Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008
O problema de Carlos é que é um Queiroz numa terra em que o julgam Queirós. Se o avaliassem como Queiroz, certamente que o perceberiam. Mas não, isto é terra de choldra e de choldra não passará.
Falemos de Queiroz e não do outro. Queiroz é um iluminado inovador e, como todos os iluminados inovadores (veja-se Santana Lopes outro adiantado mental… talvez daí resulte o choque de egos), é um incompreendido. Ninguém compreende que Queiroz não está agarrado à táctica do quadrado que tão bons resultados deu em Aljubarrota ou à táctica do losango que tão bons resultados dá com Mourinho (uma espécie de Condestável) e tão peculiares resultados dá com Paulo Bento (uma espécie de padeira). Estes conceitos medíocres como o do losango já não fazem sentido na pós-modernidade da geometria futebolística. Queiroz sabe-o. Queiroz revoluciona e evoluciona, criando um novo conceito de arte e geometria futebolística assente nos pressupostos do suprematismo.
Logo, há que transgredir, transgredindo a própria transgressão, chegando à transfiguração. Assim, tal como a pintura, o futebol não deve ter um carácter objectivo. Olhando para a táctica queiroziana percebemos que a inspiração surge do tríptico de Malevich: a Cruz Negra, o Círculo Negro e, essencialmente, o Quadro Negro. Este último é, obviamente, o primeiro e único que a choldra conseguiu percepcionar para o futuro.
A culpa é da choldra que não percebe Queiroz. Eu, por via das dúvidas, passo a assinar como Pherreira. É outro cachet.
(Malevich's dynamic suprematism: imagem de uma das obras que inspirou o 'desenho táctico' de Queiroz. O tal que substitui os losangos e afins)
Pedro Ph. Pherreira.
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[post actualizado com um modelo de observação aproximado ao empirismo (seja lá o que isto quer dizer) da táctica queiroziana]
De algarviu a 17 de Outubro de 2008
O último comentário (?) é de Algarviu.
De Abel Pontes a 17 de Outubro de 2008
Antes de mais obrigado pelo links que permitiram recordar coisas antigas e bastante aprazíveis. Agora, parece-me que o QueiroZ é um fiel seguidor do Peneirismo, aquela corrente artística tão em voga no futebol português e que advoga a supremacia das peneiras relativamente a todo o resto.
A colagem ao suprematismo é, no entanto, bastante interessante e apresentar a tática adoptada contra a Albânia como expressão do suprematismo dinâmico de Malevitch é uma análise excelente do que se passou durante a performance de 4ª feira. Intrigante realmente a posição do Manel relativamente à bola, mas do peneirismo (transmutado em suprematismo) de QueiroZ espera-se tudo.
Resumindo, excelente e divertido post.
Saudações Benfiquistas
De Anónimo a 17 de Outubro de 2008
Este post está fantástico ... Inteligente, irónico, com muitas Verdades ... saliento numa analogia que em certos pontos... comparo este post da pintura e ao que se passa na FPF, Treinador e Jogadores ... ao método de Taine na Literatura .... o meio ... a raça ... e o momento ... lolol ...
Parabéns ...
Benfiquista Reguense ...
De paul bekas a 17 de Outubro de 2008
Olá Pedro Ferreira
A este quadro, muito bem apanhado deve juntar-se uns quadros do periodo azul do Picasso, porque o homem pelo que está a demonstrar ao não incluir Nuno Gomes no onze inicial não quer nada com o periodo rosa, outra obra a juntar deve ser o Grito (cujo autor não me recordo mas que está no museu em Oslo) que representa o desespero dos Portugueses e a Festa do Povo assinado por Brughel que representa a alegria de todos os Benfiquistas por não terem levado com o CQ como treinador e por fim na Galeria deste post da Tertulia as Meninas de Velazquez que representa a classe do nosso treinador QuiQue Flores
Saudações Benfiquistas
De
LF a 17 de Outubro de 2008
Mesmo depois de um resultado trágico, fizeram-me rir ás gargalhadas. Com o post, e alguns dos comentários.
Parabéns!
De Assubiaco a 17 de Outubro de 2008
Com vossa licença, estão todos enganados. Ora reparem nos movimentos dos elementos no plano geométrico e as emanações do constructor " desconstrutivista. E o que se observa? O mais profundo e militante nihilismo polvilhado aqui e além por movimentações muito ao gosto do absurdo por Camus .
De
tma a 17 de Outubro de 2008
Não sou assim tão profundo conhecedor da vida e obra de Queiroch para perceber quem será o "Manél", no contexto do universo "queirosziano". Pistas?...
TMA, a chave está na associação "Manél" - bola - anos 70. Há quem a tenha e há quem fique a olhar para dita.
De
D'Arcy a 17 de Outubro de 2008
No caso táctico queirosiano, a tendência é mesmo para a bola ir-se embora e fugir de todos os Manéis que ele atira para dentro do campo.
De
tma a 17 de Outubro de 2008
Uma última pergunta: o "Manél" em questão tem (ou teve) bola ou fica apenas a olhar para ela? Suponho, obviamente, que "Manuel" faça parte do nome da pessoa em questão...
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