Hoje fui surpreendido com notícias nos desportivos que dão conta de um eventual interesse do Benfica no Jorge Ribeiro. Sinceramente, não percebo como é que esta hipótese pode ser sequer considerada. Tendo em conta a forma como o Jorge Ribeiro saiu, tendo em conta a forma como ele e o seu mano lagarto se referiram ao Benfica depois disso (e basta lembrarmo-nos da forma como festejou o seu golo na Luz este ano para termos mais uma confirmação do respeito que tem ao nosso clube), o Jorge Ribeiro deveria ser considerado persona non grata no Benfica, e o seu regresso uma ideia que apenas poderia ser considerada por alguém que não tenha a mais pálida ideia dos valores que o Benfica deve representar. Por melhor jogador que seja, admitir o seu regresso seria, para mim, uma machadada na nossa própria identidade e orgulho. O que se poderia seguir a isto? Um regresso do Paulo Sousa ao clube, para ensinar ao jovens o que é a importância de vestir a camisola do Benfica e a lealdade que isso deverá implicar?
Outra coisa que continua a deixar-me perplexo é a popularidade que a ideia de um eventual ingresso do Humberto Coelho como treinador parece ter entre os benfiquistas. O Humberto Coelho é um histórico do Benfica, que me merece o maior respeito, e que eu gostaria muito de ver regressar ao clube. Mas noutras funções, não como treinador. Do Humberto Coelho como treinador não tenho uma opinião muito positiva. Lembro-me de presenças muito modestas aos comandos do Salgueiros e, salvo o erro, do Braga. E se uma das discussões mais em voga entre benfiquistas nos últimos anos é sobre se devemos jogar com um ou com dois pontas-de-lança, com o Humberto haveria a probabilidade de se adicionar um terceiro ponto a essa discussão: é que na Selecção Nacional ele foi o inventor da táctica sem ponta-de-lança algum, jogando quase sempre com o Sá Rafeiro e o JVP na frente. Depois o Rafeiro lesionou-se no Euro 2000 e saiu-nos a sorte grande, porque teve que jogar o Nuno Gomes e Portugal passou a ter finalmente um ponta-de-lança. Tentou também a sua sorte na Coreia do Sul, recém semi-finalista no Mundial, de onde saiu passados poucos jogos, sem honra nem glória, e após um empate humilhante contra as Maldivas do Prof.Neca. De onde terá aparecido, portanto, esta recente aura de salvador que envolve o Humberto treinador? E aproveito para dizer que não me agrada nada a forma como ele próprio se tem recentemente insinuado ao posto. Para entrar o Humberto Coelho mais valia manter o Chalana, ou promover o João Alves (este último, diga-se de passagem, já deu mais e melhores provas como treinador do que o Humberto Coelho).
Não querendo fugir do "post" começo por comentar o caso Jorge Ribeiro. Parece impossível mas esse mesmo atleta estava no início da época a jogar por esse clube... esse dos desempregados, que vestem a camisola do Sindicato. Isto só prova como muitas vezes não é o jogador que é mau mas determinada estrutura que não é propícia. Deus nos valha se algum iluminado se lembra um dia, por exemplo, de achar que com Di Maria ou com Edu se comprou gato por lebre e toca a mandá-los para os cabeçudos dos andrades. Não sei se aguento reviver novos Decos e Maniches. Quanto ao facto de Jorge Ribeiro não sentir respeito pela camisola, concordo, mas hoje mesmo referiu-se, em entrevista à RR, na Bola Branca, como um sonho poder ir para o Benfica. Mas se calhar mais vale renovar com o Léo e apostar no Sepsi. Relativamente ao caso do técnico, peço ao futuro director desportivo que opte por Carlos Queirós. Aponto assim, de repente, sem pensar muito, quatro razões:
1 - Conhece o futebol dos 4 cantos do mundo 2 - Está habituado à alta roda europeia e a grandes ambições 3 - Melhor do que ninguém dá valor à formação dos clubes 4 - Disse, há anos, numa entrevista ao Jornal A Bola que em Portugal subir mais só se fosse treinar o Benfica 5 - Nutre um ódio especial pela actual direcção da lagartagem