de hora, e foi quebrada por um auto-golo. Com a nossa ala direita a ser desapontante, foi sobretudo pela esquerda que criámos mais perigo, com o Schjelderup a ser um dos jogadores mais em evidência, e foi por aí que nasceu a jogada do golo, com o cruzamento tenso do Dahl a ser desviado da pior maneira por um defesa do Tirsense. O segundo golo nasceu também desse lado, num bom cruzamento de pé esquerdo do Schjelderup que permitiu o João Rego aparecer no meio para uma boa finalização de primeira. No início da segunda parte o Tirsense até regressou com vontade e conquistou um par de pontapés de canto, mas nunca criou perigo. E com o jogo numa toada aborrecida, foi preciso esperar pelas substituições para que o jogo animasse. A vinte e cinco minutos do final entraram três de uma vez: Prestianni, Tiago Gouveia e Cabral para os lugares do Leandro, Rego e Amdouni, com a equipa a mudar para 442. Em poucos minutos o Tiago Gouveia conseguiu dar mais profundidade ao lado direito do que o Leandro o tinha feito até então, e o Prestianni jogou de forma muito solta e trouxe uma nova energia ao jogo, com os resultados a serem imediatos. Golos do Prestianni, Cabral e Schjelderup (com assistências, respectivamente, do Schjelderup, Tiago Gouveia e Prestianni) deram uma expressão mais lógica ao resultado. Até final assinalo também a estreia do jovem Wynder, um central que eu considero muito promissor.
Acho que o Schjelderup foi quem melhor aproveitou a oportunidade. Um golo e duas assistências, e foi sempre um dos que mais tentaram acelerar o jogo sempre que a bola lhe chegava aos pés (ao contrário, por exemplo, do Amdouni, que me pareceu andar ali a fazer um frete). É bom ver o Tiago Gouveia de regresso, e se calhar até pode mesmo ser uma alternativa a considerar para a posição de lateral, ainda por cima com as limitações físicas do Tomás Araújo. O Prestianni também aproveitou muito bem os poucos minutos que teve.
A eliminatória ficou praticamente resolvida, conforme se exigia, e podemos agora aproveitar a segunda mão para dar mais alguns minutos aos menos utilizados e descanso aos habituais titulares. Algo sempre útil numa fase tão avançada da época.
No final do post sobre o jogo anterior escrevi que 'o melhor Benfica é inalcançável para aquilo que este Porto consegue produzir', e o jogo de ontem foi a prova provada disso mesmo. Foi um resultado histórico para o Benfica - desde que vejo futebol foi sem dúvida a vitória mais fácil que alguma vez nos vi conquistar no Porto. E acho que nem sequer estarei a ser arrogante se escrever que o resultado ainda poderia ter sido mais dilatado.
Acho que toda a gente sabia que o Florentino e o Tomás Araújo regressariam ao onze, e para mim a única dúvida era saber quem seriam os escolhidos para jogar ao lado do Pavlidis no trio atacante. A opção foi a de manter os mesmos que já tinham sido titulares contra o Farense, Di María e Aktürkoglu. O Porto manteve o onze que conseguiu a melhor série de vitórias consecutivas (duas) na era Anselmi. Início de jogo perfeito para o Benfica, pois bastaram quarenta segundos para nos colocarmos em vantagem. Depois de um pontapé longo na saída de bola beneficiámos de um lançamento de linha lateral no lado direito do nosso ataque, e na sequência deste a bola viajou até à esquerda, onde o Aktürkoglu olhou para a área e colocou a bola a cair nos pés do Pavlidis, que finalizou com um remate rasteiro de primeira. O lance foi inicialmente invalidado pelo auxiliar mas logo no estádio (foi mesmo à minha frente) fiquei com a sensação de que seria legal, o que o VAR acabou por confirmar. Grande balde de água fria no entusiasmo dos da casa (o ambiente que conseguiram criar antes do jogo foi bastante forte) e uma injecção de confiança para o nosso lado. O Porto até reagiu bem ao golo e tentou ser agressivo na pressão, conseguindo ter bastante mais bola do que o Benfica e criando algumas situações de perigo - não lhes chamo oportunidades de golo porque o Porto nem sequer conseguiu finalizá-las - que resultaram precisamente dessa pressão e dos erros individuais que provocou nos nossos jogadores: foram bolas perdidas pelo António Silva, o Di María e o Florentino que resultaram nessas situações mais perigosas. O problema maior para o Porto é que assim que o Benfica recuperava a bola conseguia quase sempre criar jogadas de grande perigo, aproveitando sobretudo o imenso espaço que existia nas alas, onde os laterais do Porto se projectavam mas os centrais não conseguiam cobrir esse espaço. Mesmo nessa fase melhor do Porto, a oportunidade mais flagrante foi um cabeceamento do Florentino que obrigou o Diogo Costa a uma grande defesa, para depois o Tomás Araújo fazer a recarga ao poste, embora estivesse em posição irregular. O gás do Porto durou aproximadamente até à meia hora e pareceu acabar precisamente quando em mais uma