Foi um jogo bem mais chato do que se antevia, e que nos obrigou a ir ao banco buscar alguns pesos pesados para ajudar a resolvê-lo. E foi com uma obra de arte de um deles que se começou a resolver o assunto, acabando numa vitória clara e indiscutível.
Fizemos quatro alterações no onze: Tomás Araújo, Kökçü, Di María e Pavlidis de fora, António Silva, Renato, Amdouni e Cabral a saltarem para a titularidade. Entrámos bem no jogo e logo nos instantes iniciais ficámos muito perto de marcar, numa cabeçada do Beste após um centro largo do Amdouni, mas o guarda-redes do Santa Clara fez uma defesa fantástica e evitou o que parecia um golo certo. Esse lance serviu também para dar o mote para a atitude do Santa Clara durante todo o jogo: fazer aquilo que está em campo para fazer, ou seja, defender um remate, foi suficiente para 'lesionar' o guarda-redes. Foi isto que o Santa Clara andou o tempo todo a fazer de forma a quebrar ao máximo o ritmo do jogo. Os seus jogadores caíam que nem moscas e deixavam-se ficar no chão à menor oportunidade, cada reposição de bola era retardada ao máximo, e o foco parecia estar sobretudo em evitar de todas as maneiras que se jogasse futebol - conseguiram ver dois cartões amarelos ainda na primeira parte simplesmente por chutarem a bola para longe já depois do jogo interrompido. Ao menos viram amarelos por isso, porque pelas várias faltas que iam fazendo para interromper as jogadas do Benfica não viram. Entre estas tácticas enervantes e uma exibição menos inspirada por parte do Benfica, que perante um bloco baixo e fechado circulava a bola com pouca velocidade e explorava pouco os flancos - estivemos muito inclinados para a esquerda durante a primeira parte, já que o Amdouni na direita nunca foi um verdadeiro extremo e teve sempre tendência para vir para o meio e entregar-se à marcação dos defesas - o jogo foi-se tornando cada vez menos interessante. A última boa ocasião de golo por parte do Benfica surgiu aos vinte e cinco minutos de jogo, num pontapé para as costas da defesa que o Cabral perseguiu e depois de ganhar a bola ao defesa rematou contra a cara do guarda-redes (que ficou outra vez lesionado). Depois pareceu que o Santa Clara ia mesmo conseguir as suas intenções e congelar o jogo ao máximo, sem que o Benfica conseguisse encontrar soluções.
Logo após o intervalo regressaram o Di María e o Kökçü nos lugares do apagadíssimo Amdouni e do Renato. Viu-se de imediato uma tentativa do Benfica jogar com maior velocidade, para isso contribuindo muito a capacidade do Kökçü para distribuir jogo e fazer a bola circular mais. Com o Di María na direita ganhámos também maior largura e passámos a atacar frequentemente por aquele lado, com o Bah a surgir mais vezes em terrenos adiantados e até mesmo o Aursnes a surgir muitas vezes por aquele lado, aproveitando para dar profundidade quando o Di María vinha para terrenos mais interiores. O Santa Clara ia aguentando e sabíamos que seria daqueles jogos em que assim que a resistência fosse quebrada, o resultado dificilmente se ficaria por aí. Mas havia sempre o perigo de sofrermos um golo num contra-ataque ou numa bola parada, o que significaria sérios problemas. E ainda apanhámos um susto com o resultado ainda em branco, quando a nossa defesa subida no terreno foi surpreendida por uma bola metida nas suas costas que deixou um adversário isolado. O Trubin errou ao começar a saída e depois arrepender-se a meio e recuar outra vez - um guarda-redes nestas situações tem que tomar uma decisão e depois mantê-la, não pode mudar de ideias a meio. Ou fica na baliza, ou se decide sair tem que ir até ao fim. Felizmente para nós, a tentativa de chapéu para a baliza deserta saiu muito mal e a bola passou longe do alvo. Foi necessária mais uma alteração no onze, e consequente mudança táctica, para desatar o nó. A meio da segunda parte trocámos o Beste pelo Pavlidis, e reorganizámos a equipa num 4-4-2 mais clássico, com dois pontas-de-lança e uma defesa a quatro, e as alas entregues ao Di María e ao Aktürkoglu. Apenas quatro minutos passados, e estava desfeito o nó. O Pavlidis ganhou a linha de fundo pela esquerda, fez o cruzamento atrasado para a área, e o Di María, de primeira e sem deixar a bola cair, fuzilou autenticamente a baliza do Santa Clara, com a bola a entrar colocadíssima junto ao poste. Um golão, uma verdadeira obra de arte a levantar toda a gente das cadeiras (e impagável a reacção do Cabral ao golo também). E conforme previsto, uma vez derrubada a resistência do Santa Clara, mais golos se seguiram: em apenas nove minutos marcámos mais dois golos e resolvemos o assunto. Dois golos do Pavlidis, que assim acabou com o jejum que atravessava. No primeiro, o Carreras acreditou numa bola longa do Kökçü a variar o flanco de jogo, aproveitou o atraso incompleto de um defesa e novamente sobre a linha de fundo colocou a bola para o Pavlidis, sobre a linha da pequena área, empurrar de cabeça para a baliza deserta. No segundo, uma insistência do Di María na direita depois de um pontapé de canto no lado oposto, a colocar a bola na área onde o Otamendi (desconfio que de forma não totalmente voluntária) a meteu para a zona do primeiro poste e o Pavlidis finalizou com um remate de primeira a fazer passar a bola entre o guarda-redes e o poste.
No final escolheram o Di María como homem do jogo, se calhar só o golo que marcou seria razão suficiente para isso, para além da sua entrada ter revitalizado o nosso ataque e causado problemas que o Santa Clara raramente teve durante a primeira parte. Mas para mim o homem do jogo foi claramente o Pavlidis, que em apenas vinte e cinco minutos conseguiu fazer a assistência para o primeiro golo e marcar dois golos. Espero sinceramente que isto lhe recupere a confiança e ele possa ser o ponta-de-lança de que esta equipa precisa, e que ele mostrou poder ser durante a pré-época. A entrada do Kökçü foi também importante, não que eu achasse que o Renato tivesse estado mal na primeira parte, mas o Renato é mais um jogador de transporte que o Santa Clara conseguia travar com faltas sucessivas, agarrando-o frequentemente, enquanto que o Kökçú tem a capacidade de fazer a bola circular com maior fluidez. O Aursnes fez uma exibição em crescendo e esteve muito melhor na segunda parte. E o Carreras continua a apresentar um nível altíssimo.
Conforme o Bruno Lage já disse, esta competição tem que ser considerada um objectivo importante para esta época, e era impensável não nos qualificarmos para as meias-finais. Já passou demasiado tempo desde a última conquista e está na altura de acabar com este interregno. Este jogo permitiu-nos ter um exemplo do tipo de futebol negativo que as equipas tentarão utilizar contra nós à medida que a nossa forma for estabilizando - para uma equipa que é considerada uma das revelações da liga, o Santa Clara não só mostrou muito pouco, mostrou uma mentalidade extremamente negativa e deixou uma péssima imagem, de uma equipa interessada sobretudo em que não se jogasse futebol.
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