Um resultado absurdo num jogo igualmente absurdo, no qual o Benfica acabou fortemente penalizado pela falta de eficácia (e também de sorte) na finalização, e onde o Portimonense acabou por sair com três pontos que pouco fez por justificar.
Começando com um onze no qual, em relação ao que tinha defrontado o Barcelona, apenas se registou a troca forçada do Lázaro pelo Gilberto, o Benfica demorou a entrar no jogo frente a um portimonense que não demorou nada a mostrar ao que vinha. Perdas de tempo constantes, jogadores a deixarem-se ficar no relvado de cada vez que caíam, tentativas de arranjar quezílias, contestação a quase todas as decisões da equipa de arbitragem, enfim, foi o catálogo completo do antijogo por parte de uma equipa que parecia fazer de não perder este jogo uma questão de sobrevivência. Somado a isto, o autocarro firmemente estacionado em frente à baliza - que é obviamente perfeitamente legítimo, cabendo ao Benfica a responsabilidade de encontrar soluções para lhe dar a volta. E nisto não fomos particularmente eficientes desde o início, já que demorámos meia parte até conseguirmos finalmente fazer o primeiro remate à baliza. Mas esse primeiro remate até poderia perfeitamente ter dado logo golo, não fosse o guarda-redes do Portimonense dar logo aí início a uma exibição quase inacreditável, defendendo por puro instinto o remate à queima-roupa do Yaremchuk. O Portimonense ainda deu resposta num remate forte de meia distância do Boa Morte que obrigou o Vlachodimos a uma boa defesa, mas isso foi uma excepção no jogo, já que rapidamente se evidenciou a tendência para o Benfica somar oportunidades de golo desperdiçadas. Ou por aselhice, como foi o caso do Darwin, ou por inspiração quase divina do guarda-redes algarvio, que continuou a negar-nos o golo mesmo em situações em que isso parecia quase impossível - o Grimaldo ou o Rafa que o digam. O nulo ao intervalo já de alguma forma deixava no ar a sensação de que isto podia ser mesmo um daqueles dias em que corre tudo mal.
A segunda parte depressa acentuou essa sensação, pois o Benfica até marcou cedo - num lance também algo caricato, em que o Yaremchuk rematou ao poste e a bola depois bateu nas costas do guarda-redes e entrou - e o golo acabou por ser prontamente anulado pelo VAR, devido à posição irregular do ucraniano. Parecia estar mesmo escrito que não teríamos vida fácil, e o resto do jogo descreve-se de forma simples: sentido praticamente único, com o Benfica a ver as oportunidades a esbarrarem sempre num dos inúmeros adversários que se acumulavam em frente à baliza. Só faltava o inevitável golpe de teatro do golo do Portimonense numa das raríssimas ocasiões em que elese se aproximassem na nossa baliza, mais previsivelmente nalguma bola parada, e foi isso mesmo que aconteceu aos sessenta e seis minutos. Num pontapé de canto do nosso lado direito um jogador deles saltou no meio de um cacho de jogadores e conseguiu cabecear a bola quase à figura do Vlachodimos, com esta ainda a bater no chão e a passar por baixo do corpo do nosso guarda-redes. Face à forma como o jogo tinha decorrido até aí, confesso que fiquei imediatamente com a sensação de que já não o conseguiríamos vencer. O resto do tempo encarregou-se de confirmar esta sensação. O Benfica continuou a carregar e fez tudo para chegar ao golo, mas era uma daquelas situações em que se calhar poderíamos ficar ali toda a noite a tentar que a bola não entraria. Ou passava ao lado, ou ia ao ferro, ou batia em alguém, ou o guarda-redes defendia, ou um jogador do Portimonense esticava-se em desespero e conseguia o desarme no último instante. O Otamendi conseguiu ver um defesa tirar a bola sobre a linha com o guarda-redes já batido, e já sobre o final do jogo acertar no ferro com o guarda-redes pregado ao relvado. Foi uma derrota amarga e injusta, mas o futebol tem sempre destas coisas.
Acho que o Otamendi pode ser destacado por ter dado um exemplo de luta contra a adversidade e liderado a equipa na procura por um resultado mais justo. O Rafa também foi um dos que mais lutou.
É sempre mau perder, mas é importante não deixarmos que este resultado nos afecte. Há jogos em que ganhamos e no final podemos dizer que ganhámos, mas que a jogar assim nos arriscamos a perder. Depois há jogos como este, em que perdemos mas que no final sabemos que a jogar assim é muito difícil perder outra vez. E julgo que terá sido isso mesmo que o público da Luz reconheceu pela forma como se despediu da equipa. Se há coisa de que não podemos acusar a equipa desta vez é de não ter dado tudo pela vitória. As coisas acabaram por não correr bem, mas não foi por não terem tentado. E quando assim é, é muito difícil correr mal uma segunda vez.
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