saída perigosa do Benfica o Aktürkoglu rematou de ângulo apertado ao poste (quando acho que poderia ter colocado a bola no Pavlidis para um golo fácil). A partir daí e até ao intervalo foi o Benfica a mandar no jogo até ao ponto do segundo golo se tornar quase numa inevitabilidade. No espaço de três minutos o Pavlidis, servido pelo Aktürkoglu, acertou no poste, depois o Diogo Costa tirou com a ponta dos dedos um golo quase certo ao Pavlidis, que sozinho ao segundo poste só teria que empurrar a bola cruzada pelo Aursnes para a baliza, e finalmente, aos quarenta e dois minutos, chegou mesmo o segundo golo. Depois de um pontapé de canto a nosso favor a bola foi afastada para a entrada da área, onde o Florentino tentou o remate de primeira mas apenas conseguiu acertar uma rosca na bola, que a levou até aos pés do Pavlidis na área. Sobre a esquerda, o nosso ponta-de-lança captou a bola de costas para a baliza, virou-se, sentou um adversário, e colocou a bola entre o Diogo Costa e o poste mais próximo. Na minha opinião, e mesmo com toda uma segunda parte para jogar, o jogo ficou sentenciado ali mesmo.
Se havia quem ainda tivesse esperança numa reacção do Porto após o intervalo, depressa essa esperança se deve ter dissipado. O Porto não mudou nada no descanso (eu esperava que desfizesse os três centrais, que claramente não estavam a funcionar) e o Benfica regressou a mandar completamente no jogo. Se o Benfica já se tinha mostrado bastante confortável na primeira parte, mesmo com o Porto a ter mais bola, na segunda nem sequer isso o Porto teve. O Benfica jogou sempre de forma muito personalizada e confiante, e continuava sempre a criar perigo de cada vez que levava a bola até perto da área do Porto. Já o Trubin, era pouco mais do que um espectador. Para dificultar ainda mais as coisas para o Porto, na segunda parte tivemos o Di María muito mais em jogo do que na primeira, durante a qual tinha sido o Aktürkoglu a principal dor de cabeça dos defesas do Porto nas transições ofensivas do Benfica. Acho que começou a ser demasiado óbvio que o Benfica não ficaria por ali, e nem estou a falar apenas de mim próprio, porque mesmo os adeptos do Porto que estavam à minha volta me pareceram resignados ao que estava a acontecer. Costuma ser uma figura de estilo, mas na realidade achei que o Benfica conseguiu mesmo silenciar o estádio e durante a maior parte do tempo apenas conseguia ouvir os nossos adeptos. Ainda tivemos a inevitável saída por inferioridade física do Tomás Araújo, rendido pelo Dahl (já não consigo chamar isto de infortúnio, porque é uma espécie de hábito) mas isso em nada alterou o jogo. O Benfica continuava a chegar com perigo à área do Porto e acumulou várias situações de perigo - destaque para um defesa incrível do Diogo Costa, à guarda-redes de andebol, a um cabeceamento do Otamendi - e aos sessenta e nove minutos chegou finalmente ao terceiro golo. O Di María, ainda longe da área, colocou a bola de forma milimétrica na cabeça do Pavlidis, que na área apareceu nas costas do Pérez e só com o Diogo Costa pela frente desviou ligeiramente a bola para completar o hat trick. E tudo a parecer tão natural. Aquele espaço entre lateral e central foi sempre um filão para o Benfica, que ganhou repetidamente bolas cruzadas para a área - todos os nossos golos foram resultado de cruzamentos para a área, mesmo tendo um deles sido acidental. Conforme escrevi, os adeptos do Porto já pareciam antes resignados e este golo provocou a saída imediata de vários deles do estádio. Com o jogo resolvido trocámos o Di María (que não pareceu gostar de sair, porque aposto que estava cheio de vontade de marcar também) e o Pavlidis pelo Schjelderup e o Belotti (veio o Aktürkoglu para a direita) mas nada mudou e continuámos a mandar no jogo e a ameaçar voltar a marcar, tendo o Schjelderup ficado perto de o fazer. A nove minutos do final, e de forma quase inesperada o Porto conseguiu reduzir, numa recarga do Samu a um primeiro remate do Fábio Vieira que o Trubin defendeu, num lance em que o António Silva teve um tempo de reacção demasiado lento. Mas nem demos oportunidade ao Porto de pensar num eventual milagre, porque continuámos a controlar o jogo com facilidade. Para o período de compensação fizemos entrar o Barreiro para o lugar do Aktürkoglu e reorganizámo-nos com o Dahl a passar para a esquerda e o Aursnes a fechar a lateral direita, reservando mesmo para o fim o punhal cravado no coração portista. Minutos antes os adeptos tinham aplaudido e festejado a pancada que o Borges tinha dado no Otamendi, por quem têm uma antipatia particular, e no ultimo lance do jogo um livre conquistado pelo Belotti sobre a esquerda foi batido pelo Kökçü para o poste mais distante, onde surgiu o nosso capitão completamente à vontade para fazer o quarto golo e oferecer-nos um final de jogo ainda mais em festa.
