Foi com uma sensação de alívio que ouvi o apito final deste jogo. Foi um Benfica sobretudo pragmático, e muito pouco exuberante, que arrancou os três pontos com uma vitória pela margem mínima frente a uma boa equipa do Vitória, mas nunca deu para estarmos tranquilos durante o jogo, em especial na segunda parte.
Face à ausência certa do Kökçü, foi talvez uma pequena surpresa que o escolhido para ocupar o seu lugar tenha sido o Leandro Barreiro. O candidato mais provável seria o Rollheiser por já ter desempenhado aquela função anteriormente, mas a opção foi por dar um pouco mais de músculo ao meio campo e abdicar da criatividade. Na minha opinião, notou-se a ausência do turco. Não foi uma entrada dominadora por parte do Benfica, apesar de termos um golo anulado logo ao oitavo minuto - o Pavlidis, sem surpresa, estava em posição irregular. A posse de bola foi sempre muito dividida, e o Vitória dava pouco espaço para jogar. Mantinha sempre linhas muito juntas e esperava pela altura certa para pressionar a nossa saída de bola, isto apesar de repetidamente vermos o Benfica a segurar e a trocar a bola na zona defensiva na esperança de chamar a equipa do Vitória. Fez aliás isto de forma tão óbvia que chegou a levar o público a manifestar a sua insatisfação. Na minha opinião acabou por ser um jogo bastante disputado mas aborrecido, com poucas situações de perigo criadas e quase nenhumas jogadas dignas de admiração. À excepção do referido golo anulado, acho que o Benfica nem remates deve ter conseguido fazer durante os primeiros vinte e cinco minutos - foi preciso ser o Di María a tentar um remate cruzado de fora da área, que não passou muito longe do poste, para conseguir quebrar o enguiço. Uma rara excepção acabou por ser o golo do Benfica, que apareceu pouco depois, quando estávamos quase a chegar à meia hora. Excepcionalmente o Bah conseguiu recuperar uma segunda bola no meio campo defensivo do Vitória e fez a bola chegar aos pés do Pavlidis, sobre a direita. Este tabelou com o Barreiro, que apareceu mais adiantado do que o ponta-de-lança, na zona da meia-lua, e depois fez uma grande abertura para a entrada do Aktürkoglu na área sobre a esquerda, completamente solto. Acho que em 90% dos casos, numa situação daquelas e tendo em conta o posicionamento do corpo do turco, toda a gente esperará um remate cruzado para o poste mais distante. Também o pensou o Varela, mas o Aktürkoglu surpreendeu com um remate puxado ao poste mais próximo, tendo o guarda-redes do vitória ainda conseguido tocar na bola mas não evitar o golo. Nova emoção apenas já perto do intervalo, e novamente pelo Aktürkoglu, que apanhou uma bola solta na área em posição frontal e quando o remate dele tinha tudo para dar golo apareceu um corte no último momento de um defesa do Vitória (e já vi penáltis assinalados por bem menos do que aquilo, porque a bola ainda vai ao braço de defesa, que está tudo menos junto ao corpo).
Se a primeira parte não tinha sido brilhante, a segunda foi ainda pior. Não houve propriamente um sufoco por parte do Vitória, até porque raramente criaram ocasiões de verdadeiro perigo - a grande excepção foi um lance oferecido por nós, em que não fomos lestos a afastar a bola da zona defensiva por causa da insistência quase dogmática em sair a jogar mesmo em situações de grande aperto, e o Florentino acabou por oferecer a bola ao adversário, que só não marcou porque depois de ultrapassado o Trubin foi o Otamendi quem conseguiu fazer o corte no limite junto ao poste. Mas o Vitória conseguiu ter bola durante períodos prolongados de tempo, enquanto que o Benfica foi quase inoperante no ataque, muito por culpa de uma percentagem altíssima de passes falhados, ou do passe nunca sair na altura exacta, com o jogador a manter a posse durante mais tempo do que devia e a acabar desarmado - e foi aqui que mais se notou a ausência do Kökçü. Achei aliás que nós passámos a maior parte do segundo tempo simplesmente a jogar para o resultado, preocupados sobretudo em não sofrer golos. Deve ter sido o jogo para o campeonato, desde que o Bruno Lage pegou na equipa, em que fizemos menos remates, e as estatísticas mostram que durante todo o jogo apenas acertámos uma vez na baliza, que foi precisamente no golo do Aktürkoglu. Pode dizer-se que bastou e foi suficiente para os três pontos, mas é muito pouca produção ofensiva para uma equipa como o Benfica. Para termos apenas um remate enquadrado também contribuiu mais um falhanço inacreditável por parte do nosso ponta-de-lança. Em mais uma rara excepção neste jogo conseguimos uma boa jogada de transição, em que o Di María lançou o Aktükoglu na esquerda e este colocou a bola na área para o Pavlidis, em posição frontal à baliza. O resultado foi um remate para a bancada. Achei que as entradas do Cabral e do Beste já na fase final do jogo (a doze minutos do fim) para os lugares do Pavlidis e do Aktürkoglu ajudaram a estabilizar um pouco a equipa, e por isso os minutos finais não foram de grande sofrimento - voltámos a conseguir ter posse de bola e até levá-la para mais perto da área do Vitória.
Tenho muita dificuldade em dar grande destaque a alguma exibição individual hoje. O Aktürkoglu acabou por estar em todas as situações de maior perigo - marcou o golo da vitória, quase marcou o segundo a fechar a primeira parte, e ofereceu um golo cantado ao Pavlidis. Mas por outro lado deve ter liderado a equipa em perdas de posse de bola, muitas delas em situação favorável para a transição que se perderam devido a maus passes ou a agarrar-se demasiado à bola. O Florentino esteve quase sempre bem defensivamente mas depois borrou a pintura toda com aquela perda de bola que poderia ter dado o golo do empate. Os centrais estiveram relativamente seguros, com destaque para o corte do Otamendi na tal situação causada pelo Florentino.
Conseguimos os três pontos e em duas jornadas ganhámos seis pontos ao líder, e hoje mais dois pontos ao segundo classificado. Significa isto que se conseguirmos vencer o jogo em atraso (e antes disso, o próximo jogo contra o AFS) poderemos assumir a liderança. Mas foram também duas exibições pouco conseguidas nestes últimos dois jogos. É óbvio que eu prefiro jogar menos bem e trazer os três pontos, mas já produzimos futebol muito melhor do que aquele que vimos nestes jogos, e a manter este nível a probabilidade de alguma coisa correr mal vai aumentar.
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