A pedido de Dias Ferreira e Guilherme Aguiar (que se limitaram a cumprir o seu papel de adeptos) a Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional decidiu instaurar um sumaríssimo a Luisão por uma cotovelada que este terá dado em Sapunaru.
Não questiono a justiça desta sanção. Questiono os critérios desportivos que conduzem à aplicação de sumaríssimos a futebolistas do Benfica (recordo o Petit e o Derlei, por exemplo) e a não aplicação desses mesmos sumaríssimos, por exemplo, a um futebolista como Bruno Alves que, como toda a gente vê (com a excepção do seu treinador, dos membros da referida Comissão Disciplinar e dos árbitros de três associações – Setúbal, Braga e Porto), considera que tudo (desde a testa aos dedinhos dos pés) é canela e que tudo lhe é permitido. Da mesma forma, não percebo por que motivo os famosos cotovelos do António Leonel (conhecido entre os adeptos como Tonel e entre colegas de profissão por nomes que o decoro me impede de reproduzir) não são alvo de atenção por parte dos membros do referido órgão disciplinar.
A tese é a de que as agressões desses sarrafeiros são observadas pelos árbitros e, como tal, não são passíveis de observação por outros órgãos disciplinares. Neste caso, e considerando que os outros órgãos disciplinares consideram que muitos desses lances são passíveis de castigo maior do que o ralhete ou do cartãozito amarelo, qual é o castigo sumário para o árbitro que, vendo, não age em conformidade com o que vê? Nesta actual lógica, compensa ao agressor ser sancionado no momento não pela agressão cometida, mas pelo estranho critério que leva um árbitro a considerar as entradas assassinas de Bruno Alves como “entradas ligeiramente mais viris”. Ou seja, compensa ser um verdadeiro sarrafeiro desde que os árbitros amigos demonstrem claramente que vêem a agressão e não ajam em conformidade, provando, deste modo, a sua dependência do famoso dono de clube que é conhecido por ser corrupto na forma tentada.
Olhando para o fenómeno numa outra perspectiva, e como muito bem tem referido repetidamente o benfiquista Fernando Seara, a sanção baseada no visionamento de imagens televisivas faz todo o sentido se, entre todos os competidores, existir equidade no tratamento. Isto implica que em todos os jogos de todas as jornadas esteja presente um igual número de câmaras escrutinadoras. Não sendo isto o que acontece, os futebolistas dos clubes cujos jogos são sistematicamente transmitidos estão a ser colocados num pressuposto desigual perante as regras praticadas pela Comissão Disciplinar da Liga. Este princípio aplica-se a todos os futebolistas com a clara excepção dos dois case study supracitados.
Ainda no que respeita às imagens visionadas pelas transmissões televisivas, tenhamos todos a noção de que aquilo a que chamamos vulgarmente “objectividade da imagem” tem um grande grau de subjectividade: em primeiro lugar, está dependente da arte, perícia e competência dos 'cameraman' e, mais do que tudo, está dependente da selecção criteriosa que o realizador faz dessas mesmas imagens. A este respeito, basta ver (perdoe-se-me a ironia da utilização verbo neste contexto) a sonegação de imagens feita, primeiro pelo realizador e depois pelo próprio canal televisivo, da posição de Lucho no momento em que lhe passam a bola antes da atabalhoada atitude de Katsouranis a provocar a grande penalidade que sagazmente o famoso insuspeito Jorge Sousa assinalou. No estádio fiquei com a clara impressão de que o argentino estava fora-de-jogo. Tal como os senhores da Comissão Disciplinar da Liga fiquei com vontade de tirar dúvidas pelas imagens televisivas. Eles, tal como todos nós, tiveram a possibilidade de ver e rever de diferentes ângulos as imagens do lance do Luisão. Pelo contrário, nenhum de nós teve a possibilidade de tirar dúvidas sobre a posição irregular do argentino. Há quem lhe chame critérios, mas todos nós sabemos por quanto se compram esses critérios.
Efectivamente, lutamos com armas diferentes um combate que, tal como o caso Apito Dourado provou, se combate tanto fora das quatro linhas como dentro delas. Neste particular, o polvo continua com os tentáculos bem activos.
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