É uma escolha óbvia: o Pavlidis é o homem do jogo. Conseguiu fazer aquilo que nenhum jogador do Benfica tinha feito antes, que foi marcar três golos em casa do Porto. Está a pagar com juros a confiança que o treinador depositou nele mesmo no período em que parecia um caso perdido, e é neste momento um dos principais argumentos do Benfica na luta pelo título de campeão. Tal como referi no último jogo, quem parece estar a regressar à forma que apresentou na fase inicial da época é o Aktürkoglu, que foi uma dor de cabeça constante para a defesa do Porto. Pena apenas que não tenha tido um pouco mais de frieza na definição em algumas ocasiões, porque poderia ter oferecido um par de golos ao Pavlidis. No geral toda a equipa esteve num nível alto, mas mesmo quase sem se dar por ele eu gosto sempre muito de ver a importância que o Aursnes tem no equilíbrio da equipa, conseguindo ser muitas vezes o primeiro a pressionar na frente para logo a seguir estar cá atrás a recuperar bolas. Passa rapidamente do meio para depois estar a dar profundidade sobre a direita, onde também compensa a menor propensão do Di María para defender (coisa que, por acaso, não me pareceu que tivesse acontecido ontem). O Otamendi e o Carreras também estiveram impecáveis.
Conforme já escrevi antes também, somos a equipa que se apresenta no melhor momento de forma para a fase final do campeonato, e temos a vantagem de receber na Luz o principal adversário nessa luta, que entre mergulhos, simulações e penáltis manhosos se vai mantendo nela. Quando esta equipa joga o que pode e sabe, nenhuma outra equipa em Portugal consegue fazer-nos frente. O desafio está mesmo em conseguirmos manter este nível constante até final, até porque já vimos em vários jogos o que pode acontecer sempre que baixamos a guarda e a concentração. Espero que este jogo e este resultado sirvam de catalisador para uma ponta final perfeita. O resultado pode ter sido histórico, mas de nada servirá se no final acabarmos por não conseguir o título.
O melhor do jogo foi o resultado. O Benfica conseguiu os indispensáveis três pontos, mas jogou pouco e ficou-se pelo quanto baste para levar de vencida pela margem tangencial um Farense que aproveitou para fazer pela vida e acabou por se encontrar numa situação de poder ambicionar sair da Luz com pontos.
Em risco de suspensão, o Florentino ficou fora do onze e foi substituído pelo Renato. As outras mudanças foram o Dahl como lateral direito, e na frente houve troca total: Di María, Aktürkoglu e Pavlidis titulares, e Amdouni, Bruma e Belotti de fora. Resumidamente, o jogo acabou por ser mais uma repetição daquilo que já vimos algumas vezes esta época. Entrada forte, vantagem conseguida, tentativa falhada de gerir o esforço e o resultado, e com isso a conseguirmos recolocar o adversário na discussão do resultado. A entrada do Benfica foi mesmo bastante forte, com domínio total do jogo e golos como resultado disso. O primeiro logo aos sete minutos, com o Di María a lançar o Aursnes sobre a direita e este a colocar a bola à frente da baliza para o Aktürkoglu empurrar. Jogo praticamente todo disputado dentro do meio campo do Farense, jogo controlado e dominado com grande facilidade, e tudo parecia encaminhar-se para uma noite muito tranquila e um jogo ideal para não nos cansarmos muito a meio da semana. Apesar deste cenário, foi em contra-ataque que chegámos ao segundo golo, aos vinte e três minutos. Canto a favor do Farense, no qual o Trubin subiu e agarrou a bola. Depois pontapeou-a na direcção do Aktürkoglu, que sozinho na frente foi até à ponta esquerda do ataque e colocou a bola na área, onde surgiu o Pavlidis, que tinha sido o único outro jogador a conseguir lá chegar entretanto. No meio de vários defesas adversários, uma óptima recepção do grego seguida de um bom trabalho individual permitiram-lhe virar-se para a baliza e ficar só com o guarda-redes à frente, colocando depois a bola entre as pernas deste. Mais um golo muito bom de um jogador que continua a mostrar níveis de confiança que pareciam impossíveis na primeira fase da época. O problema para o Benfica foi que depois deste segundo golo ficámos logo com a impressão de que baixámos o ritmo. Aliás, não demorou muito até que o Trubin fosse obrigado a ter uma excelente intervenção contra um adversário que lhe apareceu isolado. E acabámos por pagar o preço à beira do intervalo, quando num pontapé de canto os jogadores do Farense conseguiram ganhar duelos aéreos por duas vezes dentro da nossa pequena área. O primeiro cabeceamento levou a bola à barra, e com o Trubin no chão o segundo colocou a bola dentro da baliza.
