Quase que houve surpresa na Taça. Ao fim de duas horas de futebol e penáltis acabámos por seguir em frente, mas devemos sentir-nos envergonhados por ter permitido que um escândalo ficasse tão perto de poder acontecer.
Mudanças houve, mas já deu para perceber que o nosso treinador não é fã de mudanças radicais, e portanto quando é para rodar muda no máximo metade da equipa. Por isso mantiveram-se no onze o António Silva, Grimaldo, Florentino, Enzo e João Mário e entrou o Helton para a baliza, e depois Gilberto, Brooks, Aursnes, Pinho e Draxler. Os problemas do Benfica começaram pela forma como entrámos no jogo. Contra um adversário mais fraco eu acho que é para entrar para matar completamente à partida quaisquer veleidades, não é deixar o tempo passar e a confiança deles aumentar. E o Benfica entrou no jogo a jogar de smoking, naquela atitude de 'isto há-de se resolver'. O que ficou evidente nos muitos lances em que perdíamos a bola porque os nossos jogadores ficavam parados à espera que a bola lhes chegasse aos pés, e entretanto os jogadores do Caldas corriam e antecipavam-se. Criámos muito poucas situações de golo e houve excesso de individualismo da parte da maioria dos jogadores. A melhor ocasião de golo foi mesmo do Caldas, num remate de fora da área que o Helton desviou para o poste. Para a segunda parte entraram o Musa e o Diogo Gonçalves para os lugares do Florentino e do Pinho, e o Benfica melhorou. Chegámos então ao golo quando o Musa se enganou e fez um bom golo, com um remate rasteiro e colocado a fazer a bola entrar junto do poste. Escrevi que ele se enganou porque no espaço de poucos minutos que se seguiram ele se encarregou de mostrar que o golo tinha sido obra do acaso. Duas vezes isolado à frente do guarda-redes, finalizou sempre de forma destrambelhada, com a agravante de que na segunda, depois do guarda-redes defender o primeiro remate, a bola foi cair-lhe nos pés outra vez. Com o Draxler e o João Mário ao seu lado e o guarda-redes em cima dele, bastando por isso passar-lhes a bola para que eles pudessem rematar para a baliza sem guarda-redes, preferiu tentar finalizar outra vez e obviamente voltou a acertar no guarda-redes.
Apesar da exibição cinzenta, a superioridade do Benfica era evidente e parecia que iríamos seguir em frente, mas um raro erro do António Silva, ao não conseguir controlar uma bola, permitiu a um avançado do Caldas recuperar a bola e marcar com um remate por entre as pernas do Helton. E ficou o caldo entornado. A partir daí o jogo passou a disputar-se em apenas trinta metros de terreno, mas o que foi preocupante foi a falta de imaginação do Benfica para ultrapassar uma equipa que defendia com quase toda a gente à frente ou dentro da área. Criámos poucas situações de golo, mas mesmo a acabar o jogo o prolongamento até poderia ter sido evitado quando um defesa do Caldas, sem que ninguém lhe tocasse, quando a bola ia sobrar para o Musa em frente ao guarda-redes (OK, era o Musa, a probabilidade de dar golo era reduzida) caiu e 'acidentalmente' os seus braços foram precisamente tirar a bola dos pés do nosso avançado. Pelos vistos isto não é penálti. Siga para prolongamento, mais do mesmo, o Enzo ainda acertou nos ferros da baliza mas houve muito pouca inspiração do Benfica frente à muralha do Caldas. Nos penáltis, o Caldas falhou logo o primeiro e nós marcámos todos os nossos cinco (Enzo, Ristic, Aursnes, Chiquinho e João Mário). Seguimos em frente apesar da má exibição mas honestamente, em futebol jogado, seria uma enorme injustiça se fosse o Caldas a passar. É certo que se bateram bem, mas o Benfica dominou praticamente todo o jogo enquanto que eles passaram a maior parte do tempo enfiados na sua área, marcaram numa das duas ocasiões de perigo que criaram (que surgiu de um erro individual nosso) e ainda viram um penálti claríssimo não ser assinalado mesmo a fechar o jogo, de forma incompreensível. Merecem elogios pela forma como se bateram com tamanha desigualdade de meios, mas também não vamos entrar em exageros.
O único destaque que consigo fazer é ao Enzo. Contra o Caldas, contra o PSG, contra o Rio Ave, contra a Juventus, joga sempre da mesma maneira. Acho que é o jogador mais fundamental da nossa equipa e parece-me que irá jogar até não se aguentar de pé. Ontem foram mais 120 minutos num jogo que até deveria ter servido para poupar algumas energias, tivéssemos nós sabido ser minimamente competentes. O António Silva cometeu o erro individual que resultou no golo do Caldas, mas só acontece a quem lá anda e de resto fez um jogo perfeitamente ao nível a que nos tem habituado. Não é pelo erro que vamos cair em exageros apesar de, como era previsível, o jornal da lagartagem já ter aproveitado a oportunidade para iniciar a sua campanha. O Musa marcou um bonito golo, mas praticamente tudo o que fez a seguir ao golo parecia ser uma confirmação de que o lance do golo foi puro acaso. Não me conseguiu convencer até agora. Esforça-se, dá trabalho aos defesas, tudo bem, mas é tecnicamente atroz e é pouco inteligente na forma como se posiciona e movimenta. Honestamente não consigo deixar de me interrogar como raio pode estar à frente do Henrique Araújo nas prioridades para aquela posição. Antes dele, o Rodrigo Pinho foi uma nulidade completa.
Espero bem que esta quase repetição do episódio com o Gondomar sirva de aviso para que nunca baixem a guarda ou relaxem. O Benfica é e sempre foi o maior alvo em Portugal, o prémio mais apetecido que todos querem exibir na sua sala de troféus. Dar menos do que tudo é meio caminho andado para que nos tornemos a presa. A resposta ao que se passou nas Caldas tem que ser uma atitude completamente diferente no jogo que se segue, que é dos quase impossíveis de ganhar todas as épocas. É o jogo em que nos é atirado tudo o que é possível arranjar, porque sabem que saindo de lá sem perder é sempre meio caminho andado para o sucesso no final. São nomeações cirúrgicas, é intimidação onde quer que seja possível fazê-la, são adversários dentro e fora do campo a espumar da boca e com línguas azuis, tudo vale para nos tentar abater. Muito da nossa época joga-se na próxima sexta-feira. Se ainda não têm noção disso, ganhem-na. Senão já estamos em desvantagem ainda antes do apito inicial.
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