Mostrámos alguma vontade de reagir no regresso do intervalo, do qual regressámos com o Barreiro no lugar do Renato (pelos vistos, acabou a época para ele depois de mais uma lesão muscular) e voltámos a marcar relativamente cedo, em mais uma boa jogada de futebol corrido. Com nove minutos decorridos, boa abertura do Aursnes para a desmarcação do Pavlidis sobre a esquerda, e uma vez mais um grande trabalho individual do nosso ponta-de-lança, a controlar a bola no peito para depois já perto da linha de fundo colocar a bola de primeira à frente da baliza, onde estava o Aktürkoglu para mais uma vez empurrar a bola para o golo. Novamente dois golos de vantagem, e regressou um certo relaxamento, que o Farense não demorou muito a aproveitar. Nove minutos depois do nosso golo e lá voltava a diferença para a margem mínima, depois de uma boa jogada dos algarvios. O Rony Lopes abriu bem a bola na esquerda do seu ataque, por onde entrou muito à vontade o lateral esquerdo, e a bola foi depois colocada bem no meio da área, onde estava agora o mesmo Rony completamente à vontade para rematar para o golo. Voltava o nervosismo desnecessário, com o jogo a entrar progressivamente numa toada demasiado partida, em que o Benfica mostrou uma preocupante incapacidade para guardar a bola e meter o jogo no congelador. O lance mais perigoso que criámos foi um livre marcado pelo Di María, ainda bem longe da área, que obrigou o Ricardo Velho a mergulhar junto à base do poste para evitar o golo, enquanto que o Farense respondeu com um cabeceamento do Tomané que obrigou o Trubin a fazer mais uma grande defesa. As trocas do Di María e do Pavlidis pelo Schjelderup e o Belotti, que implicaram também uma alteração táctica para aquele esquema dos falsos três centrais (o Dahl veio para a esquerda e o Aursnes recuou para lateral direito) revitalizaram um pouco o nosso ataque e deixaram-nos um pouco mais organizados, mas apesar do Farense não ter conseguido criar mais nenhuma ocasião de grande perigo junto à nossa baliza o nervosismo permaneceu até final, com uma arbitragem francamente fraca a contribuir bastante para esse cenário.
O Aktürkoglu foi o homem do jogo, com dois golos e uma assistência. Pareceu-me mais solto e rápido, ao contrário dos últimos meses, e seria muito bom poder contar com o mesmo jogador que ele foi durante a fase inicial da época. Muito bem também o Pavlidis, que marcou um bom golo e assistiu outro, e para além dele também gostei bastante do Aursnes. O Trubin também fez um bom jogo, com intervenções de grande qualidade e sem poder fazer muito mais nos dois golos sofridos.
Estamos onde queremos e vamos agora tentar defender a posição num dos jogos tradicionalmente mais complicados da época. Objectivamente, este Porto está longe de um nível que impressione, mas sabemos que estes jogos no Porto são sempre uma coisa à parte. Apesar do Porto estar praticamente fora da luta do título, se nos puderem ganhar e com isso complicar a nossa vida, isso quase que lhes faz a época. O melhor Benfica é inalcançável para aquilo que este Porto consegue produzir, mas o Benfica de ontem à noite terá sempre sérios problemas.
P.S.- Acabou por não ter consequências de maior, mas até poderia ter tido. A não intervenção da VAR no lance em que o António Silva foi pisado na área, no que deveria ter sido um penálti claro e evidente, não tem qualquer explicação lógica. Depois de tanto elogiarem a Catarina Campos por ser a primeira mulher a arbitrar um jogo da primeira liga em Portugal, a sua actuação como VAR neste lance apenas pode ser descrita de uma forma: incompetência grosseira.
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